quinta-feira, 24 de novembro de 2016

RESPEITO E TAPA NOS BEIÇOS

Criança peralta quando pega fazendo traquinagem costuma ficar sem jeito. Carinha de anjo, mãos para trás, faz aquele jeito único que a gente entende como “envergonhada” e acaba achando bonitinho embora mantendo uma faixada de austeridade.


Carregamos isso pela vida e costumamos sentir aquele mal-estar envergonhado quando percebemos que estamos no lugar errado ou cometendo gafes.


A esquerda brasileira sempre se sentiu muito bem no papel de oposição. Afinal, nesses pouco mais de 500 anos de história o país sempre foi governado pelas elites e para as elites.


Seu maior representante, o Partido Comunista Brasileiro, em seus 94 anos de existência esteve mais de 60 anos na clandestinidade.


Sim, teve o período final do governo Vargas e a aproximação dos sindicatos com Jango em seu curto governo como presidente de fato da república, mas, sabemos bem como esses períodos históricos terminaram... tentativas de golpes, simulação de atentados e golpes que impossibilitaram os avanços populares que se pretendia.


Nos 14 anos de governo PT a grande novidade foi essa, apesar de não se caracterizar objetivamente como esquerda tradicional e seus anseios históricos, o PT, definitivamente, significava a coisa mais à esquerda que já chegou ao poder no Brasil um dia.


Talvez o maior problema dos governos petistas tenha sido justamente a falta de prática em ser situação. Apesar de Lula dizer que é muito bom ser presidente esses governos nunca se sentiram realmente à vontade no poder.


Jamais se viu uma preocupação em responder com a mesma força as agressões sofridas pela mídia, por exemplo.


Se reproduz, de certa forma, o imaginário que considera o “doutor” digno de todo o respeito, mas pobre...


A falta de uma resposta à altura não foi apenas uma opção de elegância dos governantes de esquerda, foi falta de uma política voltada à divulgação para o que se estava fazendo e a quem isso incomodava.


Até hoje ainda se trata a maior emissora golpista do país com uma generosa dose de relação democrática e respeito de apenas uma mão.


Os abusos verbais e simbólicos cometidos por aqueles que jamais fariam isso com os senhores da Casa Grande, nunca receberam por parte das forças dirigentes a resposta devida.


Nunca se exigiu respeito.


Lula foi e é tratado até hoje como um zé ninguém, as vezes até como um marginal, e nem a expressão “ex-presidente” é utilizada quando falam do seu nome.


Respeito é uma coisa que se exige entre os poderes. Não é favor de ninguém, nem pauta a ser trabalhada por qualquer jornalista de plantão.


No Rio Grande do Sul, de forma popular, se diz que respeito e tapa nos beiços coloca tudo nos eixos.


Faltou respeito e nunca teve tapa nos beiços por parte dos governos do PT.


Sobraram luvas de pelica e faltou Brizola nas reações da esquerda brasileira.


De certa forma os governos do PT, de esquerda ou centro-esquerda, agiram, durante toda a crise, como crianças pegas no lugar que não deveriam estar, e, sem jeito, baixaram os olhos e pediram desculpas.



Prof. Péricles

Nenhum comentário: