quinta-feira, 10 de julho de 2014

O AMOR, A ALMA E O PRAZER


Filho de Vênus (deusa do amor) e de Marte (deus da guerra), Cupido era o deus do Amor e da paixão em Roma, equivalente a Eros, entre os gregos.

Júpiter (pai dos deuses), sabedor das perturbações que iria provocar, tentou obrigar Vênus a desfazer-se dele assim que nasceu. Para protegê-lo, a mãe escondeu-o num bosque, onde ele se alimentou com leite de animais selvagens.

Cupido encarnava a paixão e o amor em todas as suas manifestações. Era geralmente representado como um menino alado que carregava um arco e setas, sempre pronto para disparar sobre o coração de homens e deuses. Os ferimentos provocados pelas setas que atirava despertavam amor ou paixão nas suas vítimas.

Embora fosse algumas vezes apresentado como insensível e descuidado, Cupido, geralmente orientado por sua mãe Venus, muitas vezes provocava situações terríveis ao fazer despontar a paixão onde ela não poderia, ou deveria ocorrer.

Certo dia, Vênus estava admirando a terra quando avistou uma bela moça numa praia. Na verdade, mais que bela, era tão linda que abalava a própria hegemonia de Vênus entre as mais belas.

Essa moça se chamava Psiquê.

Contrariada, Vênus decidiu que ela, por castigo de tamanha beleza, iria se apaixonar e casar com o homem mais feio do mundo.

Chamou seu filho Cupido e pediu que este fosse, durante a noite, até a casa de Psiquê e lhe atingisse com sua flecha do amor.

Cupido obedeceu, mas ao ver Psiquê em sono profundo, bela, e totalmente nua, ficou perturbado, e se aproximou demais de sua “vítima”. Nesse instante a jovem se moveu no leito e acidentalmente bateu no braço de Cupido que disparando a flecha atingiu a si mesmo.

Cupido imediatamente sentiu um amor profundo por Psiquê.

Sem mais conseguir sossego, pois o amor desassossega, o jovem deus foi falar com Zéfiro, senhor do vento oeste e pediu para que transportasse Psique para os ares e a instalasse num palácio magnífico, onde era a casa de Cupido.

Quando a noite caiu, a moça ouviu uma voz misteriosa e doce: "Não se assuste, Psiquê, sou o dono desse palácio. Ofereço-lho como presente do nosso casamento, pois quero ser seu esposo. Tudo que está vendo lhe pertence. E tudo que deseja será concebido. Eu só lhe faço uma exigência: não tente ver-me. Só sob esta condição poderemos viver juntos e sermos felizes".

Todas as noites Cupido vinha ver Psiquê, mas numa forma invisível. A moça estava vivendo muito feliz naquele lindo palácio. Mas, sabemos como são as mulheres, a curiosidade cada vez mais tomava conta de sua vontade de conhecer o rosto do homem que a fazia tão feliz.

Certa noite, quando Cupido veio vê-la, eles encontraram-se e amaram-se profundamente, mas quando Cupido adormeceu Psiquê escondida e em silêncio pegou numa lamparina e acendeu-a, e quando ela viu o belo jovem de rosto corado e cabelos loiros, ficou encantada. Mas num pequeno descuido deixou cair uma gota de óleo no braço do rapaz, que acordou assustado e, ao ver Psiquê, Cupido grita que o amor não sobrevive sem confiança e em seguida desaparece.

O encanto todo acabou, o palácio os jardins e tudo que havia em volta desapareceu, como por magia. Psiquê ficou sozinha e perdida num lugar árido, pedregoso e deserto.

Infeliz, Cupido foi para o Olimpo e suplicou a Júpiter que lhe permitisse uma nova chance e devolvesse a esposa amada.
A princípio Júpiter quis argumentou que o deus do amor não podia se unir a uma mortal, mas Cupido, em lágrimas tornou a suplicar que então, o deus dos deuses a tornasse imortal.

Júpiter, um conquistador incorrigível que, várias vezes havia pedido ajuda a Cupido em suas aventuras, acabou cedendo.
Psiquê foi transformada em imortal por Júpiter, tornando-se a alma humana.

Cupido e Psiquê, amor e alma, casaram-se e ainda vivem em amor eterno.

Tiveram em consequência desse amor, um filho, o prazer.

Mais uma vez a mitologia nos lembra sobre o que realmente importa em nós. A nossa porção divina, a alma, única capaz de reter aquilo que nunca morre.

É na eternidade da alma que o amor é possível. Apenas cultivando a nossa própria vida somos capazes de confiar nos sentimentos reais como o amor e não nos falsos reflexos da paixão.

Nossos castelos estão além das futilidades da existência e, nosso inferno, árido e perdido reside na nossa impaciência.

Ressalta ainda que o prazer é filho e conseqüência do amor e não a sua gênese.

Prof. Péricles

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