quarta-feira, 23 de março de 2016

PROFISSÃO DELATOR



Por: Moisés Mendes

Uma ideia de quem não tem o que fazer no feriadão: a atividade de delator deveria virar profissão e ser regulamentada. Só poderia ser delator profissional quem já tivesse feito pelo menos cinco delações certeiras.

Um delator, para ter carteira com número no Conselho Regional dos Delatores, teria de ralar muito.

Claro que nem todos chegarão ao primeiro time de um Alberto Youssef, o doleiro que há anos vive da delação, mesmo que seja um meio delator. Youssef delata para todo lado, mas quase sempre falha ao apontar seu dedo para os tucanos.

Foi Youssef quem disse que seu compadre, o deputado José Janene, mandava R$ 300 mil por mês a Aécio Neves, num período entre 1996 e 2000. Youssef buscava o dinheiro com Dimas Toledo, diretor de Furnas, que recebia a grana da Bauruense, empresa fornecedora da estatal. O doleiro já contou e recontou que carregava dinheiro vivo em mala.

Levava para o compadre, e esse dizia que iria repassá-lo a Aécio. Dimas seria o infiltrado do PSDB na estatal. É o que todo mundo diz. Mas Youssef não dá provas do que conta. Sem provas, fica difícil investigar qualquer coisa, ainda mais contra gente do PSDB. E Janene está morto desde 2010.

Outro delator, Carlos Alexandre Rocha, o Ceará, disse que Aécio era "o mais chato" na cobrança de propinas da empreiteira UTC. 

E mais outro delator repetiu a história de Youssef na semana passada, o lobista Fernando Moura. Ele contou em delação que Aécio ficava com um terço da propina gerada em Furnas.

Aécio desqualificou o homem. Disse que o que ele fez "é algo absurdo, é algo criminoso" cometido por "réus confessos, que se limitam a lançar suspeições absurdas, sem qualquer sustentação". 

Segundo Aécio, Moura defende "interesses inconfessos".

Delatores com ficha suja deveriam dedurar apenas as quadrilhas do PT, do PP e do PMDB na Lava-Jato. Contra o PSDB, somente seriam aceitas delações de pessoas ilibadas, de freiras e monges. 

Então, que se profissionalize a delação, e os delatores amadores não prosperem. Que sejam eliminados os maus delatores do mercado.

Também é preciso estabelecer um Código de Conduta dos Delatores, para que fique escrito que delator sério não delata tucanos. Se delatar, que seja suspenso da atividade até as eleições de 2018, para que não tumultue o pleito.

É hora de dar um basta na onda de delações contra gente que nunca corrompeu ou foi corrompida. Delatores sem ética e escrúpulos devem ser delatados já pelo Sindicato dos Delatores Honestos e Similares.



Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre



segunda-feira, 21 de março de 2016

O GOLPISMO SEM VERGONHA



O golpe contra Getúlio Vargas em 1954 e o golpe contra Jango em 1964 tiveram lideranças que, utilizando-se do sigilo tramaram os fatos mais delicados que levariam à crise final.

Carlos Lacerda, o corvo,  é uma figura golpista predominante nos dois casos, mas outros atores também se destacam nos sinuosos caminhos da conspiração, como Roberto Marinho e o General Costa e Silva, por exemplo.

Além disso, a sombra sinistra dos Estados Unidos através de seus organismos de espionagem esteve presente de forma disfarçada, como na criação de institutos aparentemente inofensivos como os IPES e IBAD.

Foram golpes planejados e dirigidos por cabeças que não ficavam expostas embora delas partissem toda a trama que levaria aos negros anos de ditadura militar.

Na história da América Latina ser chamado de golpista sempre foi ofensivo e os golpistas buscaram esconder suas reais intenções.

A crise que assistimos atualmente tem lá seus ineditismos.

Dessa vez o golpismo não se escondeu nem usou sigilo. Ao contrário foi escancarado e se anunciou no horário nobre e misturado com toda a programação, assim como pode ser visto nas bancas em edições semanais.

Os golpistas perderam a vergonha de conspirar contra a ordem democrática.

A mídia nunca mais será vista da mesma forma depois de tudo o que está acontecendo.

