Existem países que quase chegaram lá. Alguns chutaram no gol, a bola bateu nas duas traves e saiu. Não entrou. Não foi gol, mas foi quase.
O Paraguai, por exemplo.
Seu modelo de país independente após deixar a condição de colônia, foi inédito.
Sem grande dívida externa e em marcha acelerada visando à industrialização, o Paraguai, no século XIX foi o sonho da América Latina. Governado por ditadores populares, aboliu o analfabetismo, promoveu uma reforma agrária corajosa e tinha índices de mortalidade infantis menores do que a maioria dos países europeus.
Quase. Mas não concretizou seu modelo, já que foi destruído, num genocídio sem precedentes praticado pelo Brasil, que alguns chamam de ‘Guerra do Paraguai”.
Tornou-se um pária, um molambento país claudicante e condenado.
O Haiti também.
Primeiro país latino-americano a se tornar independente após um processo único em que a metrópole (França) se despiu de qualquer intenção de manter a colonização já que estava envolvida em sua própria revolução, o Haiti teve a chance única de fazer suas opções sem interferência externa e sem uma elite pra atrapalhar e manter a desigualdade como norma, já que essa elite composta por brancos livres e mulatos (10% da população) foi perseguida e massacrada pelos 90% de escravos que compunham o povão.
Mas, a própria violência do massacre isolou o país diante do resto do mundo e isolado, o Haiti sucumbiu.
Na Europa também teve país que quase.
Portugal, por exemplo.
Grande líder das grandes navegações Portugal alcançou de forma pioneira o “novo mundo” e o rico comércio do oriente que poderia fazer dele, Portugal, a maior potência do mundo. Era só questão de detalhes diplomáticos e comerciais para coroar seus esforços exploratórios com a dominação econômica indiscutível de seu tempo.
Mas, Portugal teve um rei que se meteu numa guerra religiosa estúpida, morreu sem deixar herdeiros e o trono de Portugal foi ocupado por um rei espanhol. Para recuperar a independência o país teve que vender a alma para a Inglaterra a quem perdeu quase toda sua vantagem como país metropolitano.
A História relata esses e outros exemplos de quase lá.
O Brasil teve momentos em que poderia ter alçado voos mais altos.
Quando proclamou a independência e a República os brasileiros tiveram a folha em branco nas mãos para escrever que país queriam. Em ambas as oportunidades a escolha se fez por sua elite que assim, manteve o país que já existia, que pelo menos para eles, estava bom. Uma economia primário-exportadora que enriquecia poucos e empobrecia o resto.
Quando optou pela busca da industrialização de fato, com Getúlio Vargas, novamente tivemos a chance de reescrever nossa história, e mais uma vez, as elites fizeram dessa experiência apenas um rascunho, não um trabalho final, fazendo morrer a esperança e o próprio presidente
Atualmente, após três mandatos da esquerda, o Brasil ameaçou caminhar na direção de ser um país de todos, uma pátria educadora e menos desigual.
Pagou suas dívidas, fez crescer o PIB e pela primeira vez o crescimento foi acompanhado pela diminuição das misérias e desigualdades.
Parecia, mas não foi... O lado oculto da força se organizou dirigido e patrocinado por interesses outros e a presidente que não cometeu nem um crime caiu, a dívida voltou, a esperança sumiu.
A bola bateu nas duas traves, correu pela linha do gol, e saiu para fora.
Dá até pra desconfiar que o problema, então, não seja o time, mas a torcida.
Quem sabe, para essa torcida que apenas torce e xinga o juiz, já não tenha chegado a hora de uma boa invasão de campo para mostrar que cansou de esperar pelo cumprimento do tal destino de gigante, prometido, mas sempre amordaçado, pelos que sempre ganham com a miséria alheia?
A bola bateu nas duas traves, correu pela linha do gol, e saiu para fora.
Dá até pra desconfiar que o problema, então, não seja o time, mas a torcida.
Quem sabe, para essa torcida que apenas torce e xinga o juiz, já não tenha chegado a hora de uma boa invasão de campo para mostrar que cansou de esperar pelo cumprimento do tal destino de gigante, prometido, mas sempre amordaçado, pelos que sempre ganham com a miséria alheia?
Ou então, sejamos sempre, apenas um, quase.
Prof. Péricles
Prof. Péricles