domingo, 21 de dezembro de 2014
CUBA ANTES DE FIDEL
O general e presidente do México, José de la Cruz Porfírio Diaz, certa vez disse, “Pobre México. Tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos".
Essa afirmação que hoje em dia é dito popular naquele país, cabe muito bem a Cuba.
A distância geográfica entre Cuba e a Flórida (EUA) é de cerca de 90 quilômetros, algo como a distância entre Poro Alegre e Osório, ou, uma freeway, como dizem os gaúchos.
A grande nação do norte sempre esteve muito íntima da história cubana e dela foi protagonista.
Cuba foi descoberta por Cristóvão Colombo, em 1492. Localiza-se no mar do Caribe, na América Central. Possui algo em torno de 111 mil km2, pouco mais que o tamanho de Santa Catarina e Pernambuco.
Desse pequeno território, apenas 27,63% é agriculturável.
Por 400 anos foi uma colônia espanhola. E teve uma complicada conquista de independência, que contou ao longo dos anos, com muitos heróis.
Em 1868 o rico latifundiário criolo (nativo filho de espanhóis), Carlos Manuel Céspedes, liderou a primeira Guerra de independência. Contando com apenas 200 homens, Céspedes obteve algumas vitórias iniciais e anunciou a liberdade de todos os escravos que se unissem ao exército revolucionário. Num segundo seu exército passou a contar com 12 mil homens.
Entretanto, a libertação dos escravos prejudicava os interesses dos outros latifundiários. Como sabemos a classe dominante não tem nenhum patriotismo quando seus interesses são atingidos e o heróico Céspedes acabou traído e derrotado na guerra que durou até 1878.
Outro herói cubano foi José Marti, um menino que com apenas 16 anos foi preso por fundar um jornal revolucionário, o “La Patria Libre”. Deportado, viveu em vários países e fundou um Partido para angariar recursos para promover uma nova luta pela independência.
Retornou a Cuba e deu início a segunda guerra de independência (1895-1898). José Marti morreu logo no primeiro mês do conflito.
No final da Guerra, considerando forte a possibilidade de não conseguir derrotar os espanhóis, os cubanos aceitaram o auxilio dos Estados Unidos, que, na época, se esforçavam para expulsar do continente os resquícios coloniais europeus que prejudicavam sua expansão imperialista.
Os Estados Unidos declararam guerra contra a Espanha originando a chamada “Guerra Hispano-Americana”.
Em 1898, a decadente Espanha é derrotada e abandona suas últimas colônias do continente (Cuba, Poro Rico) e os Estados Unidos ocupam Cuba de onde só se retiraram em 1902, depois que a Constituição Cubana é aprovada contendo a “Emenda Platt”, instrumento que reconhecia o direito dos Estados Unidos invadirem Cuba se seus interesses fossem ameaçados, de ditarem normas que considerassem de segurança nacional e ainda, reconhecia a posse de áreas cubanas como foi o caso da Base Militar de Guantánamo, que existe até hoje.
E a Emenda Platt será usada sem pudor como ficou evidente dez anos depois, em 1912, quando os Estados Unidos invadiram a ilha para derrotar negros e pobres que se rebelavam contra as oligarquias e lutavam por um país mais justo.
Era apenas o início de uma longa história em que os Estados Unidos sempre considerarão Cuba uma espécie de seu "quintal".
Esse maquiavélico instrumento valerá até a Constituição liberal cubana de 1940, mas, antes, terá a garantia de proteção de seus interesses em um governo corrupto e aliado estabelecido no poder desde 1933, com o presidente Fulgêncio Batista.
Porém, Cuba já estava reduzida a um anexo de seu vizinho americano. As propriedades mais produtivas, as belas mansões de praia e praticamente todas as indústrias, pertenciam a cidadãos norte-americanos.
O inglês predominava sobre o espanhol e Cuba era chamada de “colônia de férias” pelos ricos e pela classe média dos Estados Unidos.
Diante da exploração de seu país de forma tão opressora em perfeita sintonia com um governo cooptado, a revolta não parava de crescer entre os nacionalistas cubanos, especialmente, entre a juventude, e dessa maneira a revolução socialista começou no movimento estudantil.
Um brilhante estudante de Direito chamado Fidel Alejandro Castro Ruiz, iria liderar esse movimento patriótico de rebeldia, e, da Serra Maestra, fazer nascer uma Cuba realmente livre e dos cubanos.
Mas isso... já é outra história.
Prof. Péricles
Texto dedicado a minha prima Silvia Gagliardi Rocha
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