Qualquer um que pare para pensar com frieza sobre os fatos que nos trouxeram até aqui poderá ficar surpreso ao perceber que o “caos” foi construído sobre nada verdadeiramente concreto.

O que de material sustenta uma acusação formal contra Dilma ou contra Lula?

Igual um feiticeiro misturando componentes mágicos para construir um sortilégio a mídia golpista misturou de tal forma fatos com especulação que já não se pode mais separar claramente um do outro.

Pegou como componente principal o ódio ao petismo que já vem temperado com o conservadorismo histórico de nossa cultura com o anticomunismo e a intolerância.

Misturou com mágoa e inconformismo da direita pela terceira derrota eleitoral sucessiva.

Adicionou boatos folclóricos transformados em verdades dogmáticas como “todo político é ladrão” e “a cubanização do Brasil”.

Apontou favores de exposição que aguçaram a síndrome de celebridade de algumas pessoas, juízes, policiais federais, etc.

E acabou criando um bolo explosivo e venenoso.

Não se mente mais que o presidente é comunista, mas que a presidente é amiga do ex-presidente que é ladrão.

E chegamos ao apogeu da hipocrisia para justificar um golpe de estado, que, se for vitorioso terá sido o mais diferenciado da história, pois absolutamente vazio de argumentos.

O bolo foi feito e está posto à mesa.

Agora é hora de prova-lo.

Triste é que, talvez, ele seja amargo demais... e mortal.

Mas, para os golpistas, parece que isso não vem ao caso.

Já que perderam a vergonha, não precisam mais disfarças os sentimentos.





Prof. Péricles

sábado, 19 de março de 2016

POR QUE A GLOBO PRECISA ACABAR COM O PT?


Por Eduardo Guimarães

Quem seria Sergio Moro sem a Globo? Como ele conseguiria subverter as leis, violar o Estado Democrático de Direito, proteger políticos de direita e linchar políticos de esquerda sem o apoio da Globo?

Moro/Lava Jato é a Globo e a Globo é Moro/Lava Jato. Não por conta do poder desse juizinho de primeira instância em busca de holofotes, mas pelo poder que a Globo lhe transferiu.

52 anos após ter desempenhado papel decisivo para solapar a democracia brasileira, mergulhando o país em 21 anos de ditadura militar, a família Marinho volta assumir o protagonismo do atentado à democracia.

Em uma edição de 1 hora, 1 minuto e 57 segundos, a emissora não tratou de outro assunto que não o golpe contra o governo legítimo de Dilma Rousseff, eleito por 54 milhões de brasileiros.

Antes de prosseguir, vale contextualizar a situação em que este texto está sendo divulgado.

Hordas fascistas se espalham pelas ruas agredindo cidadãos que possam demonstrar opinião política diferente, em um processo que reedita, de forma apavorante, a ascensão do fascismo na Alemanha dos anos 1920/1930.

De onde vem isso? Na edição histórica (da forma mais negativa possível) do Jornal Nacional da última quinta-feira (17/03), o leitor começa a entender.

Por mais de uma hora, a emissora repisou fatos que todos já estão carecas de saber. E divulgou áudios que indispõem Lula com autoridades que irão julgá-lo.

Enfim, promoveu um linchamento e ofereceu à turba “motivos” para se manter mobilizada, ainda que tenha se limitado a divulgar conversas que não contêm qualquer ilegalidade.

Ao fim dessa maratona midiática, o atual robô teleguiado dos Marinho, William Bonner, teve a audácia de dizer que aquela emissora, que acabara de promover um dos ataques políticos mais furibundos que já se viu, não toma partido simplesmente por ser imprensa.

Quem viu e ouviu Bonner dizer essas coisas é capaz de se esquecer quanto a Globo já fez contra a democracia brasileira. E como foi através da política que a família Marinho erigiu esse império que esmaga quem quer que a ele se oponha.

O pior de tudo é que a própria Globo já admitiu – vá lá, ao seu modo cínico, debochado – que nunca se limitou, apenas, a informar. A Globo e seus penduricalhos (Folha de São Paulo, O Globo, Estadão e Veja) interferem há muito na política brasileira.

Dentre todo o mal que essa família já causou ao Brasil, está uma ditadura de duas décadas que, para desespero de qualquer pessoa sensata, começa a ser reeditada.

Para concluir, vale explicar que a Globo não faz o que faz à toa, só para mostrar que pode ou porque acha Lula e Dilma feios e bobos.

A Globo quer tirar o PT do poder e inviabilizar sua vitória em 2018 porque nesse ano sua concessão vencerá.

Muitos fascistas não sabem, mas a família Marinho não é dona da faixa do espectro radioelétrico por onde trafegam as ondas de rádio que colocam a programação dessa emissora na sua tevê. Essa faixa é uma concessão do Estado brasileiro.

A família Marinho teme que se Dilma chegar forte a 2018 e com Lula tendo chance de se eleger, o governo federal pode mandar para o Congresso uma medida propondo a não-renovação da concessão.

Ah, mas o Congresso jamais irá enfrentar a Globo, dirá você. Conversa. A Globo se mantém no “poder” na base da opressão, da intimidação. E seu poder ainda reside na transmissão pela TV aberta. Muitos políticos podem querer ajustar as contas com a Globo, se tiverem oportunidade.

Por fim, um recadinho ao senhor William Bonner: crie vergonha na cara, meu senhor. A história irá registrar com dureza o papel patético que o senhor desempenha ao mentir dessa forma vil a troco de algumas dezenas ou centenas de milhares de reais.



quinta-feira, 17 de março de 2016

INCLUSIVE OS TOLOS


Fim das horas que antecede a guerra e abrasa a Terra, que abraça o mar e que alerta a todos.

Calor das ondas que se espreguiçam na areia e bocejam cansadas.

É fugaz a vida quando se mira o horizonte e se percebe a distância entre um ponto e qualquer outro ponto.

Sem dúvida mais fácil que ser gigante para poucos é se fazer pequeno para muitos, por isso, o sol permitiu o pensamento de que ele girava sobre a Terra e não o contrário.

Para muitos a terra gira sobre si e só seus problemas são importantes e importam.

A reflexão sobre a história não nos faz poetas, mas, nos obriga a perceber a condição humana como uma poesia sem rimas e perdida num papel dobrado e esquecido ao largo da vida.

De quantos renascimentos precisa o homem para entender que seu maior fracasso é não ter construído uma sociedade verdadeiramente justa?

Engana-se quem pensa que a história meramente agrupa fatos em ordem cronológica.

Mai que isso, a história coleciona vidas que se tornam relatos ao longo do tempo, relatos que importam mais que a cronologia dos fatos.

E em cada vida um rosário de consequências, que podem ser futuras, imediatas ou perdidas, para serem recuperadas lá na frente com algum bisneto ou tataraneto e essa soma toda na verdade é nossa história, tão nossa e tão íntima como nosso travesseiro preferido.

Grandes conquistadores estabeleceram fronteiras.

Ciro, da Pérsia, Alexandre da Macedônia, Júlio Cesar de Roma, Atila, o Huno, Carlos Magno, Napoleão Bonaparte, entre outros, mas nenhum conseguiu conquistar a felicidade plena de todos os seus súditos.

Muitos lutaram pela paz.

Jesus, Gandhi, Luther King, entre outros, e todos que defendiam a paz foram mortos pela violência, o que não quer dizer que a tirania é maior que o amor, pois enquanto o sonho de um tirano é egoísta e morre com ele, o sonho da paz é universal e permanece nas próximas gerações.

A história nos conta, mas dependendo da forma que a história é contada uma versão se sobrepõe a outra, e será verdadeira aquela que mais interessa aos vencedores do momento, entretanto, a história dos pequenos nunca será esquecida graças, justamente, aos historiadores.

O Brasil teve muitos massacres como a Revolta dos Alfaiates, a Conjuração Baiana, a Praieira, a Cabanada, Balaiada, Canudos, Contestado, mas não chamamos a isso de massacres e sim de revoltas, como se os culpados fossem os revoltados e não o Estado facínora.

Nosso país já teve guerras civis. Confederação do Equador, Farroupilha, Federalista, Constitucionalista Paulista, mas não as chamamos de Guerra Civil e sim de Revoluções como se fosse cruel demais imaginar brasileiros matando brasileiros e assim, preferimos criar mitos de que somos um povo pacífico.

