quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

CHIMANGOS E MARAGATOS - OS LÍDERES



Ele sempre surpreendeu.

Num tempo em que política era feita por homens velhos, geralmente de barbas e cabelos brancos, ele, apesar de jovem, exercia uma liderança inédita e surpreendente.
Formou-se advogado pela Faculdade de Direito de São Paulo, mas atuou como se fosse jornalista, inclusive dirigindo o Jornal “A Federação” que fazia campanha pela republica e pela abolição da escravatura, em pleno exercício da monarquia.

Nascido em Vila Rica (hoje Júlio de Castilhos), distrito de Cruz Alta em 29 de junho de 1860, Júlio Prates de Castilhos foi presidente do Rio Grande do Sul, líder maior do PRR (Partido Republicano Rio-grandense) e defensor fervoroso das idéias positivistas que faria questão de permear a Constituição do estado, da qual foi o principal autor. Constituição, aliás, conhecida como a única constituição positivista do mundo.

Ao longo da Revolução Federalista, encarnaria a face dos Chimangos, ou Pica-paus, da qual foi o grande vencedor, graças ao apoio do governo central e das tropas enviadas pelo presidente Floriano Peixoto.

Agora surpreendia novamente.

Enquanto todos esperavam que após a vitória militar no conflito ele fosse estabelecer um longo período no poder, anunciava sua renuncia em favor do seu discípulo, Borges de Medeiros, e ainda, sua retirada da vida pública.

Ninguém entendeu.

Só ele entendia bem.

Só ele sabia o quanto amava sua esposa, acometida de depressão profunda com grave tendência ao suicídio.

Teria que optar entre a vida dedicada à política ou a dedicação à esposa doente que só encontrava nele motivo de sossego e um pouco de paz.

Então, ele renunciou, e foi pra casa. Afinal, amava muito aquela mulher que fora sua segunda namorada e da qual nutria um ciúme só por eles conhecido.

Mas, o destino às vezes é irônico e cruel.

Os médicos só descobriram um câncer na garganta de Júlio de Castilhos quando já estava em fase terminal. Numa desesperada cirurgia feita em casa mesmo, ele acabaria falecendo em 24 de outubro de 1903, com apenas 43 anos.

Honorina, sua esposa, perambulou como uma sombra pela casa por dois anos, vindo a se suicidar em 1905.

A influência de Júlio de Castilhos e do positivismo no estado do Rio Grande do Sul, é de certa forma, imensurável, sendo, um dos mais importantes fatores da formação política dos gaúchos.

Antes que esqueça, a casa em que viveram Castilhos e Honorina, ainda está no mesmo lugar, Rua Duque de Caxias, 1231, e é um dos museus mais interessantes da cidade.
Visite. Mas vá de dia.



Gaspar da Silveira Martins nasceu no Departamento de Cerro Largo em 5 de agosto de 1835.

Foi uma brilhante estrela política gaúcha no período da segunda metade do governo de D. Pedro II.

Em 1865 fundou o jornal “A Reforma” que acabaria se tornando órgão oficial dos federalistas gaúchos.

Deputado provincial e Deputado geral foi ainda, Senador pelo Rio Grande do Sul e ministro da Fazenda do Império do Brasil de 1880 a 1889.

Após a proclamação da república defendeu a adoção do sistema parlamentarista enquanto os republicanos do PRR postulavam um presidencialismo forte e centralizado.

Seria o grande chefe local, a maior força política do estado não fosse seu inimigo histórico: Júlio de Castilhos.

Lutou muito para que não houvesse conflito armado, mas, foi voto vencido, e acabaria se tornando o maior líder político dos federalistas (Maragatos).

Mulherengo inveterado, Gaspar Martins estava sempre envolvido em paixões avassaladoras.

Morreu inesperadamente em 23 de julho de 1901, na cama, com uma nova namorada, provocando assim, seu último escândalo no estado.

Prof. Péricles

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