sábado, 18 de abril de 2015

HITLER, O VERDADEIRO FINAL



A verdade.

Hitler apercebeu-se da derrota iminente e engendrou um plano de fuga aproveitando-se de um acordo celebrado com os Estados Unidos para facilitar a saída dos cientistas americanos que estavam ao serviço do nazismo.

Hitler se mudou para Espanha e depois para a região argentina da Patagônia, onde ficou com a companheira Eva Braun num submarino protegido pelo presidente da Argentina e pelo ministro da guerra do país naquela época.

Depois, quando Juan Perón chegou ao poder e durante os dois primeiros mandatos do argentino, Hitler passou a esconder-se numa fazenda em Bariloche com o nome Adolf Schütelmayor. Mas esta fazenda foi destruída, o que obrigou Hitler a refugiar-se no Paraguai, então sob a alçada do ditador Alfredo Stroessner.

Quando morreu, o corpo foi enterrado num bunker.

O ditador tinha ligações com o ocultismo e com entidades internacionais que o guiaram durante a guerra.

Hitler não pertencia diretamente às sociedades ligadas à ciência do oculto, como a Thule. Mas muitos membros do seu governo faziam parte desse universo. Eles não tomaram a guerra como uma contenda entre duas partes, mas como um grande episódio de transmutação da humanidade".

A sociedade Thule dedicou-se ao estudo das raízes alemãs e apoiou o Partido Trabalhista Alemão, mas dissolveu-se quando Hitler chegou ao poder. Ainda assim, estas relações estão por trás da sobrevivência do ditador a muitos dos atentados, sorte que muitos dizem ter sido um "pacto com o diabo".

Esta é a teoria de Abel Basti, um escritor e jornalista argentino que se tem dedicado a criar a série histórica “O homem que venceu a morte”, centrada na figura de Hitler no final da II Guerra Mundial.

Para realizar esta série, Abel Basti estudou muitas obras não ficcionais sobre o dirigente nazi. Segundo o escritor, Hitler considerava-se um ser divino. Algo que está espelhado no comentário que o ditador proferiu em 1925:

"A obra que Cristo começou e não pode acabar, eu - Adolf Hitler - vou levá-la a seu termo".


Prof. Péricles

quinta-feira, 16 de abril de 2015

MORTE, UM CASO DE VITÓRIA



Por Liszt Rangel

Apesar de fazer muito tempo... Eu nunca mais esqueci de dona Juliete, 68. Ela chegou e se apresentou após uma palestra. Pelos olhinhos inquietantes, estava querendo muito falar. Mas depois que começou a sua narrativa, o seu rosto pesou e foi visível a sua tristeza. Fora diagnosticada com câncer na tireoide, um tumor do tamanho de um pequeno limão. Os médicos não lhe deram mais do que entre 4 e 8 meses, após tratamento. Foi aí que ela me perguntou:

- Que faço?
Eu lhe respondi: - o melhor!
Ela me disse: - Não sei o que é o melhor?
Eu lhe esclareci: - Aquilo que nos faz bem, que nos deixa leves, livres...
- Mas não há mais tempo, - obtemperou ela.
Eu lhe respondi sorrindo, para provocá-la (sim, porque, muitas vezes, as pessoas precisam ser provocadas através de um choque), - A senhora ainda tem quatro meses, e eu posso ter apenas doze horas!
- Como assim? - indagou ela.
- Posso sair daqui e sofrer um acidente de carro ou infarto, esclareci.
- Meu Deus, que horror! Falou ela
- A diferença entre nós dois, dona Juliete, é que a senhora já comprou o bilhete do trem e daqui há quatro meses se o trem não atrasar, a senhora vai viajar. Quanto a mim... não sei quando vou, serei pego de surpresa e isto não é bom, porque chegamos na estação sem mala alguma.

Ela pôs-se a chorar. Quando parou, disse-me que tinha duas grandes mágoas da vida.

"Eis o problema, - pensei comigo - guardamos comida podre na geladeira e depois perguntamos porque adoecemos. É claro comemos coisas estragas por muito tempo, o que há de se esperar?"

Então, perguntei:

- Quais mágoas?

A primeira foi relacionada ao marido que a traía com a sua melhor amiga! Durou mais de 30 anos.

