Os Ais (Atos Institucionais) foram instrumentos jurídicos criados pela Ditadura Militar para impor sua vontade acima de qualquer outro instrumento jurídico, democrático e legítimo. Foi, em resumo, a forma que os militares encontraram para determinar suas decisões sem oposição jurídica.
Eram temidos e suas publicações se cercavam de ansiedade e espectativa.
Entre 1964 e 1969 foram promulgados 17 atos institucionais, regulamentados por 104 atos complementares; dentre eles, os mais importantes:
AI-1 - O primeiro Ato Institucional, editado em 09 de abril de 1964, por uma junta formada pelos ministros militares, visava a aumentar os poderes do executivo. Dava poderes ao regime militar para cassar mandatos, suspendendo os direitos políticos por dez anos. O ato vinha acompanhado de uma lista de cassados, incluindo o presidente deposto João Goulart e ainda, Luiz Carlos Prestes, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e Leonel Brizola. O expurgo atingiu governadores, 50 deputados, 49 juízes, 1200 militares e 1400 civis.
Outras determinações nefastas: Demissão de funcionários públicos (civis ou militares) leais ao antigo governo e prisões de opositores, além de estabelecer as eleições indiretas para presidente da república. O AI-1 vigorou até 11 de junho de 1964.
AI-2 – Em 27 de outubro de 1965 foi editado o AI-2, estabelecia-se que as eleições para presidente seriam de forma indireta e sem possibilidades de reeleição; dissolvia os partidos existentes desde 1945, criando o bipartidarismo: ARENA (Aliança Renovadora Nacional) – partido do governo e MDB (Movimento Democrático Brasileiro) – oposição ao governo (oposição consentida pelo próprio governo). Para garantir a maioria do governo no STF (Supremo Tribunal Federal), o AI-2 aumentava o número de ministros de 11 para 16. O governo tem, também, autorização para fechar órgãos legislativos.
AI-3 - foi editado em 5 de fevereiro de 1966. Definiu as eleições indiretas para os governadores dos estados e indicação pelos governadores, de prefeitos de capitais e cidades estratégicas.
AI-4 - em Dezembro de 1966 o Congresso Nacional foi convocado às pressas, para “votação e promulgação” imediata do Projeto de Constituição, que revogava definitivamente a Constituição de 1946.
O AI-5 – O mais abominável dos atos, instrumento de um autoritarismo fascista, foi divulgado no dia 13 de dezembro de 1968 (uma sexta-feira 13) após uma reunião do Conselho de Segurança Nacional. Foi o ápice de uma crise que se arrastava ao logo de todo ano que incluiu a morte de um estudante durante uma passeata (Edson Luis), a Passeata dos Cem mil e o caso Márcio Moreira Alves. Entre outras aberrações aboliu o habeas corpus aos presos políticos, legalizando a tortura, suspendeu por dez anos os direitos políticos, fechou o Congresso por tempo indeterminado, deu Direito ao executivo de legislar por decreto e baixar outros Atos Institucionais.
O AI-5 já foi definido como o golpe dentro do golpe, pois ratificou a ala dura no poder, afastando os elementos da ala branda que defendiam o fim do movimento. Pelo contrário, o AI-5 representou o início da pior parte do pesadelo. Período definitivamente incorporado à figura do General Presidente Emílio Garrastazu Médice (1969-1974).
Na esteira do AI-5, foi promulgado em 1969 o AI-14, que estabelecia a pena de morte, a prisão perpétua e o banimento do país dos que eram considerados terroristas e atentavam contra a nova Lei de Segurança Nacional.
quarta-feira, 15 de junho de 2011
domingo, 12 de junho de 2011
PARA QUE NUNCA MAIS ACONTEÇA
A tortura como forma de eliminação do inimigo, obtenção de informação, maneira de impor o temor entre outros objetivos macabros, não é novidade na história humana. Foi praticada por egípcios, mesopotâmios e grandes impérios da antiguidade, com destaque para o Império de Roma. Foi, também, prática comum na Idade Média, especialmente pela Igreja, que, aliás, inovou, criando técnicas de tortura que serviram de inspiração para a maioria dos torturadores que vieram depois. A Inquisição foi pródiga de crueldade e homens como Torquemada marcaram seus nomes na história da desumanidade.
No Brasil e na América Espanhola colonial, tortura foi usada como praxe principalmente para coibir qualquer tipo de oposição aos desejos da metrópole.
O líder índio peruano, Tupac Amaru, por exemplo, foi esfolado vivo antes da execução fatal.
Em nosso país, no século XX, a tortura foi amplamente praticada nos dois maiores períodos ditatoriais que vivemos: do Estado Novo (1937-1945) e do regime militar (1964-1985), banalizando-se e sendo institucionalizada neste último.
A “ideologia” da tortura teve como base a Lei de Segurança Nacional, alicerçada no pensamento de que havia um “inimigo interno” a derrotar. A pátria deveria ser defendida de comunistas, homens que comiam criancinhas, pregavam o ateísmo e destruíam as igrejas e os conceitos familiares.
Essa doutrina, nascida na França e adotada pelos Estados Unidos, foi aplicada no Brasil com fervor, e segundo seus seguidores, justificava o uso da tortura.
O governo militar jamais admitiu que houvesse tortura no Brasil, o presidente Castelo Branco chegou a negar publicamente a existência de truculência em seu governo. De certa forma, podemos até concluir, passados 26 anos do fim da Ditadura e tantas evidências e histórias dramáticas depois, que o uso da tortura é o que mais incomoda e envergonha os defensores daqueles tempos, especialmente, entre os militares.
Certo, porém é que, não será negando sua existência que poderemos fechar as cicatrizes que o uso da tortura deixou no país.
Apresentamos a seguir, algo nada agradável, mas, infelizmente histórico: os métodos de tortura utilizados pela Ditadura Militar e seu aparato de repressão. Não estão listadas todas as formas utilizadas,evidente, apenas, as mais tristemente celébres.
Lembramos ainda que, os métodos de tortura variavam entre tortura física e tortura psicológica, e ainda que, tais métodos receberam nomes simbólicos e, na maioria das vezes, irônicos.
PAU-DE-ARARA: O preso era posto nu, abraçando os joelhos e com os pés e as mãos amarradas. Uma barra de ferro era atravessada entre os punhos e os joelhos. Nesta posição a vítima era pendurada entre dois cavaletes, ficando a alguns centímetros do chão. A posição causava dores e atrozes no corpo. O preso ainda sofria choques elétricos, pancadas e queimaduras com cigarro. Este método de tortura já existia na época da escravidão, sendo utilizado em várias fases sombrias da história do Brasil.
CADEIRA DO DRAGÃO: Os presos eram sentados nus em uma cadeira elétrica, revestida de zinco, ligada a terminais elétricos. Uma vez ligado, o zinco do aparelho transmitia choques a todo o corpo do supliciado. Os torturadores complementavam o mecanismo sinistro enfiando um balde de metal na cabeça da vítima, aplicando-lhe choques mais intensos.
CHOQUESELÉTRICOS:O torturador usava um magneto de telefone, acionado por uma manivela, conforme a velocidade imprimida, a descarga elétrica podia ser de maior ou menor intensidade. Os choques elétricos eram deferidos na cabeça, nos membros superiores e inferiores e nos órgãos genitais, causando queimaduras e convulsões, fazendo muitas vezes, o preso morder a própria língua. As máquinas usadas nesse método de tortura eram chamadas de "maricota" ou "pimentinha".
BALÉ NO PEDREGULHO: O preso era posto nu e descalço em local com temperatura abaixo de zero, sob um chuveiro gelado, tendo no piso pedregulhos com pontas agudas, que perfuravam os pés da vítima. A tendência do torturado era pular sobre os pedregulhos, como se dançasse, tentando aliviar a dor. Quando ele "bailava", os torturadores usavam da palmatória para ferir as partes mais sensíveis do seu corpo.
TELEFONE: Entre as várias formas de agressões que eram usadas, uma das mais cruéis era o vulgarmente conhecido como "telefone". Com as duas mãos em posição côncava, o torturador, a um só tempo, aplicava um golpe violento nos ouvidos da vítima. O impacto era tão violento, que rompia os tímpanos do torturado, fazendo-o perder a audição.
AFOGAMENTO NA CALDA DA VERDADE: A cabeça do torturado era mergulhada em um tambor, balde ou tanque cheio de água, urina, fezes e outros detritos. A nuca do preso era forçada para baixo, até o limite do afogamento na "calda da verdade". Após o mergulho, a vítima ficava sem tomar banho vários dias, até que o seu cheiro ficasse insuportável. O método consistia em destruir toda a auto-estima do torturado.
AFOGAMENTO COM CAPUZ: A cabeça do preso era encapuzada e afundada em córregos ou tambores de águas paradas e apodrecidas. O prisioneiro ao tentar respirar, tinha o capuz molhado a introduzir-se nas suas narinas, levando-o a perder o fôlego, produzindo um terrível mal-estar. Outra forma de afogamento consistia nos torturadores fecharem as narinas do preso, pondo-lhe, ao mesmo tempo, uma mangueira ou um tubo de borracha dentro da boca, obrigando-o a engolir água.
MAMADEIRA DE SUBVERSIVO: Era introduzido na boca do preso um gargalo de garrafa, cheia de urina quente, normalmente quando o preso estava pendurado no pau-de-arara. Usando uma estopa, os torturadores comprimiam a boca do preso, obrigando-o a engolir a urina.
SORO DA VERDADE: Era injetado no preso pentotal sódico, uma droga que produz sonolência e reduz as inibições. Sob os efeitos do "soro da verdade", o preso contava coisas que sóbrio não falaria. De efeito duvidoso, a droga pode matar.
MASSAGEM: O preso era encapuzado e algemado, o torturador fazia-lhe uma violenta massagem nos nervos mais sensíveis do corpo, deixando-o totalmente paralisado por alguns minutos. Violentas dores levavam o preso ao desespero.
GELADEIRA: O preso era posto nu em cela pequena e baixa, sendo impedidos de ficar de pé. Os torturadores alternavam o sistema de refrigeração, que ia do frio extremo ao calor exacerbado, enquanto alto-falantes emitiam sons irritantes. A tortura na "geladeira" prolongava-se por vários dias, ficando ali o preso sem água ou comida.
As mulheres, além de sofrer as mesmas torturas, eram estupradas e submetidas a realizar as fantasias sexuais dos torturadores. Poucos relatos apontaram para os estupros em homens, se houveram, muitos por vergonha, esconderam esta terrível verdade.
O modelo de tortura empregado pelos órgãos de informação da ditadura militar chegou a ser exportado para alguins países asiáticos, onde governos repressivos assumiram o poder. Curiosamente, países que adotaram regimes socialistas, como o Camboja, foram os que "importaram" os métodos da direita brasileira.
O Brasil precisa tratar suas feridas. É necessário, é urgente, que a população brasileira saiba, tudo o que realmente aconteceu no período negro da ditadura militar. Sem sentimentos de vingança, que nada constroem, mas num sentido de justiça e de reparação das memórias, PARA QUE ISSO NUNCA MAIS ACONTEÇA NO BRASIL.
Prof. Péricles
Fonte: http://www.torturanuncamais-rj.org.br
No Brasil e na América Espanhola colonial, tortura foi usada como praxe principalmente para coibir qualquer tipo de oposição aos desejos da metrópole.
O líder índio peruano, Tupac Amaru, por exemplo, foi esfolado vivo antes da execução fatal.
Em nosso país, no século XX, a tortura foi amplamente praticada nos dois maiores períodos ditatoriais que vivemos: do Estado Novo (1937-1945) e do regime militar (1964-1985), banalizando-se e sendo institucionalizada neste último.
A “ideologia” da tortura teve como base a Lei de Segurança Nacional, alicerçada no pensamento de que havia um “inimigo interno” a derrotar. A pátria deveria ser defendida de comunistas, homens que comiam criancinhas, pregavam o ateísmo e destruíam as igrejas e os conceitos familiares.
Essa doutrina, nascida na França e adotada pelos Estados Unidos, foi aplicada no Brasil com fervor, e segundo seus seguidores, justificava o uso da tortura.
O governo militar jamais admitiu que houvesse tortura no Brasil, o presidente Castelo Branco chegou a negar publicamente a existência de truculência em seu governo. De certa forma, podemos até concluir, passados 26 anos do fim da Ditadura e tantas evidências e histórias dramáticas depois, que o uso da tortura é o que mais incomoda e envergonha os defensores daqueles tempos, especialmente, entre os militares.
Certo, porém é que, não será negando sua existência que poderemos fechar as cicatrizes que o uso da tortura deixou no país.
Apresentamos a seguir, algo nada agradável, mas, infelizmente histórico: os métodos de tortura utilizados pela Ditadura Militar e seu aparato de repressão. Não estão listadas todas as formas utilizadas,evidente, apenas, as mais tristemente celébres.
Lembramos ainda que, os métodos de tortura variavam entre tortura física e tortura psicológica, e ainda que, tais métodos receberam nomes simbólicos e, na maioria das vezes, irônicos.
PAU-DE-ARARA: O preso era posto nu, abraçando os joelhos e com os pés e as mãos amarradas. Uma barra de ferro era atravessada entre os punhos e os joelhos. Nesta posição a vítima era pendurada entre dois cavaletes, ficando a alguns centímetros do chão. A posição causava dores e atrozes no corpo. O preso ainda sofria choques elétricos, pancadas e queimaduras com cigarro. Este método de tortura já existia na época da escravidão, sendo utilizado em várias fases sombrias da história do Brasil.
CADEIRA DO DRAGÃO: Os presos eram sentados nus em uma cadeira elétrica, revestida de zinco, ligada a terminais elétricos. Uma vez ligado, o zinco do aparelho transmitia choques a todo o corpo do supliciado. Os torturadores complementavam o mecanismo sinistro enfiando um balde de metal na cabeça da vítima, aplicando-lhe choques mais intensos.
CHOQUESELÉTRICOS:O torturador usava um magneto de telefone, acionado por uma manivela, conforme a velocidade imprimida, a descarga elétrica podia ser de maior ou menor intensidade. Os choques elétricos eram deferidos na cabeça, nos membros superiores e inferiores e nos órgãos genitais, causando queimaduras e convulsões, fazendo muitas vezes, o preso morder a própria língua. As máquinas usadas nesse método de tortura eram chamadas de "maricota" ou "pimentinha".
BALÉ NO PEDREGULHO: O preso era posto nu e descalço em local com temperatura abaixo de zero, sob um chuveiro gelado, tendo no piso pedregulhos com pontas agudas, que perfuravam os pés da vítima. A tendência do torturado era pular sobre os pedregulhos, como se dançasse, tentando aliviar a dor. Quando ele "bailava", os torturadores usavam da palmatória para ferir as partes mais sensíveis do seu corpo.
TELEFONE: Entre as várias formas de agressões que eram usadas, uma das mais cruéis era o vulgarmente conhecido como "telefone". Com as duas mãos em posição côncava, o torturador, a um só tempo, aplicava um golpe violento nos ouvidos da vítima. O impacto era tão violento, que rompia os tímpanos do torturado, fazendo-o perder a audição.
AFOGAMENTO NA CALDA DA VERDADE: A cabeça do torturado era mergulhada em um tambor, balde ou tanque cheio de água, urina, fezes e outros detritos. A nuca do preso era forçada para baixo, até o limite do afogamento na "calda da verdade". Após o mergulho, a vítima ficava sem tomar banho vários dias, até que o seu cheiro ficasse insuportável. O método consistia em destruir toda a auto-estima do torturado.
AFOGAMENTO COM CAPUZ: A cabeça do preso era encapuzada e afundada em córregos ou tambores de águas paradas e apodrecidas. O prisioneiro ao tentar respirar, tinha o capuz molhado a introduzir-se nas suas narinas, levando-o a perder o fôlego, produzindo um terrível mal-estar. Outra forma de afogamento consistia nos torturadores fecharem as narinas do preso, pondo-lhe, ao mesmo tempo, uma mangueira ou um tubo de borracha dentro da boca, obrigando-o a engolir água.
MAMADEIRA DE SUBVERSIVO: Era introduzido na boca do preso um gargalo de garrafa, cheia de urina quente, normalmente quando o preso estava pendurado no pau-de-arara. Usando uma estopa, os torturadores comprimiam a boca do preso, obrigando-o a engolir a urina.
SORO DA VERDADE: Era injetado no preso pentotal sódico, uma droga que produz sonolência e reduz as inibições. Sob os efeitos do "soro da verdade", o preso contava coisas que sóbrio não falaria. De efeito duvidoso, a droga pode matar.
MASSAGEM: O preso era encapuzado e algemado, o torturador fazia-lhe uma violenta massagem nos nervos mais sensíveis do corpo, deixando-o totalmente paralisado por alguns minutos. Violentas dores levavam o preso ao desespero.
GELADEIRA: O preso era posto nu em cela pequena e baixa, sendo impedidos de ficar de pé. Os torturadores alternavam o sistema de refrigeração, que ia do frio extremo ao calor exacerbado, enquanto alto-falantes emitiam sons irritantes. A tortura na "geladeira" prolongava-se por vários dias, ficando ali o preso sem água ou comida.
As mulheres, além de sofrer as mesmas torturas, eram estupradas e submetidas a realizar as fantasias sexuais dos torturadores. Poucos relatos apontaram para os estupros em homens, se houveram, muitos por vergonha, esconderam esta terrível verdade.
O modelo de tortura empregado pelos órgãos de informação da ditadura militar chegou a ser exportado para alguins países asiáticos, onde governos repressivos assumiram o poder. Curiosamente, países que adotaram regimes socialistas, como o Camboja, foram os que "importaram" os métodos da direita brasileira.
O Brasil precisa tratar suas feridas. É necessário, é urgente, que a população brasileira saiba, tudo o que realmente aconteceu no período negro da ditadura militar. Sem sentimentos de vingança, que nada constroem, mas num sentido de justiça e de reparação das memórias, PARA QUE ISSO NUNCA MAIS ACONTEÇA NO BRASIL.
Prof. Péricles
Fonte: http://www.torturanuncamais-rj.org.br
sábado, 11 de junho de 2011
IMPRENSA: OS "DEFENSORES" DA DEMOCRACIA
Sempre que se cogita debater o papel e a atuação da imprensa no Brasil, a mesma reage com truculência e trata de convencer seu público que a democracia está a perigo.
No jargão grotesco dos meios de comunicação imprensa = liberdade, ou imprensa = democracia, de tal maneira que qualquer proposta de discussão é imediatamente rotulada como medida autoritária e um perigo que aponta para o retorno da ditadura.
Não comentam, por exemplo, que, medidas de controle social da imprensa são rotina em países como Estados Unidos e França, cá pra nós, de tradição democrática bem maior do que a nossa.
Na verdade é uma jogada ensaiada dos senhores do quarto poder.
Eles não querem que a sociedade civil tenha qualquer poder de análise sobre o que se publica e o que se vende ao consumidor de notícias e de comentários.
Por falar nisso, esses senhores da imprensa são tão arrogantes em suas prerrogativas que chegaram a criar o termo “formadores de opinião” para definir seu trabalho.
Já que eles adotaram a simbiose imprensa/democracia, quem sabe a gente recorda como essa imprensa, democrática, defensora da liberdade, agiu durante o golpe militar?
Abaixo vocês terão alguns textos desses órgãos de comunicação a partir de pesquisa da jornalista Cristiane Costa, publicada no seu Blog BrHistória.
Não se surpreenda. Cinismo não tem limites.
Obs. Desaconselhável para quem tem estômago frágil:
-----------------------------------------------------
Ressurge a Democracia! Vive a Nação dias gloriosos. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas que, obedientes a seus chefes, o Brasil livrou-se do governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições. Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ter a garantia da subversão, a ancora dos agitadores, o anteparo da desordem.
(O Globo - Rio de Janeiro - 4 de Abril de 1964)
Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares que os protegeram de seus inimigos. Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais
(O Globo - Rio de Janeiro - 2 de abril de 1964)
Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas.
(Tribuna da Imprensa - Rio de Janeiro - 2 de abril de 1964)
A paz alcançada. A vitória da causa democrática abre o País a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais. Assim o querem as Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deverá ser, pelo bem do Brasil
(Editorial de O Povo - Fortaleza - 3 de abril de 1964)
Desde ontem se instalou no País a verdadeira legalidade... A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas.
