domingo, 22 de maio de 2011

BATALHA DE PIRAJÁ

Em nenhum outro lugar do Brasil, a resistência contra a proclamação da independência foi maior que na Bahia.

Nessa Província havia uma intensa disputa pelo comando das Armas entre o brigadeiro Manuel Pedro (apoiado pelos brasileiros) e o detestado oficial português, Madeira de Melo.

As Cortes de Lisboa interferiram e forçaram a nomeação de Inácio Luis Madeira de Melo, o que representou um duro golpe ao Partido Brasileiro.

A posse de Madeira de Melo (apoiado pelos comerciantes portugueses, além dos regimentos de Infantaria, de Cavalaria e das unidades da Marinha Portuguesa) deixou exposta uma divisão entre as tropas leais à Portugal e as forças patrióticas (apoiadas pela Legião de Caçadores, o regimento de Artilharia e o 1º Regimento de Infantaria).

O clima de guerra só piorou após o Dia do Fico, em janeiros de 1822.
Em 19 de fevereiro, ao tentar impedir a invasão de sua abadia pelos portugueses que perseguiam brasileiros, morre a mártir de nossa independência, a religiosa Joana Angélica.

A Bahia se dividiu entre os militares portugueses de Madeira de Melo (indignado o povo o chamava de Madeira Podre) que dominavam a capital, Salvador e grupos nacionais, cada vez mais concentrados no interior, mais precisamente, na Vila de Cachoeira.

Com a divulgação da notícia da proclamação da Independência, as vilas do Recôncavo baiano, sob a liderança da vila de Cachoeira, mobilizaram-se para expulsar as tropas portuguesas entrincheiradas em Salvador.

Os brasileiros recebem o reforço de alguns navios sob o comando de Rodrigo de Lamare e tropas comandadas pelo experiente militar francês, veterano de guerras napoleônicas, Pedro Labatut (mercenário contratado por D.Pedro).
Brasileiros como Maria Quitéria, outra heroína, juntaram-se a Labatut prontos para a luta.

Mas as forças de Madeira de Melo também foram reforçadas por 2.500 homens (totalizando 13 mil soldados) vindos de Portugal e elementos de uma Divisão, que se retirou do Rio de Janeiro e rumou para a Bahia, negando-se a se submeter à nova ordem.

Após alguns combates renhidos, a Guerra de independência na Bahia, seria decidida numa batalha especial. A Batalha de Pirajá em 08 de novembro de 1822.

BATALHA DE PIRAJÁ, UMA BATALHA BRASILEIRA

Madeira de Melo concentrando o máximo possível de soldados, atacou as forças brasileiras reunidas em Pirajá. Pretendia dar um golpe duro e definitivo.

Após cinco horas de combate, o comando brasileiro percebeu a possibilidade de ter suas linhas rompidas. “Talvez, pensam, os oficiais, seja melhor recuar para reagrupar, do que insistir e sofrer uma derrota”. Segundo a versão mais aceita, o Major Barros Falcão, oficial mais adiantado naquele momento, determina o toque de retirar (na época sem rádio de comunicação, as ordens, para ser ouvidas por todos, eram anunciados por toque de corneta). Um pouco mais à frente, o corneteiro Luís Lopes, português que aderira às tropas brasileiras, está muito nervoso. Afinal, é inexperiente em combate. O Major sinaliza novamente a ordem e vira as costas iniciando o recuo. Luis Lopes leva a corneta aos lábios e no capricho, manda ver de forma clara e alta, o toque de “Cavalaria Avançar”.

Tudo então se transforma. A cavalaria brasileira avança, destemida. Os portugueses arregalam os olhos. Haviam percebido a manobra de recuo e aquele avanço inesperado só poderia significar a chegada de reforços. Os lusitanos, incrédulos, recuam.

O Major Barros Falcão abre os lábios para gritar algum palavrão ao corneteiro, mas o som não sai. Embasbacado percebe que a vitória, agora, é possível.

E foi possível. As tropas brasileiras venceram aquela que se revelaria, a batalha decisiva da guerra.

Abatido, Madeira de Melo se entricheirou em Salvador e mais tarde, para evitar ser sitiado, abandona o Brasil, derrotado.

Era 2 de julho de 1823. Uma turma de brasileiros esfarrapados, mal alimentados e praticamente sem treinamento, entra em Salvador e ratifica a independência do Brasil.

Uma turma de heróis e de um corneteiro atrapalhado.

Ah...sobre Luís Lopes. Não se têm notícia se fez carreira no exército, mas sabe-se que até o fim da vida manteve o mistério. Tocou, com sua corneta, a ordem errada, por engano ou de propósito?
O que você acha?

Quem sabe?

Coisas da história do Brasil.

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