domingo, 28 de dezembro de 2014
MÁSCARA NEGRA
“Quanto riso, oh, quanta alegria
Mais de mil palhaços no salão.
Arlequim está chorando
pelo amor da Colombina,
No meio da multidão”
Na marchinha do Carnaval de 1967 de autoria de Ké Kéti e Pereira Matos, Máscara Negra refere-se aos disfarces de carnaval, as máscaras que escondem sentimentos e que caem no final da grande festa.
Pois o ano de 2014 que está se encerrando funcionou, de certa forma, como um grande baile em que, ao final, muitas máscaras que compõem a mitologia que o brasileiro faz de si mesmo, se dissolveram.
A começar pelo mito do brasileiro patriota, que ama sua terra acima de qualquer coisa.
Foi ano de Copa do Mundo de futebol no Brasil e muitos desses “brasileiros patriotas” foram vistos torcendo contra a Copa do Mundo, que, por ser um evento internacional, representaria um enorme fiasco para a nação tupiniquim. Pior, muitos desses torceram contra uma das mais sagradas instituições do imaginário patriótico, a seleção canarinho, já que, imaginavam que a conquista do hexa favoreceria a reeleição do governo atual.
Outra máscara miseravelmente espezinhada foi a do sujeito liberal, sem preconceitos. “No Brasil”, dizem os hipócritas, “não existe racismo nem homofobia”.
Em busca de seus direitos políticos os grupos homoafetivos, negros, indígenas e quilombolas, entre outros, foram à luta e tiveram contra si candente e às vezes, grosseira manifestação reacionária. Alguns políticos no exercício de cargo eletivo e outros na condição de candidatos manifestaram sua reprovação à igualdade entre gêneros, o menosprezo a negros, índios, quilombolas, mulheres de pouca roupa ou ainda a oposição ferrenha às cotas raciais. Como que incentivados pelo despudor de seus representantes, muitos abandonaram o discurso politicamente correto e adotaram como canto de guerra as expressões mais chulas do ódio.
No grande baile de 2014, a galera que torceu contra a Copa e a que assumiu a postura do preconceito se juntou a outras legiões que foram desmascaradas, como a turma que apóia à ditadura militar e tudo aquilo que ela representa como seqüestro, estupro, torturas e mortes patrocinadas pelo estado.
Outro duro revés no nacionalismo foi a turma dos puxa-saco dos Estados Unidos que desde 1953 odeiam a Petrobras e entendem que quem sabe mesmo explorar nossas riquezas e ganhar dinheiro com elas são os norte-americanos, um povo que não conhece corrupção e que usa a “saudável” pena de morte contra bandido.
É claro que as máscaras nunca esconderam suficientemente esses sentimentos. A medonha face do reacionário sempre foi bem conhecida, mas, não deixou de ser um carnaval assistir a queda das máscaras negras.
2014, um ano para ficar na história como o ano das máscaras perdidas.
“Foi bom te ver outra vez
Está fazendo um ano
Foi no carnaval que passou
Eu sou aquele pierrô,
Que te abraçou e te beijou meu amor”
Prof. Péricles
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