Ninguém
propala sua inveja em relação a outro aos quatro cantos.
Ao contrário,
com exceção dos ataques agudos de inveja, o invejoso disfarça como pode, pois, teme
que sua inveja sirva como um atestado de inferioridade.
Por isso, o
invejoso nega sua própria inveja.
Mas, algumas
invejas são tão intensas que nem o porão mais escondido na alma consegue
disfarçar.
É o caso da
deusa Atena em relação à Aracne.
Aracne era uma
tecelã talentosa. Todos admiravam sua habilidade.
Fiava com mãos
mágicas e os elogios que recebia eram sempre intensos e verdadeiros.
Certo dia, ao
buscar sua encomenda, um rico homem de negócios de passagem por aquelas bandas
ficou tão encantado com o trabalho de Aracne que comentou “só Atena seria capaz
de criar algo mais bonito que isso”.
Sabe como são
as tecelãs... Aracne ficou indignada com a observação e disse que se pudesse
desafiava Atena para um duelo de tecelagem para ver mesmo, ora bolas, quem era
a melhor.
Todos tentaram
tirar isso da cabeça da guria, pois, as deusas gregas eram conhecidas pela sua
irritabilidade e falta de espírito esportivo, quando perdiam, claro.
Mas, as
palavras chegaram aos ouvidos da poderosa deusa que de repente, apareceu
trazendo consigo dois teares para enfrentar o desafio.
Amigos de Aracne
suaram frio, pois sabiam que aquilo não iria terminar bem. Mas Aracne, com a
confiança que só a vaidade dá, permaneceu desafiadora.
As duas
começaram a trabalhar dando o máximo possível no que faziam.
Muitas horas
depois Atena olhou o que a rival fazia e teve que reconhecer que o talento da
mortal era extraordinário e maior que o seu.
Mas, bem capaz
que Atena aceitaria sair daquilo derrotada.
Mulheres... ou
melhor, Deusas...
Bem, a esperta
divindade passou a bajular a rival. Reconheceu que ela até tecia bem e poderia
vir a ser muito boa mesmo.
“Amiga, tenho
uma proposta pra te fazer”.
E propôs que
as duas acabassem agora o desafio já que ela, Atena, era uma deusa muito
ocupada e tinha compromissos urgentes no Olimpo, mas, que se a moça aceitasse
deixar pra lá, no zero a zero, ela a transformaria na maior tecelã de todos os
tempos, e que seria incomparável a qualquer outra.
Aracne,
ingênua, aceitou e a temida deusa a transformou numa aranha (de onde vem aracnídeo).
É o caso
também de FHC.
FHC que no
tempo da ditadura era considerado uma estrela da esquerda, lá no conforto
distante das lutas, e que sempre foi reconhecido como um intelectual, governou
o Brasil por oito anos.
Seu governo
foi frágil.
Seguindo a
receita neoliberal, privatizou empresas públicas, e privatizou mal, sem nenhuma
vantagem concreta ao país.
A inflação
chegou a 70%, os salários congelaram (dos funcionários públicos literalmente
congelaram) e a distância entre ricos e pobres só aumentou, como sabemos ser
consequência das políticas neoliberais.
Não se criou
nenhuma faculdade, nenhuma reforma estrutural no país em nenhum setor
estratégico.
O pobre
continuou pobre, e até mais pobre e essa população não guarda nenhuma saudade
do “príncipe dos sociólogos”.
Quem elogia
FHC e acredita nas suas explicações são seus correligionários e a mídia, mas
FHC é vaidoso. O que ele queria mesmo era a admiração do povo.
Lula tem apenas
o ensino fundamental.
Líder sindical
sempre foi desdenhado por supostos erros de concordância e completa falta de
lustro intelectual.
Lula também
ficou oito anos no governo, mas, nesses oito anos promoveu políticas sociais de
intensa repercussão entre os mais pobres.
O Fome Zero, o
Bolsa Família, Luz Para Todos e os programas na área de ensino fazem de Lula um
ídolo entre os miseráveis até de fora do Brasil.
FHC como bom
invejoso não fala isso, nem jamais falará, mas lá dentro, caramba como deve
doer a inveja!
Ele sabe quais
serão os comentários nos livros futuros de história quando a mídia amiga não
mais poder defende-lo. Sabe que, inevitavelmente os dois governos serão comparados.
Ele sabe, e isso dói no intelectual vaidoso, mais até do que no político.
Se pudesse,
ele faria como Atena, proporia pra Lula deixar pra lá as disputas e se tivesse
poderes da grande deusa, transformaria Lula num sapo barbudo.
Mas, não pode.
Por isso,
silenciosamente, está por trás de toda a sanha golpista dos últimos meses.
Não é por
ideologia ou por motivos conceituais.
Porque assim como Atena, FHC também não sabe perder.
Pura
inveja.
Prof. Péricles