A segunda mágoa era da filha que a maltratava em casa...

Eu fiquei calado, pensando o que diria àquela mulher que podia ser minha mãe. Sabe, não é fácil falar a quem está perdendo na vida, porém admito que o pior é não mostrar ao outro o quanto ele está perdendo, o desafio é maior, é tentar apresentar a ele uma nova perspectiva de vitória, aprender a se tornar melhor com a dor ao invés de arrastar toda a família para uma crise existencial e repetitiva de doenças. Para mim, é tudo ou nada! Não aceito pessoas indiferentes! Como diria o estranho Paulo de Tarso, "quente ou frio, nunca morno!" Então, não dá para ficar assistindo e ainda aplaudindo o espetáculo do horror! Ela estava doente e não importava agora a origem de sua dor, apesar de haver a possibilidade na mágoa, na simbologia do "nó preso na garganta" estar relacionada à doença. Segundo, a psicossomática esta energia retida, traumatiza o corpo, adoece e pode matar!

Então, tomei coragem e lhe perguntei: - a senhora acredita em algo em sua vida? Ela me disse que sim, que acreditava em uma vida além da morte. As pessoas precisam ser respeitas em suas crenças e convicções, até porque muitas vezes foi nelas que elas se agarraram e até se alienaram.

Aproveitando esta deixa, falei:

- Bem, para a senhora, se a vida continua o que nos interessa agora e no além não é porque a senhora sofre, mas como a senhora vai enfrentar a dor e a morte. Porque sejamos honestos dona Juliete, aqui ou acolá a senhora deve se preocupar com o COMO e não com o porquê. Se eu e a senhora vamos morrer, então como ficaremos no mundo dos mortos é o que nos interessa. A senhora não acha? Ela balançou positivamente a cabeça...

Agora foi a vez dela me perguntar:

- E como devo então me livrar deste peso da mágoa?

- Primeiramente, respondi-lhe, dialogue com quem lhe magoou. Exponha a quem lhe fez mal, suas queixas para dar ao outro a oportunidade de seu arrependimento e de sua tranquilidade ao abrir-se para o perdão. Caso ele não lhe perdoe, o problema será dele, mas a senhora seguirá mais leve. É preciso se perdoar, dar-se uma chance de verdade para ser feliz e não aquela pela metade em que se fica sabotando.

Ela então, me deixou em uma encruzilhada ao me dizer:

- Mas meu marido já morreu!

- Então, se a senhora sabe que a morte não existe, está na hora das preces e orações que a senhora faz, e nelas começar a dialogar com ele, não ruminando o passado, mas tentando uma reconciliação, um diálogo honesto, com seu coração transparente.

Este é um grande problema que temos. Maliciosos, não somos mais como as crianças, transparentes. Estamos acostumados a ser vistos com crítica e com isso, passamos a representar. Então, lhe dei um reforço na ação:
- Converse com seu Antônio, dona Juliete, pois será melhor que a senhora fale com ele agora do que após a morte. E ele se apresentar na estação para receber a senhora descendo do trem...?

Ela sorriu e me disse, Deus me livre...

Porém ela prometeu se esforçar... Iria dialogar com a filha problemática, falar-lhe das mágoas..., ou seja, ela iria libertar-se das amarras do ressentimento. E eu fiquei torcendo por ela. Porque torcer pela vitória do outro, é torcer pela nossa, pois ele em sua capacidade de superação pode nos ensinar e muito.

Porém dona Juliete, sumiu...

Cinco meses depois ela entrou no salão em que eu acabara de realizar uma palestra. Tomei um grande susto, pois já havia passado o prazo de validade de vida dela e eu a estava vendo. Apavorei-me, achando que ela tinha vindo me cobrar algo do além...

Ela me abraçou e me disse bem feliz, o tumor sumiu! Os exames mostram isso.

Eu chorei ao seu lado. Nos abraçamos demoradamente... E antes que ela se fosse, me disse que havia ficado livre das mágoas, e que agora eram apenas cicatrizes da vida. Então, eu lhe disse:

- Certa feita eu conheci um médico que escreveu um livro maravilhoso e gostaria de lhe dar de presente.

Eu lhe ofereci o livro do Dr. Marco Aurélio, intitulado, "Quem ama não adoece".

