Estado Islâmico toma Kirkut |
Noite alta na província de Kirkut, Iraque.
Normalmente a população dorme na madrugada. Mas não no Iraque.
Os habitantes que não puderam fugir ou resolveram tentar a sobrevivência após a chegada do Estado Islâmico ouvem um som de um avião.
Um som abafado, mas que aumenta de volume de forma constante.
Alguns corajosos erguem os olhos para o céu, afinal, pode ser, quem sabe, uma aeronave da Cruz Vermelha que joga mantimentos e remédios de paraquedas que se perdeu do destino e tenha chegado só agora... quem sabe?
Os olhos escondidos atrás das janelas percebem que o avião vira suavemente para a esquerda e diminui a altitude.
Já na parte oeste da cidade, fortemente dominada por milicianos armados do EI, soltam algo, de paraquedas, mas, definitivamente não é mantimentos.
O povo de Kirkut conhece todas as caixas, lonas e adágios referente à mantimentos.
O povo de Kirkut convive com isso há quinze anos, tempo suficiente para diferenciar se a caixa traz alimentos ou armas.
E aquelas caixas são sim, de armas e munições.
A operação é rápida. Em menos de quatro minutos duas dezenas de caixotes são jogados nos braços do EI. Armas para mais mortes. Alimento para a fome interminável de vidas daquele grupo de bandeira e coração negros.
O avião leve, não planador, mas cargueiro, refaz a curva agora para a direção leste e inicia a ação para ganhar altitude.
Talvez por um descuido do piloto, a subida é lenta demais, ou talvez não acreditem que possam ser identificados.
O fato é que os olhos apavorados por trás das janelas e embaixo dos cobertores percebem nitidamente a identidade da aeronave... USA Army.
Golpe fatal em quem acredita nos filmes hollywoodyanos em que os norte-americanos são os “mocinhos” do mundo, gladiando-se contra vilões pela liberdade e em favor dos mais fracos.
Em Hollywood, talvez. Nas páginas dos jornais do ocidente, com certeza.
Mas não na vida real. Não em Kirkut, Iraque, numa província esquecida por Alá.
Em Kirkut todos sabem quem arma, fortalece e enriquece o EI.
Todos lembram como tudo começou.
No Iraque, todas as lendas já morreram.
Prof. Péricles
No Iraque, todas as lendas já morreram.
Prof. Péricles
Nenhum comentário:
Postar um comentário