Temos a paz, mas as vezes apenas a paz dos cemitérios.

Na nação do faz de conta a miscigenação cultural deu-se por afeição e falta de opções e não pela escravidão criminosa.

E o culto é livre desde que abaixem os sons dos tambores e se apaguem os incensos.

Já faz tempo que se amarelaram as mais antigas esperanças e se amarelaram as folhas do meu primeiro livro de história.

Que o brasileiro saiba que mais importante que lutar por si, é lutar por todos.

Inclusive os tolos.



Prof. Péricles















segunda-feira, 14 de março de 2016

TRUMP VERSUS HILLARY


Por José Inácio Werneck

O inverno chega ao fim nos Estados Unidos e a campanha eleitoral se intensifica na primavera do lado Republicano com Primárias em que Donald Trump, Marco Rubio e Ted Cruz apresentam um panorama de lamentável indigência intelectual e completa ausência de boas maneiras.

O Partido Republicano tem dois outros candidatos em suas Primárias: John Kasich, governador de Ohio, o único capaz de manter um nível de discussão mais elevado, e Ben Carson, um cirurgião que explora evangélicos incautos e está na contenda apenas como instrumento de divulgação de seus livros de “autoajuda”.

Alguns leitores poderão perguntar o que vem a ser as Primárias. Elas são o meio pelo qual os dois principais partidos – o Republicano e o Democrático – escolhem seu candidato na eleição presidencial que vai ocorrer no próximo mês de novembro.

É um sistema confuso, pois os chefões republicanos e democratas guardam ainda no bolso o direito de conchavos e discussões nas duas convenções partidárias.

Há delegados, super-delegados e a possibilidade de que, num campo não muito definido, a Convenção acabe escolhendo um candidato que não tenha necessariamente reunido o maior número de vitórias nas Primárias.

É a esperança de muita gente no Partido Republicano para evitar a candidatura do magnata Donald Trump, que vem por enquanto ganhando as Primárias com uma mistura de racismo, xenofobia, insultos e ameaças, dirigidas não apenas a seus opositores, mas a outras nações.

Donald Trump é o homem que promete deportar 11 milhões de imigrantes, construir um muro entre o México e os Estados Unidos, obrigando o governo mexicano a pagar, proibir a entrada de muçulmanos no país, usar contra eventuais inimigos métodos de tortura piores do que o “water-boarding” (afogamento simulado), invadir países do Oriente Médio, bombardeá-los e – por último mas de modo derradeiro – “colonizar” os postos de petróleo do Iraque, apoderando-se de sua produção.

Os coronéis do Partido Republicano prefeririam um candidato aparentemente mais moderado, como Marco Rubio, filho de imigrantes cubanos.

Mas Rubio é a Hillary Clinton dos republicanos, capaz de dizer tudo e qualquer coisa, se vislumbrar a possibilidade de angariar votos. Muda permanentemente de opinião, como na questão da imigração, e deve sua carreira a um bilionário investidor da Flórida.

Mas, fundamentalmente, de moderado ele não tem nada e sua política externa baseia-se muito mais em ameaçar outras nações com o poderio militar americano (à la Donald Trump) do que em negociações diplomáticas.

Ted Cruz, nascido no Canadá, filho de cubano com americana, é, como Ben Carson, um explorador da ingenuidade dos evangélicos, mas mais perigoso, pois realmente tem algum cacife político, coisa que o cirurgião – uma criatura que prova que um especialista bem-sucedido em seu campo de atividades pode ser também um completo idiota em tudo o que ocorre fora de sua sala de operações – não possui.

Na disputa, os insultos voam, descendo até ao terreno escatológico, com Rubio insinuando que Trump mijou nas calças. Trump vinha ofendendo Rubio e Cruz equitativamente, mas nas últimas horas desfechou seu fogo mais em Rubio, tendo para tanto alinhado o apoio do governador de New Jersey, Chris Christie, inimigo declarado de Rubio.

Christie, cuja campanha nas Primárias fracassou, obrigando-o a retirar a candidatura, culpa o “estabelecimento” republicano por seu infortúnio e apoia Trump como vingança – além, claro, de promessas de cargos numa futura administração, se ela vier a se concretizar.

No lado dos democratas, Hillary Clinton vai liderando, apesar de todas as críticas quanto à sua confiabilidade e honestidade. Hillary se encontra sob fogo pesado, entre outras coisas, por vir se recusando a publicar as transcrições de palestras que fez para firmas de Wall Street – ao preço de 750 mil dólares para algumas delas e um pouco menos para outras.

Em um ano e pouco mais, Hillary Clinton arrecadou 11 milhões de dólares com tais palestras.

A pergunta geral: os banqueiros e donos de fundos de risco estariam lhe dando tanto dinheiro só pelos seus belos olhos e a eloquência de sua prosa?

Num pleito sério, os republicanos concorreriam com John Kasich e os democratas com o senador Bernie Sanders.

Mas de séria a atual campanha presidencial nada tem.



José Inácio Werneck, jornalista e escritor, trabalhou no Jornal do Brasil e na BBC, em Londres. Colaborou com jornais brasileiros e estrangeiros. É intérprete judicial em Bristol, no Connecticut, EUA, onde vive.

sábado, 12 de março de 2016

A LEI DE MURICI


O Muricizeiro é uma espécie rústica que se desenvolve muito bem em solos arenosos com poucos nutrientes. Por isso, o seu fruto, o murici, é típico do sertão nordestino.

Aliás, o Muricizeiro permanece florido, e muito bonito, mesmo na seca mais tenebrosa, daí nasceu o provérbio popular de que, quanto mais florido o muricizeiro, mais difícil é a vida do sertanejo.


Em 1896, tropas federais, promoveram uma campanha contra o Arraial rebelde de Canudos, no sertão da Bahia. Essas tropas eram comandadas pelo general Moreira César, militar importante na época.


Os “homens do Conselheiro” promoveram uma emboscada e as forças oficiais caíram como patinhos. Moreira César foi mortalmente atingido e o comando deveria passar ao coronel Pedro Nunes Tamarindo, porém, o coronel tomado de enorme pavor teria abandonado a luta gritando “em terra de murici cada um cuida de si”.

Até hoje, naquela parte do país chamasse de “lei de murici” a idéia de que, no perigo, cada um que trate de salvar a própria pele.

De certa forma se repete muitas vezes o mesmo comportamento.

Diante das ameaças, muitos pensam apenas em si e nas suas vantagens.

O PMDB é o partido político que encarna perfeitamente o coronel Tamarindo.

Desde o fim da ditadura militar, em 1985, tem se mantido no poder sem assumir a responsabilidade do poder, alterando apoios conforme o sabor das ondas.

Nas eleições presidenciais de 1989 apoiou Fernando Color jogando a candidatura do presidente do próprio partido,  Ulisses Guimarães no lixo, mas abandonou a barca assim que os escândalos do caso PC Farias bateu à porta do presidente.

Seus deputados votaram em peso pelo impeachment sem nenhum rubor na face.

Manteve-se no poder nos oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso, do PSDB (que surgiu de uma dissidência do próprio PMDB em 1985).

Em troca de ministérios e cargos em todos os escalões, apoiou os governos Lula e Dilma do PT, sendo o mais importante partido da base governista, porém, sempre com um pé dentro e outros fora, atento ao menor ruído.

Quando a atual crise política chegou perto de Dilma, o vice-presidente (também presidente do PMDB) divulgou uma carta patética que beirava a infantilidade política mas, importante para assinalar sua postura de “se apertar, não conte comigo”.

Dessa forma, ao entrarmos na parte final de pedido de impeachment de Dilma quando as decisões do presidente do senado (do PMDB) e os votos de seus parlamentares se tornam decisivos para a continuidade da ordem institucional ou não, pergunta-se qual será, afinal, a postura do PMDB?

Embora nada possa ser antecipado no jogo político que se trava hoje no Brasil, mas, diante dos antecedentes históricos desse partido e de sua clássica estratégia oportunista para se manter no poder, não será surpreendente se ele, novamente, aplicar a “Lei de Murici”.



Prof. Péricles