quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

PIT STOP


Estamos de volta.

Depois de um pit stop importante para a saúde mental de quem navega pelo face e pelos obscuros mares da educação brasileira, estamos reabrindo o Blog.

Muito mais pelos amigos, alunos e incentivadores, do que propriamente por vontade própria, a gente vai mantendo no ar.

Despretensioso e objetivando apenas ser útil, o Blog mais uma vez estará com a atenção voltada aos assuntos de atualidades, obrigatório em muitos concursos públicos, e para a reflexão sobre temas da história.

Mais uma vez pedimos o apoio de nossos amigos.

Todos que quiserem colaborar escrevendo textos, remetam para o mail periko09@gmail.com. Serão todos muito bem vindos.
Perguntas, críticas e sugestões de assuntos, podem ser registrados no espaço do próprio blog ou enviadas para o mesmo mail.

O Blog é de quem o lê, não é meu.

Desde já agradecemos pelo apoio e pela companhia.

E que venha 2015, estaremos por aqui.

Abraços,

Péricles

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

FÉRIAS 2015


Caros amigos,

Estamos dando um tempo para o Blog.

Depois de um ano eleitoral de intensos debates, visitas amistosas e outras nem tanto, Copa do Mundo e 365 dias de atuação, o Blog está saindo de férias.

Agradecemos a todos por cada clic que tanto nos prestigiaram, e foram 19.775.

Estaremos de volta depois do carnaval, dia 22 de fevereiro.

Aproveitem os textos em arquivo.

Temos muitos de história do Brasil, história Geral, Atualidades, Mitologia e diversos outros assuntos que podem ser úteis.

Curtam à vontade. Basta digitar o assunto no campo de pesquisa que os textos referentes ao assunto são listados.

Muito obrigado a todos, e que possamos estar juntos por todo o ano de 2015.

Tchau,

Prof. Péricles

sábado, 24 de janeiro de 2015

ENTULHOS RACISTAS



Por Jacques Gruman

Antigamente, a gente ia ao cinema para ver mais do que o filme. Dentro dos cinejornais, aguardávamos com ansiedade a hora do Canal 100. Numa época em que as televisões engatinhavam, com tecnologias a lenha, as imagens do Carlinhos Niemeyer nos permitiam quase entrar nos estádios, com closes espetaculares, detalhes impossíveis de captar com as paquidérmicas câmeras de TV.

E não se diga que a paixão rubro-negra do Carlinhos privilegiava o Mais Querido. Tudo ao som viciante do Na cadência do samba (Que bonito é/as bandeiras tremulando/a torcida delirando/vendo a rede balançar...). Na era romântica do futebol, o Canal 100 foi um banquete. Tudo devagar, sem essa incontinência digital, que está fazendo o planeta nadar em informação e patinar em ignorância.

Dizem que, até 2020, a produção de dados no mundo dobrará a cada dois anos. A criançada está cada vez mais conectada em máquinas e mais carente de contatos e conversas. Um psicólogo que escreveu sobre o assunto disse que já tinha visto um garoto escrevendo uma mensagem enquanto andava de bicicleta. Não é por nada não, mas isso é uma definição precisa de filme de terror, que as novas gerações já estão protagonizando.

(...) Desde moleque ouço dizer que o Brasil não é racista, que os casos detectados são isolados, que aqui a discriminação racial não sentou praça. Como se já não existissem provas fartas de que isso não passa de uma perigosa bobagem, agora vem o futebol para confeitar o bolo venenoso. Em poucos dias, um juiz e um jogador foram insultados por idiotas racistas. Não faz muito, um jogador do Cruzeiro foi vítima de racismo no Peru. Será uma escalada? O ódio racial nos estádios brasileiros terá saído do armário ?

Difícil dizer. Como o futebol tem raízes fundas no imaginário brasileiro e, bem ou mal, reflete o que somos, cabe dar um trato na matéria.

A exclusão social, que, não raro, se confunde com vários preconceitos, está na origem do futebol no Brasil.

Em São Paulo, os primeiros times foram todos compostos pela elite branca, especialmente os oriundos das colônias inglesa e alemã.

Quando o povo começou a organizar suas peladas em várzeas e pensou em aderir a uma proposta liga metropolitana, os clubes dos abonados se recusaram a misturar-se com os “canelas negras”, como desdenhosamente chamavam os varzeanos.

No Rio de Janeiro, há o caso da torcida do Fluminense. Em 1914, um século pois, chegou ao clube um jogador do América. Negro. Temeroso da reação dos torcedores, gente de nariz empinado, cobriu-se com pó de arroz para disfarçar a cor de sua pele. Foi só com muita luta que essas barreiras foram rompidas. Como, aliás, acontece com todas as causas populares.

Dos episódios recentes, sobram muitas constatações e perguntas. Os técnicos, mal chamados de “professores”, se omitem. A exceção é Muricy Ramalho. Felipão prefere distância indecente dos acontecimentos, achando que melhor é ignorar o racismo. Os cartolas fingem indignação, mas a revolta fica na retórica vazia de sempre. Os jogadores, sem lideranças reconhecidas e totalmente despolitizados (onde está o Bom Senso F. C.?), vão a reboque dos acontecimentos.

Se tivessem um pouco de organização, não esperariam pelas nunca tomadas providências e se recusariam a continuar os torneios enquanto não se punissem as ofensas. Yaya Touré, da seleção de Costa do Marfim, propôs que os jogadores negros boicotem a Copa do Mundo da Rússia, em 2018, por conta do racismo de torcidas locais. Será que isso não devia valer para qualquer país?

Não se combate a intolerância racial com bons modos. No país da Copa das Copas (sic), este não é um assunto menor.

Texto original em: CARTA MAIOR

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A MALDIÇÃO DA PRAIA DO RINCÃO


Corria o ano de 1755.

Um navio vindo de Portugal passava grande sufoco margeando o perigoso litoral do sul da Colônia Brasil.

Ventos fortes jogavam a nau de um lado para outro. As velas foram recolhidas e, de certa forma deixara de lutar contra a força das ondas, deixando se levar, ocupado apenas em evitar as pedras e o alagamento excessivo.

A bordo 120 pessoas vindas da Metrópole.

Entre elas 22 escravos e uma família da mais fina casta aristocrática lusitana.

Os “Borges Fernandes” outrora poderosos proprietários rurais viviam agora tempos difíceis, por isso, o Duque Tomé Borges Fernandes viera para o Brasil, mantendo a pompa, mas decidido a achar ouro na nova terra e recuperar seu antigo poder.

Agora chegavam no navio ameaçado, sua esposa, D. Rute e sua única filha, Amélia.

O destino final da viagem era algum ponto do litoral de São Vicente (São Paulo) de onde as aguardavam D. Tomé, para, em seguida rumarem juntos às suas novas terras na região de Vila Rica, na Capitania das Minas.

O navio se perdera, rumando muito ao sul, no atual litoral de Santa Catarina, e justo quando o capitão percebia o erro e alterava a rota, fora colhido pela medonha tempestade.

O céu negro rugia como um monstro invisível, as ondas se erguiam acima dos três, quatro metros, o navio se equilibrava.

Marinheiros corriam de um lado a outro gritando palavras incompreensíveis.

D. Rute orava. Amélia orava. O capitão orava.

Mas, nenhuma oração poderia salvar aquele navio condenado.

No exato momento que uma fresta entre as nuvens permitiu aos homens perceberem que estavam próximos demais da praia, ouviu-se um tremendo barulho do casco batendo em rochas.

Seguiram-se outras batidas violentas, o navio literalmente foi imobilizado e depois, tremendo intensamente, entregou-se as águas invasoras.

Pânico. Gritos desesperados.

Alguns, pensando apenas em si, pularam no mar carregando barcos e qualquer coisa que pudesse flutuar, sumindo em seguida no mar negro, como se o navio bailasse num poço sem fundo.

Nos momentos seguintes, uma figura poderosa se sobressaiu. A figura de um escravo negro, robusto, aparentando ser a única pessoa que mantinha a calma diante da morte.

Sem palavras ele passou a tirar a nado um a um dos passageiros do navio.

Em pouco tempo, praticamente todos estavam seguros na praia, apavorados, entre choro e ranger de dentes, mas salvos, graças ao negro nadador.

De repente, ao retornar pela enésima vez ao navio que afundava com espantosa rapidez, o escravo percebeu que apenas uma mulher, a bela, Amélia, filha de D. Tomé e de Dona Rute (já a salvo na praia), se mantinha encolhida encostada na murada.

Várias vezes o salvador negro estendeu a mão, mas em todas Amélia recusou a ajuda.

Em seu coração habitava tamanha repulsa por negros, racismo tão exacerbado que, pra ela, a morte era preferível a ser salva por aquele homem abjeto.

Em poucos minutos a salvação tornou-se impossível e o escravo teve que partir para salvar a própria vida.

Amélia morreu. Afogada pelo mar, e pelo oceano do preconceito rancoroso.

Desde então, um estranho fenômeno passou a ser observado entre a Praia do Rincão e a Praia da Esplanada.

Em noite sem lua, em especial, quando se ouve o ronco das trovoadas, uma estranha luz percorre a região como se guiada por uma mão invisível.

Uma vela, que estranhamente não se apaga.

Dizem que é a alma torturada e arrependida de Amélia que procura alguém com coragem para segui-la até o ponto do naufrágio e por ela fazer uma prece de perdão.

Só assim sua alma ganhará a liberdade.

Mas até hoje ninguém suportou a pressão de sua presença.

Os mais corajosos até tentaram. Mas todos desistiram diante da sensação de medo, ódio e arrependimento que se desprende da pequena chama.

Uma vela. Carregada por alguém invisível aos olhos.

Muitos antigos já a viram e por isso, a Lenda da Vela da Praia do Rincão persiste por gerações.

Eu... não, eu nunca a vi... mas conheço muitos que viram.

É sim.

Prof. Péricles
Obs. Os nomes dos personagens são fictícios.

domingo, 18 de janeiro de 2015

PENA DE MORTE E O PRESIDENTE METALEIRO


A pena de morte, além de fascista é burra.

Podemos pegar como exemplo o caso da execução, ontem, do brasileiro Marco Archer.

Ele era apenas uma de 64 pessoas condenadas à morte por tráfico de drogas na Indonésia.

Apesar de toda a pressão de organismo como a “Anistia Internacional” e do governo Brasileiro, um governo de país aliado em vários negócios de interesse da Indonésia, ainda assim, o presidente do país Joko Widodo, não concedeu clemência.

De certa forma, já era de se esperar.

Joko Widodo foi eleito com pouco mais de 50% dos votos, presidente da Indonésia, ano passado. O endurecimento ao combate do tráfico de drogas era uma de suas plataformas preferidas de campanha.

Não dava mesmo pra esperar clemência de um presidente eleito em cima desse tipo de proposta, e conhecido fã do Sepultura, Iron Maiden, Black Sabbath e Napalm Death.

Há pouco tempo, aliás, o presidente pagou um mico danado já que a Comissão de Erradicação da Corrupção do país confiscou um baixo dado ao presidente pelo baixista do Metallica.

Por outro lado, antes que os defensores da pena de morte sorriam satisfeitos, permitam lembrar que, mesmo com todo esse terror legalizado, as drogas não deixam de ser um flagelo, igualzinho a qualquer outro país em que não há pena de morte.

No país de Joko Widodo é comum encontrar uma gurizada em cima do teto dos trens fumando o “putaw”, um derivado menor da heroína (mais ou menos como o crak é da cocaína). Como o crak, o “putaw” é muito barato (menos de R$ 15,00 a dose) e é potencializada quando injetada. Como conseqüência, a Indonésia é um dos campeões de AIDS na Ásia, sendo que 59% da contaminação se dá por seringa compartilhada.

Especialistas estão chegando à conclusão que, o combate inclemente ao tráfico não está impedindo a circulação das drogas e inibindo o consumo.

Dependente é dependente e irá buscar um jeito de consumir de qualquer maneira.

