sábado, 4 de março de 2017

A FRANÇA SEM REVOLUÇÃO


A maior revolução popular de todos os tempos a Revolução Francesa, teve início após uma série de abusos insuportáveis sobre a população mais humilde e sobre a burguesia que na época, estava no mesmo barco que o povão.

Para se ter uma ideia do nível dos abusos, os nobres e o clero não pagavam impostos. Bem assim. Eram isentos, enquanto o terceiro estado formado pela tigrada e pela burguesia pagava todo tipo da tarifação que se possa imaginar.

Em 1788 o inverno foi inclemente e a safra insipiente até para o consumo interno. Por causa disso, a fome se tornou um flagelo entre os miseráveis e o número de idosos e crianças que morreram por inanição, impressionante.

No ano seguinte a revolução explodiu nas ruas.

Não foram os teóricos iluministas que botaram o povão nas ruas para enfrentar uma Guarda Nacional bem armada. Eles apenas deram um empurrãozinho. Foi a fome, o desespero e a vergonha na cara.

Não foi meramente a cobrança de impostos que transtornou até o mais pacato cidadão francês, foi o abuso, foi saber que perto dali as famílias aristocráticas viviam bem e seus filhos e seus idosos, se alimentavam do bom e do melhor.

Alguém já disse que, o Brasil é a França sem revolução.

Temos os absurdos, mas não temos povo nas ruas.

Não temos os iluministas dando empurrões, mas temos uma mídia canhestra empurrando para trás.

Temos um projeto, uma PEC que é abominada por bem mais da metade da população e ao mesmo tempo um Congresso que aprova a mesma PEC como se o povo não existisse. Como se o Parlamento não devesse representar maioria.

Um pastor ordena que seus fiéis ao descobrirem falcatruas da Igreja, troquem de igreja mas não denuncie a falcatrua pois “não é problema seu” e continua livre lépido, solto e ainda ganhando dinheiro.

Um processo de impeachment abandona qualquer tipo de análise sobre a existência ou não de ilícito e, simplesmente matematicamente somando votos de partidos contra o governo derrubam uma presidente eleita por mais de 54 milhões de votos e tudo continua na boa.

Um juiz abandona qualquer imparcialidade a ponto de ser fotografado ganhando prêmio e trocando sorrisos e confidências com um político rei de delações sobre corrupção. E nada acontece.

Outro, candidato ao Supremo Tribunal, antes de ser sabatinado, promove uma festa particular num barco, com aqueles que julgaram sua admissão ou não, e tudo bem...

Nem mesmo a mortandade infantil absurda nos falta. Nem a violência contra os humildes e as ditas, minorias.

Temos o palco e os atores, mas não temos a revolução da vergonha na cara.

Mas, temos carnaval.

Temos carnaval e a Portela, finalmente campeã outra vez.

Claro, nossa alegria dá um porre na tristeza por quatro dias.

O circo de Otávio no reinado de momo.

O Brasil é a França sem a Revolução, ao que parece.

Muito confete e serpentina





Prof. Péricles

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