sábado, 24 de junho de 2017

O JANELÃO ESTILHAÇADO DA REDE GLOBO



Por Tatiana Carlotti


Em tempos de golpe, a fragilidade das nossas instituições democráticas se escancara. Na seara da comunicação, enquanto a Mídia Alternativa luta pela sobrevivência, garantindo o mínimo do contraditório ao discurso hegemônico; as Organizações Globo, promotoras deste discurso, inauguram a nova sede do seu jornalismo.


A discrepância de forças ficou evidente na última segunda-feira (16.06.2017). Durante cinco minutos, o Jornal Nacional vendeu o aparato jornalístico a seus telespectadores, detalhando a metragem do novo espaço, o dobro do anterior, e suas 18 novas ilhas de edição.

A cobertura da “cerimônia macabra”, assim qualificada pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, incensou a parafernália tecnológica, destacando os imensos telões e as ilustrações em três dimensões do Jornal Nacional.


Segundo o script, “isso é possível porque o novo cenário é formado por duas camadas de imagens. Primeiro um vidro de 15 metros em curva, que varia do fosco para o transparente. E, ao fundo, um telão gigante, o de três metros de altura a por 16 de largura. Uma janela para o mundo”.


Uma embalagem bonita para um escasso conteúdo. A tentativa do Grupo Globo de compensar a baixíssima qualidade de seu jornalismo. Não será um vidro de 15 metros que devolverá a credibilidade perdida às Organizações Globo. Ela foi estilhaçada pela politicagem rasteira que o Grupo realiza há 92 anos.


É brutal a asfixia ao contraditório, ao debate de ideias e propostas perpetrado pela empresa, vide a cobertura da PEC do Teto de Gastos, a defesa aguerrida das reformas trabalhistas. É criminosa a perseguição promovida contra desafetos da emissora, bem como sua atuação política, interferindo diretamente nos rumos do país, vide os episódios que antecederam e sucederam o golpe – os dois, aliás.


E o que dizer da seletividade de suas pautas? O silêncio diante de questões de extrema importância, como o genocídio da população jovem, negra e pobre nas periferias, assassinada pela Polícia Militar, em vários estados do país. Como isso não é pauta na principal emissora brasileira?


O Brasil e o mundo passam longe do janelão da família Marinho.


Prova disso foi o discurso do presidente do Grupo Globo, Roberto Irineu Marinho que falou sobre “futuro”, “compromisso da emissora com o país” e, pasmem, “jornalismo independente”. Mandatário de uma organização que faz política diuturnamente, ele disse ser “significativo que, no auge de um período crítico da vida nacional”, o Grupo Globo esteja “inaugurando um moderno estúdio de jornalismo”.


Muito significativo, aliás, dado o protagonismo das Organizações Globo no afastamento de uma presidenta democraticamente eleita do poder, sem crime de responsabilidade.



Roberto Irineu mencionou também os 92 anos da emissora salientando que ela pretende continuar “sendo uma empresa familiar que olha para o longo prazo” e que “investe hoje para construir o futuro onde queremos viver”.


Queremos? Uma tarde assistindo à Globonews nos permite compreender de que futuro se trata: aquele desenhado pela agenda da austeridade. O futuro de um país garroteado pelo estado mínimo, onde a criminalização da política é lei e a destruição da imagem de partidos, lideranças e movimentos de esquerda, uma prática corrente.


Um futuro, diga-se de passagem, recusado quatro vezes nas urnas pela maioria da população brasileira. Daí o terceiro turno forjado pelas Organizações Globo, com seu candidato o senador afastado Aécio Neves, incensado como a saída para o país; as manifestações pró-impeachment convocadas explicitamente pela emissora; o golpe de 31 de Agosto, cujas consequências recaem sobre o povo brasileiro, via crise institucional, política e econômica que se prolonga.


Nada disso, obviamente, foi mencionado pelo presidente da maior empresa de comunicação do país. Na pele de CEO, Roberto Irineu esqueceu de mencionar o desemprego acirrado pela turbulência política, preferiu citar os 19 mil empregos diretos e os 15.800 indiretos criados pela empresa da sua família.


Tampouco falou das denúncias de sonegação fiscal, mais de R$ 600 milhões devidos aos cofres públicos decorrentes da compra dos direitos de transmissão da Copa de 2002. Preferiu mencionar o pagamento de R$ 14,5 bilhões em impostos nos últimos cinco anos, “com muito orgulho”, destacou.


E afirmou ainda: “só com uma empresa que permanece e se sustenta conseguimos produzir jornalismo independente”, como se as Organizações Globo não recebessem financiamento das estatais, não se fizessem política, nem defendessem os interesses corporativos e financeiros que defendem descaradamente nos seus noticiários.



Nesta semana aliás a Globosat assinou um acordo com a Vice Media, maior companhia de mídia e produção de conteúdo para o público jovem do mundo, ela inclusive tem como sócia a Disney, para criar uma joint-venture. Pelo acordo, em torno de US$ 450 milhões, a Globo terá participação minoritária na Vice Brasil.



Com público alvo de jovens entre 18 e 34 anos, a joint-venture irá oferecer entretenimento com foco em comportamento pela Globosat que conta com 33 canais e mais de 18 milhões de telespectadores diários.


Um discurso vazio em meio a um cenário megalomaníaco, a síntese do jornalismo Globo que não teria consequência alguma, não fosse o imenso poder que detém, graças à concessão pública, das quais as Organizações Globo abusam, sem qualquer regulação ou controle do poder público.



Concentrada nas mãos de meia dúzia de famílias, a comunicação no Brasil segue engessada ante qualquer possibilidade de concorrência. E o mais grave: o discurso hegemônico impera impedindo à população de ter acesso a vários pontos de vistas e opiniões; engessando múltiplas pautas; impedindo ao Brasil, diverso e múltiplo que somos se reconhecer naquilo que é veiculado na TV, nas rádios e jornais.



Daí o esforço da Mídia Alternativa em assegurar o mínimo de contraditório à narrativa autoritária e hegemônica que comanda a pauta nacional. E sem financiamento, diga-se de passagem, já que uma das primeiras medidas de Michel Temer, assim que entrou no governo foi promover a asfixia econômica de sites e blogs progressistas e independentes no Brasil.



O ônus da ausência de uma efetiva Lei de Mídia – uma das principais reivindicações da Mídia Alternativa ao longo dos últimos anos – é a própria democracia e a quebra da ordem constitucional que vivemos.



Aliás, os graves problemas desta concentração e seus danos à democracia são tema de um estudo recente e imperdível divulgado pela UNESCO, sob o título “Concentração da Propriedade de Mídia e Liberdade de Expressão: Padrões e Implicações Globais para as Américas”.


Com base no direito internacional, o documento aponta quais ações precisam ser promovidas para se regular o mercado de mídia, destacando cinco ameaças à democracia resultantes da concentração da mídia. São eles:



"1. Influência excessiva dos proprietários de meios ou de seus anunciantes sobre os responsáveis políticos e os poderes públicos, e manipulação encoberta das decisões políticas para favorecer interesses econômicos ocultos;



2. Concentração da propriedade dos meios comerciais e sua possível influência sobre a esfera política, seja a concentração da propriedade nas mãos dos governantes, de todos os meios de comunicação de um país nas mãos de um único proprietário, ou (situação especialmente perigosa nos países pequenos) de todos os meios de comunicação nas mãos de proprietários estrangeiros;



3. Efeito nefasto da concentração dos meios de comunicação e da evolução dos modelos econômicos sobre a qualidade do jornalismo (de investigação e de outros tipos), traduzido na diminuição da margem de liberdade editorial, degradação das condições de trabalho e precarização do trabalho dos jornalistas;



4. Falta de transparência sobre a propriedade dos meios e as fontes de financiamento;



5. Potenciais conflitos de interesses que resultam na proximidade entre os jornalistas e os interesses econômicos.”


Como você pode notar, tratam-se de riscos de primeira grandeza, sobretudo em um Brasil dominado por “mini-Berlusconis”, conforme cunhou The Economist, ao avaliar a oligarquia das empresas familiares de comunicação que mandam e desmandam no Brasil.

No caso da Globo, há 92 anos.


Até quando?



sexta-feira, 23 de junho de 2017

FASCISMO E CAIXINHAS PRETAS



Dei mais uma olhada fazendo uma cara de quem procura algo...


O barulho era estranho, diria até, silencioso, no entanto eu via que eram muitas as engrenagens que estavam sendo movidas.


Uma correia, ou parecia ser uma correia, me fez lembrar das bicicletas, e do terror que quando criança, quando ela simplesmente desenganchava fazendo que todo o mecanismo trancasse.


Algumas peças redondas, outras cilíndricas. Cores vivas.


Uma caixa preta simpática, pequena, parecia sorrir da minha confusão.


Nunca entendi nada de motor de carro. Nunca quis entender e nem tive a curiosidade necessária para quem quer aprender.


E agora estava eu ali, olhando aquela maravilha da tecnologia... enquanto dois “profissionais do ramo” aguardavam meu parecer.


Cilindros, turbo, e muitos outros conceitos passavam pelos meus ouvidos sem significar nada.


- Então, professor, não é uma maravilha esse motor? Só falta falar, disse um deles, o proprietário do carro recém-comprado.


- Bobagem, disse o outro, motor comum, nem se compara ao do carro alemão, motor turbo... não acha professor?


Não achava nada, não entendo nada. Só sei que a caixinha era simpática e parecia sorrir mais eles não iriam entender essa minha opinião.


Porém, queriam um veredito... e agora?


Foi então que resolvi contra-atacar. Afinal, conhecimento se combate com conhecimento, ou vice-versa.


Me ergui e olhando os dois amigos coxinhas, perguntei: o que vocês acham do neoliberalismo? Da mais valia? Stalinismo ou Trotskismo? A reforma agrária é uma questão técnica ou ideológica?


Diante da surpresa e dos olhos arregalados, conclui: a gente deve ser humilde e reconhecer aquilo que não entendemos, aceitar nossas limitações e procurar estudar melhor o assunto.


Não sei qual o melhor motor, da mesma forma que a maioria dos direitistas não sabem o que é comunismo, dizem que o PT é comunista, pensam que reforma agrária é redistribuir terra, direitos humanos só ajudam bandidos e que Hitler era comuna.


Caracterizar como ignorante uma opinião (no sentido de desconhecer o assunto) não implica em desqualificar o debatedor, mas de qualificar o debate.


A diferença é que, o fascismo que aflora nesse tipo de “ignorância intelectualizada” ofende-se quando questionado por argumentos e, ao contrário de caixinhas pretas que parecem sorrir, definitivamente, não é nada simpático.