(Editorial do Jornal do Brasil - Rio de Janeiro - 1º de abril de 1964)
Milhares de pessoas compareceram, ontem, às solenidades que marcaram a posse do marechal Humberto Castelo Branco na Presidência da República... O ato de posse do presidente Castelo Branco revestiu-se do mais alto sentido democrático, tal o apoio que obteve.
(Correio Braziliense - Brasília - 16 de abril de 1964)
[...] um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular, está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social - realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama [...].
(Editorial da Folha de S.Paulo - 22 de setembro de 1971)
Golpe? É crime só punível pela deposição pura e simples do Presidente. Atentar contra a Federação é crime de lesa-pátria. Aqui acusamos o Sr. João Goulart de crime de lesa-pátria. Jogou-nos na luta fratricida, desordem social e corrupção generalizada.
(Jornal do Brasil, edição de 1 de abril de 1964.)
Participamos da Revolução de 1964 identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada.
(Editorial do jornalista Roberto Marinho, publicado no jornal O Globo, edição de 7 de outubro de 1984, sob o título: "Julgamento da Revolução").
Mais algumas manchetes:
1°/04/64 - Correio da Manhã (do editorial, "Fora!"): Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart: Saia!
02/04/64 - O Globo: Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada... atendendo aos anseios nacionais de paz, tranqüilidade e progresso... as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-a do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal.
05/04/64 - O Globo: A Revolução democrática antecedeu em um mês a revolução comunista.
05/04/64 - O Estado de Minas: Feliz a nação que pode contar com corporações militares de tão altos índices cívicos. Os militares não deverão ensarilhar suas armas antes que emudeçam as vozes da corrupção e da traição à pátria.
Essa é a mesma imprensa que diz defender a democracia. Os mesmos personagens que afirmam representar a liberdade!
Menos mal que apesar de manipular as pessoas menos informadas e “formarem opinião” com sua retórica, eles são incapazes de calar a história.
Prof. Péricles
No jargão grotesco dos meios de comunicação imprensa = liberdade, ou imprensa = democracia, de tal maneira que qualquer proposta de discussão é imediatamente rotulada como medida autoritária e um perigo que aponta para o retorno da ditadura.
Não comentam, por exemplo, que, medidas de controle social da imprensa são rotina em países como Estados Unidos e França, cá pra nós, de tradição democrática bem maior do que a nossa.
Na verdade é uma jogada ensaiada dos senhores do quarto poder.
Eles não querem que a sociedade civil tenha qualquer poder de análise sobre o que se publica e o que se vende ao consumidor de notícias e de comentários.
Por falar nisso, esses senhores da imprensa são tão arrogantes em suas prerrogativas que chegaram a criar o termo “formadores de opinião” para definir seu trabalho.
Já que eles adotaram a simbiose imprensa/democracia, quem sabe a gente recorda como essa imprensa, democrática, defensora da liberdade, agiu durante o golpe militar?
Abaixo vocês terão alguns textos desses órgãos de comunicação a partir de pesquisa da jornalista Cristiane Costa, publicada no seu Blog BrHistória.
Não se surpreenda. Cinismo não tem limites.
Obs. Desaconselhável para quem tem estômago frágil:
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Ressurge a Democracia! Vive a Nação dias gloriosos. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas que, obedientes a seus chefes, o Brasil livrou-se do governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições. Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ter a garantia da subversão, a ancora dos agitadores, o anteparo da desordem.
(O Globo - Rio de Janeiro - 4 de Abril de 1964)
Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares que os protegeram de seus inimigos. Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais
(O Globo - Rio de Janeiro - 2 de abril de 1964)
Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas.
(Tribuna da Imprensa - Rio de Janeiro - 2 de abril de 1964)
A paz alcançada. A vitória da causa democrática abre o País a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais. Assim o querem as Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deverá ser, pelo bem do Brasil
(Editorial de O Povo - Fortaleza - 3 de abril de 1964)
Desde ontem se instalou no País a verdadeira legalidade... A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas.
(Editorial do Jornal do Brasil - Rio de Janeiro - 1º de abril de 1964)
Milhares de pessoas compareceram, ontem, às solenidades que marcaram a posse do marechal Humberto Castelo Branco na Presidência da República... O ato de posse do presidente Castelo Branco revestiu-se do mais alto sentido democrático, tal o apoio que obteve.
(Correio Braziliense - Brasília - 16 de abril de 1964)
[...] um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular, está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social - realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama [...].
(Editorial da Folha de S.Paulo - 22 de setembro de 1971)
Golpe? É crime só punível pela deposição pura e simples do Presidente. Atentar contra a Federação é crime de lesa-pátria. Aqui acusamos o Sr. João Goulart de crime de lesa-pátria. Jogou-nos na luta fratricida, desordem social e corrupção generalizada.
(Jornal do Brasil, edição de 1 de abril de 1964.)
Participamos da Revolução de 1964 identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada.
(Editorial do jornalista Roberto Marinho, publicado no jornal O Globo, edição de 7 de outubro de 1984, sob o título: "Julgamento da Revolução").
Mais algumas manchetes:
1°/04/64 - Correio da Manhã (do editorial, "Fora!"): Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart: Saia!
02/04/64 - O Globo: Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada... atendendo aos anseios nacionais de paz, tranqüilidade e progresso... as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-a do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal.
05/04/64 - O Globo: A Revolução democrática antecedeu em um mês a revolução comunista.
05/04/64 - O Estado de Minas: Feliz a nação que pode contar com corporações militares de tão altos índices cívicos. Os militares não deverão ensarilhar suas armas antes que emudeçam as vozes da corrupção e da traição à pátria.
Essa é a mesma imprensa que diz defender a democracia. Os mesmos personagens que afirmam representar a liberdade!
Menos mal que apesar de manipular as pessoas menos informadas e “formarem opinião” com sua retórica, eles são incapazes de calar a história.
Prof. Péricles
segunda-feira, 6 de junho de 2011
ELEIÇÃO NO PERU E AGONIA NEOLIBERAL
A Doutrina neoliberal surgiu com força no “mundo globalizado” a partir da crise terminal do socialismo real e provocaram o fim do Bloco Socialista e da da própria União Soviética. Sua ascensão está ligada aos governos Ronald Reagan (EUA) e Margareth Thatcher (Inglaterra), a partir de meados da década de 80.
Nas décadas seguintes predominou em todos os cantos do planeta, prometendo uma prosperidade nunca vista antes e que só seria possível com a globalização mundial, a integração dos mercados, a diminuição do estado e as privatizações.
No Brasil, o neoliberalismo chegou ao poder com a eleição de Fernando Collor de Melo (PRN) em 1989 e nos dois mandatos seguintes de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Hoje, 25 anos, crise financeira internacional e milhões de desempregados depois, o neoliberalismo enfrenta sua agonia, provavelmente terminal.
Nenhuma de suas promessas, defendidas como dogmas por seus ideólogos, se concretizou, fazendo o mundo melhor e os povos mais felizes.
Seu "canto do cisne", pelo menos, na América, parece estar num de seus mais importantes baluartes, o Peru de Alberto Fujimori.
O Peru foi às urnas neste domingo (05/junho) para impedir a continuidade da política neoliberal personificada em Keiko Fujimori e eleger um novo projeto.
A vitória de Ollanta Humala de proposta claramente anti-neoliberal, de esquerda (segundo seus críticos de estilo muito próximo de Hugo Chaves, mas segundo ele mesmo, muito mais próximo de Lula), fala por si mesmo.
A derrota neoliberal no Peru é mais do que sintomática. Trata-se da rejeição definitiva de um modelo econômico, político e social que iludiu muito mais do que realizou. Que apequenou os estados transferindo patrimônio público para o patrimônio privado, que ampliou as diferenças sociais e infelicitou toda uma geração.
Definitivamente, a história não acabou, como seus adeptos, um dia, chegaram a profetizar e bem o diz quem alerta para os falsos profetas.
Prof. Péricles
Nas décadas seguintes predominou em todos os cantos do planeta, prometendo uma prosperidade nunca vista antes e que só seria possível com a globalização mundial, a integração dos mercados, a diminuição do estado e as privatizações.
No Brasil, o neoliberalismo chegou ao poder com a eleição de Fernando Collor de Melo (PRN) em 1989 e nos dois mandatos seguintes de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Hoje, 25 anos, crise financeira internacional e milhões de desempregados depois, o neoliberalismo enfrenta sua agonia, provavelmente terminal.
Nenhuma de suas promessas, defendidas como dogmas por seus ideólogos, se concretizou, fazendo o mundo melhor e os povos mais felizes.
Seu "canto do cisne", pelo menos, na América, parece estar num de seus mais importantes baluartes, o Peru de Alberto Fujimori.
O Peru foi às urnas neste domingo (05/junho) para impedir a continuidade da política neoliberal personificada em Keiko Fujimori e eleger um novo projeto.
A vitória de Ollanta Humala de proposta claramente anti-neoliberal, de esquerda (segundo seus críticos de estilo muito próximo de Hugo Chaves, mas segundo ele mesmo, muito mais próximo de Lula), fala por si mesmo.
A derrota neoliberal no Peru é mais do que sintomática. Trata-se da rejeição definitiva de um modelo econômico, político e social que iludiu muito mais do que realizou. Que apequenou os estados transferindo patrimônio público para o patrimônio privado, que ampliou as diferenças sociais e infelicitou toda uma geração.
Definitivamente, a história não acabou, como seus adeptos, um dia, chegaram a profetizar e bem o diz quem alerta para os falsos profetas.
Prof. Péricles
quinta-feira, 2 de junho de 2011
A REVOLTA DOS PADRES
Pernambuco, 1817.
Um forte sentimento antilusitano pode ser percebido nas ruas.
Além de olhares rancorosos por aqueles que controlam o comércio e residem nas melhores casas, dos melhores bairros, os brasileiros ainda dedicam aos portugueses apelidos como “galegos”, “pés de chumbo” e outros menos publicáveis.
Os brasileiros guardam ainda, uma mágoa especial, a seu governador, Caetano Pinto Montenegro. Ao pé de ouvido se diz que o tal é Caetano no nome, Pinto na coragem, Monte na altura (1:90m) e Negro nas ações.
O patriotismo está forte como jamais esteve em terras nordestinas.
São tempos de ousadia. Afinal, os Estados Unidos (1776) e o Haiti (1806), por exemplo, já não haviam rompido as amarras coloniais?
Então, todos os sentimentos explodiram no dia 6 de março.
