sábado, 28 de setembro de 2013

DEMONHÃO E FOGUINHO


Ele era do signo de Libra. Hiperativo. Inteligente, criativo e carismático.

Um dos poucos que se divertiu com a fuga vexatória da família real portuguesa para o Brasil. Afinal, tinha apenas 10 anos quando participou daquela louca viagem.

Adorava esportes. Jogava tênis e era fã inveterado da prática de exercícios, corrida e levantamento de peso.

Casou duas vezes e teve, pelo menos, 17 amantes conhecidas.

Teve 13 filhos reconhecidos, cinco naturais e um número de filhos bastardos, que para alguns ultrapassa as duas dezenas.

Sua amante preferida foi Domitila de Castro, a marquesa de Santos, com a qual teve cinco filhos (e outro com a irmã dela).

Escreveu inúmeras cartas apaixonadas e de sacanagens onde se pode ler, por exemplo, “Forte gosto foi o de ontem à noite que nós tivemos. Ainda me parece que estou na obra. Que prazer! Que consolação!".

Sua voracidade, aparentemente inquebrantável pode ser testemunhado com frases do tipo “Ontem mesmo fiz amor de matrimônio para hoje, se mecê estiver melhor e com disposição, fazer o nosso amor por devoção".

O historiador Alberto Rangel, morto em 1945, descobriu mais de 200 cartas e bilhetes entre Demonhão (D. Pedro) e Fogo Foguinho (Domitila), que estavam na posse dela, que desobedecendo as instruções do Demonhão, não as queimou e das quais se podem extrair pérolas como as citadas acima.

Músico talentoso é autor do Hino Nacional de Portugal e do Hino da Independência do Brasil.

Tinha 23 anos quando proclamou a independência.

D. Pedro I foi um dos mais inteligentes e carismáticos governadores do Brasil, país que governou na qualidade de seu primeiro imperador entre 1822 e 1831.

Seu governo, entretanto, foi repleto de crises.

Além da crise econômica e fiscal de um país recém nascido, cuja economia havia sido dilapidada por três séculos de exploração colonial, Demonhão, ou melhor, D. Pedro acrescentou crises políticas desnecessárias advindas de seu víeis autoritário.

Fechou a Assembléia Constituinte em 1823 e impôs uma Constituição arbitrária (a de 1824) que criava um quarto poder apenas para lhe dar amplos poderes sobre os outros três.

No uso do Poder Moderador desenvolveu uma guerra impopular (a Guerra da Cisplatina), exigiu a execução de um líder revolucionário extremamente popular (Frei Caneca) e se envolveu de corpo e alma num assunto particular alheio ao Brasil, a sucessão ao trono de Portugal após a morte de seu pai D. João VI.

Finalmente, isolado pelos políticos brasileiros enfrentou as suspeitas sobre o assassinato de um inimigo na imprensa, Líbero Badaró.

Sem apoios, renunciou em 7 de abril de 1831, impopular e pálida lembrança dos anos em que fora mania nacional, admirado e invejado por todos.

Três anos depois da abdicação, faltando três semanas para completar 36 anos, morreu de tuberculose, em Portugal.

Foi um bólido, um cometa na política internacional e seu estilo de ser e de governar seria imitado por muitos posteriormente.

Já, nos jogos sexuais, e embaixo dos lençóis de marquesas e de escravas, na história do Brasil, talvez nunca ninguém tenha superado, o terrível “demonhão”.

Prof. Péricles


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