terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

LÍBIA? QUE LÍBIA?


Há males que veem para o bem, dizia minha vó. Mas, nem sempre.

Em 2011 a Líbia era o mais próspero país do norte da África. Ao contrário dos seus vizinhos, a população jovem não fugia para a Europa em busca de emprego. Encontrava colocação no próprio país. A nenhum líbio era permitido viver sem ter um teto e o próprio governo se encarregava disso, fruto do grande trauma do período colonial em que as propriedades eram garantidas através de desapropriações, apenas aos estrangeiros, enquanto o líbio comum morava em cabanas. Todos os jovens ao casarem recebiam uma quantia, em dinheiro, bem interessante, para iniciarem a vida.

A Líbia não era um paraíso, possuía problemas ancestrais e modernos, mas era um modelo de dar inveja a qualquer de seus vizinhos.

Sim, claro, a situação política não primava pela democracia.

Muamar Kadhafi, que um dia foi chamado de "cachorro louco" por Ronald Reagan, tamanha era a aversão que provocava no ocidente, estava no poder desde 1969, governando como ditador.

Nem todo ditador é Médici ou Pinochet cuja a simples lembrança provoca repugnância. Há Solano Lopes e Getúlio Vargas, ditadores que foram amados por seus povos. Kadhafi era mais do segundo grupo do que do primeiro.

No calor da “Primavera Árabe” em fevereiro de 2011, surgiram protestos de rua contra Kadhafi e por mais democracia. O movimento insurgente que se originou não era forte o suficiente para derrubar o ditador já que, a maior parcela da população manteve-se neutra ou em apoio a ele. A maior parte das forças armadas, por exemplo, continuou fiel ao presidente.

Entretanto, os Estados Unidos, que já alguns anos queria fritar Kadhafi em pouca banha, viu nisso a sua grande oportunidade. Convocou sua gangue, a OTAN e acionou seu departamento de marketing, a ONU, para, primeiro, armar os insurgentes (que não deu certo porque as forças oficiais continuaram no controle da situação) e depois, invadiram diretamente o país através de uma coligação formada pelas forças militares dos Estados Unidos, sua fiel Inglaterra e a França.

Aqui no Blog, denunciamos em alguns textos essa farsa montada pelos norte-americanos. Recebemos críticas contundentes, principalmente do público fiel ao noticiário oficial.

Entre os meses de fevereiro e agosto de 2011, cerca de 60 mil pessoas morreram numa autêntica guerra civil. No final desse mês, os “rebeldes” tomaram Trípoli em outubro Kadhafi foi morto, como um “cachorro louco”.

A bela Líbia passou a ser governada pelo CNT (Conselho Nacional de Transição) que nada decidia sem o ok dos países da coligação. O petróleo, ah! O petróleo líbio! tornou-se o mais barato comprado pelo ocidente.

Hoje, a Líbia é um trapo se comparada a ela mesma nos tempos de Kadhafi.

O governo fantoche obedece o grande pai branco de Washington com devoção.

Milhares de pessoas se matam todos os dias num conflito tribal que parecia ter sido superado mas que voltou com ódios antigos.

O Estado Islâmico possui campos de treinamento, estoque e inteligência ao norte do país.

A Al Quaeda do falecido Osama, domina o centro e o sul. O governo não domina nada.

Uma guerra fratricida se aproxima e os Estados Unidos, a OTAN e a ONU não estão nem aí pois não serão seus cidadãos que morrerão e porque o petróleo (ah! O petróleo) continua barato.

Nenhum chefe de estado do ocidente deixa de dormir com problema de consciência.

E eu, aqui atrás do teclado me pergunto, aquela galera que apoiava o noticiário global, se dizia defensores da democracia e me xingava, lembra disso?

Não. Não são seus filhos, maridos, amigos ou parentes que estão nessa situação.

Líbia? Que Líbia?

Agora é férias, carnaval, BBB...


Prof. Péricles

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