segunda-feira, 22 de agosto de 2016

TRISTE ENCERRAMENTO DAS OLIMPÍADAS DO RIO


Publílio Siro foi feito escravo da República Romana na Síria, no primeiro século antes de Cristo, e enviado, ainda muito jovem, para a Itália. Revelou um talento tão grande para entender e explicar a vida, que seu senhor se tornou seu fã, libertou-o e lhe financiou toda a educação possível em sua época.


Tornou-se escritor, um dos maiores escritores latinos, cujas obras vivem até hoje.


Pois assistindo a cerimônia de encerramento das Olimpíadas do Rio de Janeiro, acabei lembrando dele.


Publílio disse, em uma de suas obras, que “os ouvidos suportam uma injustiça com mais facilidade que os olhos”.


Recordei o rosto faceiro de Lula quando depois de uma árdua disputa com países mais estruturados do que o nosso para grandes eventos, anunciou que as Olimpíadas seriam no Rio de Janeiro.


A dedicação de Lula para que as Olimpíadas fossem aqui foi decisiva para o que, na época, a mídia internacional descreveu como grande vitória política de um país em ascensão e que ocupava novo patamar entre as nações soberanas. 


Era, diziam organizações como o “Times”, uma grande demonstração de prestígio que o Brasil alcançava no mundo.


Lembrei também do jeito simples de Dilma Rousseff ao lado do então ministro dos esportes Aldo Rebelo. anunciando a criação do “Bolsa Atleta”, uma parceria entre o seu Ministério dos Esportes e as forças armadas para preparar melhor o jovem brasileiro que precisasse de apoio para se preparar minimamente para enfrentar os desafios dos jogos, algo inédito nos mais de cem anos de participação do Brasil nas Olimpíadas.


Então, ao perceber toda aquela festa colorida sem a presença e sequer menção aos nomes de Dilma e Lula, achei tudo muito triste e entendi melhor Publílio Siro.


A injustiça quando exposta aos olhos, mesmo que na forma de omissão, dói muito mais profundamente.


Imagino o quanto não terá doido em Dilma e Lula não poder, por força da repressão de um golpe, colher aquilo que plantaram com tanta dedicação.


É fato que todos aqueles capazes de se indignar com essa injustiça devem lutar pelo restabelecimento da verdade.


Afinal é também desse grande escritor latino outra frase dolorosamente verdadeira: “Calando-te sempre, darás lugar à injustiça”.


Prof. Péricles



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