sábado, 19 de dezembro de 2015

UM EGÍPCIO PERIGOSO

Simon Metz o mais famoso micro-encefálico
Ele não é cidadão brasileiro, embora a maioria dos brasileiros pensem o contrário.

Faz parte do pacote de tragédias que o país paga pela grande desgraça da escravidão, já que chegou aqui junto com os escravos, em navios negreiros, em algum momento dos anos 1500.

Na verdade, ele é egípcio, mas sem o charme e o interesse das grandes realizações desse país, numa passado distante.

O Aedes aegypti é um dos mosquitos mais fatais e temidos do mundo, transmissor de doenças como a dengue, a febre amarela, a febre chikungunya e o vírus zika.

Em paralelo, aparentemente responsável pelo crescimento de má formação dos bebês, com a microcefalia, provocada pelo vírus zika.

Permaneceu discreto e matando em silêncio até ser descoberto em 1762 e reconhecido como um inimigo mortal em 1818.

Acredita-se que na grande campanha contra a febre amarela, no início do século XX, ele tenha sido derrotado e erradicado do país, com o uso decisivo de inseticidas químicos.

Mas, ele voltou.

Foi novamente identificado nos anos 80, numa nova leva originária, provavelmente, de Cingapura.

Porém, dessa vez o buraco é mais em baixo.

O inimigo ao longo das gerações posteriores às da febre amarela, e pelo uso indiscriminado de nossa parte de produtos químicos, criou resistência aos inseticidas químicos.

Se borrifar na cara dele, ele come como sobremesa.

Ele pediu revanche, e parece que, dessa vez, veio preparado para nos derrotar.

Segundo o Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), que se baseia em dados dos meses de outubro e novembro de 2015 e acumula informações de 1.792 cidades, um total de 199 municípios brasileiros estão em situação de risco de surto de dengue, chikungunya e vírus zika devido à presença significativa do Aedes aegypti.

A classificação, feita com base em dados reunidos pelo Ministério da Saúde, leva em conta o fato de que em mais de 4% das casas visitadas nesses locais foram encontradas larvas do mosquito.

O Ministério da Saúde identificou ainda, um primo próximo do aegypti, muito perigoso, o aedes albocictus, que também transmite a chikungunya e o vírus zika.

Portanto, além de querer vingança, o danado ainda trouxe reforços da própria família.

A luta, parece, está apenas começando.

Mas uma vez o Brasil se vê às voltas com uma doença típica da falta de educação que nega ao seu próprio povo, pois, assim como outras doenças propagadas pelos mosquitos, é a falta de cuidados e de higiene o maior responsável pela multiplicação dos casos das doenças.

Água parada e suja (água corrente ou limpa o egípcio detesta) deve ser evitada a todo custo.

Cuidados com o lixo e o descarte do que já não será mais útil, porém serve de berçário às larvas do mosquito, como pneus velhos, garrafas, etc., são fundamentais.

São coisas aparentemente simples, mas distantes do policiamento do estado e que exigem a participação da cidadania.

É possível vencer a ameaça, não com o uso de armas poderosas como os inseticidas químicos, mas através de um processo muito mais humano, definitivo e sem contraindicações: a educação.


Prof. Péricles





Nenhum comentário: