sábado, 23 de janeiro de 2016

HORIZONTE CONFUSO


A geopolítica internacional frequentemente é comparada a uma partida de xadrez, onde as nações buscam a melhor posição no complexo cenário das relações internacionais.

E o tabuleiro atual nos mostra um quadro de forte tensão.

Os principais movimentos que levaram ao quadro atual foram:

01. Crise econômica atinge a China, e a china, hoje, é um gigantesco elefante que tentamos guardar dentro de casa. É incompreensível, toma todos os espaços, mas gostamos de pensar que a entendemos. O ano de 2015 apresentou a menor taxa de crescimento desse país em muitos anos seguidos de aceleração.

02. A entrada da Rússia de forma direta no conflito da Síria: as ações de um exército poderoso na região, uma espécie de estranho no ninho, ameaça diretamente os interesses dos Estados Unidos e Israel que sempre apostaram na queda de Bashar AL-Assad e na posse de um governo fantoche, ou, pelo menos, amigo.

03. Aos planos prejudicados no Oriente Médio por Putin, acrescente-se a insatisfação em Israel com a assinatura de um acordo entre Irã e Estados Unidos que reabilita o governo de Teerã e permite que esse país cresça substancialmente de importância na região que, normalmente, Israel considera seu quintal.

04. A decisão da Arábia Saudita de atingir diretamente a economia de seu arqui-inimigo, o Irã, produzindo petróleo em uma quantidade acima do consumo e dessa forma, força a queda do produto. Além do seu alvo, o Irã, essa política da Arábia Saudita provoca instabilidade e desconforto no mundo inteiro.

05. A intenção de Vladimir Putin de negociar o petróleo que vende, aceitando como pagamento ouro em vez do petrodólar ameaça jogar os Estados Unidos numa crise inimaginável, que certamente, puxará junto a Europa. Se a Duma (Parlamento Soviético) autorizar Putin a seguir em frente, estaremos diante de uma situação que transformar dramaticamente toda a “cara” do mundo moderno, pois é com o petrodólar que os Estados Unidos têm mantido sua hegemonia apesar de todas as crises políticas e econômicas recentes..

Quais serão os próximos movimentos no tabuleiro?

O melhor de todos os caminhos, sem dúvida, seria uma tentativa séria e global para a solução do problema da Síria, organizada pela ONU. Apertando Bashar AL-Assad e os grupos rebeldes, é possível isolar o EI, reconciliar o país e afastar Estados Unidos, Israel e OEA. . A pacificação da Síria é hoje o caminho mais seguro para a manutenção da paz internacional.

Mas, infelizmente o caminho da retaliação não está descartado.

É provável uma intervenção militar de Israel no oriente Médio. Seria uma tentativa de criar constrangimento à presença da Rússia. Os efeitos colaterais é que são imprevisíveis.

Mas, talvez o que mais deva nos preocupar é que, em ano eleitoral, os estados Unidos podem tentar uma jogada de mestre para escapar do cheque mate russo e, como sabemos, estratégias arriscadas trazem os riscos de consequências inesperadas.


Prof. Péricles



Um comentário:

inapiario disse...

Espetacular análise e conhecimento do assunto. Vamos torcer, é o que nos resta.