sábado, 22 de abril de 2017

EVOÉ DIONÍSIO


Nesses tempos vividos, tempos de surpresas e decepções, me pego às vezes pensando que a vilania e a mentira podem mais que as verdades.


E quando o desânimo estampa sua cara feia sobre as mais belas esperanças pareço ouvir a voz de Zeus gritando a Dionísio “Evoé, coragem meu filho”.


Dionísio era uma divindade que tinha tudo para ser rebelde e belicosa.


Sua mãe, a mortal Sêmele, morreu incinerada quando estava no sexto mês de gravidez e ele só não sucumbiu também porque seu pai, Zeus, terminou a gestação colocando as cinzas do feto na própria perna divina.


Passou toda a infância vivendo como um louco, errante, perseguido pelo ciúme diabólico de Hera, a terrível mulher de Zeus.


Mesmo quando recuperou a lucidez, já adulto, Dionísio continuou perseguido por inimigos declarados e secretos, mas venceu a todos usando a música e a alegria em vez das armas do ódio.

Dionísio descobriu como extrair o vinho da uva, foi o deus dos ébrios e dos ensandecidos. 


Sempre esteve ligado aos excessos, especialmente os excessos da paixão humana pelo sexo e pela bebida.


Um bebum divino.


Entre os romanos era conhecido como Baco e os bacanais, festas regadas a muito vinho e muito sexo eram inspiradas por ele e realizadas em sua homenagem.


Nesses tempos confusos em que pobres manifestam um conservadorismo capaz de fazer corar até os mais abastados do país, talvez, apenas Dionísio para nos fazer reagir com a paz ao incompreensível.

A doce loucura dos incompreendidos e dos que dançam músicas mudas aos ouvidos deve ser a trilha sonora desse drama vergonhoso em que o país está sendo loteado em fatias e vendido diante da pasmaceira geral de seu povo.

Quando não se vê um só dos milhões de beneficiados pelos programas sociais rugindo revoltas contra o fim desses mesmos programas, só com muita loucura permissiva e embriaguez para não ficar realmente louco.


Apenas Dionísio é capaz de compreender a embriaguez do intelecto e a vitória da insensatez.


Evoé Dionísio. 


Que os tambores falem mais alto do que as calúnias.



Prof. Péricles

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