Mas na saída lhe disse:

O Dr. Marco Aurélio, adoeceu e morreu, viu dona Juliete!

Ambos sorrimos. Acho que sorrimos do inevitável. A morte! Às vezes é bom dar uma gargalhada para ela... mostrar-lhe que ela não nos assusta.

Quase dois anos depois, recebi a notícia da morte de dona Juliete. Foi dormindo, uma parada cardíaca. Ela se foi e nunca mais a esqueci. Para mim, ela venceu não apenas a doença, mas a morte, pois tornou mais bela e digna a sua vida e tornou tranquilo o seu morrer!

Dona Juliete antes de curar o corpo, curou a alma...



terça-feira, 14 de abril de 2015

OPINIÕES ALUCINADAS

(Departamento de Criatividade Coxinha)

Você gosta de Jiló?

Você apóia o presidente da Síria Bashar al-Assad ou torce para que os rebeldes o derrubem?

Por falar em rebeldes, você queria a queda de Muamar Kadaff da Líbia ou torcia por ele?

Você não acha as Ilhas Seicheles mais bonitas que Serra Leoa?

Você acha que o golpe de 1964 e a Ditadura que ele gerou se justifica para que fosse afastado o Presidente João Goulart que levaria o Brasil ao comunismo?

Será que o Brasil terá que racionar energia ou não?

Opinião, é preciso ter. É justo ter.

Mas em tempos de comunidades sociais, vivemos a síndrome da opinião fastfood.

Opiniões rápidas e passageiras, muitas vezes sem base ou baseadas em achismos.

Nos recentes protestos de rua que foram um fracasso e finalizaram o terceiro turno das eleições, duas opiniões fastfood chamar a atenção.

Numa um cartaz dizia que sonegação não é corrupção e concluía com um “Fora Dilma”.

Ora, Impostos são recursos das pessoas que contribuem para a sociedade e revertem para a mesma sociedade em investimentos estatais. Se sonegar impostos através de fraudes e omissões não é corrupção, o que, então, é corrupção?

Evidentemente a moça queria defender o PSDB de Aécio Neves envolvido na operação Zelotes que apura sonegações gigantescas e apontam para tucanos históricos e empresas defensoras da moral e dos bons costumes.

Melhor seria “Corrupção só que envolva o PT é que vale”.

Já num depoimento colocado no face uma mulher acusa o governo Dilma pelas perdes trabalhistas que envolvem a aprovação do projeto de terceirização.

Mas como, se o PL 4330 é de autoria dos tucanos e se todos os deputados do PT votaram contra?

Isso sem falar naquele outro que diz que intervenção militar é constitucional.

Deixando de lado as “opiniões” mal intencionadas, causa assombro as opiniões alucinadas.

A maioria das pessoas que diz não gostar de Jiló, nunca comeram jiló.

Grande número de pessoas odeia Bashar al-Assad e clama pela intervenção da OTAN para derrubá-lo, da mesma forma que queria que derrubassem Kadaff, sem nunca ter estado na Síria ou na Líbia, não conhecerem suas ações de governo e se aquilo que se diz na Platinada é verdade ou não.

Quase que a unanimidade considera Seicheles (a terra que ricos e podres de ricos passam veraneiam enquanto lavam dinheiro) linda e Serra Leoa horrível sabendo apenas que uma é rica e a outra é miserável, mas sem conhecer suas paisagens geográficas.

Um número considerável de brasileiros concorda que João Goulart tornaria o país comunista, mas jamais leram ou ouviram um só de seus discursos políticos e desconhecem completamente o que seria suas “reformas de base”.

Muitos apostam no apagão sem se informarem dos investimentos e do planejamento do setor.

A formação da opinião da grande maioria das pessoas, na sociedade contemporânea, se dá através da opinião divulgada, sugerida, sutil ou declarada da mídia.

E isso é perigoso, num mundo em que, cada vez mais a mídia desce da arquibancada querendo participar do jogo.

Numa realidade cada vez mais dinâmica, de informação instantânea e de comunicação virtual, as pessoas buscam estar bem informadas, o que é válido, mas se apressam em ter opiniões definitivas, o que é temerário.

Sempre é bom lembrar que, às vezes, o mais inteligente é reconhecer que não sabe o suficiente para formar uma opinião.