Claro, eu poderia pedir um tempo e perguntar a opinião do mecânico da frente da minha casa, mas isso, seria como terceirizar a minha própria opinião, como fazem os que defendem o que diz a mídia, sem reflexão, e isso, não seria honesto, seria mentira.



Prof. Péricles

quarta-feira, 21 de junho de 2017

OS DEZ MANDAMENTOS DA DELAÇÃO PREMIADA



Por Alexandre Moraes da Rosa



Perguntaram-me como explicar brevemente o regime da colaboração/delação premiada no Brasil sem precisar ler muita coisa, no estilo 10 mandamentos. Aceitei o convite.


Abaixo, segue o que explico no Guia do Processo Penal conforme a Teoria dos Jogos, de maneira esquemática. Aviso que as alusões devem ser lidas com certa dose de cinismo. Significam perspectiva metafórica do que pode se passar, e não necessariamente com o que concordo.


Metaforizei a partir de um indivíduo que joga sujo e quer maximizar seus êxitos a qualquer preço, sem levar em consideração aspectos éticos e morais. Não estou falando, necessariamente, de você, leitor.


Seguem os mandamentos:



1. Ama (e salva) a ti mesmo sobre todas as coisas e pessoas.

2. Não torna seu nome em delator em vão, porque deve valer a pena a recompensa.

3. Guarda gravações, documentos e prints de pessoas que podem ser delatadas no futuro.

4. Delata pai e mãe, se necessário for.

5. Não delata muito antes de o comprador precisar da informação.

6. Não delata alguém que pode te delatar, salvo se conseguir destruir tua credibilidade antecipadamente.

7. Não rouba informação alheia nem reputações, salvo se necessário.

8. Não levanta falso testemunho, salvo se puder criar falsos indícios ou provas, e então o faça parecer crível.

9. Não deseja o julgador do próximo só porque ele é mais “garantista”.

10. Não cobiça as delações alheias (somente porque os outros jogaram melhor).


Alguns podem ficar magoados com o modo em que sugeri os mandamentos, mas pode ser que você esteja enfrentando alguém que pensa justamente assim.


Não admiro nem faço loas a quem joga sujo. Apenas descrevo um comportamento possível de um jogo de compra e venda de informações que se instalou no Brasil.


Se você não concordar, melhor. Talvez esteja errado. Que assim seja…

sábado, 17 de junho de 2017

CANALHAS ESTÚPIDOS DEVIAM SER FUZILADOS


Eles posaram de paladinos defensores da moralidade contra a corrupção.


Mídia cúmplice, holofotes atentos para divulgar cada acusação, cada palavra de efeito, cada caras e bocas.


A energúmena classe média ululava pedindo o impeachment da presidente e cadeia para o ex-presidente;


Eram os patriotas, os heróis, os corretos.


Agora estamos assistindo a um formidável espetáculo de máscaras caídas.


Nem foi preciso dar tempo, tamanha precariedade moral dos paladinos.


Depois que uma avalanche de hipocrisia acabou com um mandato presidencial legitimamente eleito, o povo brasileiro, estarrecido (povo brasileiro adora ficar estarrecido) assiste um show de lavagem de roupa suja, e as mais sujas são justamente togas, ternos e gravatas.


Como sempre, os mais moralistas são os mais corrompidos.


Senadores pegos falando em roubar dinheiro, aos milhões, como garotos falam em roubar bolinha de gude deslumbram o Grande Espetáculo da Terra brasilis. Terra triste de parcelas egoístas e preconceituosas, de risos debochados de canalhas.


Enquanto isso, a crise financeira que era administrável vai se avolumando e lembrando os piores tempos de passado recente.


Vamos vendendo riquezas a preço de banana e privatizando tudo que é possível, sempre em favor dos empresários e contra os interesses público.


Até direitos adquiridos depois de muito sangue e muita luta, como aposentadoria, estão ameaçados


Cai a máscara, caí dezenas, centenas de máscaras, e, infelizmente parece que cai o Brasil inteiro junto, s´po não caia a arrogância da cara dos estúpidos que apoiaram tudo isso, sem ser da elite.


Depois de alguns anos combatendo a miséria e criando programas sociais de profundidade o país volta aos tempos mais mesquinhos em que os poderosos coronéis fatiavam o Brasil para vende-lo em benefício próprio.


O povo? O povo que se dane!


Sempre fomos contra a pena de morte. Mas, devo confessar que não derramaria uma só lágrima vendo essa gente, de todas as áreas, num muro de fuzilamento.

Acusação? Alta traição nacional e Crime de lesa história e lesa povo com crueldade.




Prof. Péricles

quinta-feira, 15 de junho de 2017

A JUSTIÇA E SEUS PENICOS


Por Joan Edesson de Oliveira


Clodoveu Arruda foi um advogado cearense, de Sobral, Secretário do Interior e Justiça e Secretário da Fazenda no governo de Faustino de Albuquerque, cujo mandato foi de 1947 a 1951.


Homem culto, conservador, foi destacado ator na política cearense, especialmente na zona norte do estado. Deixou um vasto anedotário, especialmente na sua área de atuação, o Direito.


Uma dessas deliciosas histórias, contada pelo ex-prefeito de Sobral Veveu Arruda, seu neto e homônimo, diz respeito à contestação de uma sentença judicial, considerada injusta por Clodoveu Arruda.


Um juiz havia condenado um seu cliente e imposto a esse uma multa. Irritado com o que considerava uma injustiça, e aproveitando que o juiz não determinara que a multa fosse obrigatoriamente paga em dinheiro, orientou o cliente a que comprasse no mercado local o mesmo valor estipulado pelo juiz em penicos. Sem papas na língua, juntou à carroça carregada com a divertida carga de penicos um bilhete de desaforado bom humor, a ser entregue ao juiz: “Para uma justiça de merda, só mesmo muito penico”.


No estranho Brasil dos últimos anos, cada vez mais parecido com os lugares do realismo mágico latino-americano, é impossível não pensar naquele bilhete ao ouvir a justiça brasileira, de norte a sul do país.


Parecemos cada vez mais propensos a permitir que a judicialização da política brasileira permita que o poder seja exercido por procuradores e juízes sem voto, substituindo a vontade popular por uma muito discutível meritocracia.


Da mais ínfima comarca até o que deveria ser um Supremo Tribunal Federal são incontáveis os casos em quem poderíamos, sem chances de erro, enviar aquele bilhete e aquela carroça.


Agora mesmo é possível acompanhar pela televisão e pela internet os edificantes debates no Tribunal Superior Eleitoral, onde um juiz manda a modéstia às favas e afirma que o outro só tem oportunidade de “brilhar na tv” por sua causa, como se os juízes fossem astros da televisão.


O outro, em tom lamuriento, reclama de uma amizade de mais de vinte anos, a não merecer aquele ataque, imaginando tudo como um compadrio, um convescote de velhos amigos.


Há juízes com páginas de apoio na internet, com seguidores que passam do milhão nas redes sociais. Ministros do que deveria ser o Supremo reclamam no exterior que a legislação trabalhista brasileira é bondosa demais para os trabalhadores. Ou, do alto do seu pensamento branco e elitista, elogiam os “negros de primeira linha”, dando a entender que os há de segunda, de terceira, de quarta linha.


São tantos, mas tantos, que haverá dificuldades para se catalogar todos os absurdos proferidos no Brasil de hoje em nome da justiça.


Da primeira à última instância há juízes abertamente partidários, que combatem um lado com jurídica ferocidade, enquanto posam sorridentes com representantes do outro lado, mesmo que sejam esses acusados e réus.


Talvez os que vierem depois de nós não acreditem que uma mulher grávida foi presa e condenada por roubar ovos de páscoa e peito de frango, e que tenha recebido uma sentença muitíssimo mais dura que homens que roubaram na casa dos milhões.


Talvez não acreditem que uma mulher, ex-ministra, foi condenada a indenizar um ator pornô que confessou um estupro, apenas porque ela disse a verdade, que o ator pornô confessou um estupro ao vivo em um programa de televisão. Talvez não acreditem que quem condenou a ex-ministra foi outra mulher.


Talvez, os que vierem depois de nós, tenham dificuldades em compreender os estranhos tempos que vivemos.


Voltando a Clodoveu Arruda, fico a imaginar que se vivo ele fosse, e advogasse em nome das duas mulheres do parágrafo anterior, teria muita dificuldade para encontrar, no mercado local, uma quantidade tão grande de penicos, à altura daquelas sentenças.











terça-feira, 13 de junho de 2017

TEMPOS ESTRANHOS


Definitivamente vivemos dias muito estranhos.

Olha só o que aconteceu com Chapeuzinho Vermelho, por exemplo.

Depois de anos vivendo na imaginação infantil, como uma heroína, foi levada coercitivamente para Curitiba a fim de prestar contas sobre denúncias chegadas por lá.

Queriam saber por que seu chapéu era vermelho. Seria uma militante comunista ou petista? Cadê a estrela ou a foice e o martelo? Seria militante do MST lá na floresta da vovó, reivindicando reforma agrária?

E quem era, na verdade, o caçador? Um agente de Moscou infiltrado para protegê-la?

Pobre chapeuzinho teve ligações com a vovó grampeadas e expostas na mídia. Tudo bem, ela não falava nada demais nas gravações, mas, nem precisava, o estrago já estava feito.

E o Zé Milita então?

Zé Milita sempre acreditou na neutralidade da justiça e nas boas intenções de todos os seus agentes. Chegou a brigar com o irmão mais velho que insinuou que no Brasil todos são mais ou menos iguais perante a Lei.

Zé Milita não admitia suspeição sobre a “dona justa” como ele chamava o sistema judiciário brasileiro.

Pois Zé Milita está acamado, e, dizem, em estado grave já que não entende porque um ex-candidato a presidente, derrotado em 2014, ainda não está preso, mesmo depois de quilômetros de gravações onde ele debocha de tudo e de todos e demonstra estar envolvido em negociatas e uma fome enorme por dinheiro, público ou privado.

Maldoso, o irmão ainda mandou uma carta perguntando a Zé Milita onde estaria encarcerado o dito cujo.

Tempos estranhos onde a extrema-direita da França é derrotada, porém, nada de comemorações, pois quem a derrotou é um estranho partido fundado há poucos meses e que jura não ser de direita nem de esquerda, ou seja, tão direitoso que nem se assume.

Tempos em que grande parcela da população brasileira aplaude atos de terrorismo contra contraventor que rouba bicicleta velha, desde que o contraventor seja pobre claro, pois rico pode ser tudo o que quiser, contraventor, cheirador, deputado ou senador.

Em dias que ser reacionário, homofóbico e racista não traz vergonha pra ninguém e em que juízes e réus aparecem de braços dados entre risos e afagos.

