quarta-feira, 11 de junho de 2014

EGITO E TURISTAS DO PASSADO



No tempo dos romanos, no início da nossa era, o Vale dos Reis já era um sítio antigo, que atraía turistas.

Naquele vale, foram sendo construídos pelos faraós, túmulos e sepultados de suas mulheres e filhos. Mas também muitos túmulos de outras famílias da nobreza egípcia.

Agora, uma equipe da Universidade da Basileia, na Suíça, escavou um dos túmulos e descobriu os restos de 50 múmias egípcias, incluindo múmias de crianças.

Os túmulos, construídos em profundidade, têm vários tamanhos. O mais impressionante, foi erigido em grande parte por Ramsés II para sepultar os seus filhos. A sepultura, que tem mais de 120 corredores e câmaras, começou a ser escavada por arqueólogos sistematicamente na década de 1990 mas ainda hoje não se encontraram os seus limites.

O túmulo escavado agora é bem menor, tem apenas cinco câmaras subterrâneas.

Os especialistas pensavam que o túmulo descoberto (batizado de KV 40) não fosse um túmulo da realeza. "Cerca de dois terços dos túmulos do Vale dos Reis não pertencem à realeza", explica Susanne Bickel, egiptóloga da Universidade de Basileia e responsável pela operação.

Mas, dentro do KV 40, os investigadores encontraram na câmara central e em três câmaras laterais os restos de 50 múmias. A partir das inscrições encontradas em vasos canópicos - onde eram guardadas as vísceras das pessoas mumificadas – foi possível identificar o nome de 30 pessoas. E, afinal, havia muito sangue real naquele espaço.

Entre as múmias estavam príncipes e princesas das famílias de dois faraós da XVIII dinastia, Tutmés IV e Amenófis III, que reinaram no século XIV a.C. Destes, oito princesas e quatro príncipes não eram conhecidos até agora pelos historiadores.

Chama a atenção a descoberta de várias múmias de recém-nascidos e crianças. "Descobrimos um número notável de recém-nascidos e crianças cuidadosamente mumificados, que normalmente teriam sido enterrados de uma forma muito mais simples", diz Susanne Bickel.

Espera-se agora que uma análise mais aprofundada dos achados arqueológicos revele a composição da corte faraônica durante a XVIII dinastia, assim como as condições de vida e as tradições do enterro na época.

Nas paredes de muitos túmulos do Vale dos Reis existem mais de 2000 mensagens, assinaturas e desenhos, uma espécie de graffiti, que são testemunhos dos muitos turistas que visitaram aquele local sagrado entre o século III a.C. e o século VI d.C.

Nas fotografias do agora escavado KV 40 nota-se a ferrugem negra de um incêndio que o túmulo sofreu. "Os restos [arqueológicos] e as paredes foram afectados por um incêndio que terá sido iniciado, muito provavelmente, pelas tochas de salteadores de túmulos".

Além disso, já muito tempo depois de o Vale dos Reis ter deixado de ser uma necrópole real, restos de caixões feitos de madeira e de material composto por fibras vegetais ou papiros encontrados no lugar indicam que houve uma utilização posterior da sepultura para enterrar outros mortos: no século IX a.C. as famílias de sacerdotes terão usado aquele túmulo como cemitério.


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