(Departamento de Criatividade Coxinha)
Você gosta de Jiló?
Você apóia o presidente da Síria Bashar al-Assad ou torce para que os rebeldes o derrubem?
Por falar em rebeldes, você queria a queda de Muamar Kadaff da Líbia ou torcia por ele?
Você não acha as Ilhas Seicheles mais bonitas que Serra Leoa?
Você acha que o golpe de 1964 e a Ditadura que ele gerou se justifica para que fosse afastado o Presidente João Goulart que levaria o Brasil ao comunismo?
Será que o Brasil terá que racionar energia ou não?
Opinião, é preciso ter. É justo ter.
Mas em tempos de comunidades sociais, vivemos a síndrome da opinião fastfood.
Opiniões rápidas e passageiras, muitas vezes sem base ou baseadas em achismos.
Nos recentes protestos de rua que foram um fracasso e finalizaram o terceiro turno das eleições, duas opiniões fastfood chamar a atenção.
Numa um cartaz dizia que sonegação não é corrupção e concluía com um “Fora Dilma”.
Ora, Impostos são recursos das pessoas que contribuem para a sociedade e revertem para a mesma sociedade em investimentos estatais. Se sonegar impostos através de fraudes e omissões não é corrupção, o que, então, é corrupção?
Evidentemente a moça queria defender o PSDB de Aécio Neves envolvido na operação Zelotes que apura sonegações gigantescas e apontam para tucanos históricos e empresas defensoras da moral e dos bons costumes.
Melhor seria “Corrupção só que envolva o PT é que vale”.
Já num depoimento colocado no face uma mulher acusa o governo Dilma pelas perdes trabalhistas que envolvem a aprovação do projeto de terceirização.
Mas como, se o PL 4330 é de autoria dos tucanos e se todos os deputados do PT votaram contra?
Isso sem falar naquele outro que diz que intervenção militar é constitucional.
Deixando de lado as “opiniões” mal intencionadas, causa assombro as opiniões alucinadas.
A maioria das pessoas que diz não gostar de Jiló, nunca comeram jiló.
Grande número de pessoas odeia Bashar al-Assad e clama pela intervenção da OTAN para derrubá-lo, da mesma forma que queria que derrubassem Kadaff, sem nunca ter estado na Síria ou na Líbia, não conhecerem suas ações de governo e se aquilo que se diz na Platinada é verdade ou não.
Quase que a unanimidade considera Seicheles (a terra que ricos e podres de ricos passam veraneiam enquanto lavam dinheiro) linda e Serra Leoa horrível sabendo apenas que uma é rica e a outra é miserável, mas sem conhecer suas paisagens geográficas.
Um número considerável de brasileiros concorda que João Goulart tornaria o país comunista, mas jamais leram ou ouviram um só de seus discursos políticos e desconhecem completamente o que seria suas “reformas de base”.
Muitos apostam no apagão sem se informarem dos investimentos e do planejamento do setor.
A formação da opinião da grande maioria das pessoas, na sociedade contemporânea, se dá através da opinião divulgada, sugerida, sutil ou declarada da mídia.
E isso é perigoso, num mundo em que, cada vez mais a mídia desce da arquibancada querendo participar do jogo.
Numa realidade cada vez mais dinâmica, de informação instantânea e de comunicação virtual, as pessoas buscam estar bem informadas, o que é válido, mas se apressam em ter opiniões definitivas, o que é temerário.
Sempre é bom lembrar que, às vezes, o mais inteligente é reconhecer que não sabe o suficiente para formar uma opinião.
Ser esperto não é ter opinião sobre tudo, é ter opinião consolidada a partir do conhecimento dos diferentes ângulos de uma questão, das variedades de ponto de vista e do amadurecimento das idéias.
Fornecer a informação necessária para que as pessoas possam consolidar opiniões, esse sim, é o papel da mídia.
Não temos obrigação de saber tudo.
Por falar nisso, você é contra ou a favor da atual política dos royalties do petróleo brasileiro?
Prof. Péricles
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