domingo, 27 de julho de 2014

TROCO BEM DADO


Por Omar Catito Peres


Alguém no Brasil já ouviu falar que algum cambista tenha sido preso no Brasil? Eu nunca ouvi falar. Aliás, cambista, existe no mundo inteiro e nada acontece. Como a prostituição e droga, são grandes indústrias em todos os países do mundo, o câmbio negro, também sempre existiu.

Mas por que, então, um Delegado de policia, de Copacabana, do nada, começa a investigar a "máfia de Zurich", sobre a venda de ingressos no câmbio negro? A Policia civil do Estado do Rio tem condições materiais para se meter num barulho desses?

Encontrem a resposta na forma arrogante, prepotente e canalha que se comportaram os dirigentes da FIFA antes do evento. Refiro-me ao Sr. Jerome Volker que, claro, falava em nome do "capo" Blatter e dos mafiosos que compõem a diretoria da FIFA.

O governo brasileiro tinha que dar o "troco" a essa gente. Mas tinha de ser de forma inteligente, sem se expor. E assim foi feito.

Autoridade brasileira significava nada pra esse canalha. Eles se consideram "chefes de Estado". E, por favor, não me venham dizer que os ataques de Volcker eram pertinentes, dado a incompetência do governo e dos Ministros do PT e que, portanto, eles, Volcker e Cia. tinham razão em falar e criticar de forma covarde. Eu estou me referindo à falta de respeito com o meu país, independente de quem, esteja no poder.

O desrespeito foi ao Brasil! Isso não é correto, sobretudo, vindo de mafiosos, canalhas e, agora, comprovado, "cambistas".

A FIFA expôs internacionalmente o Brasil, de forma covarde, pois fazia conferências de imprensa lá fora, esculhambando o país pela "desorganização" do evento.

Vale relembrar as palavras e declarações desse bandido chamado Jerome Volker: 1) os estádios estão todos atrasados e estamos preocupados se realmente haverá copa no Brasil; 2) Sim, há possibilidade de transferirmos a estréia da Copa para o Maracanã, já que o estádio em São Paulo não deve ficar pronto; 3) já estamos com o plano B para retirar Curitiba da Copa, pois o estádio não deve ficar pronto; 4) Nos preocupa a estrutura dos aeroportos brasileiros. Estamos prevendo grandes problemas nessa área; 5) nos preocupa a falta de planejamento para a segurança; 6) não esperem uma copa no Brasil, como se fosse na Alemanha.

Sempre acompanhado de Ronaldo Nazário, agora "travestido" de jornalista, o ex jogador brasileiro sempre apoiou as "reclamações" da FIFA, culminando com a sua famosa declaração de que se "envergonhava do Brasil".

E, agora, Ronaldo, ainda continua com vergonha? Paulo Coelho é quem te definiu muito bem: um babaca!

Sempre dizendo que todo o planejamento e o cronograma das obras estavam em total desordem, o Sr. Volcker continuava humilhando o país nas conferências de imprensa, aqui e lá fora, ajudando a destruir a comprometida imagem do país, sugerindo e colocando em dúvida, até mesmo se o turista deveria vir ver a Copa no Brasil.

O Sr. Volcker não se cansava de humilhar o país, criando um clima de constrangimento a tal ponto, que se pensou em declará-lo "persona non grata".

O "Capo Blatter" teve de vir falar com a Dilma e "pedir" desculpas.

Silenciosamente, a Presidente não disse nada. Colocou-se "panos quentes" em cima do mafioso francês. Mas o troco teria de ser dado.

Foi então que o Serviço de Inteligência Brasileiro montou a maior operação para pegar membros dessa máfia chama FIFA.

O buraco que encontraram foi o envolvimento de toda a direção da FIFA na venda de ingressos no câmbio negro, que já acontecia desde que Blatter se apoderou da instituição.

E, aí montou-se a mais maldosa e inteligente estratégia de vingança contra a máfia de Zurich: pegar os representantes de Blatter e Volcker que dominam o mercado paralelo de ingressos durantes as Copas.