Sei não. Acho que vou pedir asilo político na floresta do Chapeuzinho.



Prof. Péricles

domingo, 11 de junho de 2017

GILMAR MENDES E O POSTO IPIRANGA


Por Jeferson Miola


A rede de postos de combustíveis Ipiranga faz uma propaganda na qual enaltece a inigualável versatilidade das suas lojas de conveniências.


Na propaganda, o Posto Ipiranga é apresentado como o lugar onde se consegue encontrar tudo a qualquer hora do dia, da noite e da madrugada: ingresso de cinema, padaria, preservativo, bebida, café, guloseima, passagem aérea, reconhecimento de firma, jogo do bicho, pão de queijo, ovo de páscoa, tatuagem etc e, inclusive, combustível e óleo de motor.



Gilmar Mendes é o Posto Ipiranga do PSDB, do Aécio Neves e do Michel Temer. Ele é, em alguns momentos, um simulacro de juiz do STF e do TSE e, na maior parte do tempo, um militante partidário faz-tudo do PSDB.



O PSDB, Aécio, Temer e o bloco golpista sempre encontraram em Gilmar o lugar de abastecimento dos “itens” necessários para cada passo da conspiração e do golpe que derrubou Dilma.



A dobradinha com o juiz Sérgio Moro em março de 2016 na gravação e divulgação ilegal das conversas da Presidente Dilma, e a posterior anulação da posse de Lula na Casa Civil é o ápice da trajetória de Gilmar na dinâmica golpista.



A oligarquia continua se abastecendo no “Posto Gilmar” para a manutenção de Michel Temer, um moribundo político investigado por crimes de organização criminosa, obstrução da justiça, corrupção e prevaricação – todos eles praticados no exercício do cargo usurpado de presidente da república – e que sobrevive artificialmente, respirando através de aparelhos.



É desnecessário inventariar os sucessivos episódios em que Gilmar atuou com perfil nitidamente partidário usando o disfarce da toga que, vivesse o Brasil um momento de normalidade institucional, ele jamais teria condições de vestir.



O papel do Gilmar na fraude do julgamento do TSE para salvar Temer é, sob qualquer perspectiva, repugnante, e encerra um dos momentos mais deploráveis da história moderna brasileira. É um daqueles momentos que serão sempre recordados com enorme vergonha.



Gilmar Mendes não é somente um indivíduo; ele é um importante ator das classes dominantes que atua na arena política e, por isso, é a expressão da natureza podre desta burguesia que condena o Brasil ao atraso para preservar o poder a qualquer custo, como mantendo um governo de ladrões – uma cleptocracia, como já definiram os gregos.

Gilmar é um importante centro de distribuição de patifarias contra a democracia e o Estado de Direito.



Jeferson Miola Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial

sábado, 10 de junho de 2017

CRONOLOGIA DE SLOGANS COXINHAS


De certa forma o “Minha Bandeira não será Vermelha” tem um certo charme se considerarmos que o anticomunismo costuma ser daltônico, mas a sequência cronológica da chamada dos conservadores revela uma enorme falta de prática política além de enorme mal gosto acompanhado de erros contumazes. Senão, vejamos:


Primeiro o brado era “Não Vai ter Copa”, numa antipatriótica manifestação de boicote a um evento internacional e à imagem do Brasil. Mas, teve Copa e, excluindo-se nossa tristeza futebolística contra a Alemanha, o evento foi um sucesso.


Depois das eleições democráticas de 2014 e da quarta derrota seguida eles lançaram o “A Culpa não é minha, eu votei no Aécio”. Atualmente alguns vultos são vistos retirando fotos ao lado do senador derrotado por Dilma Rousseff e envergonhados por sua confissão de babaquice.


Em seguida ouviu-se um primor de ingenuidade, “Primeiro a gente tira a Dilma, depois tira o resto”, como se realmente tivessem algum poder além daquilo que a mídia lhes permitia crer.


Nos momentos mais quentes do golpe, quando era mais evidente que todo o movimento começara porque a presidente se recusara a inocentar o Presidente da Câmera, houve o lançamento do “Somos Todos Cunha”, uma peça que ficará marcada para sempre no anedotário nacional.


Demonstrando poderes de clarividência, nos dias finais do golpe ouviu-se o “Tchau Querida”, acredita-se que em referência ao que aconteceria com suas aposentadorias.


Inaugurando o novo momento e inspirados em seu presidente os coxinhas largaram o “Não pense em crise, trabalhe” que lembra um pouco o “ame-o ou deixe-o do golpe anterior e o meigo “bela, recatada e do lar” que não merece comentários.


Mas, com seu castelo de areia desmoronando todos os dias já que a verdade em sua teimosia sempre aparece, o jeito foi apelar para o “Cunha na Cadeia”, ele mesmo, aquele do “Somos todos Cunha”. Nunca, na história desse país, foi pedida a cabeça de um ídolo de forma tão ligeira. Um verdadeiro Recorde.


Meio sem jeito também se ouviu o “Não tenho bandido de estimação” que deve ser algum tipo de desculpas pelo “Cunha é corrupto, mas é nosso”.


Tipo o mito das meninas da beira de cais (com todo respeito as meninas) os coxinhas mudavam de senhor e um novo veio ocupar espaço no “Somos Todos Moro” que deveria substituir o “Somos todos idiotas” que ficaria bem mais real para tudo o que estava acontecendo.


A cronologia dos gritos de guerra dos conservadores, de certa forma demonstra, por si só, o conjunto de erros de avaliação de seu movimento e de seus objetivos, além, claro, de seus líderes.


Boa parcela da população lembrará um dia sua participação no golpe de 2016. Os cânticos e chamadas farão parte dessa memória e cada um poderá julgar de que lado estava e qual era seu papel.


O bater de panelas e os slogans caricatos entrarão para a história brasileira como um dos momentos mais bizarros que um povo manipulado já foi capaz de criar.


Que o digam os paraguaios com o seu “não somos brasileiros”.



Prof. Péricles

quinta-feira, 8 de junho de 2017

NOVO TIPO DE TERRORISMO



Sofrendo com a falta de chuvas e ventos fortes, incêndios provocaram a retirada de mais de 80 mil pessoas que vivem na cidade litorânea de Haifa, no norte de Israel, que tem 280 mil habitantes, entre judeus e árabes. Em 2010, a cidade já havia enfrentado um incêndio que resultou em 44 mortes.

Cidades perto de Jerusalém e comunidades na Cisjordânia também tiveram de ser evacuadas afetadas por focos de incêndios e muita fumaça.

Ao anunciar neste domingo que os incêndios estavam sob controle, o porta-voz da polícia Micky Rosenfeld destacou que os aviões continuam jogando água em áreas como a de Haifa, a terceira maior cidade do país, em um trabalho de prevenção. Cerca de 1,6 mil apartamentos e casas ficaram totalmente danificados sendo que 500 deles inabilitados para moradia.

Os estragos na cidade estão estimados em 120 milhões de dólares. Segundo informações da agência France-Presse (AFP), foram destruídas mais de 13 mil hectares de florestas no país e detidas 23 pessoas suspeitas de terem provocado os incêndios.

Em reportagem, a agência de notícias espanhola EFE divulgou que autoridades israelenses consideram que muitos dos fogos foram provocados e que o primeiro-ministro israelense, Benjamim Netanyahu, falou sobre uma onda de terrorismo incendiário. Seria um novo tipo de terrorismo que Israel enfrenta, declarou o ministro de segurança pública, Gilad Erdan.

Uma situação preocupante não só para Israel, caso as suspeitas se confirmem, mas em relação a qualquer outro país do planeta.

No Brasil, onde as facções criminosas e as milícias interagem com ilícitos pesados, desde a comercialização de drogas, armas e serviços até roubos de cargas e assassinatos, comandando as operações de dentro das cadeias em um arrogante desafio às forças policiais, alguém já parou para pensar se, por exemplo, nossa floresta da Tijuca, no miolo do Rio de Janeiro, uma das maiores florestas urbanas do país, com 4.200 hectares, vir a ser incendiada pela bandidagem? Ou virar alvo de atos de sabotagem de cidadãos indignados ou revoltados pelas centenas de mazelas públicas que são condenados a suportar no seu humilhante dia a dia?

Em um mundo globalizado de ditadura digital, com a mídia informativa jorrando notícias continuadamente e as redes sociais temperando as informações, sempre com muito sal, os fatos acabam sendo engolidos pelas versões. Sejam em relação ao estado de Israel, a outros países, povos, religiões etc.

As redes opinam, sugerem, reciclam, distorcem, amplificam e redesenham os ângulos das questões de acordo com o perfil ideológico dos indivíduos e os preconceitos inerentes à formação de cada um. Uma miscelânea que muda o conceito original de massa, que de acordo com o dicionário Aurélio consiste em um “número considerável de pessoas que mantêm entre si uma certa coesão de caráter social, cultural, econômico”.

Mas, no mundo virtual, independente de aspectos sociais, culturais e econômicos que podem ser díspares, o preconceito e a intolerância têm o poder nefasto de juntar as pessoas. Muito mais do que separá-las. Percebe-se que inúmeras vezes o fato real que ensejou a notícia perde-se em labirintos de interpretações ou fica em segundo plano, emergindo em contraponto, de forma intencional, um dado correlato posto a serviço da neutralização ou negação do fato real veiculado.

Nos incêndios ocorridos em Israel a maior vítima foi a sua população em todos os seus segmentos.

Sabe-se que motivações de qualquer espécie não justificam atos de violência e vandalismo, e que nas proporções que afetaram o país configuram-se reais ações de terrorismo.

Logo, existindo culpados, a eles a lei deve ser aplicada.




Por Sheila Sacks, jornalista.

segunda-feira, 5 de junho de 2017

PATOS PANELEIROS E OS PATOS MAIS ESPERTOS


Por Kiko Nogueira


Os patos que foram às ruas contra a corrupção foram enganados por outros patos espertos bancados por Joesley Batista.

O publicitário Elsinho Mouco, marqueteiro de Temer, acusado de abocanhar R$3 milhões em propina da JBS, falou do papel do empresário no golpe.

Joesley, segundo o Estadão, “se ofereceu para pagar por um serviço de monitoramento de redes sociais que nortearia a estratégia do PMDB de blindagem a Temer. Na ocasião, foi incisivo: ‘Vamos derrubar essa mulher’”.

A relação deles, que começou em 2009, continuou até janeiro de 2017.

Diz a reportagem:

Era uma quarta-feira no começo de maio do ano passado, quando Elsinho recebeu um convite de Joesley para uma visita. “Ele era um player, o maior produtor de proteína animal do mundo. Era objeto de desejo de todo mundo. Cheguei com duas horas de antecedência para não correr o risco de ficar parado no trânsito”, contou o marqueteiro.

Seu objetivo era conquistar a conta publicitária de pelo menos uma das inúmeras empresas do grupo, mas a conversa enveredou por outro caminho. “Para minha surpresa, ele chamou Dilma de ingrata, grossa e incompetente. E disse: ‘Temos que tirá-la’”, lembrou.

A surpresa se deve pelo fato da JBS sempre ter mantido boas relações com os governos do PT. Apesar do crescimento do movimento pelo impeachment entre empresários, os Batistas nunca criticaram Dilma publicamente.

Entre goles de whisky e mordidas de camarão no espeto, Joesley teria dito que gostaria de ajudar de alguma forma o movimento das ruas. “Em 2016, empresários, sindicatos patronais, movimentos sociais (MBL, Vem Pra Rua, Endireita Brasil etc.), muita gente queria o impeachment da Dilma. Uns contrataram carro de som, outros contrataram bandanas, pagaram por bandeiras, assessoria de imprensa. Teve gente que comprou camisa da seleção brasileira e foi pra rua. O Joesley estava nessa lista. Ele se ofereceu para custear o monitoramento digital nesta fase”, contou o marqueteiro.

O dinheiro teria sido colocado em uma pasta e deixado no carro do publicitário. Quanto questionou a melhor forma de emitir nota, o empresário teria desconversado. Disse que não queria deixar digitais no impeachment e o assunto ficou para depois.

Quantos outros bandidos fizeram o serviço sujo e saíram sem deixar as digitais?

Milhões de coxinhas que seguiram os trios elétricos de MBL, Vem Pra Rua e quejandos estavam na festa do Joesley – que colocaria no poder o amigo que ele frequentava no Jaburu.

A cada dia que passa, um bocó olha para a panela que bateu contra a roubalheira e pensa no que fará com ela. As sugestões são muitas.

Nenhuma delas é preparar camarão gigante.



domingo, 4 de junho de 2017

O PORQUÊ DAS DIRETAS JÁ


Por Leonardo Boff


Todos reconhecem que estamos mergulhados numa profunda crise, das mais graves de nossa história, porque recobre todos os âmbitos da vida social e particular.



Ninguém hoje pode dizer o que será o Brasil nos próximos meses. Por isso não é verdadeira a afirmação de que as instituições estão funcionando. Se funcionassem não haveria crise. Elas funcionam para alguns e para outros são completamente disfuncionais, especialmente, para a grande maioria do povo, vítima de reformas sociais que vão contra seus anelos mais profundos e, pior, que implicam a retirada de direitos e de conquistas históricas, como previstas nas reformas trabalhista e previdenciária.


O fato é agravado pela ilegitimidade do Presidente, cuja legalidade é discutida e para muitos, consequência de um golpe parlamentar por trás do qual se ocultam, como em outras ocasiões, as oligarquias econômicas e os endinheirados rentistas que controlam grande parte da economia nacional e que veem ameaçada a sua acumulação perversa.

Ninguém pode negar que estamos mergulhados num caos político que se revela pelo esgarçamento dos limites dos três poderes da república, um invadindo a esfera do outro.



Os procuradores, os juízes e as forças policiais que operam a Lava Jato passam por cima de preceitos constitucionais, alguns sagrados em todas as tradições jurídicas desde o tempo do Código de Hamurabi (1772 a.C) que é a presunção de inocência.



As investigações da Lava Jato e as delações premiadas puseram à luz do dia o que grassava há dezenas de anos: a rede de corrupção que tomou conta do Estado, das grandes corporações e dos parlamentares, em sua maioria eleitos pelas grandes empresas, representando mais os interesses delas e menos os do povo.


Chegamos a um ponto crítico que temos à frente do poder executivo um Presidente acusado de corrupção, cercado de ministros, em grande parte denunciados e corruptos. Tanto o parlamento quanto o Presidente perderam totalmente a credibilidade que se revela pelos baixíssimos índices de aprovação popular.


O Presidente não mostra nenhuma grandeza, vítima da própria mediocridade e ilimitada vaidade. Aferra-se ao poder, sabendo da desgraça que isso representa para o povo e a desmoralização completa da atividade política. Caso renuncie ou perca o cargo no processo no TSE, invoca-se o artigo 81 da Constituição – que não é cláusula pétrea como querem alguns – que prevê a eleição indireta do Presidente pelo Congresso.

Das ruas e de todos os estratos vem a grita: que legitimidade possui um congresso, quando grande parte dele é constituída por denunciados por crimes de corrução?



Cresce dia a dia o reclamo por eleições diretas já, não só do Presidente mas também de todos os parlamentares.


Quando vigora um caos politico e sem lideranças com capacidade de mostrar uma direção, a solução mais sensata é voltar ao primeiro artigo da constituição que reza:”todo poder emana do povo”. Ele constitui o sujeito legítimo do poder político, o detentor da verdadeira soberania. Todos os eleitos são representantes legitimados por este poder.


Ora, nós estamos diante da quebra da unidade e da coesão social. Não há mais nada que nos una, nem nos partidos, nem na sociedade. Tudo pode ocorrer como uma explosão social violenta, não excluída uma intervenção militar, já ensaiada nas manifestações populares de Brasília no dia 25 de maio.


Quando ocorre tal caos social, é a soberania popular que deve ser invocada e fazer-se valer.



Nossa constituição está coberta de band-aids, tantas foram as emendas que equivalem quase a metade de seu texto. Uma nova emenda constitucional está sendo preparada que prevê a antecipação das eleições gerais ainda para este ano. Estas não poderiam ser apenas do Presidente, mas de todos os representantes políticos.


Que autoridade teria um Presidente, eleito indiretamente, ou mesmo, diretamente, mantido o atual Parlamento, eivado de má vontade e desmoralizado pelas acusações de corrupção?



Junto a esta eleição direta, viria uma reforma política mínima que introduzisse a cláusula de barreira partidária e regulasse as coligações para evitar um presidencialismo de coalizão que favoreceu a lógica das negociatas e da corrupção e por isso não é mais recomendável.



Esse caminho seria o mais viável e precisamos apoiá-lo.



sábado, 3 de junho de 2017

ESCOLHAS, LIBERDADE E DESTINO



Muitas decisões são tão difíceis que a pessoa gostaria de não ter que toma-las. Porém, viver, de certa forma, é fazer opções assim como ninguém é realmente livre se não puder fazer escolhas.

Veja o caso do pobre Páris e de Aquiles, por exemplo.

Páris era um belo jovem da cidade de Tróia que um dia foi colocado na mais difícil situação que alguém poderia supor: foi convocado por três deusas, terríveis, vaidosas e vingativas, Hera (esposa de Zeus), Atena (deusa da sabedoria) e Afrodite (deusa do amor) a escolher na posição de juiz, qual das três era a mais bela.

As três eram lindas trapaceiras que, tentaram comprar seu voto.

Hera lhe prometeu um império e poder político. Atena lhe prometeu torna-lo o mais sábio entre todos os homens e Afrodite prometeu compensa-lo com a mulher mais bela entre as mortais.

Assim, Páris se viu na maior encrenca do mundo, escolher uma entre as três deusas como a mais bela do Olimpo e, ao mesmo tempo tendo que decidir entre o poder, a sabedoria e o amor.

O que você escolheria?

Bem, Páris escolheu meio que no impulso (Afrodite deixou cair sua roupa ficando nua e mostrando o corpo feminino mais belo que alguém poderia sonhar no dia da decisão) pela deusa do amor.

Cumprindo sua promessa, Afrodite apontou uma mulher chamada Helena, como a mais bela das mortais. Probleminha: Helena era casada com Menelau, rei dos Espartanos. Mas, promessa de deusa, é promessa de deusa e Afrodite inspirou o mais audacioso sequestro e dessa forma, Páris partiu de volta para Tróia levando em seu barco a formosa Helena.

Menelau não teve espírito esportivo. Bem pelo contrário. Indignou-se pela afronta e declarou guerra à Tróia no que foi acompanhado por praticamente todas as outras polis gregas.

Assim começava a Guerra de Tróia que, segundo Homero, duraria 10 anos, com a cidade troiana cercada, mas lutando bravamente sem jamais se render.

Só depois de muito sangue, suor e lágrimas, depois de bravuras e mortes de grandes heróis, os Gregos de Menelau conquistariam Tróia, pondo fim à Guerra.

Outro que teve uma séria decisão pela frente foi o herói grego Aquiles. Foi intimado a escolher entre a vida longa e comum, ou a vida de herói com morte prematura. Aquiles escolheu a vida curta, mas gloriosa.

Páris e Aquiles fizeram suas escolhas, e nenhum deles acabou assistindo o final da guerra.

Aquiles foi morto por Páris que usou uma flecha envenenada para atingir seu calcanhar (único ponto fraco do herói), mas o próprio Páris seria morto em batalha por Filoctetes, guardião das flechas de Hércules, outro herói grego.

E assim vivemos todos, decidindo todos os dias os rumos de nossas vidas. Aparentemente sem pressão das deusas, mas, verdadeiramente rumando nossa vida ao destino que nós mesmos escolhemos.

Se as escolhas se mostram erradas, a culpa não é de terceiros.

Muito embora todos nós tenhamos nosso calcanhar de Aquiles, a verdadeira liberdade consiste em sermos os artífices do nosso próprio destino.





Prof. Péricles

sexta-feira, 2 de junho de 2017

ESQUERDA CAPITULAÇÃO E ISOLAMENTO


Por Emir Sader


A necessária busca das razões do golpe não pode, em primeiro lugar, deixar de lado, antes de tudo, os motivos pelos quais, contra muitas evidências, esse período foi possível e representou avanços fundamentais para o povo brasileiro e para o país.

Sem esta referência, se subestimará tudo o que se viveu, não se aprenderá com as experiências, especialmente em relação aos avanços, e se deixará passar a visão de que no fundo tudo foi um fracasso e se trataria de buscar as razões e os responsáveis por isso.

Como o golpe se deu pela reversão do papel do PMDB. O mais fácil é fazer repousar nas políticas de aliança as responsabilidades pela derrota. Estender o diagnóstico para todo o período.

Como se o problema fosse ter feito alianças com o PMDB. Desemboca numa visão pobre de todo o processo, redutiva das políticas de aliança. Todas representariam conciliação de classe. Desembocando no caminho seguro da derrota, do isolamento da esquerda.

O problema, teórico e político, é que essas visões não enfocam todo o período. Como um processo de construção de hegemonia da esquerda. Lula. Como sua intuição política, tem uma visão muito superior a essas concepções reducionistas. Ele pergunta sempre aos interlocutores: ganhamos e tínhamos 100 parlamentares. Não se governa sem maioria. Como queriam que fizéssemos?

