terça-feira, 10 de novembro de 2015

O ÉDEN AMEAÇADO

Templo de Palmira foi destruído


Mesopotâmia, terra entre rios. Um dos berços da humanidade.

Terra de muitos povos que surgiram, floresceram e desapareceram, mas deixaram sua marca e seu legado.

Tudo testemunhado pelos rios Tigre e Eufrates e seus vizinhos como a Palestina do Rio Jordão e o Egito, a terra dos faraós.

Ali a humanidade aprendeu a escrever em cuneiformes gravados em tabletes de argila, tão antigos quanto os hieróglifos egípcios.

E foi em escrita hieroglífica que ficou registrado o mais antigo código de leis conhecido pelo homem, o Código do grande rei Hamurabi.

“Eu, Hamurabi, pela vontade dos deuses rei de toda a mesopotâmia...”

Suas velhas cidades assistiram o esplendor de povos que cultuavam o prazer do agora e buscavam fazer da vida o melhor passatempo possível.

Segundo os autores bíblicos foi ali que um dia Deus criou o Jardim do Éden, os homens construíram a Torre de babel e onde duas cidades, Sodoma e Gomorra, foram completamente destruídas pela ira de Deus.

Muitas de suas maravilhas, como os Jardins Suspensos da babilônia já desapareceram, muitas outras ainda são perceptíveis através de ruínas e outras ainda estão para serem descobertas.

Mas a Mesopotâmia e seus arredores fica na região mais conflituosa do globo. O Oriente Médio, mais especificamente o Iraque, destruído pelos Estados Unidos e aliados, a Síria, o Irã, o Afeganistão.

Aqui a perversidade anda de mãos dadas com a intolerância e no rastro de exércitos muito mais cruéis do que foram um dia os Assírios do rei Sargão II, os tesouros de sua história convivem com a ameaça de agressão.

A Rússia há algumas semanas entrou no conflito pois o “faz de contas” dos Estados Unidos de combater o tragicômico EI já ameaçava diretamente o governo de seu aliado Bashar al-Assad.

Sem fazer de contas a aviação russa em três semanas destruiu mais da força militar do EI do que EUA e aliados em mais de ano.

Mas os misseis não distinguem os tesouros humanos de seus objetivos, quando lançados, por isso Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores russo, pede que a UNESCO (órgão da ONU para Educação, Ciência e Cultura), envie peritos para a região para avaliar os danos causados pela guerra ao patrimônio cultural e mapear, com clareza, as regiões de interesse histórico mais importantes e que precisam ser preservadas.

Diga-se de passagem, essa é uma súplica antiga de historiadores do mundo inteiro. 

Historiadores norte-americanos chegaram a entregar por escrito uma carta de recomendação ao presidente Barak Obama, assinalando os pontos mais importantes a serem preservados mas, ao que parece, não foram levados em consideração pelos senhores da guerra.

A questão é urgente como demonstra à demolição do templo de Palmira uma antiga cidade semita de muitas histórias, situada num oásis na província de Homs, a 215 km de Damasco, capital da Síria.

Palmira foi declarada Patrimônio Mundial da UNESCO, mas nem por isso o Estado Islâmico deixou de dinamitar vários lugares, incluindo os antigos templos de Baal (divindade máxima dos mesopotâmios) Marduke e Baalshamin, de onde veio a expressão Belzebaal, ou Belzebu, dos hebreus.

O pedido do Ministro Lavrov tem como base jurídica a Convenção das Nações Unidas de 1954 sobre a proteção de bens culturais em caso de conflito armado.
Os esforços da Rússia para o desenvolvimento das relações culturais entre os países do mundo no âmbito do trabalho da Unesco estão prejudicados por medidas discriminatórias de certos governos para quem os interesses estratégicos e econômicos superam em larga margem os interesses culturais, afirma o Ministro.
Espera-se que os deuses antigos orientem os passos daqueles que, como herdeiros da cultura milenar deixada pelos mesopotâmios, têm a tarefa intransferível de protege-la.


Prof. Péricles

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