sábado, 13 de dezembro de 2014
MEU BRASIL VARONIL
Ao longo da nossa história, o Brasil assistiu os mais horrendos massacres de brasileiros.
O crime dessa gente? Ser pobre e pretender uma vida mais digna dentro do seu próprio país.
O Brasil adora matar brasileiros e seu exército, se especializou em eliminar o “inimigo interno” da nação.
Entenda-se como “nação” a ordem dominante dos privilegiados. Das classes mais ricas e que detinham o poder econômico e político.
A Cabanagem, por exemplo, foi um movimento que aconteceu no Pará, entre 1835 e 1840. Foi uma típica revolta de pobre contra a sua própria miséria.
O nome do movimento vem dos seus protagonistas, gente miserável que habitava cabanas de palafitas, a beira dos rios e igarapés. O sentimento de abandono dos mestiços e índios foi o combustível que levou a tragédia.
Em meio ao abandono surge a idéia de independência de um país que não os enxergavam.
No início, os cabanos chegaram a tomar Belém e colocar um dos seus na presidência da província. Mas, o analfabetismo era um problema só superado pela desinformação e, aqueles brasileiros esfarrapados não sabiam o que fazer com o poder.
Contra a ousadia de gente tão “poderosa” o governo brasileiro usou a perícia de seu exército combinada até com forças mercenárias. O massacre foi imenso. Cerca de 40 mil mortos numa população de 100 mil habitantes, muitos, executados com as mãos amarradas.
A “paz” se impôs pelo sangue e pelo terror e o Brasil superou essa “grave ameaça” a sua integralidade territorial. A vida dos sobreviventes voltou à realidade das cabanas, da miséria e da malária.
Já em 1838 começava no Maranhão a “Balaiada”. Outro movimento de miseráveis revoltados contra o abandono do governo de seu país.
Seus líderes eram fazedores de balaios, artesão de mãos vazias e de estômagos famintos, Raimundo Jutaí, bandoleiro analfabeto e seus homens, Cosme Bento e um ex-escravo que comandava outros ex-escravos e escravos fugidos.
O maior crime dessa gente era ser contra o monopólio político de um pequeno grupo de fazendeiros que agiam como se fossem donos da província e das pessoas.
O governo brasileiros uniu o exército do Maranhão com exércitos de outras províncias sob o comando do heróico Luís Alves de Lima e Silva “o pacificador” que traria a paz dos cemitérios para a região.
A “guerra” terminaria em 1841 com mais de 12 mil sertanejos e escravos mortos, a morte de seus sonhos e mais uma vitória do glorioso exército brasileiro e da elite local por ele protegida.
Os massacres de brasileiros parece não perturbar a consciência nacional. Heróis são tratados como criminosos e bandidos como heróis.
A alegação de que o que aconteceu nos anos de chumbo da Ditadura Militar foi uma guerra é, técnica, moral e politicamente, insustentável diante da lógica dos fatos.
Numa guerra se enfrentam dois exércitos profissionais cujo ofício último é a preparação de seus componentes para a guerra. Tais exércitos são mantidos pelos impostos pagos pelos contribuintes, dispõem de toda a informação e a mobilidade oficial de um órgão do estado.
Nada sequer semelhante se aplica aos grupos guerrilheiros que lutaram contras as forças repressivas civis e militares da ditadura.
Dizer que o que houve foi uma guerra é a mesma coisa que chamar os massacres da Cabanagem e a Balaiada de guerra.
O Brasil é um país que confunde sua elite com nação, pobres com inimigos e massacres com guerras.
Uma juventude inteira que ousou lutar contra o fascismo hoje, é lembrada pelos que jamais tiveram coragem para sair as tocas, como bandidos e assaltantes de bancos.
Falta apenas transformar torturadores em nome de rua.
Assim caminha a covardia nacional.
Prof. Péricles
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