A genialidade de Lula foi construir um projeto hegemônico da esquerda partindo da sua eleição. Mas com uma esquerda minoritária no Congresso. Lula entendeu, empiricamente. Que o problema de toda aliança é saber quem detém a hegemonia. Foi a aliança com o PMDB que tornou possível realizar o sonho de sempre do PT. A prioridade do social. Além de colocar em prática uma política externa soberana. Resgatar o papel ativo do Estado.

Disputar o PMDB era disputar maioria.

Quando o PMDB estava com o FHC. A esquerda ficou isolada. O prestígio do Lula e do seu programa para o Brasil permitiu conquistar setores de outros partidos que se somaram. E deram a maioria necessária para um governo de esquerda.

Ter conquistado naquele momento essas forças para um arco de alianças hegemonizado pela esquerda. Pelo programa antineoliberal, foi uma conquista, uma condição do governo mais importante, até aqui, da história do Brasil.

Toda aliança implica em concessões, de parte a parte. A questão essencial é quem detém a hegemonia. Na aliança com FHC, o PMDB deu maioria para um programa neoliberal. Na aliança com o PT, para um programa antineoliberal.

O problema passou a existir quando o PMDB mudou e aderiu a um programa frontalmente neoliberal, rompendo com o PT e aliando-se aos tucanos. Isolou a esquerda e deu o golpe da direita.

Qual a alternativa a alianças amplas, que dão um caráter nacional ao programa da esquerda? O isolamento, o “classe contra classe”, a derrota e, se for tentar governar em minoria, tornar-se força autoritária, que trata de impor a minoria sobre a maioria. Há vários exemplos catastróficos dessa via.

Quando perguntei uma vez a Lula qual o maior ensinamento que ele tirou da experiência de governo, ele me respondeu. “Que não se pode governar sem maioria, sem o apoio da maioria da população”.

O que ele fez com maestria, porque soube conquistar a grande maioria do povo. Saiu do governo com 84% de apoio. E, baseado nessa popularidade, construiu um bloco de forças políticas que deu sustentação ao seu governo.

Desqualificar toda política de alianças e, mais além, o marco da esquerda como “conciliação de classes” é se manter numa perspectiva pré-gramsciana. É não fazer as análises do ponto de vista fundamental. O da construção da hegemonia da esquerda.







Emir Sader é sociólogo e cientista político.

terça-feira, 30 de maio de 2017

A DERROCADA DA REPÚBLICA DE CURITIBA



Por Erika Kokay


As “ações controladas” da Operação Lava Jato, de iniciativa da Procuradoria-Geral da República e do Supremo Tribunal Federal, que constituíram provas materiais contra o senador tucano Aécio Neves​ e o presidente ilegítimo Michel ​T​emer, desmascarou de uma vez por todas a parcialidade do juiz Sergio Moro e dos procuradores da “República de Curitiba”.

Não estamos falando de PowerPoint com convicções para ser exibido de forma espetaculosa pela mídia, mas de provas documentais, de amplo e farto material fotográfico, áudios e vídeos, dinheiro rastreado, malas com chips, enfim, todo um processo de investigação sigiloso da Polícia Federal que comprovou esquemas de propina e corrupção envolvendo dois importantes nomes da política nacional.

Desde o início da Lava Jato, Aécio e Temer foram citados dezenas de vezes em depoimentos de réus, delatores e investigados da operação, apareceram em diversos diálogos gravados por operadores de esquemas de corrupção na Petrobras, Furnas, Caixa Econômica Federal, mas nada foi suficiente para que a seccional da Lava Jato de Curitiba tomasse qualquer providência contra eles.

Quem não se lembra das gravações de áudio a envolver o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e o então ministro do Planejamento, Romero Jucá ​ (PMDB-RR)​?

Eles revelaram que o impeachment da presidenta legitimamente eleita, Dilma Rousseff, era parte de uma estratégia para “estancar a sangria” da Lava Jato. Além disso, foram realizadas citações contundente envolvendo Aécio Neves, naquele momento citado cinco vezes na operação. “Quem não conhece o esquema do Aécio?”, pergunta Machado a Jucá. Pelo visto, Moro era o único que não conhecia ou fingia não conhecer tal esquema.

Várias vezes o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ)​ dirigiu perguntas a Temer. A sociedade brasileira sabia que o conteúdo das perguntas tinha o sentido de pressionar e chantagear Temer. Cunha fazia essas perguntas para deixar claro que sabia muito e que seu silêncio era muito valioso. E o que fazia Moro com essas perguntas? Engavetava. Em vez de agir como juiz, Moro atuava como advogado de defesa de Temer, a exemplo de quando impugnou 21 das 41 questões levantadas por Cunha. Moro chegou a cometer o absurdo de dizer que o roteiro das perguntas de Cunha era um “episódio reprovável” e “tentativa de intimidação da Presidência da República”.

Diferente desse joguete de compadres com corruptos do PSDB e do PMDB, Moro não hesitou em fazer da Lava Jato uma trincheira de perseguição jurídica e política contra Lula, Dilma e o PT.

Em todo o tempo, Moro preocupou-se tão somente em fazer o uso político da operação para vazar delações e fazer escutas ilegais e influenciar o cenário político nacional. Em um momento crucial do processo de impeachment contra Dilma, Moro vazou para a Globo diálogos da presidenta com o ex-presidente Lula. Apesar do diálogo não ter absolutamente nada de comprometedor, foi decisivo para o desfecho do processo, tornando-se um episódio emblemático da atuação política persecutória de Moro.

Em vez de investigar, qual era o uso que Moro dava às delações? Com auxílio da mídia, as utilizava de modo ilegal e discricionário a partir do calendário político-partidário. Ora, as delações eram vazadas em momentos em que a população brasileira ia às ruas em atos pró ou contra o impeachment, em véspera de eleições, em momentos-chave da política nacional.

E por que Moro nunca optou por um processo investigatório profundo? Sabia e sabe que se desse um passo para além de delações sem provas inocentaria Lula. Não poderia continuar com o discurso farsesco de que o ex-presidente é o chefe de um esquema criminoso na Petrobras, dono de um tríplex que não lhe pertence, dono de um sítio que não lhe pertence, enfim, com acusações sem lastro comprobatório de que o Instituto Lula teria adquirido um terreno que nunca foi comprado. Um processo investigatório sério que buscasse provas, certamente inocentaria Lula, o que não interessa e nunca interessou à “República de Curitiba” e àqueles que tramaram um golpe contra a democracia.

A ação da PGR e do STF deixa clara a parcialidade de Moro, a conveniência de suas ações ao sabor da conjuntura política, não tendo em nenhum momento a responsabilidade que o P​oder Judiciário exige de investigar os fatos e elucidar os supostos crimes denunciados.

E o que faz o juiz de Curitiba após as avassaladoras provas contra Temer e Aécio? Tenta de modo desavergonhado manter uma narrativa furada de que “não havia, na época da decisão, qualquer notícia do envolvimento de Temer nos crimes que constituem o objeto daquela ação penal”.

Definitivamente, Moro foi desmascarado. A casa da Lava Jato de Curitiba caiu.



Erika Kokay é deputada federal e presidenta do PT-DF​.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

DESABAFO


O desabafo é um direito inviolável de todo aquele que está na frente de luta pela cidadania e que, do seu jeito, do mais humilde que seja, acompanha essa insana situação política do país.


Dito isso, queiram entender as palavras abaixo justamente como isso, um desabafo, sem pretenções sociológicas, que apenas anseia por criar vida através das letras já que, preso ao peito parece fazer uma pressão cada vez mais insuportável.

É cada vez mais difícil entender certas posições e argumentos ou falta deles.


Por exemplo, como entender pessoas da geração que acompanhou as tramoias para eleger Collor e depois viu ao vivo e a cores as consequências nefastas do neoliberalismo na vida das pessoas, possa apoiar partidos que pregam justamente, o neoliberalismo, o extremo-mercado, inclusive com diminuição das garantias de trabalho e de previdência?


E os colegas funcionários públicos, cujos contracheques permaneceram com valores congelados, inclusive nos centavos, durante os 8 anos de governo FHC, sendo rotulados como inúteis e incentivados ao "pede pra sair" pelos pdvs, apoiarem Aécio Neves nas últimas eleições presidenciais ou qualquer outro neoliberal na vida pública?


Será amnésia ou (teoria da conspiração) um misterioso programa que comanda as mentes das criaturas?


Como se conformar em viver num país em que um só grupo de comunicação detém o monopólio da informação, quando a pluralidade das opiniões é sagrada à democracia? Não ter como popularizar sua versão dos fatos é como estar amordaçado, sem poder gritar diante das informações premeditadamente deturpadas.


E como aceitar que amigos e companheiros espíritas, que estudam com afinco a Doutrina que se propala como o cristianismo redivivo, isso é, a doutrina que busca ser o cristianismo em essência, baseado no amor ao próximo, sejam, de alguma forma, contrários a governos que promovam políticas sociais de diminuição das desigualdades e de combate à fome e à extrema miséria? E pior, que apoiem forças sabidamente contrárias a esses programas?


Como aceitar que companheiros que leem que uma das necessidades da reencarnação seja que, os espíritos, as pessoas, contribuam com a obra da criação, evidentemente participando da criação de um mundo melhor e menos desigual, regozijem-se com atos e políticos fascistas que pregam a homofobia, o racismo, o machismo?


Afinal de contas como entender quem propala a fraternidade apenas na teoria, mas se distancia dela na prática?


Da mesma forma, como admitir que pessoas inteligentes, bem informadas, acreditem na neutralidade de um juiz que aparece em foto aos sorrisos e abraços com gente sabidamente suspeita de ilícitos e que devem ser julgadas por ele mesmo? Que absolva amigos e ameace os inimigos? Juiz não deve ser imparcial?


A cegueira das pessoas que afirmam não enxergar perseguição ao Lula é real ou fictícia? Se fictícia é proposital ou construída pela alienação?


Será que essas pessoas bem-intencionadas que pensam que realmente o que está acontecendo é uma luta contra a corrupção, não perceberam ainda que ajudaram com seu silêncio ou com suas panelas a derrubar um governo com problemas sim, mas honesto, em detrimento de grupos historicamente comprometidos com o lado negro da força?


Incompreensível como habitantes da senzala submetam-se aos interesses da Casa Grande.


Será que vale à pena tanto ódio traduzido no “anti”? É possível que não se perceba que o ódio cega e emburrece?


Será real que não perceberam ainda que graças a eles a Farmácia Popular está em seus últimos dias, a Bolsa Família esteja menor e condenada assim como o SUS e que O Mais Médicos tenha seus dias contados? E não entendam o que isso significa na vida de milhões de pessoas?


Como entender isso? Como aceitar essas coisas sem uma enorme dor na alma?


Talvez nem tenha direito à tantas perguntas e ninguém irá me responder mesmo. Mas, com toda certeza, ao dobrar minhas utopias diante das horas e face aos sonhos acalentados por tanto tempo e agora espedaçados, concluo que, como criança diante da mais complexa das máquinas, eu não entenda mais nada.


Por favor, desculpem o desabafo.



Prof. Péricles



sábado, 27 de maio de 2017

JUIZ BRASILEIRO


Por Maria Fernanda Arruda


Nos moldes norte-americanos, a auto proclamada força tarefa ao nomear suas incursões, o faz para dar impressão à sociedade que está dando correção de rumos à vida política ou empresarial. Tendo o país infinitas camadas miseráveis, acalentou seu sonho de ter desculpas de que sua miserabilidade iria acabar, ou aos mais lúcidos seria uma vingança contra os ricos a que sempre invejaram.

Assim, com colaboração da infame mídia o juiz de formação norte-americana iniciou sua campanha política para balançar a vida econômica do país com essa máscara de moralidade. Mesmo ficando caricata sua expressão “isso não vem ao caso” que passou a usar sempre que lhe cobravam equidade. Mostrou também que era do PSDB e ninguém iria mudar seu rumo. Com ajuda de um procurador investidor imobiliário que explora o programa Nossa vida-Nossa Casa para ter futuro risonho, passou a moldar nova concepção para a figura juiz.

Com colaboração de desembargadores que deveriam ser seus freios, passou a ter direito a ser excepcional e fazer o que quisesse acima da lei. Bem …se antes existia juiz verdadeiro, agora se moldava ‘juiz brasileiro”! Isto é: um juiz que não é só passageiro, mas se faz as vezes de cobrador e motorista. Em vez de julgar a causa, escolhe um autor, ainda que sem causa, para se mostrar seletivo e cumpridor de ordens da CIA. Iniciou sua saga apelidando sua vítima principal de ‘Nine’ em galhofa digna de magistrado que se diverte como se fosse juiz de briga de galos e “quisesse” ver sangue e sofrimento.

Assim foi moldado o juiz brasileiro – o que recebe acima do salário legal mediante penduricalho e jeitinhos que decorrem de viagens ou diárias. Mas o principal foi oficializar o conluio pelo qual não mais haveria independência de polícia investigativa : ele queria que ‘plantassem’ contrato em invasão de domicilio de seu perseguido e o fez com tanta sofreguidão que nem lembrou que contratos tem de ter assinatura…

Se para esse ‘plantio’ tivesse que arrombar porta sob holofotes de tv,melhor ainda. E ainda deu liberdade para que policiais se apossassem de celulares ou tabletes das crianças da casa. Como quem diz no amor e no ódio vale tudo. Se, para dar conta de sua missão fizesse os estragos inconcebíveis de quebrar empresas e empregos e dar bloqueio econômico e de progresso ao país …isso faz parte! O que vale é que tem respaldo confirmado com as medalhas dos fardadinhos todos do país que seguem o figurino de 64 sem alterações.

Juiz brasileiro agora é assim, para que provas se eu que escolho o autor? Se necessárias delações para inglês ver, posso prender quantas dezenas de delatores já que minuta para que façam essas delações já tem prontas nas gavetas do Forum. Qualquer dúvida pega o avião para os EUA e voltará com ordem para ser obedecido em toda linha do poder judiciário e do executivo e demais, se houver.

O ministério público passa a ser auxiliar e nem precisa falar já que ele mesmo acusa. Juiz eclético que conclui sem verificação de nada e nem de seguimento à lei. Quem tem os EUA ao seu lado, por que ficar ligado a essas bobagens… se até o golpe do pré-sal se deu inicio?

O resto é apenas continuação.


Maria Fernanda Arruda é escritora e colunista do Correio do Brasil

sexta-feira, 26 de maio de 2017

O PECADO DE ALIANÇAS COM O INIMIGO


A realidade histórica que nossa esquerda política parece não ter compreendido até hoje é a da luta de classes.

Não se trata necessariamente de um confronto físico, como imaginam fascistas ignorantes, mas de um confronto de posições políticas, econômicas e ideológicas. Há um antagonismo inexorável entre aqueles que se apropriam da riqueza social e aqueles que a produzem e padecem sob a tutela violenta dos apropriadores, ou, formulado de forma mais simples, entre os parasitas do capital e os expropriados do produto de sua força de trabalho.

É escandaloso que, enquanto a maioria das brasileiras e dos brasileiros vive com salário mínimo ou até menos, devendo com ele cobrir suas despesas de habitação, vestuário, alimentação e educação dos filhos, uma minoria abastada não se contenta com seus polpudos ganhos do estado e exigem mesadas empresariais de 50, 500 mil ou até milhões, para garantir vantagens indevidas aos contratados em obras e serviços para a administração.


É preciso colocar a mão na cabeça e perguntar-se: que diabos alguém faz com uma mesada dessas??? Para quê tanto dinheiro? Para comprar SUVs, viver em apartamentos de luxo, frequentar jantares e coquetéis em ambientes para poucos e comprar roupas de custo imoral?


Enquanto isso, nossos irmãos lascados se abrigam em barracos e barracões, de lona, de madeira, de alvenaria e latão, submetidos a todas intempéries possíveis, expostos a ratos, lacraias, baratas, escorpiões e a uma polícia violenta que em nada perde para os bandidos em crueldade. Captam água sem tratamento, convivem com esgoto a céu aberto e acessam a energia elétrica por gambiarras. Vestem-se com roupas velhas doadas ou mais novas, compradas em brechós. São obrigados a sair de madrugada de casa para se espremerem em condução publica cara e de péssima qualidade para chegar ao trabalho, onde abaixam a cabeça para não perder o emprego e comem de suas matulas simples esquentadas, quando possível, num microondas ou frias mesmo, quando o empregador não o disponibiliza. Chegam em casa à noite, fugindo dos assaltos e, esgotados, ainda cuidam de seus filhos e de suas filhas.


E nossa esquerda política, dizendo defender os desapropriados, não consegue, em nome de uma tal "governabilidade", deixar de parlamentar com os apropriadores aos sorrisos, fazendo-lhes concessões em troca de migalhas de poder. Migalhas, diga-se de passagem, até bem-vindas, porque permitem um mínimo de ação inclusiva e redistributiva. Mas são migalhas, nada mais do que migalhas, se comparadas com a capacidade da apropriação criminosa do patrimônio público e social.


Compreender a luta de classes implica não aceitar arranjos de poder em detrimento do esforço de empoderamento da classe trabalhadora e dos excluídos. É não aceitar conchavos espúrios com o inimigo de classe. Acertos táticos eventuais com setores reacionários são possíveis apenas quando não agravam o desequilíbrio de forças no enfrentamento da profunda iniquidade.


Os atores progressistas foram alvo de um ataque vil coordenado por políticos golpistas inescrupulosos, com apoio das instituições judiciais e parajudiciais e da mídia comercial. Seu objetivo é o completo aniquilamento do frágil estado social brasileiro, piorando as condições de vida de milhões de trabalhadores e excluídos.


Quaisquer alianças que preservem os interesses e objetivos dos usurpadores da soberania popular são incompatíveis com o projeto de um Brasil inclusivo e são por isso inaceitáveis para quem padece da profunda desigualdade econômica e política.


Fala-se que os partidos parceiros do golpe, PMDB e PSDB, afundados na lama das megapropinas, procuram "uma solução" para a crise em que enfiaram o País com auxílio da mídia e das agências persecutórias. Qual a solução? Desfazer o golpe? Reinstituir a presidenta eleita arrebatada covardemente por quem lhe devia lealdade de vice? Devolver o poder à soberania popular, para que escolha o caminho a seguir?


Não, nada disso. Isso seria coisa de esquerdista. Querem aprofundar a agenda do golpe e, de preferência, com apoio do PT.


Como assim? Os partidos do golpe estariam tentando convencer Temer a largar o osso o mais rapidamente possível, com garantias de leniência na persecução penal, para que possam manter o rumo das "reformas" com um sucessor escolhido por suas bancadas de trombadinhas entre pessoas que não têm nenhum compromisso com os interesses da maioria dos brasileiros. E, segundo avaliação dos golpistas, não poderiam perder tempo, pois, do contrário, impor-se-ia, na contramão de seus planos anti-povo, a vontade das ruas.


Vencida a hipocrisia, reina, agora, o cinismo absoluto. É evidente que esse Congresso contaminado por práticas corruptas na sustentação de um governo golpista ilegítimo não tem condições de escolher o futuro Presidente da República sem contaminar, também, seu governo com sua extorsão criminosa de vantagens materiais. Só a soberania popular manifestada em eleições diretas e livres poderá restaurar a democracia e permitir a afirmação dos interesses da maioria das brasileiras e dos brasileiros.


Acordos com as forças da reação e do golpe só podem ser estabelecidos dentro desse objetivo: a realização imediata de novas eleições. Nada menos. Nossa preocupação é precisamente impedir a aprovação de medidas anti-povo. Só o restabelecimento de um governo legítimo conseguirá barrar as articulações espúrias no Congresso. Exigimos respeito!


Enquanto em Brasília o MPF leva à frente, sempre com métodos controvertidos, o desbaratamento de quadrilhas no poder político, em Curitiba permanece a intenção de destruir as lideranças de esquerda e, mais precisamente, do PT.


A burguesia sabe cumprir seu papel. A destruição da política como um todo é a afirmação absoluta do poder econômico e do poder burocrático subserviente àquele.


Na luta de classes, temos que combater isso com toda nossa energia. E, para tanto, não é bom confiar no ministério público, na polícia e no judiciário, instituições que fizeram papel sujo no golpe dos corruptos; instituições que não passam de instrumentos dos apropriadores criminosos, a quem sempre trataram com leniência que contrasta com a severidade do julgamento público e escandaloso do PT e da esquerda.


Se hoje essas instituições não têm outra opção que a de se afirmarem no combate às forças corruptas, isso se dá porque foram atropeladas pelos fatos. Não o fazem, porém, para promover justiça social e preservar direitos dos mais fracos. Fazem-no privilegiando bandidos aquinhoados, dando-lhes imunidade judicial porque expuseram seus comparsas. E ainda acham que isso é um prêmio às brasileiras e aos brasileiros.

É importante não nos iludirmos. A saída eventual de Temer não altera nada na correlação de forças. Os golpistas mudam de cara mas não de tática e nem de estratégia. As forças progressistas continuam a ser alvos de um ataque destrutivo, com campanha de desmoralização midiática e com perseguição implacável. E, nesse contexto, não pode haver concessão nenhuma.


A luta de classes não desaparece num passo de mágica, num apelo demagógico à união de todos as brasileiras e e todos os brasileiros. Aceitar esse apelo é aceitar a aliança entre estuprador e estuprada. Precisam reconhecer o golpe que deram e reconhecer como força política legítima os vencedores das eleições de 2014 e, só depois, conversaremos sobre acertos pontuais táticos que permitam o avanço de nossa luta.


Com inimigos de classe, só se negocia entre a capitulação deles e a vitória de trabalhadores e excluídos.



Por Eugênio Aragão





quarta-feira, 24 de maio de 2017

BRASIL PROJAC


Há 21 anos, no dia 2 de outubro de 1995 a Rede Globo, depois de 15 anos entre projetos e construção, inaugurava o Projac (Projeto Jacarepaguá), hoje em dia conhecido como “Estúdios Globo”.

Lembrando os grandes estúdios norte-americanos dos anos 40/50, quando inaugurado, o Projac era o maior núcleo televisivo da América Latina, o Maior Estúdio, ou múltiplo estúdio de produções de sua área (atualmente perde apenas para os estúdios da TV Azteca, do México, inaugurados em 2012).

Os mais antigos, que assistiram novelas globais de décadas anteriores, devem lembrar que as tramas se passavam em cenários acanhados, reduzidos, a tal ponto que pouco se diferenciava a mansão da casa humilde, pelo menos, em tamanho.

Hoje em dia a Globo lembra produções hollywoodyanas, com espaços generosos de gravação.

A TV Globo que faz parte das organizações Globo (rádio, jornal e outros veículos) nasceu, cresceu, floresceu, ficou rica e monopolizou o mercado sob os auspícios da ditadura militar.

Seu passado, portanto, está intimamente ligado com o período mais negro de arbítrio de nossa história, e nem ela esconde isso, tendo até pedido desculpas a seus espectadores.

Mas o problema da Globo não é seu passado. O passado pode e deve ser resgatado, mas não alterado.

O problema, maior do Brasil, é seu presente e seu futuro real em contraste com o imaginado pela Globo.

Acostumada a criar personagens inesquecíveis e grandes obras de ficção, como um cientista louco que se confunde com sua própria criação, algumas pessoas dessa organização talvez misture a realidade nacional com algum tipo de roteiro escrito em seus bastidores.

De certa forma, é como se imaginasse o Brasil inteiro um grande projac que pode ser adaptado aos seus interesses, e a história só vale se contada de seu jeito.

Assim um ex-presidente tem que ser corrupto mesmo que não exista prova nenhuma contra ele. A presidenta eleita deve ser apeada do poder e as reformas que desagradam a imensa maioria dos brasileiros devem ser aprovadas.

Como se o Brasil inteiro trabalhasse nesse projac, a Globo pensa que pode demitir presidentes, procuradores, ministros e a todos em geral, como se seus trabalhadores fossem.

Só que não.

O Brasil precisa reagir e o povo brasileiro escrever seu próprio roteiro onde os meios de comunicação, necessários à democracia, não ameacem a própria democracia.

Uma das poucas coisas muito claras em todo esse drama que o país vive é que, do jeito que a Globo funciona e com seu imenso poder de criar realidades, a democracia brasileira jamais sobreviverá há alguns capítulos entre um golpe e outro.

A Globo é uma concessão do governo brasileiro e não o contrário, o governo uma concessão da Globo.

O Brasil não cabe no Projac, ele é muito maior.




Prof. Péricles

terça-feira, 23 de maio de 2017

O DESESPERO DA GLOBO



O editorial de O Globo pedindo a renúncia de Temer, é demonstração de fraqueza e desespero.


A Globo nunca precisou manifestar por escrito suas posições para mover os cordões do poder. Dessa vez, deixou o roteiro – por escrito!


Está claro que família Marinho, alinhada ao Partido da Justiça, deseja a rápida substituição de Temer por um governo “técnico” – que conclua as “reformas” e dê sustentação para a Lava-Jato concluir sua tarefa principal: impedir Lula de ser candidato.


A Globo deseja “limpar” o golpe. Temer no poder cria uma dissonância: se Dilma foi afastada em nome da moralidade (grande mentira, sabemos), como se explica que uma gangue esteja hoje no controle do país?


A Globo nunca quis moralidade. O grande projeto é desregulamentar o mercado de trabalho, tirar direitos sociais e abrir o Brasil para investimento estrangeiro. De quebra, a família Marinho poderia passar a empresa nos cobres, desde que a Lei de Telecomunicações seja alterada e a TV possa assim ser vendida a algum investidor estrangeiro.


Temer servia como operador dessa agenda – que foi rejeitada nas urnas. E por isso trata-se de um golpe! A vontade majoritária foi desprezada, e o programa derrotado 4 vezes no voto estava sendo implantado na marra.


Mas o timing da PF e da JBS acelerou as contradições, expondo de forma dramática a desagregação do bloco que deu o golpe. Numa linguagem mais “sociológica”, poderíamos dizer que desde 2013 o Brasil vive uma ampla “crise de hegemonia”. O bloco sob o qual Lula e Dilma governavam rachou, mas um novo bloco não conseguiu ainda impor sua hegemonia de forma desorganizada. É como se a disputa seguisse indefinida, agravando a crise e abrindo possibilidades para todo tipo de saída.


E aí entramos no segundo eixo desse texto: o desespero. O tempo corre agora contra a Globo.


A Globo tem pressa. E se desespera. Porque as reformas já pararam. Se o único caminho para tirar Temer for o TSE, isso pode levar dois a três meses! Até lá, o clima nas ruas vai ferver. E a possibilidade de aprovar as reformas se evapora se tudo não estiver resolvido até agosto ou setembro…


Fora isso, a crise expõe mais e mais contradições. Agora Gilmar Mendes também aparece nas delações e pode ser submetido a impeachment, já que tramava com Aécio formas de influenciar votos no Senado.


Temer decidiu ficar, e expõe assim as contradições dos dois grupos golpistas: de um lado, a direita política, de outro o Partido da Justiça. O que unia os dois era derrubar Dilma e aplicar a agenda ultra-liberal.


Acontece que Temer, mais do que qualquer agenda, defende a sobrevivência dele mesmo e da gangue que o cerca.


A Globo ajudou a instalar no poder um grupo que vai permanecer ali o quanto puder, para garantir o foro privilegiado.


Seria fundamental, para a gangue midiática, instalar rapidamente um governo eleito indiretamente, para completar a destruição de direitos e acabar de abrir o país – inclusive parta investimentos estrangeiros nas comunicações. Mas no poder há outra gangue. Que vai usar todas as armas para resistir.


É curioso ver o editorial da Família Marinho invocar os interesses “dos cidadãos de bem”. Onde estavam esses “cidadãos de bem” quando a ditadura matava e torturava com apoio da Globo? Ou quando Collor arruinava o país com beneplácito da família Marinho? E quando FHC comprava a reeleição? Ou quando as empreiteiras e conglomerados privados enchiam as burras dos tucanos?


A Globo descobriu os cidadãos de bem recentemente?


Por isso, tenho aqui invocado a velha fórmula de Brizola: se a Globo está de um lado, fiquemos do outro!


Claro, não estou dizendo que devemos defender a gangue temerária. Mas apontando para duas questões: a esquerda e os movimentos populares vão servir de massa de manobra para derrubar Temer, e na sequência ver a Globo instalar Carmen Lúcia/Meireles/Armínio Fraga no poder?


Para o campo popular, o melhor que pode acontecer é Temer ficar, expondo as contradições da direita liberal, esgarçando o tecido golpista. Que seja longa a agonia do governo golpista, expondo as vísceras do falso moralismo e dos tais “cidadãos de bem”.


Deixemos o “Fora, Temer” para os editoriais da Globo. Quem pariu mateus que o embale. A palavra de ordem do lado de cá já não é “Fora, Temer”. Mas “Diretas-Já” e “Parem as Reformas”.


Vamos para rua pedir que o povo decida qual programa será implantado no Brasil. Ou seja, lutamos pela Democracia e contra o desmonte do Estado Nacional.


Enquanto isso, podemos até nos divertir um pouco com o desespero da Globo. E dizer: “Temer, resista!”



Por Rodrigo Vianna

domingo, 21 de maio de 2017

AO CONTRÁRIO


Luciano Huck e João Dória correram pra retirar fotos e postagens com Aécio.


Quem votou em Aécio está quieto, não assume o voto e a coxalhada covarde só diz que " é tudo farinha do mesmo saco". Um clichêzinho decorado e oportunista que os isenta de responsabilidade, tentando tirar o corpo fora.

Não se encontra um só post de apoio ao Aécio, o candidato a quem os coxas queriam entregar a presidência de seu país.


Tucanos congressistas já cogitam abandonar o Temer, negociam o apoio ao governo a peso de ouro 24k e não se rebelaram contra as acusações ao Aécio.


Quanta diferença...


Ao primeiro sinal de perigo de tirarem Dilma, a esquerda e, principalmente os Petralhas, postaram fotos, textos, rechitegs de apoio à Presidenta Legítima, e uma tsunami de lealdade, indignação e revolta invadiu o Face por mais de 1 ano assim como o Twitter, blogs e sites.


Depois do golpe, Petralhas NÃO RETIRARAM FOTOS, ao contrário, postaram mais e mais e mais. Chegaram a ponto de trocarem suas fotos de perfil para a foto da presidenta eleita.


Quando, como Aécio, Lula foi acusado, nenhum Petralha se calou, ao contrário, um clamor de revolta se levantou do Face e invadiu o Brasil. PETRALHAS não fugiram, não se esconderam, ao contrário, encararam juízes, MP, PF, e, no ápice da lealdade, trouxeram a briga para si, compraram a briga como SUA briga , todos foram "os acusados" com o "#MexeuComLulaMexeuComigo".


Deputados e senadores de esquerda não abandonaram Dilma na hora do perigo, muito menos ao ver que o Golpe ia ser inevitavelmente consumado, ao contrário, seus discursos emocionados e emocionantes repetiam o irrestrito apoio à Presidenta.


Quanta diferença....


Leais, combativos, lúcidos, coerentes, corajosos, assim são os petistas - que não recebem um só tostão pra lutar pelo PT, o fazem por ideologia, o fazem por firmeza de caráter, por serem de uma essência nobre, impossível de apagar.


Caráter é coisa que não dá pra negar. Petralhas têm caráter.


Ao contrário dos coxas, fascistas e da direitalha covarde, petralhas não temem o confronto e nunca abandonam o barco que está afundando, ao contrário, permanecem no barco tentando salvar as pessoas, lutando e se arriscando, não por si, mas pelo próximo.


Para um Petralha , é IMPOSSÍVEL não ser e agir assim. É Caráter, é Amor, é Convicção, é ser adulto em suas escolhas. É saber o que se é, se diz, se faz...


Quanta diferença....


Quanta diferença, e vejo mais claramente agora, dos tucanos e da coxalhada brasileira...


A exata diferença que existe entre ratos &


Entendo agora o ódio, a PTfobia insana dos coxas: é INVEJA dos ratos que nem sabem que são ratos. Mas não têm como negar sua essência desprezível de ratos. Coxas e Tucanos, vergonha alheia por vocês.



#OrgulhoDosMeusPetralhas #AmoVcs



(Por Denise Rohloff aos amigos)

sábado, 20 de maio de 2017

GLOBO QUER CARMEN LÚCIA

Não existem coincidências na Lava-Jato. Ainda mais quando a Globo está envolvida. Foi um jornalista do jornal da família Marinho o escolhido para vazar a delação bombástica da JBS – que deveria fazer Temer sair algemado do Palácio, levando também à cadeia o homem que iniciou o processo golpista: Aécio Neves.


Temer e Aécio aparecem nas gravações usando linguagem de gângster para obstruir investigação. Se a Globo queria prender a Dilma por causa de um e-mail falso, o Aécio merece o quê? Cadeira elétrica?


O vazamento veio do STF; ao ser noticiado pela pena amiga da Globo, emitiu-se um claro sinal ao Palácio: o principal sustentáculo do governo Temer decidiu retirar seu apoio. A família Marinho e seus colunistas/capatazes já movem as peças em outra direção.


Semana passada, eu escrevi que havia sinais claros de que o governo golpista se esgotava, e que a presidenta do STF, Carmen Lúcia, realizava reuniões reservadas com banqueiros, grandes empresários e o diretor-geral da Globo.


Retomo agora o que escrevi naquele dia:


- em 1964, deu-se o golpe em nome da moralidade; e o poder ficou com um general “limpo” – Castelo Branco;

- em 2016, deu-se o golpe também em nome da moralidade; e o poder ficou com Michel Temer e seu garotos podres.


A figura nefasta de Temer cria dissonância; o golpe precisa urgentemente limpar sua imagem.


Por isso, a Globo abandonou o campo da direita política (Aécio, Temer, Serra et caterva). E apostou todas suas fichas na anti-política capitaneada por Moro e Janot.


Chama muita atenção que o diretor-geral da Globo e outros 12 empresários peso-pesados (do Itaú às Lojas Marisa) tenham se reunido em caráter “reservado” com a presidenta do STF, Carmen Lúcia (clique aqui para saber mais).


Quando a reunião com Carmen Lúcia ocorreu, a delação da JBS já havia sido concluída (mas ainda não revelada). Já se sabia que Temer e Aécio estavam mortos. A Globo já costurava uma alternativa.


A saída Carmen Lúcia depende de alguns fatores… Temer caindo, segundo a Constituição, deveriam assumir (pela ordem): Rodrigo Maia (presidente da Câmara), Eunicio de Oliveira (presidente do Senado) ou Carmen Lúcia (presidente do STF).


Os dois primeiros são investigados pela Lava-Jato. O Supremo já construiu entendimento de que réus em processos criminais não podem assumir o poder. Ou seja: se o STF transformar Eunicio e Maia em réus, estaria aberto o caminho para um governo sob o comando de Carmen Lúcia.


De toda forma, qualquer dos 3 que assuma deveria convocar eleições (indiretas, diz a Constituição). Nesse caso, Carmen Lúcia passaria a ser um nome que, já na presidência interina e com apoio da burguesia e da Globo, poderia ser escolhido pelo Congresso para governar até 2018.


Seria o nome dos sonhos da Globo para comandar um governo “técnico”, sob a chancela de Meirelles, sem “políticos”. Um governo “limpo”, que desse apoio pra Lava-Jato concluir sua tarefa: impedir Lula de concorrer na eleição de 2018.


Percebam a força disso: se os tempos são de “limpeza” e de excomungar a política, cairia perfeitamente o nome de uma juíza discreta para comandar o país e terminar de aprovar as reformas ultra-liberais que pretendem destruir direitos trabalhistas e aposentadorias.


Só que falta combinar com os russos.


A bomba da JBS (e cá entre nós: Lula deve estar rindo à toa ao ver os dois “malandros” – Temer e Aécio – gravados e delatados) abre uma avenida pro campo popular virar o jogo.


Nas ruas, os setores organizados têm tudo agora para encurralar a direita, exigir que as “reformas” sejam paralisadas, e que o país vá às urnas ainda em 2017 escolher o novo mandatário.


Contra o projeto Carmen Lúcia, puxado pela Globo, vamos exigir Diretas-Já, obrigando a Globo a tirar o véu e se mostrar inteirinha como golpista e anti-popular.


O argumento dos comentaristas globais é de que as Diretas “não estão na Constituição”. Isso não engana nem uma criança, Merval. Os seus amigos da embaixada americana vão lhe dizer que esse caminho não vai dar certo, Merval…


Afinal, se o Congresso pode votar PEC pra mudar aposentadoria, também pode (e deve) aprovar em regime de urgência uma PEC para Diretas-já.


É hora, portanto, de enfrentar a Globo (operadora do golpismo) nas ruas, nas redes e na tribuna do Congresso.


Diretas-Já!


Fora Temer!


Fora Globo!



Por Rodrigo Vianna

sexta-feira, 19 de maio de 2017

MOSCAS MORTAS


Para tirar o PT do governo, derrubando Dilma, e, principalmente, alvejando de morte a figura política de Lula, os golpistas foram obrigados a entrar em terreno movediço e pouco seguro.


Chutar o balde acarretaria perigos imensos contra eles mesmos já que, nevegam nas águas da corrupção desde que chegaram ao poder, isso é, sempre.


Poderia haver fogo amigo, eles sabiam, mas, jamais poderiam imaginar que seria tão difícil encontrar algo que possibilitasse a queda de Lula e que, por isso, a viagem pelos pântanos demorasse tanto. Nunca poderiam supor que quebrando sigilo bancário e telefônico de Lula e toda sua família até a décima geração, não fossem encontrar alguma coisa mais palpável para acabar com o desafeto barbudo.


Assim, tiveram que penetrar em terreno minado cada vez mais.


Por óbvio isso seria fatal pra muita gente amiga. E foi. Caíram o Presidente da Câmara, ministros, políticos tradicionais e empresários e empresas.


Na busca de destruir o inimigo os golpistas já fizeram mais baixas entre gente aliada do que qualquer um poderia supor.


O problema maior é que, para executar o assassinato político do ex-presidente, foram obrigados a usar armas que, com facilidade pode se voltar contra si mesmos: a mídia e a Lei, não que as armas sejam tão corretas que possam surpreender os que as usam, mas porque são de outra origem, não são do ramo “negociatas políticas tradicionais” e a pouca experiência virou tragédia.


O fogo que consome a alma política do atual presidente não foi fruto da imparcialidade, mas, consequência das múltiplas variáveis de se mexer com o imponderável.


Embora a mídia use expressões que tentam continuar atingindo Lula (repetir ao público que o que atingiu Temer foi uma delação é uma forma de tonificar as delações contra Lula, esquecendo que contra Temer as delações são acompanhadas de sólidas provas e contra Lula não) o estrago já está feito.


Nelson Rodrigues dizia que toda unanimidade é burra e poderíamos acrescentar que, toda generalização também.


No desespero de atingir a esquerda, se generalizou a ideia de que todo aquele que chega ao poder é corrupto, e isso, além de injusto é uma burrice, pois os golpistas perderam o poder de restringir o território de ação da Polícia e o salve-se quem puder assumiu a agenda dos que investigam.


Não fosse o Brasil composto por um dos povos mais passivos do mundo e todo o plano já estaria irremediavelmente perdido.


Fosse em algum lugar onde o povo assume o protagonismo, o presidente já teria sido escurraçado como junto com seus pelegos.


A sorte dos golpistas, é que governam moscas mortas.





Prof. Péricles

quarta-feira, 17 de maio de 2017

BAIONETAS



A baioneta era uma arma letal. Espécie de punhal ou sabre que se encaixava no bocal do fuzil tornando-se uma espécie de lança.


Foi muito usada na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e também, muito temida, pois produzia ferimentos capazes de provocar uma morte lenta e dolorosa, tão dolorosa que, um acordo extraoficial entre as partes envolvidas na guerra baniu seu uso nos campos de batalha.


Mesmo envolvidos no mais sangrento conflito militar, a angustiosa imagem de soldados agarrados às vísceras totalmente expostas, com dores lacinantes (anestésicos eram raros) e morrendo aos poucos de hemorragia forçou um acordo não assinado.


Normalmente até nas guerras há espaço para algum tipo de ética e é possível valorizar o que seja moral mesmo no terror.


No Brasil, faz algum tempo que se assiste a uma verdadeira guerra. Não uma guerra no sentido bélico da palavra. Não há tiros nem batalhas, mas é uma guerra igualmente sórdida decretada por forças políticas e econômicas cujo objetivo é recuperar o poder do qual foram afastados em 2003.


Como em toda guerra a primeira vítima é a verdade, só que, essa guerra em especial, tem demonstrando uma sanha assassina de verdades que assusta a qualquer um que a examine de forma um pouco mais atenta.


Verdadeiros bombardeiros acusatórios estão sendo usadas e produzindo vítimas que sucumbem após violentas dores, não exatamente físicas, de vísceras expostas, mas da honra e da credibilidade.


Não existem convenções, nem ética, nem moral. Vale tudo, até mesmo vilipendiar a memória de pessoas recentemente falecidas.


A exposição do nome da esposa do ex-presidente é um golpe de baioneta dos mais pérfidos e rasteiros.


Acreditando ter o apoio da massa fácil de ser manipulada pela propaganda e ainda, ter o controle dos meios judiciais, um exército de fazer inveja a Átila, exercita sem o menor pudor sua capacidade de criar fatos e “verdades”.


Não são o flagelo de Deus como se dizia do líder dos Hunos, mas o flagelo do que se entende por ética.


Nessa guerra cuja maior vítima é o próprio país, humilhado lá fora e mergulhado numa crise cada vez maior, literalmente, vale tudo para atingir o líder maior “do inimigo”, independente do que seja ou não verdadeiro.


Ninguém poderia imaginar que as baionetas da perversidade, dos tipos e dos teclados, dos meios lícitos, ilícitos e eletrônicos pudessem produzir dores tão atrozes quanto as baionetas de metal.


Alguém deveria ceder ao bom senso e estipular limites à loucura, ou vamos todos marchar para a nossa batalha final, que, talvez, já tenha até mesmo sido perdida.



Prof. Péricles