quinta-feira, 21 de maio de 2015

TERRORISMO



O vocábulo terrorismo é usado de forma comum pelos mecanismos de comunicação e pelas pessoas em geral. Entretanto, terrorismo é daquelas expressões que, apesar de parecerem de significado muito simples, carregam consigo uma infinidade de outros valores e é usada largamente para justificar pensamentos e posições.

Deve-se ter cuidado em utilizá-lo.

A definição mais comum é: Terrorismo é o uso de violência, física ou psicológica, através de ataques localizados a elementos ou instalações de um governo ou da população governada, de modo a incutir medo, terror, e assim obter efeitos psicológicos que ultrapassem largamente o círculo das vítimas, incluindo, antes, o resto da população do território.

Certo, então, as guerras, são atos de terrorismo?

Quando tropas mais equipadas tecnologicamente e de superioridade bélica flagrante invade o território do inimigo, é terrorismo?

Ação programada e executada por grupos de inteligência de governos instituídos, é ação terrorista?

Os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki com arma nuclear que mataram milhões de pessoas foram atos de guerra ou de terror?

Um exemplo da "mobilidade conceitual": normalmente, as mesmas pessoas que defendem os exemplos acima como atos legítimos de guerra, condenam a resistência dos grupos urbanos e da guerrilha rural que lutaram contra a Ditadura Militar brasileira, na chamada Guerra Suja (especialmente entre 1968 e 1973), e intitulam suas ações, como ataques terroristas.

Já para os militantes dos grupos que lutaram contra o arbítrio, tudo o que fizeram foi se defender contra o estado fascista, esse sim, terrorista, ao derrubar um presidente legitimamente eleito e rasgar a Constituição vigente.

Esses grupos costumam dizer que, assaltos a banco não eram assaltos, na medida em que o dinheiro não revertia em benefício de seus autores e sim canalizados para a luta contra a ditadura (compra de armas e munição, entre outras). Chamam (os assaltos) de desapropriação, como um Robin Wood se apossando de recursos que favoreceriam os oprimidos.

E as prisões ilegais, torturas, morte sob torturas e assassinatos de elementos sob a tutela do estado, fomentado pelos agentes da repressão da ditadura, eram atos de terrorismo?

Já a guerrilha rural, do tipo “Guerrilha do Araguaia”?

A guerra de guerrilha é frequentemente associada ao terrorismo uma vez que dispõe de um pequeno contingente para atingir grandes fins, fazendo uso cirúrgico da violência para combater forças maiores.

Então, a Insurreição Pernambucana foi terrorismo ou patriotismo? A resistência francesa contra o nazismo, que utilizou em larga escala da estratégia de guerrilha, como sequestros e chantagens, foi terrorismo?

Césare Battisti é acusado pela justiça italiana de terrorista e, em seu país, uma pena de prisão perpétua o aguarda. No entanto, seus advogados e antigos companheiros argumentam que o grupo ao qual liderava sempre participou de ações contra alvos militares, sendo as vítimas desses alvos acidentais, como vítimas inocentes de guerra.

Segundo um especialista da área, Walter Laqueur, autor de “History of Terrorism” a inexistência de um conceito amplamente aceito pela comunidade internacional e pelos estudiosos do tema significa que o terrorismo não é um fenômeno entendido da mesma forma, por todos os indivíduos, independentemente do contexto histórico, geográfico, social e político e nenhuma definição pode abarcar as variedade de terrorismo que existiram ao longo da história.

Por falar nisso, a morte de um preso mantido em cárcere num Presídio de Segurança Máxima, sob a tutela do estado, como aconteceu recentemente no Rio Grande do Sul, é terrorismo?



Prof. Péricles

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