A empresa Match, a única credenciada para vender os ingressos do evento, tem sócios e parentes de Blatter. Os agentes que a representam no Brasil foram monitorados muito antes de começar o evento.

Mas para não deixar pista, a Policia Federal não podia estar envolvida, pois ficaria claro que seria um ato do governo federal. Colocaram, então, os melhores delegados do Rio para executar a ação.

Resultado: um sucesso! Pegaram todo o esquema e, simplesmente, sem coletiva de imprensa, deixaram que a mídia nacional e internacional desse "conta do recado".

O mundo inteiro tomou conhecimento que a FIFA é dirigida por bandidos, tendo essa noticia, o envolvimento da direção da instituição na venda de ingressos no mercado paralelo, sido destaque em todos os veículos importantes de imprensa do planeta.

E para fechar com "chave de ouro" e comprovar a existência da "máfia de Zurich", Franz Beckenbauer, o maior ídolo do futebol alemão se recusou a vir assistir a final da Copa, declarando: "não quero e me recuso a ficar ao lado daquela gente da FIFA.

Cereja no bolo!

A FIFA sai desmoralizada depois dessa Copa. O governo e o povo brasileiro se vingaram. Mesmo perdendo de 7 a 1, o Brasil deu um show de bola na organização e um pontapé na bunda desses bandidos.



quinta-feira, 24 de julho de 2014

DEMÔNIOS SÃO RISONHOS


Como dizia o poeta Castro Alves, Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade, Tanto horror perante os céus?

Mísseis de alta tecnologia, guiados por satélites e precisão absoluta, lançados sobre casas de civis, sobre hospitais, templos, escolas.

Se nas guerras mais antigas havia o alento de que bombas jogadas mecanicamente através uma abertura na aeronave, fossem imprecisas e atingissem alvos distantes, agora nem isso existe mais.

Como pode um exército extremamente bem equipado, marchar e matar indistintamente pessoas como se matasse insetos? E justamente o exército de um povo que já sentiu isso na própria carne em passado tão recente?

Filas imensas de corpos de crianças destroçadas, crianças que nem mesmo sabem por que tanto ódio e tanta morte. Crianças que até ontem assistiam os jogos da Copa do Mundo e sonhavam serem artilheiros e craques de futebol, como tantas crianças no mundo inteiro. Meninos e meninas que tiveram o ano escolar interrompido pela guerra.

Por onde se escondeu a dignidade nas terras de Moisés?

Terão virado pó como os monumentos de demônios que assustavam os caravaneiros dos tempos de Judá?

O inferno é aqui e os demônios ocupam gabinetes refrigerados, usam computadores e falam por celulares.

O cheiro do inferno não é de enxofre, mas de gasolina queimada, de butano, de lenha em chamas.

Enquanto tropas de um dos exércitos mais bem equipados e poderosos do mundo marcham eivando a terra de sangue, a ONU faz reuniões inócuas e declarações vazias.

O governo de Israel calcula quantos poderá ainda matar até ser forçado a parar já que os custos de uma missão militar são elevados, e convenhamos, como são caros os mísseis de hoje em dia.

Mil? Dois mil? Três mil?

Utiliza a contabilidade parecida com a utilizada pelos nazistas quando em Wassen optaram pela solução final, ou seja, pela extinção dos judeus. A diferença é que, enquanto os campos de extermínio de judeus eram escondidos nas terras em guerra, a solução final palestina se dá ao vivo e a cores em todos os canais de notícias.

Aposto que Benjamin Netanyahu sorri. Aposto que Obama já pensa nas férias de verão. Se bobear um general coça o saco e ri enquanto conta uma piada de algum palestino que ele pode eliminar, aproveitando a oportunidade.

Segundo Dante, os demônios são risonhos.

E os demônios gracejam sobre a morte nas terras de Canaã, enquanto a ONU, protesta.

Como pode, senhor Deus dos desgraçados, tanto horror perante os céus?

