domingo, 3 de novembro de 2013

SÍRIA, NÃO É TÃO SIMPLES



O mundo nunca foi tão informatizado como agora. As notícias se espalham com a velocidade de clics e numa intensidade quase imediata aos fatos.

As pessoas acabam convencidas da qualidade da informação e de sua atualização graças à conexão com o mundo.

Se tudo isso é verdade, também não é menos verdade que, nunca a informação foi tão vigiada (vide as revelações sobre a espionagem americana e a espionagem européia via Reino Unido) e deturpada. Dominar o que circula pela internet e selecionar a informação de acordo com seus interesses virou a obsessão dos governantes e das elites.

Em consequência temos uma população global que nunca foi tão informada e também que nunca foi tão mal informada.

A coisa toda é tão bem feita que, a maioria do público acaba repetindo conceitos e opiniões da mesma maneira que as colheram da rede, como se ela fossem despidas de outro interesse que não seja meramente, informar.

Goebels, chefe de informação do Reich, dizia que uma mentira repetida cem vezes vira uma verdade. Hoje, poderíamos adaptar a afirmativa dizendo que uma mentira compartilhada pode virar uma verdade e se dita por um âncora televisivo de olhar sério ao lado de uma moça fazendo careta de preocupada, mais ainda.

Quando a OTAN ameaçava atacar a Líbia de Kadaffi trouxemos aqui para o Blog algumas informações sobre a Líbia que deixou muita gente chocada. Nas aulas, muitos manifestaram até uma certa descrença.

Da mesma forma que fizemos no caso da Líbia, relacionamos a seguir alguns fatos interessantes sobre a Síria, na nossa sessão “Você sabia?”.

São algumas informações importantes para quem deseja formar uma opinião sobre apóiam uma eventual interferência militar dos Estados e seus aliados e se o governo de Bashar AL-Assad merece ou não ser esmagado.

Um conflito na Síria carrega uma ameaça de internacionalização trazendo um perigo real para a paz mundial, tendo em vista que o país é o ponto forte dos interesses estratégicos da Rússia e da China. Vale à pena?

Tire você suas conclusões, mas antes, reflita se você sabia:

- A família Assad pertence à corrente mais tolerante da religião islâmica, a orientação Alawid. As mulheres sírias têm os mesmos direitos que os homens ao estudo, à saúde e educação.

- A síria é o único país árabe com uma constituição laica (totalmente independente da religião) e não tolera os movimentos extremistas islâmicos. As mulheres não são obrigadas a usar Burca.

- Cerca de 10% da população síria pertence a alguma das muitas confissões cristãs presentes desde sempre na vida política e social. Noutros países árabes a população cristã não chega a 1% devido à hostilidade sofrida.

- A Síria é o único país do mediterrâneo que continua proprietário da sua empresa petrolífera, que não quis privatizar.

- Antes dessa guerra civil era o único país pacífico da zona, sem guerras nem conflitos internos.

- Na denominada “Gerra dos Seis Dias” em 1967, Israel invadiu o território Sírio e ocupou as belíssimas Colinas de Golan, e lá permanecem até hoje, mesmo havendo uma resolução da ONU para que sejam imediatamente desocupadas (é que os amigos dos Estados Unidos não precisam obedecer a ONU).

- Nas Colinas de Golan Israel desenvolveu uma indústria leve de ótima qualidade a partir de uma mão-de-obra (israelense) muito bem paga, tão bem paga que tornaram-se opositores à qualquer processo de paz, pois a paz obrigaria a retirada israelense da região e a perda de salários tão elevados.

- A Síria é o único país árabe sem dívidas ao Fundo Monetário Internacional.

- Foi o único país do mundo que admitiu refugiados iraquianos sem nenhuma descriminação social, política ou religiosa.

- Bashar Al Assad tem um suporte popular extremamente elevado. Os especialistas o consideram imbatível numa eleição livre e democrática.

- O país possui uma reserva de petróleo de 2500 milhões de barris, cuja exploração está reservada a empresas estatais, e isso irrita profundamente os senhores do petróleo do mundo.

Já se falou isso na grande mídia? Quem sabe agora, com esses novos elementos, a gente entenda melhor porque tanto interesse do ocidente em “proteger o povo contra Bashar AL-Assad e suas armas químicas”.

Temos que estar alertas para não permitir que nossos conceitos sejam formados com o conhecimento apenas de fatos parciais que embasam um posicionamento. E lutar para manter o nosso direito de livre pensar.

Prof. Péricles

Nenhum comentário: