terça-feira, 24 de junho de 2014
MUDAR O MUNDO
Muitas pessoas pensaram em mudar o mundo.
Algumas fizeram apenas sugestões teóricas, outros atuaram ativamente para provar que suas idéias eram corretas.
Mudar o mundo foi o sonho, a obsessão e o objetivo de muitas vidas.
Adam Smith, por exemplo. Foi um filósofo e economista escocês que viveu no século XVIII. Para ele o mundo em que a produção e a distribuição das riquezas eram dirigidas pelo Estado, ou seja, pelo rei, era a causa de todas as dores sociais. O Rei privilegiava interesses e os ricos só poderiam ser ricos se circulasse em sua órbita.
A solução para mudar o mundo? O liberalismo econômico onde a produção, preço, distribuição e consumo seguissem as leis não escritas do mercado. Em busca do lucro tudo se ajeitaria e a economia como uma carroça de melancias se ajeitaria por si só.
Adam Smith é o pai do liberalismo econômico e sua obra “A Riqueza das Nações” a Bíblia. Suas idéias chegaram ao poder coma vitória da burguesia na Revolução Francesa, mas, se os ricos tornaram-se mais ricos, os pobres ficaram ainda mais abandonados e o mundo não mudou e ficou melhor para todos como ele imaginava.
Karl Marx também acreditava ser possível mudar o mundo. Para esse judeu alemão do século XIX o mundo se dividia entre exploradores (uma minoria, a elite burguesa) e explorados (os trabalhadores em geral). Dividia-se entre os que tinham os meios de produzir riqueza e obter lucros e os que não tinham esses meios mas produziam a riqueza com a sua força de trabalho, sendo obrigados a alugar essa força como se fosse uma ferramenta.
Para Marx era possível e natural mudar o mundo. Bastaria que os trabalhadores (especialmente os urbanos) se organizassem num partido político e sob a direção desse partido fizesse a revolução para um mundo novo, que ele chamou de socialista, e depois, para o paraíso possível na terra, a sociedade comunista, perfeita.
Obras como “O Capital” e “O Manifesto Comunista” foram à expressão maior das idéias de Marx e seu parceiro Engels. Em 1917 essas idéias foram postas em execução na Rússia, sob a liderança de um homem extraordinário chamado Vladimir Lênin. Mas, Lênin morreu poucos anos depois, o partido e o país passaram a ser liderados por homens que demonstraram enorme sede de poder, gerando uma das mais dramáticas ditaduras que o mundo já viu o stalinismo.
Nunca passamos do estágio socialista para a experiência comunista e o próprio socialismo ruiu em meados da década de 80 do século passado.
Outro que achava poder mudar o mundo foi Adolf Hitler. Acreditando na possibilidade de criar uma sociedade dominada por uma raça superior, a dele, claro, e na formação de estados centralizado sobre um líder (duche) forte, comprometido com a direção do estado e da economia como quem dirige uma fábrica levando o bem para todo o seu povo, Hitler provocou a maior tragédia humana que foi a segunda guerra mundial (1939-1945). Mein Kampf é onde expõem em dois volumes suas idéias de uma forma mais ou menos clara.
Muitos outros pensaram ser possível mudar o mundo, mas, de forma geral, o sucesso de suas idéias foi relativo e, de forma alguma definitivo.
Uma personagem, entretanto, foi exceção.
A figura de Jesus não tem comprovação histórica, isso é não existem dados documentais suficientes para se estabelecer com alguma garantia os seus passos, influências, origem e sua atuação política e social.
O que sabemos de Jesus é quase nada tendo em vista que apenas um historiador judeu romanizado, Josefo, o menciona em seus escritos.
Basicamente, o que sabemos de seus pensamentos estão contidos em obras clandestinas, de autoria não comprovada e de terceiros, os Evangelhos.
Escritos, com certeza no primeiro e segundo século de nossa Era, os evangelhos foram cuidadosamente selecionados pela Igreja Romana, mas isso, já é outra história.
O que nos importa aqui é que, de suas palavras e ensinamentos a multidão, relatados pelos evangelistas, entendemos que esse sábio também acreditava na possibilidade de mudar o mundo, mas não o mundo em si. Jesus foi totalmente diferente de qualquer outro pensador já citado, na medida em que defende que se mude a si mesmo. Ou seja, Jesus não menciona mudar o mundo e sim, mudar o próprio homem.
A força dessa idéia parece indestrutível.
Conforme se acredita, Jesus foi preso, sumariamente julgado, condenado e executado, mas, paradoxalmente, suas idéias sobreviveram ao tempo e atravessaram os séculos. Como sabemos, a sociedade ocidental foi moldada a partir do que chamamos de cristianismo.
Esse pensador, entretanto, não propôs nenhuma forma de revolução política ou de alteração profunda da economia. Por isso mesmo, sua proposta é a mais revolucionária das propostas de mudar o mundo.
Simplesmente incentivou a mudança de cada um, numa revolucionária mudança de valores.
Exortando que cada um encontrasse no outro a si mesmo, amando o próximo como amaria a si próprio, Jesus alterou a face do mundo e configurou as relações humanas da civilização ocidental.
Simples assim, sem manuais, exercício partidário ou definições de mercado.
Talvez, seja a hora do ocidente reviver o cristianismo em sua prática.
Promovendo a mudança interior, quem sabe, possamos, finalmente, mudar o mundo?
Prof. Péricles
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