Prof. Péricles


quarta-feira, 23 de julho de 2014

BARBÁRIE EM GAZA



Por Noam Chomsky/Outras Palavras

Às três da madrugada (horário de Gaza), de 9 de julho, em meio ao último exercício de selvageria de Israel, recebi um telefonema de um jovem jornalista palestino em Gaza. Ao fundo, podia ouvir o lamúrio de seu filho pequeno, entre sons de explosões de jatos, atirando sobre qualquer civil que se mova e sobre casas.

Ele acabava de ver um amigo, num carro claramente identificado como “imprensa”, voar pelos ares. E ouvia gritos ao lado de sua casa, após uma explosão — mas não podia sair, ou seria um alvo provável. É um bairro calmo, sem alvos militares – exceto palestinos, que são presa fácil para a máquina militar de alta tecnologia de Israel, abastecida pelos Estados Unidos.

Ele contou que 70% das ambulâncias haviam sido destruídas e, até aquele momento, mais de 70 pessoas [o número subiu para 120 na sexta, 11/7, segundo o Guardian] haviam sido mortas e 300 feridas – cerca de 2/3, mulheres e crianças. Poucos ativistas do Hamas, ou instalações para lançamento de foguetes, haviam sido atingidas. Apenas as vítimas de sempre.

É importante entender como se vive em Gaza, mesmo quando o comportamento de Israel é “moderado”, no intervalo entre crises fabricadas, como esta. Um bom retrato está disponível num relatório da UNRWA (a agência da ONU para refugiados palestinos) preparado por Mads Gilbert, o corajoso médico norueguês.

Quando Israel está em fase de “bom comportamento”, mais de duas crianças palestinas são mortas por semana – um padrão que se repete há 14 anos. As causas de fundo são a ocupação criminosa e os programas para reduzir a vida palestina a mera sobrevivência em Gaza.

Enquanto isso, na Cisjordânia os palestinos são confinados em regiões inviáveis e Israel tomas as terras que quer, em completa violação do direito internacional e de resoluções explícitas do Conselho de Segurança da ONU – para não falar de decência.

“Tudo isso vai continuar, enquanto for apoiado por Washington e tolerado pelo Ocidente – para nossa vergonha infinita”

Tradução: Antonio Martins/Outras Palavras

sábado, 19 de julho de 2014

CEM ANOS DE TRINCHEIRAS


A Primeira Guerra Mundial, cuja data de início fez cem anos, recentemente, foi uma das maiores tragédias humanas da nossa história, e também, um dos fatos mais anunciados e previstos.

No século XIX ocorreu a segunda revolução industrial. Novas fontes de energia, máquinas cada vez mais rápidas e eficientes, provocaram uma superprodução de bens nunca antes vista na história do capitalismo.

Nunca se produziu tanto e a venda dessa produção prometia uma riqueza nunca antes imaginada.

Para isso, era fundamental vender. Ampliar o mercado consumidor virou obsessão de industriais, banqueiros, investidores e de seus representantes, os respectivos governos de seus países.

Junto a isso havia a “necessidade” de encontrar matéria-prima que fosse cada vez mais barata para serem transformadas no produto industrial.

O primeiro passo para o enriquecimento surreal que se previa fora os investimentos na criação de máquinas cada vez melhores. Ao mesmo tempo o pagamento de salários cada vez menores, a exploração da mão-de-obra infantil e do trabalho da mulher.

Num segundo momento ocorreu uma das mais indecentes e desumanas corridas que a história já assistiu. Uma corrida desenfreada de potências européias em direção aos territórios da África e da Ásia. Territórios ricos em matéria-prima e ocupados por povos divididos, governos regionalizados e defendidos por exércitos frágeis e mal equipados

Utilizando um pensamento asqueroso a quem alguém chamou de “Darwinismo social”, no qual os Europeus alegavam estarem levando o progresso aos povos primitivos do planeta, os países europeus empreenderam guerras de conquista que incluíram limpeza étnica e massacres incontáveis para dominar os territórios desses dois continentes. Esses crimes bárbaros, essa dominação violenta, são registrados na história como “neocolonização”.

Povos inteiros massacrados, espoliados, humilhados, expulsos de suas terras, em nome do progresso e do lucro do capital estrangeiro.

Do século XIX em diante as guerras não mais se dariam por fronteiras ou por direitos de coroa ou religião. Foram todas guerras por mercados.