Ser esperto não é ter opinião sobre tudo, é ter opinião consolidada a partir do conhecimento dos diferentes ângulos de uma questão, das variedades de ponto de vista e do amadurecimento das idéias.

Fornecer a informação necessária para que as pessoas possam consolidar opiniões, esse sim, é o papel da mídia.

Não temos obrigação de saber tudo.

Por falar nisso, você é contra ou a favor da atual política dos royalties do petróleo brasileiro?


Prof. Péricles

domingo, 12 de abril de 2015

INTOLERÂNCIA


Por Leonardo Boff


O assassinato dos chargistas franceses do Charlie Hebdo recentemente e a última eleição presidencial no Brasil trouxeram à luz um preconceito latente no mundo e na cultura brasileira: a intolerância.

A intolerância no Brasil é parte daquilo que Sergio Buarque de Holanda chama de “cordial” no sentido de ódio e preconceito, que vem do coração como a hospitalidade e simpatia. Em vez de cordial eu preferiria dizer que o povo brasileiro é passional.

O que se mostrou na última campanha eleitoral foi o “cordial-passional” tanto como ódio de classe (desprezo do pobre) como o de discriminação racial (nordestino e negro). Ser pobre, negro e nordestino implicava uma pecha negativa e aí o desejo absurdo de alguns de dividir o Brasil entre o Sul “rico” e o Nordeste “pobre”.

Esse ódio de classe se deriva do arquétipo da Casa Grande e da Senzala introjetada em altos setores sociais, bem expresso por uma madame rica de Salvador: ”os pobres não contentes com receber a bolsa família, querem ainda ter direitos”. Isso supõe a ideia de que se um dia foram escravos, deveriam continuar a fazer tudo de graça, como se não tivesse havido a abolição da escravatura.

Os homoafetivos e outros da LGBT são hostilizados até nos debates oficiais entre os candidatos, revelando uma intolerância “intolerável”.

Para entender um pouco mais profundamente a intolerância importa ir um pouco mais a fundo na questão. A realidade assim como nos é dada é contraditória em sua raiz; complexa, pois é convergência dos mais variados fatores; nela há caos originário e cosmos (ordem), há luzes e sombras, há o simbólico e o diabólico. Em si, não são defeitos de construção, mas a condição real de implenitude de tudo que existe no universo. Isso obriga a todos a conviver com as imperfeições e as diferenças. E a sermos tolerantes com os que não pensam e agem como nós.

Traduzindo numa linguagem mais direta: são polos opostos mas polos de uma mesma e única realidade dinâmica. Estas polaridades não podem ser suprimidas. Todo esforço de supressão termina no terror dos que presumem ter a verdade e a impõem aos demais. O excesso de verdade acaba sendo pior que o erro.

O que cada um (e a sociedade) deve sempre saber é distinguir um e outro polo e fazer a sua opção. O indicado é optar pelo polo de luz, do simbólico e do justo. Então o ser humano se revela um ser ético que se responsabiliza por seus atos e pelas consequências boas ou más que deles se derivam.

Alguém poderia pensar: mas então vale tudo? Não há mais diferença? Não se prega um vale tudo nem se borram as diferenças. Deve-se, sim, fazer distinções. O joio é joio e não trigo. O trigo é trigo, não joio. O torturador não pode ter o mesmo destino que sua vítima. O ser humano não pode igualar a ambos nem confundi-los. Deve discernir e optar pelo trigo, embora o joio continua existindo, mas sem ter a hegemonia.

Para fazer coexistir sem confundir estes dois princípios devemos alimentar em nós a tolerância. A tolerância é capacidade de manter, positivamente, a coexistência difícil e tensa dos dois polos, sabendo que eles se opõem mas que compõem a mesma e única realidade dinâmica. Impõe-se optar pelo polo luminoso e manter sob controle o sombrio.

O risco permanente é a intolerância. Ela reduz a realidade, pois assume apenas um polo e nega o outro. Coage a todos a assumir o seu polo e a anula o outro, como o faz de forma criminosa o Estado Islâmico e a Al Qaeda. O fundamentalismo e o dogmatismo tornam absoluta a sua verdade. Assim eles se condenam à intolerância e passam a não reconhecer e a respeitar a verdade do outro. O primeiro que fazem é suprimir a liberdade de opinião, o pluralismo e impor o pensamento único. Os atentados como o de Paris têm por base esta intolerância.