O início foi num batalhão de soldados negros, os “Henriques” insatisfeitos com os péssimos salários, mas logo, lideranças das conhecidas Casas Maçônicas Patriotas e Aerópago de Itambé como Domingos José Martins, Antônio Carlos de Andrada e Silva e ainda de religiosos como Frei Caneca, assumem o movimento, que acabaria também conhecido como “A Revolta dos Padres”.
O Governador, após pifia resistência, foge, sob a zombaria geral.
Então, por 75 dias Pernambuco sonhou.
Um sonho brasileiro. Um sonho de brasilidade. Um sonho que se alastrou para o Rio Grande do Norte, a Paraíba e o Ceará.
Foram incentivadas as ações que demarcassem nacionalidade.
Até nas missas, onde o vinho (português) foi substituido pela aguardente (brasileira) e a hóstia passou a ser feita da mandioca brasileira em lugar do trigo.
Em maio, Antônio Gonçalves Cruz, o Cruz Cabugá, desembarcou na Filadélfia com 800 mil dólares (atualizados, aproximadamente 12 milhões de dólares ) na bagagem com três missões: Comprar armas para combater as tropas de D. João VI; Convencer o governo americano a apoiar a criação de uma república independente no Nordeste brasileiro e Recrutar alguns antigos revolucionários franceses exilados em território americano para, com a ajuda deles, libertar Napoleão Bonaparte, exilado na Ilha de Santa Helena para comandar a revolução pernambucana.
Um sonho brasileiro de 75 dias, a última tentativa de criação de um Brasil popular.
Mas o sonho acabou.
Tropas enviadas da Bahia avançaram pelo sertão pernambucano, enquanto uma força naval, despachada do Rio de Janeiro, bloqueou o porto do Recife. Em poucos dias 8000 homens cercavam a província. No interior, a batalha decisiva foi travada na localidade de Ipojuca. Derrotados, os revolucionários tiveram de recuar em direção ao Recife. Em 19 de maio as tropas portuguesas entraram na cidade e a encontraram abandonada e sem defesa. O governo provisório, isolado, se rendeu no dia seguinte.
Apesar do número relativamente pequeno de vítimas em combate (100 mortos e 150 feridos), a repressão não se fez de rogada: 13 executados na forca (inclusive um menino de 16 anos), 28 mortos no cárcere (suicidados), 1.203 degredados.
Quando o enviado especial aos Estados Unidos, Cruz Cabugá retornou ao Recife acompanhado de quatro veteranos oficiais de Napoleão para dar andamento ao sonho, tudo já estava consumado e o movimento completamente derrotado.
Caetano Pinto Montenegro e os portugueses voltaram a erguer o queixo e o Brasil continuou sua rota que o levaria a “independência” desenhada pelas e para as elites.
Napoleão Bonparte? Provavelmente jamais ficou sabendo do sonho sonhado por aqueles brasileiros malucos.
Prof. Péricles
Um forte sentimento antilusitano pode ser percebido nas ruas.
Além de olhares rancorosos por aqueles que controlam o comércio e residem nas melhores casas, dos melhores bairros, os brasileiros ainda dedicam aos portugueses apelidos como “galegos”, “pés de chumbo” e outros menos publicáveis.
Os brasileiros guardam ainda, uma mágoa especial, a seu governador, Caetano Pinto Montenegro. Ao pé de ouvido se diz que o tal é Caetano no nome, Pinto na coragem, Monte na altura (1:90m) e Negro nas ações.
O patriotismo está forte como jamais esteve em terras nordestinas.
São tempos de ousadia. Afinal, os Estados Unidos (1776) e o Haiti (1806), por exemplo, já não haviam rompido as amarras coloniais?
Então, todos os sentimentos explodiram no dia 6 de março.
O início foi num batalhão de soldados negros, os “Henriques” insatisfeitos com os péssimos salários, mas logo, lideranças das conhecidas Casas Maçônicas Patriotas e Aerópago de Itambé como Domingos José Martins, Antônio Carlos de Andrada e Silva e ainda de religiosos como Frei Caneca, assumem o movimento, que acabaria também conhecido como “A Revolta dos Padres”.
O Governador, após pifia resistência, foge, sob a zombaria geral.
Então, por 75 dias Pernambuco sonhou.
Um sonho brasileiro. Um sonho de brasilidade. Um sonho que se alastrou para o Rio Grande do Norte, a Paraíba e o Ceará.
Foram incentivadas as ações que demarcassem nacionalidade.
Até nas missas, onde o vinho (português) foi substituido pela aguardente (brasileira) e a hóstia passou a ser feita da mandioca brasileira em lugar do trigo.
Em maio, Antônio Gonçalves Cruz, o Cruz Cabugá, desembarcou na Filadélfia com 800 mil dólares (atualizados, aproximadamente 12 milhões de dólares ) na bagagem com três missões: Comprar armas para combater as tropas de D. João VI; Convencer o governo americano a apoiar a criação de uma república independente no Nordeste brasileiro e Recrutar alguns antigos revolucionários franceses exilados em território americano para, com a ajuda deles, libertar Napoleão Bonaparte, exilado na Ilha de Santa Helena para comandar a revolução pernambucana.
Um sonho brasileiro de 75 dias, a última tentativa de criação de um Brasil popular.