Esse dinheiro sujo de sangue promoveu na Europa o luxo e o progresso que alguém denominou de “La Belle Époque”.

Agora, na virada do século XIX para o XX pairava um momento de grande expectativa.
A partilha pacífica tornava-se cada vez mais difícil diante de tantos interesses e de tanto dinheiro envolvido. Além disso, havia a Alemanha.

Esse país nasceu no final do século XIX a partir da concretização da idéia de criar “a pequena Alemanha” com a unificação dos estados germânicos, sem a Áustria. Oto Von Bismarck foi o artífice do sonho e idealizador da política que após três guerras bem planejadas, contra a Dinamarca, Áustria e frança, permitiram nascer uma nova nação no coração da Europa.

Mas, não era apenas uma nova nação, e sim, uma potência emergente que já surgiu com propostas bem concretas de ocupação de espaço e de conquistas de gordas fatias do já, disputadíssimo mercado.

O surgimento da Alemanha decretou um desequilíbrio definitivo entre as antigas potências.

Com os primeiros anos do século XX termina a Bela Época e se inicia um período tenebroso em que, apesar de não haver tiros, o cheiro da morte está no ar e era possível saber que a guerra estava próxima. A esse período denominamos “Paz Armada”.

Alianças secretas foram assinadas. Uma unia Inglaterra e França (arque inimigos, porém unidos pelo mesmo temor da Alemanha) e Rússia. Outra agrupava Alemanha e Itália (recém nascidos que se sentiam excluídos da partilha) e Áustria-Hungria.

O início da Grande Guerra foi antecedido por uma intensa campanha da mídia (sempre ela) que visava convencer os cidadãos de que a guerra era necessária. Não eram os interesses de industriais e banqueiros que estavam em jogo. Mas da pátria.

Na Inglaterra chegou-se a ouvir o discurso de que, não haveria um só inglês que não fosse beneficiado com a derrota da Alemanha numa guerra direta.

Na França o discurso nacionalista e revanchista contra uma guerra perdida em 1871 para essa mesma Alemanha, alimentava a imaginação de uma guerra inevitável.

Uma guerra que, diziam, seria rápida, quase a tempo de retornar para as aulas do colégio no ano seguinte.

Daí termos um acontecimento inédito na história das nações. A I Guerra Mundial não teve uma causa direta, específica. O assassinato do arquiduque da Áustria-Hungria em visita a Sarajevo, capital da Bósnia Herzegovina por estudantes sérvios, é apontado como causa. Mas, um assassinato político, seguido da prisão dos seus responsáveis jamais justificaria uma guerra mundial. A menos que, ela já estivesse preparada, apenas aguardando um sinal.

Na verdade a causa da Guerra que matou milhões foi a cobiça, a ambição e amor ao lucro e ao poder de gente que, não morreu na guerra, porque quem morre na guerra, não são os ricos e seus filhos, são os pobres, os trabalhadores, que, aliás, não tinham nada a ver com essa briga



Prof. Péricles

quinta-feira, 17 de julho de 2014

ADIVINHA O QUE NÃO ACONTECEU



Por Matthew Futterman, no Wall Street Journal


O sol apareceu. As pessoas foram para o trabalho. Elas dirigiram táxis, abriram supermercados, clicaram em seus computadores para tratar de assuntos jurídicos e financeiros. Médicos curaram os doentes. Assistentes sociais enfrentaram os problemas da grande pobreza neste país de cerca de 200 milhões. A vida continuou.

Adivinha o que não aconteceu? Cidades não queimaram. Rebeliões em massa não aconteceram. Tanto quanto sabemos, torcedores não se jogaram de edifícios porque sua amada Seleção foi destruída pela Alemanha, por 7-1, na semifinal da Copa.

À luz cruel do dia, ainda é estranho escrever “Alemanha 7, Brasil 1.” Esse tipo de resultado não acontece neste nível de futebol. O último jogo oficial que o Brasil perdeu em casa foi em 1975. Se eu fosse um nativo, estaria abalado, tentando descrever a debacle que aconteceu em Belo Horizonte.