É imperioso evitar a tolerância passiva, aquela atitude de quem aceita a existência com o outro não porque o deseje e veja algum valor nisso, mas porque não o consegue evitar.

Há que se incentivar a tolerância ativa que consiste na coexistência, na atitude de quem positivamente convive com o outro porque tem respeito por ele e consegue ver os valores da diferença e assim pode se enriquecer.

A tolerância é antes de mais nada uma exigência ética. Ela representa o direito que cada pessoa possui de ser aquilo que é e de continuar a sê-lo. Esse direito foi expresso universalmente na regra de ouro “Não faças ao outro o que não queres que te façam a ti”. Ou formulado positivamente: ”Faça ao outro o que queres que te façam a ti”. Esse preceito é óbvio.

O núcleo de verdade contido na tolerância, no fundo, se resume nisso: cada pessoa tem direito de viver e de conviver no planeta Terra. Ela goza do direito de estar aqui com sua diferença específica em termos de visões de mundo, de crenças e de ideologias.

Essa é a grande dificuldade das sociedades europeias: a dificuldade de aceitar o outro, seja árabe, muçulmano ou turco e na sociedade brasileira, do afrodescendente, do nordestino e do indígena. As sociedades devem se organizar de tal maneira que todos possam, por direito, se sentir incluídos. Daí nasce a paz, que segundo a Carta da Terra, é” a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, com outras culturas, com outras vidas, com a Terra e com o Todo maior da qual somos parte”.

A natureza nos oferece a melhor lição: por mais diversos que sejam os seres, todos convivem, se interconectam e formam a complexidade do real e a esplêndida diversidade da vida.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

CARTA PARA PAPAI NOEL



Olá Papai Noel.

Tá, eu sei que o natal é só em dezembro, mas, como eu quero pedir uma transformação e não apenas um brinquedo, achei que seria justo o senhor ter mais tempo, por isso estou escrevendo agora, em abril.

Papai Noel, queria muito realizar meu atual sonho.

Quero muito, muito, muito... que o senhor me transforme num alienado político.

Puxa Papai Noel, faz tanto tempo que não lhe peço nada. Acho que temos intimidade suficiente para pedir uma força, não é?

Quero muito ser daqueles coxinhas com ar assim de inteligente, sabe como é? Aquele jeitão assim “a mim ninguém engana”. Aquele Papai Noel, que cita Bolsonaro e Olavo de Carvalho...

Tipo assim, sempre foi covarde o suficiente pra ser um bom menino durante a ditadura e hoje chama quem não foi covarde de terrorista.

Pode fazer isso pra mim Papai Noel?

Só assim eu vou suportar ver a injustiça social crescendo no meu país enquanto eu penso que pobre só quer ter filho para ganhar bolsa-esmola.

Só assim eu vou pedir investimentos na educação mas vou criar um feitor de escravos em casa.

É que me dói muito Papai Noel passar por gente arrebentada, na sarjeta, as vezes, como vi hoje, a família inteira na sarjeta. Dói Papai Noel, dói demais, mas, se eu for um alienado político, vai passar. Capaz de até mudar de calçada pra não sujar meu tênis Nike.

E depois Papai Noel, que bonito ver um coxinha assistindo ao Jornal Nacional e ir dormir se achando bem informado. Me emociona e me dá inveja Papai Noel de tão meiga ignorância.

Já eu, as vezes vou dormir e fico pensando naquelas pessoas que eu sequer conheço mas cuja dor dói em mim, como os sem-terra, os sem teto, os sem sonhos...

Eu prefiro acreditar que sou esperto Papai Noel, prefiro mesmo. Mesmo sendo um idiota.

Assim dói menos confundir doente com bêbado, desempregado com vagabundo, menor abandonado como bandido.

Já pensou que legal poder falar indignado da corrupção alheia sem ter que pensar na sua?
Estou lhe pedindo tão pouco. Nem ouso pedir para virar um fascista, daqueles que em bando batem em gays. Isso já seria muito difícil pro senhor porque sei que o senhor também tem estômago, mas, pelo menos, Coxinha o senhor podia me transformar né?

