Depois de um ano tenso,
chegamos, inevitavelmente ao natal.
Interessante que, nas
festas natalinas, se reproduzem de forma muito clara, as contradições de uma
sociedade singular como a nossa.
E os comportamentos
revelam, direta ou indiretamente, essas contradições.
Permeadas pela atmosfera
envolvente da tradição, a elite busca vestir o manto da humildade e agir como
se todos fôssemos, realmente, iguais.
A mesma mão que durante o
ano empurrou pra baixo, agora busca ser portadora de um afago social.
Se isso não é sensacional
entre os mais ricos, é extraordinariamente marcante na classe média,
particularmente, a classe média mais conservadora.
As mesmas vozes que
bradaram hinos de ódio e de discriminação, os mesmos indivíduos que nas redes
sociais disseminaram mensagens homofóbicas, misógenas, racistas, agora posam de
Papai Noel, trazendo presente para os pequeninos.
Por via do “espírito
natalino” esses mesmos agentes do conservadorismo recriam atitudes que invertem
a lógica de seus discursos que defende a exclusão e o preconceito.
Mas, deixemos pra lá,
cada um encontre em si mesmo suas justificativas. Hipocrisia ou coerência, são
questões que ultrapassam a formalidade do ensino e dependem muito mais do
caráter do que de conhecimento.
O Blog manifesta sua
alegria e esperança, nesse natal.
Alegria porque, apesar de
toda a massacrante campanha midiática, apesar do uso covarde do poder de
explorar a alienação política, apesar da união de forças poderosas que envolvem
até parte do judiciário e da polícia de nosso país, apesar de tudo, conseguimos
chegar ao natal com a normalidade da ordem política preservada, a presidenta
eleita por mais de 54 milhões de votos no pleno exercício de seu cargo e o
funcionamento das instituições preservado.
Esperança de que, depois
de um ano inteiro perdido, o governo de Dilma Roussef possa retomar o caminho
traçado pelas aspirações progressistas mais à esquerda.
A fundamental mudança do
ministro da Fazenda já assinala por boas notícias.
O Blog deseja que nesse
natal em todos os lares brasileiros, seja nas mansões e nas favelas, entre
brancos, negros, índios e todas as etinias, entre todos os gêneros, entre
crianças e crianças grandes que são os adultos, predomine a paz, e que, em
algum momento, a reflexão em busca de justiça, social e política, seja exercida
em todos os lares das mais variadas maneiras.
Esperamos que o
verdadeiro papai Noel, não essa figura vermelha, preta e branca criada a partir
de uma campanha publicitária da Coca-Cola em 1931, mas, o verdadeiro, aquele
que sobrevive na pureza das crianças conquiste espaço em todos os corações.
Que a cristandade
relembre o Jesus ídolo das massas de desvalidos cuja memória não nos leva à
troca de bens, mas a comunhão de bens.
Esse Jesus que não exige
contrapartida econômica, mas comprometimento com os mais sofridos.
Um Jesus rebelde e
revolucionário, anarquista e subversivo, morto sob tortura por ordem dos
poderosos e que, ao longo da história vem sendo, repetidamente, morto por quem detém
o poder.
Que esse Jesus
perseguido, mas que jamais desistiu, inspire todos os movimentos que visam a
fraternidade, não aquela fraternidade meramente formal a partir de uma bela
palavra, mas a fraternidade verdadeira, que brota no desejo de inclusão e
respeito a todas as necessidades e diversidades humanas.
Uma fraternidade que ecoa
em gestos simples, como, por exemplo, escolher nas urnas as propostas que busquem
a igualdade e que defendam os interesses dos mais pobres.
Por tudo isso, desejamos
a você, amigo visitante, não um natal tranquilo dos alienados, mas um natal
rebelde dos que não se acomodam nem se conformam com as injustiças.
O Blog deseja um feliz, rebelde e inconformado natal àqueles que sonham com a justiça, a inclusão e a igualdade em todos os dias do ano e não apenas no natal.
O Blog deseja um feliz, rebelde e inconformado natal àqueles que sonham com a justiça, a inclusão e a igualdade em todos os dias do ano e não apenas no natal.
Um grande abraço para
aqueles que sabem que o mundo vai mais além do que seu umbigo e que não perderam a capacidade de se indignar.
Feliz Natal!
Prof. Péricles