domingo, 29 de junho de 2014
ASSANGE, DOIS ANOS DE CONFINAMENTO
Por Mário Augusto Jakobskind
Quando o mundo inteiro reverencia o ex-agente de inteligência norte-americano Edward Snowden, muito justamente, por sinal, por se tratar de um herói da humanidade, outro herói da humanidade, Julian Assange, responsável pelo site WikiLeaks vem sendo esquecido. Praticamente saiu do foco midiático
Assange acabou de completar dois anos, na quinta–feira (19/06), de confinamento na representação diplomática do Equador em Londres, uma pequena sala. Está impedido de tomar sol e está sujeito a doenças a que ficam sujeitas pessoas nessa situação.
Na quinta-feira última mesmo, Assange assegurou que manterá a promessa de seguir divulgando ao mundo toda a informação em seu poder sobre a atuação e operação dos Estados Unidos e seus aliados.
Como se não bastasse todo esse infortúnio, por pressão do Departamento de Estado norte-americano, Assange está sendo impedido de receber doações através de cartões de crédito que o site WikiLeaks recebia de diversas partes do mundo. Ou seja, além de impedido de sair do local onde se encontra, porque se o fizer será preso pelas forças policiais britânicas acantonadas na saída da representação diplomática equatoriana em Londres, as pressões econômicas aumentam a cada dia.
A Grã Bretanha obedece fielmente, como um cão de guarda, os interesses norte-americanos e não dá tréguas na vigilância a Assange. Também não divulga o custo financeiro representado pela a prontidão policial.
E tudo isso acontece sob quase total silêncio dos grandes meios de comunicação ocidentais, que sempre se dizem não apenas interessados em oferecer informações aos seus leitores, telespectadores e ouvintes, como se apresentam como defensores incondicionais da liberdade de expressão e de imprensa.
A pressão, criminosa, dos Estados Unidos contra Assange, não resta dúvida, é atentatória à liberdade de expressão, e não pode continuar sendo silenciada. É preciso que os espaços midiáticos em todo mundo abandonem a desinformação sobre a real situação em que se encontra o herói da humanidade Julian Assange.
Louve-se o governo do Equador, que em nenhum momento deixou de oferecer ajuda a Assange. Claro que tudo isso tem um custo financeiro. O governo de Rafael Correa arca com esse custo e está mostrando ao mundo que acima de tudo leva em conta a questão humanitária.
Se algo de grave acontecer a Julian Assange, a responsabilidade é do Presidente Barack Obama e dos serviços de inteligência norte-americanos. Não se exclui também a responsabilidade do cão de guarda britânico, o Primeiro-Ministro David Cameron, que ordena o cerco policial à representação diplomática do Equador.
No Brasil, Assange recebeu homenagem do Grupo Tortura Nunca Mais-RJ, com a Medalha Chico Mendes de Direitos Humanos. No ano passado, a Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) também homenageou o responsável pelo site WikiLeaks com a concessão de uma Medalha de Direitos Humanos. E todas essas homenagens foram omitidas pela grande mídia brasileira.
O GTNM-RJ e a Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da ABI somam-se a outras entidades de várias partes do mundo que exigem dos governos dos Estados Unidos e da Grã Bretanha que terminem com o cerco autoritário a que está sendo submetido o herói da humanidade Julian Assange e permitam que ele siga imediatamente rumo ao Equador.
As duas entidades também apelam aos meios de comunicação e agência internacionais de notícias a romperem o vergonhoso silêncio sobre o cerco criminoso a que está sendo submetido Julian Assange.
Além de Assange, outro herói da humanidade, Edward Snowden terá seu asilo na Rússia expirado em agosto. Em recente entrevista para a Globo News, o ex-agente da CIA manifestou o desejo de conseguir asilo político no Brasil. Disse que tinha feito um pedido nesse sentido quando ainda se encontrava no aeroporto de Moscou, O governo brasileiro negou ter recebido o pedido. Agora, para esclarecer em definitivo com quem está a verdade, Snowden deveria fazer um outro pedido formal ao governo brasileiro. Se não houver resposta e for dito que não houve nenhuma solicitação se saberá quem mente. Se o governo brasileiro conceder o visto, estará tudo esclarecido. Mas se negar estará na prática dando sinal de fraqueza, o que se espera não aconteça.
Aguardemos o desenrolar dos acontecimentos não deixando que a questão seja esquecida, como tem sido em relação ao herói da humanidade Julian Assange.
Mário Augusto Jakobskind, jornalista e escritor, correspondente do jornal uruguaio Brecha; membro do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (TvBrasil); preside a Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da ABI.
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