Mas o sonho acabou.
Tropas enviadas da Bahia avançaram pelo sertão pernambucano, enquanto uma força naval, despachada do Rio de Janeiro, bloqueou o porto do Recife. Em poucos dias 8000 homens cercavam a província. No interior, a batalha decisiva foi travada na localidade de Ipojuca. Derrotados, os revolucionários tiveram de recuar em direção ao Recife. Em 19 de maio as tropas portuguesas entraram na cidade e a encontraram abandonada e sem defesa. O governo provisório, isolado, se rendeu no dia seguinte.
Apesar do número relativamente pequeno de vítimas em combate (100 mortos e 150 feridos), a repressão não se fez de rogada: 13 executados na forca (inclusive um menino de 16 anos), 28 mortos no cárcere (suicidados), 1.203 degredados.
Quando o enviado especial aos Estados Unidos, Cruz Cabugá retornou ao Recife acompanhado de quatro veteranos oficiais de Napoleão para dar andamento ao sonho, tudo já estava consumado e o movimento completamente derrotado.
Caetano Pinto Montenegro e os portugueses voltaram a erguer o queixo e o Brasil continuou sua rota que o levaria a “independência” desenhada pelas e para as elites.
Napoleão Bonparte? Provavelmente jamais ficou sabendo do sonho sonhado por aqueles brasileiros malucos.
Prof. Péricles
segunda-feira, 30 de maio de 2011
DESCOBERTA DA AIDS COMPLETA 30 ANOS
Há 30 anos, no dia 5 de junho de 1981, o Centro de Controle de Doenças de Atlanta, nos Estados Unidos, descobriu em cinco jovens homossexuais uma estranha pneumonia que até então só afetava pessoas com o sistema imunológico debilitado.
Um mês depois, foi diagnosticado um câncer de pele em 26 homossexuais americanos e se começou a falar de "câncer gay".
No ano seguinte, a doença foi batizada com o nome de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, Aids, em inglês, Sida.
As epidemias são velhas companheiras do homem em sua história.
O próprio Império Romano estava debilitado quando caiu, em 476, por um surto de varíola que matava milhares de cidadãos.
O século XIV, chamado por muitos de “o século das crises” assistiu o drama inenarrável da Peste Negra (Peste bubônica e pneumônica).
Mais recentemente, o fenômeno da Gripe Espanhola pós I Guerra Mundial, matou milhares e milhares de pessoas em vários países diferentes (pandemia). Tão misteriosamente como apareceu, desapareceu sem deixar vestígios.
Nesses 30 anos, aprendemos e sofremos com a AIDS.
Perdemos muitas vidas. Mas talvez, tenhamos ganho dignidade no trato das diferenças.
Apesar de em 1996, com o desenvolvimento dos anti-retrovirais, a doença mortal ter passado a um padrão de enfermidade crônica. Apesar do conhecmento maior sobre o virus e mesmo com o desenvolvimento do coquetel medicamentoso que prolongou e deu mais qualidade de vida aos infectados, ainda não existe uma cura definitiva para a doença.
Hoje, a grande preocupação é não permitir o “salto alto”, a crença de que o inimigo não oferece mais risco, pois esse comportamento perigoso, acaba por incentivar a falta de cuidados e a consequente infestação viral.
O uso de preservativo, os cuidados nas relações sexuais e o reconhecimento que o problema ainda ameaça, é uma obrigação para conosco e para com os próximos.
A Aids, ou Sida, foi e ainda é, a maior epidemia de nosso tempo.
Um mês depois, foi diagnosticado um câncer de pele em 26 homossexuais americanos e se começou a falar de "câncer gay".
No ano seguinte, a doença foi batizada com o nome de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, Aids, em inglês, Sida.
As epidemias são velhas companheiras do homem em sua história.
O próprio Império Romano estava debilitado quando caiu, em 476, por um surto de varíola que matava milhares de cidadãos.
O século XIV, chamado por muitos de “o século das crises” assistiu o drama inenarrável da Peste Negra (Peste bubônica e pneumônica).
Mais recentemente, o fenômeno da Gripe Espanhola pós I Guerra Mundial, matou milhares e milhares de pessoas em vários países diferentes (pandemia). Tão misteriosamente como apareceu, desapareceu sem deixar vestígios.
Nesses 30 anos, aprendemos e sofremos com a AIDS.
Perdemos muitas vidas. Mas talvez, tenhamos ganho dignidade no trato das diferenças.
Apesar de em 1996, com o desenvolvimento dos anti-retrovirais, a doença mortal ter passado a um padrão de enfermidade crônica. Apesar do conhecmento maior sobre o virus e mesmo com o desenvolvimento do coquetel medicamentoso que prolongou e deu mais qualidade de vida aos infectados, ainda não existe uma cura definitiva para a doença.
Hoje, a grande preocupação é não permitir o “salto alto”, a crença de que o inimigo não oferece mais risco, pois esse comportamento perigoso, acaba por incentivar a falta de cuidados e a consequente infestação viral.
O uso de preservativo, os cuidados nas relações sexuais e o reconhecimento que o problema ainda ameaça, é uma obrigação para conosco e para com os próximos.
A Aids, ou Sida, foi e ainda é, a maior epidemia de nosso tempo.
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