Papai Noel, já pensou que legal olhar alguém e se sentir superior, já pensou?

Atualmente eu não consigo. Eu acho que negro, branco, amarelo, verde, são todos iguais. Até índio eu considero gente e me incomodo com suas dores.

Mas, aquele sorriso de canto de boca dos coxinhas quando olham pobre e se sentem classe média, olham negro e se sentem sinhozinhos... ah Papai Noel, eu invejo toda essa alienação.

A consciência pesa muito e é difícil de enganar. Ter responsabilidade sobre nossas vidas nos toma muito tempo, é muito melhor ver a RBS e deixar que pensem por mim.

A alienação me daria a desculpa de, simplesmente, ser estúpido e por isso, Deus perdoa.

Claro Papai Noel que de dia a gente esmaga crânio mas a noite vai na Igreja, claro. Não vou deixar de cumprir minhas obrigações cristãs... nenhum nazifascista deixou de ser um bom cristão.

Então Papai Noel? Topa? Vai me transformar?

Quero poder daqui a uma semana dizer que a Dilma tirou direitos dos trabalhadores sem lembrar em quem votou na terceirização. É demais isso! É um show! Defender a moral e os bons costumes enquanto ensino meu filho a pegar todas, porque homem que é homem come todas e cai fora... uau!

Marchar nas ruas sentindo o vento conservador e o apelo reacionário, lado a lado com racistas e homofóbicos, sem problema de consciência, porque, afinal, lutamos pela mesma causa... fala sério Papai Noel, não é pra qualquer um.

Desde já agradeço Papai Noel. Vou esperar ardorosamente o dia de natal.

Até lá, vou continuar sofrendo as dores dos outros e a ser chamado de comunista ou de petralha. De professor manipulador e outras coisas.

Não faz mal Papai Noel. Eu suporto.

O pior dos que não têm ética é ver nos outros o seu reflexo.

Tchau Papai Noel.



Prof. Péricles

terça-feira, 7 de abril de 2015

O JESUS HISTÓRICO



Tenho uma amiga que fica braba quando digo que não existe Jesus histórico.

Ela não entende, apesar de bem informada, que, quando dizemos isso não estamos afirmando que Jesus não existiu mas, apenas que, não existem documentações de base histórica sobre a vida de Jesus sendo que, em síntese, o que se sabe desse personagem que moldou o ocidente é através dos evangelhos, textos religiosos não históricos.

Apenas um historiador contemporâneo dos fatos registrou algo sobre Jesus, o historiador latino de ascendência judia Flávio Josefo, que nasceu no ano 37 (quatro anos depois da morte de Jesus) e morreu no ano 100. E mencionou de forma muito leve não nos deixando muitos elementos que pudessem ser comprovados.

Os próprios evangelhos canônicos (escolhidos pela Igreja) são de autoria não identificada e escritos num tempo bem além da morte de Jesus. Certamente não foram escritos pelos apóstolos Mateus, Marcos, Lucas e João.

Outros evangelhos, denominados apócrifos (não aceitos pela Igreja Católica), apresentam narrativas que, às vezes, confrontam as narrativas oficiais.

O ano de nascimento de Jesus, calculado pela Igreja, está incorreto.

O fato histórico usado como referência para a datação do nascimento é o primeiro recenseamento da população da Palestina, ordenado pelas autoridades romanas com o objetivo de regularizar a cobrança de impostos. Lucas diz em seu evangelho que Jesus nasceu na época do censo. Estudos mais recentes situam esse acontecimento entre os anos 8 e 6 a.C.

Segundo o evangelho de Mateus, o nascimento de seu mestre foi saudado por uma estrela (que guiou os reis magos). Consultados os mapas estelares verificasse que apenas um fenômeno foi forte o suficiente para causar impressão visual na Terra naquela época, a passagem de um cometa, no ano 6 antes de Cristo. E isso, ratifica a especulação dos estudiosos.

Era comum na época que, as pessoas se fixassem no local de nascimento para responderem ao tal censo e, por isso Maria e José, os pais de Jesus, teriam se deslocado de Nazaré, na Galileia (onde viviam) para Belém, na Judéia. Essa informação é contestada por historiadores que indicam que Jesus não nasceu na Judéia, mas na própria Galileia. Diziam os judeus preconceituosos (igual certos brasileiros se referindo aos nordestinos) que nada de bom vinha da Galileia o que, de certa forma, explica a rejeição no início da pregação de Jesus.

Para a Igreja Católica, Maria permaneceu virgem mesmo depois do nascimento de Jesus. A expressão irmãos e irmãs, empregada por Mateus e Marcos, designaria parentes mais distantes de Jesus, como seus primos. Essa opinião é contestada pelos protestantes, que acreditam que os irmãos que aparecem nos evangelhos eram irmãos mesmo. Eles são citados pelos nomes: Tiago, José, Simão e Judas. Tiago, conhecido como Tiago, o Maior, fez parte do círculo dos discípulos mais íntimos; após a morte de Jesus e a saída do apóstolo Pedro de Jerusalém, assumiria a chefia da Igreja.

A ação de Jesus transcorreu principalmente entre os pobres e marginalizados de seu tempo. A fértil região da Galileia, onde presumivelmente passou a maior parte de sua vida, abrigava uma população miserável, vista até com desconfiança pelos judeus conservadores (qualquer semelhança com o Brasil atual não é coincidência).

A espetacular descoberta das ruínas e dos manuscritos da comunidade dos essênios, ocorrida em 1947 na localidade de Qumran, às margens do mar Morto, no atual território de Israel, alimentou durante bom tempo a suposição de que Jesus pudesse ter pertencido a essa irmandade religiosa. Mas a crítica mais recente vem desmentindo também essa hipótese.

É provável que a ideologia dos essênios tenha influenciado o pensamento e a prática de Jesus, assim como da comunidade cristã primitiva. Mas as diferenças também são muito grandes. A maior delas é que, enquanto os essênios se afastavam do mundo injusto e corrompido para viver um ideal de pureza à espera do messias, Jesus mergulhava nesse mundo para transformá-lo.

Fato muito pouco conhecido do ocidente, mas, registrado pela história é que após a morte de João, o Evangelista (aquele que teria batizado Jesus nas águas do Rio Jordão) alguns dos seguidores desse pregador acreditaram que seu mestre fora traído por Jesus e daí fundaram uma religião, o mandeísmo de que há tênues vestígios ainda, no Irã e na Turquia.

O núcleo de sua mensagem de Jesus está no extraordinário Sermão da Montanha, de conteúdo marcadamente social, por isso mesmo, inquietante para as autoridades políticas e eclesiásticas.

Os modernos estudos críticos dos evangelhos vêm permitindo tratar da dimensão existencial de Jesus, antes encarada como tabu. Como mostra Leonardo Boff, em seu livro Jesus Cristo libertador, tudo que é autenticamente humano aparece em Jesus: alegria e ira, bondade e dureza, tristeza e tentação. No entanto, suposições como a de um eventual relacionamento amoroso com Maria Madalena não encontram nenhum apoio nos textos evangélicos.

Um dos pontos mais delicados na tentativa de reconstituir a dimensão histórica de Jesus são os milagres a ele atribuídos. É preciso ter claro que a separação que se faz hoje entre natural e sobrenatural praticamente não existia naqueles tempos. Os evangelhos dão numerosos testemunhos das curas operadas por Jesus. Em meio a um povo miserável e inculto, Jesus vai libertando as pessoas de seus males: a cegueira, a mudez, a surdez, a paralisia, a loucura.

Um dos milagres de Jesus, citado com mais detalhes por Lucas, é o da cura da mulher que sofria de hemorragia ininterrupta.

Aproximando-se por trás de Jesus, que caminhava entre o povo, ela tocou a extremidade de sua veste. Jesus perguntou então: "Quem me tocou?" Como todos negassem, Pedro disse: "Mestre, a multidão te comprime e te esmaga". Mas Jesus insistiu: "Alguém me tocou; eu senti uma força que saía de mim". Então a mulher se apresentou e Jesus lhe disse: "Minha filha, tua fé te curou; vai em paz". O que chama a atenção, no caso, é Jesus ter sentido "uma força que saía" dele algo que, em linguagem moderna, talvez pudesse ser chamado poderes paranormais ou mediúnicos.

Prof. Péricles
Leia também “Esse homem chamado Jesus” por José Tadeu Arantes