sexta-feira, 14 de outubro de 2016

NOVAS TRAIÇÕES DE VELHOS TRAIDORES


O traidor mais famoso foi Judas.

Está no Novo Testamento, documentado e sacramentado para cristão nenhum esquecer.

Judas seria o traidor clássico, aquele que trai por dinheiro. Trinta dinheiros, ao que parece.

Porém, há controvérsias.

Alguns afirmam que Judas queria apenas dar um susto no seu mestre e posar, posteriormente de herói, assumindo espaços políticos no grupo que estavam ocupados por Pedro e Madalena. Algo como Temer na famosa carta, reclamando que não era lembrado pela Dilma.

Não sei. Fofocas...

Calabar é o tipo de traidor misterioso.

Lutava contra os holandeses da Companhia das Índias Ocidentais que haviam invadido Pernambuco e de repente mudou de lado, aparentemente sem ganhar dinheiro com isso.

Seria Calabar o traidor ideológico, aquele capaz de trair companheiros me assumir a má fama, mas ser fiel a uma ideia que considerada superior?

Já Cabo Anselmo é a síntese do traidor sádico.

Desde o início da luta armada contra a ditadura militar se posicionou no campo da guerrilha urbana, ganhou simpatias e aliados e dali mandou para o calabouço, para a tortura e morte, centenas de companheiros, incluindo até a namorada grávida.

Joaquim Silvério dos Reis o traidor oportunista e interesseiro.

Enfim, temos muitas histórias de traidores e traições.

Já se disse que a política não é lugar para moralismos e o aliado de hoje pode ser o inimigo de amanhã e vice-versa.

Tudo bem, pode ser mesmo que as relações dinâmicas da política exijam muito mais sorrisos do que estômago, mas, vamos combinar que o apoio de Prestes a Getúlio pouco tempo depois do ditador entregar sua namorada grávida à Gestapo e à morte extrapolou o limite do compreensível.

E mesmo entre as relações complexas da política um mínimo de ética e de coerência deve ser exigido. A não ser que o poder seja considerado razão suficiente para se esquecer qualquer moralismo.

Maquiavel diria que assumir e/ou manter o poder é sim a razão única que move a ação política. Mas nós não somos maquiavélicos... ou somos?

Aliar-se com o PMDB para chegar ao poder é como fazer amizade com o crocodilo. Você jamais pode confiar e dorm,ir em paz.

Os governos do PT jamais poderão dizer que não esperavam uma bola nas costas do PMDB, simplesmente porque o PMDB é o partido da bola nas costas, do poder pelo poder e os antigos amigos que se danem.

É o partido traidor compulsivo. Aquele que exerce essa função independente de quem seja a vítima de sua traição.

Não é por dinheiro como a maioria pode pensar. Nem por ideologia. É simplesmente pelo poder.

Seria muito ingenuidade esperar outra coisa como se o despertar da ética pudesse ocorrer de uma hora para a outra.

Como dizia Freud, o poder é a máxima realização da cobiça humana.

O PMDB é assim, tanto que poderá, em breve, trair os próprios parceiros do golpe.

O presidente interino deve saber que esse golpe se deu através de um condomínio de interesses que incluem fortes divergências: PMDB, PSDB, mídia, capital externo, etc. etc. além de muitas vaidades pessoais.

Manter o poder inclui obrigatoriamente, criar condições para vencer as eleições de 2018 e aí o condomínio deverá rachar pois seus autores escolherão personagens diferentes.

Como manter a união dos condôminos se a ruptura está logo ali adiante?

Sim, aguarda-se novas traições de velhos traidores.

Traição é a mola mestra da política de um país sem tradição partidária, como o nosso.

Faz parte de nossa cultura.



Prof. Péricles

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