quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O SEGREDO DE ATLÂNTIDA



Quando o velho vulcão, tão conhecido, rugiu mais alto do que jamais havia sido ouvido, nuvens sombrias cobriram os olhos surpresos de todos. Mal podiam imaginar que o vulcão estivesse apenas limpando a garganta.

Aquela sociedade desenvolvida como nenhuma outra, havia se acostumado a ter o controle de tudo e algo tão surpreendente como aquele rugido assustou como um pressentimento de morte.

Assim, num tempo em que as cidades-estados gregas ainda não existiam, todas as atenções voltaram-se para a maior autoridade daquele mundo – a sacerdotisa.

A Ilha de Thera, a poucos quilômetros de Creta, era o centro orgulhoso da cultura minóica. Centro comercial dos quatro cantos da civilização. As leis desenvolvidas e o humanismo eram valorizados. Um oásis entre o inóspito mundo da força bruta. As mulheres eram protegidas pela lei diante de qualquer abuso masculino e valorizadas como somente dali a 4 mil anos seriam valorizadas no ocidente. Dessa forma, não é de estranhar que a maior autoridade religiosa, com poder equivalente ao poder político, fosse uma mulher, sendo sua sociedade essencialmente matriarcal.

Ao cair da tarde daquele dia, seguida por olhares aflitos, precedido por mais dois fortes abalos, a sacerdotisa dirigiu culto e oferendas à Posseidon, o deus protetor da cidade.

Mas, durante a noite e a madrugada, o mau humor do vulcão piorou e as erupções se seguiram espalhando o pânico e tornando impossível adormecer.

Nos primeiros raios de sol, a pedra pome, quente e ácida, passou a cair em quantidade. Mas, o pior eram as cinzas. Invadindo silenciosamente as vias aéreas e tomando o pulmão, as cinzas vulcânicas foram capazes de matar por asfixia, aos milhares.

Pela manhã o povo de Thera não veria o sol, tendo a impressão, devido às cinzas na atmosfera, que a noite havia se tornado eterna.

A população passou a guardar seus bens em poços e buracos, nas paredes das grutas e residências, com a intenção de recuperar tudo novamente quando o pesadelo passasse.

Muitos desses bens só seriam descobertos pela arqueologia, recentemente, nos anos 2000.
Um novo abalo perto do meio dia destruiu a parte norte da montanha vulcânica causando um barulho tão forte que pôde ser ouvido a quilômetros de distância provocando a surdes de várias pessoas. A partir desse instante o mar começou a deslocar-se em direção as lavas.

No início da tarde, enquanto a desmoralizada Sacerdotisa fazia solitariamente um último apelo a Posseidon, os primeiros barcos levando parte da população.

As 16 hs. as lavas incandescentes e as águas do mar se encontraram produzindo uma cortina de fumaça e ácido sulfuroso, verdadeiro fluído mortal que se espalhou em todas as direções. Esse fluído “caminhante” passou a deslizar sobre as terras da ilha e depois sobre as águas indo alcançando os navios que haviam partido em busca da salvação.

À tardinha, 24 horas depois de limpar a garganta, o vulcão explodiu no maior fenômeno sísmico da história da humanidade.

A explosão lançou material até na estratosfera. Por meses o sol não conseguiria romper as nuvens negras produzidas. O barulho da explosão foi tão grande que chegou a ser ouvido a milhares de quilômetros, no Egito. Quatro vezes pior que a explosão de Cracatoa, 40 mil vezes pior que a explosão de Hiroshima.

O tsunami de ondas gigantes foi tão destruidor que em muitas culturas foi descrito como o dilúvio do fim do mundo.

Nem Thera, nem Creta, nem a própria cultua minóica sobreviveram.

A destruição abalou de tal forma o mundo desenvolvido e precoce que, por milhares de anos deixaria sem respostas perguntas que fizeram crescer o mistério em torno de sua Armageddon. Embora a falta de registros e o atraso de qualquer cultura contemporânea, a recordação dolorosa permaneceu na forma de lendas e de histórias incompletas.

Muitos anos depois o filósofo ateniense Platão registraria a morte desse mundo fascinante e desenvolvido, engolido pelo mar em uma só noite.

Platão não deu maiores explicações (provavelmente porque não as tivesse) e seu relato passaria para a história como um estranho e misterioso relato.

Teria o discípulo de Sócrates tomado umas a mais?

Enquanto Platão a chamou simplesmente de Atlântida, nenhum outro pensador clássico fez qualquer citação ao fato.

Onde ficava essa terra exatamente? No Oceano Atlântico? No Caribe, no chamado Triângulo das Bermudas? No Egito ou até na Antártida, abaixo da camada de gelo.

Eles conheciam o avião, computador, armas de fogo? Imaginações dedicaram vidas inteiras a essas buscas.

Mas, agora sabemos que as testemunhas da extensão da destruição cataclísmica repousa em Thera, bela ilha que Posseidon, um dia, abandonou.

Finalmente, o mundo encontrou Atlântida.


Prof. Péricles

Nenhum comentário: