sexta-feira, 3 de março de 2017

ATÉ QUANDO TRUMP?


Por José Inácio Werneck


Quousque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?, perguntava Marco Túlio Cícero no Senado Romano ao político Lúcio Sérgio Catilina, numa das mais famosas peças oratórias da história.

Até quando abusarás, Catilina, de nossa paciência?

Hoje já há muita gente nos Estados Unidos (e no mundo) dirigindo a frase a Donald Trump, o recentemente inaugurado Presidente americano.

Já há quem especule que Donald Trump não chegará ao fim do primeiro mandato, quando mais de um eventual segundo.

Para tanto haveria o recurso a um impeachment ou, segundo alguns, ao dispositivo contido na emenda 25 da Constituição Americana.

Ela dispõe que o Presidente pode ser afastado se o Vice-Presidente e uma maioria dos membros do Gabinete (isto é, os Ministros) afirmar ao Presidente em Exercício do Senado e ao Líder da Maioria na Câmara de Deputados que o Presidente da República não tem condições de exercer o cargo.

Como, por exemplo, se ele estiver mentalmente insano ou incapaz.

Será Donald Trump insano ou incapaz?

Há quem garanta que sim e que o cargo de Presidente na verdade vem sendo exercido pela “Eminência Parda” Steve Bannon.

Steve Bannon, antigo Oficial de Marinha, com passagem por Hollywood (por mais contraditório que possa parecer, dada a fama de liberalidade da indústria cinematográfica americana) é um dos fundadores e depois Executivo-Chefe do Breitbart News, um site da extrema direita americana.

Tudo indica que no momento é Bannon, o “Senior Counselor to the President”, quem faz a cabeça de Trump e que sua estratégia é criar propositadamente uma situação de confronto com o “establishment”, o mundo político do país.

Faz sentido. Se Trump provoca um imenso escândalo com sua proibição de entrada no país de pessoas de diversas nações muçulmanas, se cria uma situação de confronto com o México, com sua ameaça de erguer um muro e obrigar os mexicanos a pagar, se torpedeia o acordo comercial Trans-Pacífico, se ameaça não pagar a OTAN, se nomeia para a chefia do Departamento de Proteção Ambiental um cidadão inimigo declarado do meio ambienrte, se diz que vai retirar os Estados Unidos do Acordo Climático de Paris, se ameaça ações militares contra a China no Oceano Pacífico, se diz que vai mudar a Embaixada Americana em Israel para Jerusalém, com o que sepultaria qualquer esperança de negociações pacíficas com os palestinos, se diz que vai rasgar o Acordo Nuclear com o Irã, ao mesmo tempo que diz estar na hora dos Estados Unidos aumentarem seu arsenal nuclear – se Trump provoca tal alvoroço e desorientação, quem vai lembrar ou ter tempo de pedir-lhe coisas mais prosaicas, como revelar sua Declaração de Imposto de Renda ou desvendar seus interesses de homem de negócios na Rússia e outros países?

A mais recente investida de Trump é exigir que o Partido Republicano rompa com a tradição do “filibuster” no Senado se os democratas se opuserem à sua indicação de Neil Gorsuch para a Suprema Corte.

(O filibuster é um mecanismo pelo qual, em certos assuntos importantes, se faz necessária a concordância de 60 dos cem senadores.)

E, nas últimas horas, as provocações continuaram:

1) Trump brigou pelo telefone com o Primeiro Ministro da Austrália, por causa de refugiados;

2) disse que “o mundo está errado e vamos consertá-lo”;

3) atacou Arnold Schwarzenegger, seu substituto em The Apprentice;

4) garantiu que acabará com a proibição legal de igrejas ao mesmo tempo pregarem política e serem isentas de Imposto de Renda.

A estratégia Trump-Bannon de provocar um tumulto que os beneficie parece cada vez mais clara.

Mas às vezes – e como antigo membro das Forças Armadas Steve Bannon deve saber – o tiro sai pela culatra.




José Inácio Werneck , jornalista e escritor com passagem em órgãos de comunicação no Brasil, Inglaterra e Estados Unidos. Trabalha na ESPN e na Gazeta Esportiva.

quarta-feira, 1 de março de 2017

BRASIL, TEATRO DOS HORRORES


Tudo bem, vamos combinar que somos todos, um pouco atores já que desempenhamos vários papéis sendo pais, irmãos, marido/esposa, colega, etc.


Mas, francamente, a atuação anda muito fraca em nosso país.


Para começar estamos representando uma peça cujo argumento não tem nada de inédito, sendo por isso repetitivo. Já vimos esse filme em 1964, por exemplo.


Alguns atores consagrados e campeões de audiência, como os ex-governadores  Leonel Brizola e Miguel Arraes, saíram de cena e não foram substituídos à altura, deixando um enorme vazio no elenco.


Temos alguns senhores togados cujas representações são tão fracas que o que deveria ser drama e sisudez se tornou comédia.


Um grupo inteiro atuando como sabatinadores, quando todos já sabem que o sabatinado já está previamente aprovado, a "cola" totalmente liberada e isso torna-se até monótona a peça montada.


E o que dizer de coadjuvante, no lugar do titular, sem nenhum talento para o “papel”?


Sinceramente, no Brasil há um exagero de representações fracas e diretores confusos.


Atores canastrões sendo levados a sério.


Muita gente exagerando na entonação de voz e, principalmente, na postura.


Homens e mulheres, brancos e de classe média fazendo o discurso da moralidade e anticorrupção, mas apoiando os grupos e pessoas mais corruptos do Brasil, não dá. 


Intitular-se piedosos, mas ser racistas, homofóbicos e odiando pobre, realmente, não dá veracidade aos personagens. 


Se dizer cristão e praticar a hipocrisia, tira do sério até o Papa Francisco.

Gente "de bem" repetindo falas decoradas de que acredita na justiça e que defende a igualdade, mas odiando programas sociais como o Bolsa Família já ultrapassou a linha do suportável.

Na boa, falar de amor e destilar ódio não combina, entende?

Prefeito perfumadinho pegando vassoura de gari e até atriz profissional dizendo que tem medo e revirando os olhinhos...

Já passou da hora de um diretor, um diretor de verdade e talento, grite “corta”.

Esse teatro mambembe de atores medíocres e de interpretações bizarras deveria ser todo refeito.

Para começar, atores eleitos para o papel no lugar que lhe é de direito. Quem foi eleito presidente no lugar de presidente, vice no de vice, policial e imprensa desempenhando suas atividades, deixando aos partidos políticos fazer política.

Não precisa nem ensaiar se cada macaco estiver no seu galho.

Será que é por isso que nenhum filme brasileiro, até hoje, ganhou um Oscar de filme estrangeiro?

De qualquer forma, não precisamos de Oscar no Brasil. Deixa lá essa festa para os norte-americanos. Bastaria que eles não interfirissem nos nossos filmes.

Precisamos é de justiça, de bons roteiros e final felizes.




Prof. Péricles

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

DIGNIDADE


Dignidade é uma coisa que, definitivamente, não se compra na farmácia ou na padaria. É o software de cada um, vem de fábrica. Pode ser burilado pela educação e outras influências, mas está lá, nasceu com o sujeito e será seu chip inviolável para toda a vida.

Existem mendigos abandonados nas calçadas que possuem olhar mais digno do que juízes de Direito.

A pessoa pode ser formalmente elegante e bem vestida, frequentar os melhores restaurantes, ter uma gorda conta corrente, mas no íntimo das quatro paredes bater na esposa. É um indigno, por mais que engane os outros.

Conheci uma moça, prostituta, que era capaz de chorar ao ver a dor de alguém e isso a tornava mais digna do que a imensa maioria dos seus fregueses. Não é a função nem a remuneração que torna o sujeito digno.

Por isso, se faz necessário um pouco de paciência. Aquela pessoa de vocábulos ricos pode ser uma ameba moral.

Existe um depósito oculto na alma de cada um onde se armazenam essas coisas que não podem ser mensuradas quantitativamente, e que se destacam apenas pela vivencia.

É como um almoxarifado.

Num escaninho da mente temos solidariedade, noutro fraternidade, respeito, ética, enfim, aquele rol de valores que compõe a dignidade humana. Na medida que vivemos vamos usando cada um desses “materiais” e quanto mais velhos ficamos mais rapidamente reabastecemos nossos escaninhos da alma. Mas, os que não têm essa matéria prima estão sempre desabastecidos e confundindo amor próprio com dignidade.

Por mais enganador que seja, ninguém consegue demonstrar ter o que realmente não tem, e quando insiste acaba caindo em contradição.

Por exemplo: é impossível amar o Brasil sem amar seu povo, amar a democracia e defender golpismos e golpistas ou defender a igualdade entre as pessoas sendo preconceituoso e racista.

O pior mal caráter é aquele que não assume seus desejos e busca enganar as pessoas com defesas ambíguas de valores pontuais.

Para não assumir seu antipetismo afirmar que todos os partidos são iguais. Para não assumir seu fascismo ressaltar o pretenso ataque aos valores tradicionais que estariam sendo violados e aí arrola Deus, pátria, família, ordem e progresso.

Coisas assim que explicam, por exemplo, como pode um político que, num passado recente, representou seu papel de candidato à presidência pelo PCB com enorme dignidade, demonstrar agora uma agressividade injustificada numa solenidade pública, agredindo com palavras ácidas um intelectual que aos ser homenageado pronunciou palavras contrárias aos seus instintos de superioridade governista.

Embora sejam diferentes personagens de um mesmo ator, dá para apostar que o verdadeiro é esse, sem a dignidade que um dia representou ter.

Toda máscara tende a cair um dia.

Seria extraordinariamente mais fácil viver se cada um assumisse o que realmente sente e os valores que realmente lhe interessam defender.

Mas, aí, voltamos ao início desse texto... dignidade é algo que não se compra, nem se conquista com um curso superior... é seu chip de fábrica.



Prof. Péricles





domingo, 26 de fevereiro de 2017

TRUMP AJUDA THERESA, QUE AJUDA LE PEN



Faltando dois meses para o primeiro turno da eleição presidencial francesa, uma pesquisa divulgada esta semana mostra o crescimento da candidatura de Marine Le Pen, que alcança 26% das intenções de voto, contra 19% do principal adversário, o ex-ministro da Economia Emannuel Macron.



A líder da extrema-direita, filha de Jean-Marie Le Pen, deve causar dores de cabeça aos políticos de centro e de centro-esquerda franceses e aos defensores da União Europeia (UE), além de solavancos nos mercados.



Muito antes da vitória de Donald Trump do lado de cá do Atlântico, o continente europeu vive uma onda conservadora: a saída do Reino Unido da UE, capitaneada pelo primeira-ministra britânica, Theresa May, mostrou que, ao menos em tese, há vida fora do sonho da integração.



Atentados em Paris, Nice, Bruxelas e Berlim conquistam, dia após dia, mais adeptos da ideia de reerguer as fronteiras nacionais, anulando o Espaço Schengen da livre-circulação.



Partidos populistas têm crescido, como a Alternativa para a Alemanha (AfD), desbancando legendas de centro-esquerda, como o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE).



Políticas isolacionistas e, em alguns casos, xenófobas, nos EUA reforçam discursos de Thereza no Reino Unido e de Le Pen na França.



O último dos rompantes da líder da extrema-direita francesa foi ter desistido de encontrar o xeque Abdul Latif Derian, autoridade sunita do Líbano, na porta do gabinete. Isso porque lhe ofereceram o véu islâmico para a reunião. Le Pen é uma das principais defensoras da proibição da vestimenta em espaços públicos – o véu já não é permitido em escolas de ensino médio e serviço público na França.



Na quarta-feira (22/02), o centrista François Bayrou, líder do Movimento Democrático, fechou apoio a Macron, como alternativa a Le Pen.



Não será suficiente. Ela deve vencer em 23 de abril, mas não levará no segundo turno, em 7 de maio, quando os perdedores do primeiro turno se juntarão contra o inimigo comum. Essa costuma ser a lógica histórica da política francesa.



O problema é que, como o Brexit e Trump já mostraram, nem sempre a política tem seguido a lógica.




Por Rodrigo Lopes, colunista do Jornal Zero Hora de Porto Alegre



sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

MULHER BONITA


O homem se tornou dominante nas sociedades primitivas, não exatamente por ser o mais forte, mas por usar a força para se apropriar dos meios de produção.

Sendo ele mais capacitado fisicamente para a caça e depois, para as atividades da colheita, acabou por se tornar proprietário, relegando a mulher, progressivamente, a um papel secundário.

Com a evolução das sociedades, a importância da relação afetiva foi crescendo, e à mulher foi colocada na condição de atração entre os sexos, assim, enquanto o homem predominava na economia, a mulher deveria atrai-lo afetivamente, sendo atraente para merecer compartilhar de sua propriedade.

De certa forma, a mulher tornou-se uma propriedade.

Mas, o que é ser bela?

A beleza é formada por padrões subjetivos e variáveis, tanto no tempo, quanto no espaço, por isso, uma mulher pode ser considerada bonita num lugar e não bonita no outro, ou, antigamente mais ou menos bonita que hoje.

E o que move, classifica, define, esses padrões de beleza?

A economia.

Na antiguidade clássica, mulher bonita deveria ter a pele e os olhos mais escuros, sendo as “bárbaras” de olhos claros e loiras padrão de feiura, ao menos para os latinos, e isso porque o seu padrão de beleza era inato ao povo vencedor (eles mesmos) enquanto os germânicos (bárbaros) eram identificados como subespécie derrotada.

O que atraia os gregos era a mulher baixinha e a capacidade de ouvir, enquanto seu entendimento de amor era totalmente ligado ao aspecto tempo, por isso os gregos não casavam. Viviam juntos enquanto sentissem paixão. Quem inventou o casamento foram os latinos.

Para os espartanos a mulher era bonita quando demonstrava força e capacidade de conter suas lágrimas diante da perda de um filho mesmo em idade prematura, já que aos seis anos a criança esparciata já era propriedade do estado. A força de Esparta estava no peito de seus soldados e na força de suas mulheres, como eles mesmos definiam.

Na Idade Média mulher bonita era a gordinha, pois era sinal de que se alimentavam bem e naquele período de fome e miséria, se alimentar bem fazia qualquer mulher ser linda.

Por isso, no período medieval, mulher magra era horrorosa.

Com o advento da Revolução Industrial e a sociedade por ela criada, a gordinha deixou de ser considerada bonita passando a ser admirada a mulher magra, já que essa era muito mais apta ao trabalho nas máquinas. Surgiu o estilo que perdura até hoje.

Sendo os conceitos de beleza movidos e alterados pela economia, é desesperador ver tantas moças sofrendo por se acharem gordas e fora dos padrões. 

Diante do aumento sistemático de pessoas deprimidas e do número anual de suicídios é de se perguntar, afinal, o que torna realmente a mulher bonita. 

Certamente não é esse modelo vendido pela indústria de cosméticos, ampliado pelo marketing que tudo remunera e embalado, por exemplo, pela mídia e indústria cinematográfica. 

Ser enquadrado a esse modelo criado.  Será esse um ideal de felicidade legítimo?

Acreditamos que não.

Mulher bonita, bonita mesmo, daquela beleza que não é temporal ou geográfica é a mulher de luta. A mulher que se expressa e defende seus direitos de expressão e razão.

Mulher bonita é a mulher cujos valores estão acima dos padrões de uma indústria perversa que cria mitos e mentiras em profusão para dominar as mentes e vender tudo aquilo que possa gerar lucro.

É aquela que é capaz de sofrer o sofrimento alheio e combater o combate dos mais frágeis e as perversidades de uma sociedade que teima enquadra-la como objeto, como se ainda vivêssemos na pré-história moral.

Mulheres lindas como Tereza, aquela de Calcutá, ou Rosa que era de Luxemburgo, Olga que não temia os nazistas e todas as outras, de todos os lugares, que não entraram para os livros de história, mas que fazem a história, todo dia, com seu talento, trabalho e dedicação.

Mulher bonita é aquela que não tem medo de mostrar que ama, que quer amor e que exija boa parceria. Que demonstra coragem diante do fascismo e da violência.

Não, as mulheres não vieram enfeitar o mundo, isso é a visão machista que reduz a história feminina a um papel periférico.

Mulher é protagonista e revolucionária pela própria natureza pois nenhum outro segmento humano foi tão explorado ao longo da história.

Cosméticos são ilusões pois não transformam a natureza física de alguém e servem apenas para enriquecer as “indústrias da beleza”. O verdadeiro e real cosmético é a prática do bem e a participação na luta por um mundo melhor.

Mulher bonita são todas as mulheres, conforme seu engajamento perante a vida.




Prof. Péricles

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

ERA UMA VEZ


Por Robson Sávio Reis Souza


Num país de faz-de-conta um bando tomou de assalto o poder. Retiraram do governo uma mulher honesta e entronaram no seu lugar um bode-velho (casado com uma donzela arranjada), cercado por uma camarilha de ladrões. Inquisidores midiáticos e nos tribunais abençoaram o golpe, regado por dinheiro de empresas de patos amarelos. O tio dos bandoleiros, conhecido como "tio-sam", ajudou (e muito) nas estratégias da empreitada...

A corja, com farta representação nos três poderes, tem milhares de bobos da corte: alguns, que se autointitulam do "movimento do país livre", gostam de bater panelas para defender seus heróis-bandidos; outros promovem passeatas contra os direitos sociais; detestam a ideia de justiça e igualdade e pregam o ódio em relação ao outro, porque se acham superiores, acima do bem e do mal, cidadãos de ben$.

Não percebem que cavam para si um precipício; acham que o buraco é para os outros.

Usando da velha política do "panis et circenses", os golpistas entopem a mídia com dinheiro público para entreter o povo. Até cientistas da academia dos escolarizados dizem em programas globais que as instituições funcionam plenamente.

O bando imprime uma política recessiva: de propósito, provocam o desemprego em massa para atender ao clamor das empresas do século 19 com o objetivo de derrubar a massa salarial e criar as condições objetivas para estuprarem a constituição que garante direitos. Dizem que precisam fazer "reformas".

De fato querem derrubar a casa para construir uma choupana. Afinal, entendem que são os donos do pedaço e que pobre existe para mendicar ou viver de favores. Isso agrada o espírito cristão dos golpistas.

Aliás, com o apoio da teologia da prosperidade, que prega um deus que abençoa os endinheirados, os golpistas também têm as bênçãos de religiões-mercado. Por isso, não parece um escândalo o fato de líderes religiosos fazerem selfies com o bode-velho.

O país de faz-de conta está em convulsão: as polícias, os presídios, o sistema de seguridade social estão à beira de um colapso. Mas o rei e seu ministro plagiador, que gosta de uma barco intitulado de "boate do amor", acham que resolvem tudo com o báculo militar.

No país de faz-de-conta não há limites morais e éticos: bandoleiros são altas autoridades e governantes; juízes são deuses; mídia é tribunal; sonegadores e corruptos de carteirinha são conselheiros do rei. Tudo funciona normalmente...

Agora, quando de aproxima a "festa da carne" só sobrará ao povo o recurso da velha ironia para zombar da corja. Afinal, no país de faz-de-conta a educação, cumprindo sua missão docilizadora de mentes e corações, sempre ensinou o povo a se limitar à ironia momesca e nunca questionar sua condição de vida com vistas a transformar a realidade...


Robson Sávio Reis Souza, doutor em Ciências Sociais e professor da PUC Minas.