Pelas leis de mercado capitalista, quanto menor a oferta (e a oferta diminui pela dureza da Lei), maior o valor, e, por isso, está ficando cada vez mais caro usar drogas menos fatais, como a cocaína que Marco Archer trazia. Por isso, os consumidores indonésios estão ficando cada vez mais violentos, praticando crimes que vão desde pequenos furtos até atos mais desatinados, para fazer frente ao aumento dos preços da droga.

Ou usam “putaw” e aceitam o risco de contrair AIDS.

É lamentável que, apesar de todos os avanços da ciência e da tecnologia. Apesar de tanta riqueza de informações, ainda existam países e pessoas que defendam a pena de morte como algo capaz de diminuir o índice de crimes.

Oremos pelos outros 63 condenados no país do presidente metaleiro. Inclusive pelos 47 estrangeiros (e mais um brasileiro) no corredor da morte.

Prof. Péricles

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

UMA HISTÓRIA DE AMOR E VINGANÇA


Os casamentos reais na baixa Idade Média e na Idade Moderna eram questão de estado, tratados com a frieza e a lógica das alianças políticas.

No século XIV, Portugal já era um Estado, governado por uma monarquia absolutista.

Apesar de sua prematura unificação lhe dar superioridade política diante dos reinos ainda em formação na Europa, seu pequeno tamanho e limitado poder militar obrigava a que seu rei, estivesse muito atento contra ameaças a sua independência.

Por isso, o rei Afonso IV decidiu que o seu filho, herdeiro ao trono, príncipe Pedro, casaria com Constanza, a filha de um poderoso aliado.

O príncipe, aparentemente, aceitava bem a situação, como um fato político, mas mantinha uma ardorosa paixão por Inês de castro, uma jovem e belíssima aristocrata.

Todos, inclusive a esposa de Pedro, sabiam dessa paixão avassaladora, mas faziam de conta não saber. Até que Constanza morreu, em 1345.

Rei Afonso ficou preocupado e temendo que Pedro aproveitasse a viuvez para oficializar o caso “secreto” que poderia inviabilizar seus novos planos, ordenou que Pedro rompesse e deixasse definitivamente de ver Inês.

Pedro foi incapaz de cumprir a ordem. Seu amor era maior que seu devotamento ao pai e ao Estado. Continuou encontrando sua amada e com ela passando tórridas noites.

Boatos de uma provável gravidez começaram a chegar aos ouvidos dos conselheiros do rei que não demoravam em repassar a seu chefe o perigo que um filho bastardo poderia significar.

Então, o velho monarca radicalizou.

Certa noite, três agentes enviados por ele, invadiram o mosteiro de Santa Clara-a-Velha, onde Inês passava uma temporada reclusa e a seqüestraram. Levada para uma área deserta, a pobre moça foi violentamente terrivelmente assassinada com diversos golpes de sabre.

A dor de Pedro foi imensa.

Sua revolta quase o levou a matar o próprio pai, mas foi contido.

queimando de ódio e de dor, recuou. Disse estar arrependido, jurou fidelidade ao Rei e escondeu-se em algun canto sombrio do castelo.

Pouco mais de um ano Afonso IV morreu e Pedro se tornou rei com o título de D. Pedro I.

Então sua fúria explodiu contra os assassinos de sua amada.

Um deles, o mais esperto, percebeu antes a situação e fugiu de Portugal, desaparecendo para sempre. Mas, os outros dois foram presos.

Os assassinos foram bárbaramente torturados por ordem de Pedro I, que fez questão de, pessoalmente, abrir o peito de cada um, e arrancar o coração ainda pulando para, em seguida, retalha-los com a adaga.

Pedro afirmou, embora sem provas, que havia se casado em segredo e nomeou postumamente Inês de castro, rainha de Portugal. Seu corpo foi exumado e transferido para o suntuoso mausoléu no palácio. (foto acima).

Antes disso, porém, foi colocado no trono e por ordem real, todos os cortesãos, conselheiros de seu pai, foram obrigados a formar fila e um a um, beijar a mão e os pés do cadáver.

Pedro I, nunca mais amou outra mulher.


Prof. Péricles