terça-feira, 15 de novembro de 2011

VÍTIMAS DA DITADURA 04: JOSÉ DALMO LINS - A Solidão Enlouquece

José Dalmo ligou-se ao PCB ainda na adolescência e, mais tarde, integrou a Executiva Estadual desse partido em Alagoas. Foi cronista no jornal A Voz do Povo.

Sua primeira prisão ocorreu em 1964, logo após a deposição de João Goulart.

Foi expulso do curso de Direito da Universidade Federal de Alagoas sob acusação de subversão.

No início de 1967 foi morar no Rio de Janeiro, junto com sua companheira Maria Luiza Araújo, recém-formada em Medicina.

No dia 22/03/1970, o casal teve o apartamento invadido e ambos foram levados para o DOI-CODI/RJ, onde permaneceram incomunicáveis por mais de 30 dias.

José Dalmo ficou preso por seis meses e Maria Luiza só foi solta um ano depois.

Estava entre ex-presos em liberdade controlados pela Polícia do I Exército.

José Dalmo não conseguiu superar os traumas causados pela prisão.As marcas e feridas acumuladas naquela oficina de torturas o atingiram profundamente.

Depois de libertado continuou visitando regularmente sua companheira, presa em Bangu, mas era um homem inseguro e nervoso, com crises freqüentes. Numa delas, em 11 de fevereiro de 1971, suicidou-se, pulando do sexto andar do apartamento onde morava, no Leblon.

Maria Luiza, confinada no Presídio Talavera Bruce, foi informada de sua morte tendo que suportar os sorrisos de deboche do informante. Compareceu escoltada ao enterro do marido por soldados do Exército e por policiais

Dalmo tinha então 37 anos.

A ele se refere Álvaro Caldas, companheiro de prisão, no livro Tirando o Capuz:

"Apesar de já apresentar sinais de catatonia, de ter os movimentos enrijecidos, ele se esforçava em participar da vida coletiva, integrando-se nas representações teatrais, participando das sessões musicais em que velhas canções como ‘Laranja Madura’ e ‘Jardineira’ eram lembradas.
Ou cantando sozinho enquanto andava pela cela, com sua voz forte e sentida: Moon River".



Livre adaptação do Jornal “O Berro”.

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