sábado, 19 de setembro de 2015

BOLO DE MILHO



Aqueça o forno em temperatura média. Bata o milho como o leite até ficar homogêneo. Em separado bata o açúcar com a manteiga até obter um creme claro. Junte os ovos e bata bem. Ponha o milho reservado, a farinha, o fermento e bata até obter uma mistura homogênea. Coloque na forma e leve ao forno por 30 minutos ou até que, ao enfiar um palito no centro, ele saia limpo. Deixe esfriar, desenforne e polvilhe o açúcar.

Está pronto o tradicional bolo de milho verde.

Por gerações a receita da vovó tem seguido com os mesmos ingredientes e a forma de fazer variado apenas com as melhorias tecnológicas como batedeira e liquidificador.

Receitas tradicionais são assim. As mesmas, através dos tempos.

O neoliberalismo, seja com Margareth Thatcher ou Ângela Merkel, Collor, FHC ou Aécio, mantém a mesma receita para enfrentar as crises econômicas.

Tudo parte dos mesmos ingredientes: o governo gasta mais do que arrecada; os benefícios sociais são insustentáveis; a previdência social é uma bomba silenciosa; as empresas públicas são onerosas e incompetentes, untados com os mesmos molhos, corrupção e inflação.

Leva-se essa mistura ao forno, ou seja, a mídia e todas as formas de comunicação que sirvam para formar uma opinião pré-aquecida.

Em pouco tempo, tudo fervilha e as vítimas se tornam algozes: os funcionários públicos, as empresas públicas, os aposentados e os que trabalham mas custam muito ao pobre empregador: o custo Brasil (fundo de garantia, 13º salário, etc.).

Misturados esses ingredientes e fervilhados na mentalidade nacional, a receita para enfrentar a situação, também é, como a receita do bolo de milho, sempre a mesma: privatizações de empresas públicas, demissões de servidores públicos, cortes de verbas nos programas sociais, aperto dos cintos com achatamento de salários e aposentadorias.

No Brasil, Fernando Collor de Mello deu início ao processo em 1990, mas foi FHC que assumiu a cozinha e apresentou o bolo final.

O patrimônio público foi delapidado com a venda de empresas como a Companhia Siderúrgica Nacional e a Vale do Rio Doce a preço de bananas.

Direitos dos servidores públicos foram estuprados da forma mais vil e vergonhosa.

O resultado: desemprego em massa, fome, exclusão e miséria, apontados por âncoras de telejornais como efeito amargo e necessário para salvar o país.

Mas não para empresários e banqueiros que receberam junto com o bolo de fel o doce suporte de um proer, perdoando todas as suas dívidas e falcatruas.

No bolo de milho podemos substituir o milho verde por uma xícara de milho em conserva escorrido, mas continuará sendo um bolo de milho.

No neoliberalismo cria-se uma reforma fiscal com cara de coisa nova, mas continuará sendo a receita neoliberal com os mesmos resultados conhecidos.

Certamente as reflexões são necessárias à cidadania antes de apoios tácitos a coisas velhas travestidas de novidades.

Se o bolo de milho se mostrar desconfortável ao paladar, inove-se na receita ou tente-se outro bolo.

Já o bolo neoliberal tendo se mostrado ineficaz e amargo, busque-se outras receitas, com outros ingredientes e que outros cintos sejam apertados. Que o "proer" seja ao povo e não aos ricos.

Aliás, essa receita do bolo de milho rende 10 porções e demora de 30 a 45 minutos para ficar pronta.

Quanto à receita neoliberal rende 200 milhões de porções e pode, trazendo de arrastro ditaduras que lhe são afins, demorar 20 anos para demonstrar sua inutilidade.



Prof. Péricles











Um comentário:

Antônio Carlos disse...

Esqueceu de informar que além do Proer o governo FHC emprestava dinheiro do BNDS para os empresário comprarem essas mesmas empresas que estavam sendo privatizadas!!!! O mais interessante é que a grande maioria dos empresário não pagaram a dívida até hoje.