Não se engane: a derrota para a Alemanha, para usar a frase favorita do técnico dos EUA, Jurgen Klinsmann, foi uma lástima. As pessoas aqui amam o futebol. O governo declara feriados nos dias de partidas da equipe nacional. Ruas vazias, e eu quero dizer vazias – como se você pudesse montar uma barraca no meio de uma delas e não acontecer nada.

Ainda assim, não compre a história de que esta perda vai deixar alguma cicatriz indelével em um país tentando desesperadamente prosperar em uma série de áreas que não têm nada a ver com futebol. Essa idéia é um pouco humilhante para os brasileiros, que são a coleção de almas mais acolhedoras com que eu me deparei.

Houve a mulher na loja de óculos aqui em São Paulo que se recusou a aceitar dinheiro pelo estojo de óculos que ela me deu depois que eu perdi o meu. Houve os estudantes universitários em Natal que me ofereceram um tour pela cidade e uma carona de volta para meu hotel no meio da noite, quando não havia transporte à vista após a vitória dos EUA sobre Gana.

Lá estava o rabino que, 30 segundos depois de me conhecer, insistiu para que eu fosse jantar no sábado em sua casa (eu fui, e a sopa de matzo ball estava incrível). Houve as inúmeras almas pacientes comigo na rua, esperando enquanto eu tateava meu dicionário de bolso de português, procurando a palavra certa para completar uma pergunta idiota, quando certamente eles tinham algo melhor para fazer.

Estive aqui por um mês. Isso dificilmente me qualifica como um especialista na cultura brasileira. Minha amostragem é pequena e limitada a hotéis, restaurantes, estádios de futebol e pistas de corrida ao lado de praias do Rio, Natal, Recife e algumas outras cidades-sedes. Eu sei do crime e da pobreza.

Mas eu também sei que este é um país incrível, diverso. Encare quatro horas de voo rumo à Amazônia a partir de São Paulo e as pessoas parecem completamente diferentes daquelas em qualquer centro comercial do país. Em Salvador, você pode muito bem achar que está na África Ocidental. Em cada cidade, pessoas de todos os tons de pele — preto, marrom e branco — preenchem áreas de ricos e pobres. É um país de beleza física impressionante e vastos recursos naturais. O tráfego da hora do rush faz as avenidas de Los Angeles parecerem estradas do interior, um sinal claro de que o lugar precisa de alguns melhoramentos de infra-estrutura, mas também que há um grande número pessoas trabalhadoras que querem tornar o amanhã melhor do que hoje.

Em outras palavras, o Brasil é muito mais do que uma camisa canarinho e uma obsessão com o futebol.

O colapso contra a Alemanha certamente vai despertar algum exame de consciência nacional sobre como o Brasil cultiva e desenvolve a sua próxima geração de estrelas do futebol. O país tem um enorme banco de talentos, mas acidentes não podem mais acontecer no esporte. Vencer nesse nível hoje significa não apenas talento, mas dinheiro, treinamento e uma estratégia coerente.

“Quando você pensa sobre isso”, disse uma brasileira de 20 e poucos em um bar na noite passada, “é meio engraçado. Quer dizer, sete gols. É engraçado, né?”

Eu vou apostar que o Brasil como um todo vai se sair muito bem depois disso. Chateado um pouco, claro, mas em última análise, tudo vai dar certo. De muitas maneiras, já deu.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

O AMOR, A ALMA E O PRAZER


Filho de Vênus (deusa do amor) e de Marte (deus da guerra), Cupido era o deus do Amor e da paixão em Roma, equivalente a Eros, entre os gregos.

Júpiter (pai dos deuses), sabedor das perturbações que iria provocar, tentou obrigar Vênus a desfazer-se dele assim que nasceu. Para protegê-lo, a mãe escondeu-o num bosque, onde ele se alimentou com leite de animais selvagens.

Cupido encarnava a paixão e o amor em todas as suas manifestações. Era geralmente representado como um menino alado que carregava um arco e setas, sempre pronto para disparar sobre o coração de homens e deuses. Os ferimentos provocados pelas setas que atirava despertavam amor ou paixão nas suas vítimas.

Embora fosse algumas vezes apresentado como insensível e descuidado, Cupido, geralmente orientado por sua mãe Venus, muitas vezes provocava situações terríveis ao fazer despontar a paixão onde ela não poderia, ou deveria ocorrer.

Certo dia, Vênus estava admirando a terra quando avistou uma bela moça numa praia. Na verdade, mais que bela, era tão linda que abalava a própria hegemonia de Vênus entre as mais belas.

Essa moça se chamava Psiquê.

Contrariada, Vênus decidiu que ela, por castigo de tamanha beleza, iria se apaixonar e casar com o homem mais feio do mundo.

Chamou seu filho Cupido e pediu que este fosse, durante a noite, até a casa de Psiquê e lhe atingisse com sua flecha do amor.

Cupido obedeceu, mas ao ver Psiquê em sono profundo, bela, e totalmente nua, ficou perturbado, e se aproximou demais de sua “vítima”. Nesse instante a jovem se moveu no leito e acidentalmente bateu no braço de Cupido que disparando a flecha atingiu a si mesmo.

Cupido imediatamente sentiu um amor profundo por Psiquê.

Sem mais conseguir sossego, pois o amor desassossega, o jovem deus foi falar com Zéfiro, senhor do vento oeste e pediu para que transportasse Psique para os ares e a instalasse num palácio magnífico, onde era a casa de Cupido.

Quando a noite caiu, a moça ouviu uma voz misteriosa e doce: "Não se assuste, Psiquê, sou o dono desse palácio. Ofereço-lho como presente do nosso casamento, pois quero ser seu esposo. Tudo que está vendo lhe pertence. E tudo que deseja será concebido. Eu só lhe faço uma exigência: não tente ver-me. Só sob esta condição poderemos viver juntos e sermos felizes".

Todas as noites Cupido vinha ver Psiquê, mas numa forma invisível. A moça estava vivendo muito feliz naquele lindo palácio. Mas, sabemos como são as mulheres, a curiosidade cada vez mais tomava conta de sua vontade de conhecer o rosto do homem que a fazia tão feliz.

Certa noite, quando Cupido veio vê-la, eles encontraram-se e amaram-se profundamente, mas quando Cupido adormeceu Psiquê escondida e em silêncio pegou numa lamparina e acendeu-a, e quando ela viu o belo jovem de rosto corado e cabelos loiros, ficou encantada. Mas num pequeno descuido deixou cair uma gota de óleo no braço do rapaz, que acordou assustado e, ao ver Psiquê, Cupido grita que o amor não sobrevive sem confiança e em seguida desaparece.

O encanto todo acabou, o palácio os jardins e tudo que havia em volta desapareceu, como por magia. Psiquê ficou sozinha e perdida num lugar árido, pedregoso e deserto.

Infeliz, Cupido foi para o Olimpo e suplicou a Júpiter que lhe permitisse uma nova chance e devolvesse a esposa amada.
A princípio Júpiter quis argumentou que o deus do amor não podia se unir a uma mortal, mas Cupido, em lágrimas tornou a suplicar que então, o deus dos deuses a tornasse imortal.

Júpiter, um conquistador incorrigível que, várias vezes havia pedido ajuda a Cupido em suas aventuras, acabou cedendo.
Psiquê foi transformada em imortal por Júpiter, tornando-se a alma humana.

Cupido e Psiquê, amor e alma, casaram-se e ainda vivem em amor eterno.

Tiveram em consequência desse amor, um filho, o prazer.

Mais uma vez a mitologia nos lembra sobre o que realmente importa em nós. A nossa porção divina, a alma, única capaz de reter aquilo que nunca morre.

É na eternidade da alma que o amor é possível. Apenas cultivando a nossa própria vida somos capazes de confiar nos sentimentos reais como o amor e não nos falsos reflexos da paixão.

Nossos castelos estão além das futilidades da existência e, nosso inferno, árido e perdido reside na nossa impaciência.

Ressalta ainda que o prazer é filho e conseqüência do amor e não a sua gênese.

Prof. Péricles