segunda-feira, 14 de setembro de 2015

NALEDI ENTERRAVA SUAS CRIANÇAS



Essa é para os meus alunos que dizem não gostar de história porque é um campo do conhecimento que apenas trabalha com velhas e enfadonhas certezas.

Uma equipe internacional de arqueólogos e paleontólogos trabalhavam despretensiosamente num sistema de cavernas na África do Sul que havia sido descoberto por dois espeleólogos (exploradores de cavernas) em 2013 a cerca de 50 quilômetros de Johanesburgo, capital da África do Sul.

Com certeza nenhum dos 60 membros da equipe estava preparado para as surpresas que viriam. Coisas tão inesperadas para o historiador como seria a descoberta de um novo planeta no sistema solar para o astrônomo.

Foram encontrados mais de 1500 ossos e fragmentos, além de 140 dentes de indivíduos diferentes que incluem homens, mulheres, crianças, adultos e jovens.

Tal quantidade de vestígios num mesmo sítio já seria de espantar, mas surpresas maiores ainda seriam reveladas.

A espécie encontrada é completamente nova, sem nenhum registro entre hominídeos já conhecidos.

Além disso, pode ser a mais primitiva do gênero humano, datando, presumivelmente de 3 milhões de anos.

Já batizado como “Momo Naledi” (pronuncia-se Nalédi), suas características físicas deixam os especialistas perplexos.

Enquanto o crânio, as mãos, os dentes não deixem dúvida sobre ser da espécie hominídeos, e os pés incrivelmente semelhantes aos do Homo Sapiens, sua pelve e ombros são, aparentemente igual de macacos que viveram a 4 milhões de anos atrás.

Aliás, os pés sugerem uma espécie que viviam no solo e percorria distâncias, mas mãos são mais apropriadas para viver nas árvores.

Essa mistura de características de hominídeos modernos e antigos é de deixar qualquer historiador sem saber direito o que dizer.
Mas as perplexidades são ainda maiores.

O grande número de ossos encontrados em um só local, não havendo evidências de que tenham sido depositados ali pelas chuvas, e ainda não existindo marcas que sugiram terem sido carregados por predadores, revelam ser possível que os corpos tenham sido deliberadamente deixados no sistema de cavernas, o que, por sua vez, indicaria terem sido enterrados numa espécie de ritual funerário.

Enterrar seus mortos é algo muito além do instintivo, tanto que nenhum animal além do homem tem essa prática.

Exige que se acredite haver uma necessidade para que isso seja feito, e ainda sentimentos de respeito pelo indivíduo morto, o que exige que haja algum tipo de raciocínio, crença e valor.

Historicamente se acredita que as primeiras espécies suficientemente evoluídas para tudo isso só haviam procedido com algum tipo de funeral a 136 mil anos atrás, aproximadamente.

Como entender que isso fosse feito por uma espécie tão mais antiga (3 milhões de anos) do que os primeiros cemitérios encontrados? E uma espécie cujo cérebro não deveria ser maior do que uma laranja?

Teria a natureza testado o surgimento do homem em épocas diferentes e por diferentes caminhos evolutivos?

De onde veio o Homo Naledi? O que ele ainda tem para nos revelar?

Por tudo isso, a descoberta nas cavernas da África do Sul, pode revolucionar todo o conhecimento que consideramos sólidos e definitivos sobre nós mesmos.

E, para aqueles alunos que limitam o conhecimento histórico como algo acabado e desinteressante sobra o velho refrão: “há mais mistérios entre o céu e a terra do que nossa vã filosofia possa imaginar”.


Prof. Péricles
Fonte: Hype Science

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