Roteiro para um filme de terror brasileiro.
O ano é 2024.
A questão israelense continua grave, aliás, mais um massacre de palestinos foi recentemente perpetrado, mas não vem ao caso.
Na rádio o funk do MC Doidão está bombando, maior sucesso. Por sua completa inutilidade as letras foram abolidas da música.
O país, vive tempos de muita paz.
Nada de protestos nem de greves. Contestações e sindicatos estão proibidos.
Nas grandes cidades, uma multidão de zumbis carrega suas sombras.
A turba arrasta seus pés ao caminhar para o trabalho. São 10 horas por dia de segunda a sábado, com possibilidades de ser chamado aos domingos.
Câmeras do grande irmão Coxinha no alto dos postes, observam tudo e sempre que detectam algum zumbi se escorando na parede acionam o alerta... plim-plim...plim-plim... e o zumbi se recupera e segue seu caminho rumo ao trabalho ordeiro de cordeiro.
No centro da cidade ainda restam vestígios da grande fogueira que queimou a última bruxa, uma mulher que se atrevia a clamar por igualdade salarial entre homens e mulheres e ousou pedir respeito aos direitos femininos. Maldita! Foi execrada e estuprada por três fãs do mito antes de ser queimada. Afinal, ela pediu com aquelas roupinhas curtas.
Periodicamente, grandes telões são ligados e neles surge a cara conhecida de um apresentador de telejornal. Durante alguns minutos os zumbis olham para a imagem do apresentador e aparentemente escutam as notícias do momento dizendo que tudo foi culpa do PT e que fora do neoliberalismo não há salvação.
Nos colégios professores zumbis numa escola sem opinião ensinam histórias em que seres demoníacos como Paulo Freire, Lula, Getúlio Vargas, Brizola, Fidel Castro, Hugo Chaves, entre outros, ameaçaram um dia a instalação do paraíso na terra que hoje eles vivem.
Fala-se também na maravilha de viver num país sem funcionários públicos, os verdadeiros culpados do grande surto da corrupção que varreu o país por décadas. Afinal, para que funcionários públicos se nenhum bem mais era público desde a grande privatização do ano anterior?
Nada de empresas públicas. Tudo em nome do Tio San, dos filhos da burguesia e do espírito do capital.
Também não existe mais sistema de saúde. Numa terra de zumbis ordeiros ficar doente é crime e mesmo um zumbi pode adquirir um plano de saúde privado.
Um mundo sem doentes e sem gays, lésbicas nem outras loucuras como negros metidos a besta pensando em fazer curso superior.
À noite, após o trabalho de 10 horas, antes de voltar para a cripta, os zumbis se reúnem nos grandes templos, onde pastores explicam que a zumbizisse é vontade do senhor e que todos devem estar atentos às ameaças dos comunistas, anarquistas e esquerdistas em geral que comem criancinhas e no passado só criavam coisas inúteis como utopias de igualdade e fraternidade e outras coisas impossíveis.
Depois do culto que termina com o hino dos Estados Unidos, a turma segue seu caminho silencioso, arrastando seus pés numa procissão de zumbis, com um sorriso bestial no rosto.
Prof. Péricles
sábado, 30 de julho de 2016
quinta-feira, 28 de julho de 2016
LEMBRE DE MUNIQUE
Por Sheila Sacks,
Em outubro de 2016, encerrados os Jogos Olímpicos do Rio (de 5 a 21 de agosto), uma solenidade marcará o engajamento da Alemanha e do Comitê Olímpico Internacional (COI) ao projeto memorial que insere os 11 desportistas israelenses (cinco atletas e seis treinadores) assassinados durante a Olimpíada de Munique, em 1972, no panteão histórico dos mártires olímpicos.
A construção de 2,3 milhões de dólares está sendo erguida entre a Vila Olímpica, local do atentado, e o estádio olímpico de Munique, e sua instalação contou com o apoio financeiro do governo alemão, do COI, da Confederação alemã de Esportes Olímpicos da Fundação para o Desenvolvimento Global de Esportes e de outras organizações internacionais.
Passaram-se mais de quatro décadas para que o COI e seus dirigentes reconhecessem efetivamente o tamanho da tragédia que se abateu em Munique e o peso de seu legado em termos de responsabilidade moral e pública.
Desde então, a mensagem é clara: aos governos de países que sediam os Jogos não é dada a possibilidade de falhar ou se omitir, sobretudo no quesito da segurança, sob pena de comprometer, de forma indelével, o ideal olímpico que anima milhares de atletas e visitantes nesse que é o maior espetáculo contemporâneo de confraternização entre povos e nações.
Por isso, entende-se a manifesta preocupação do diretor do Departamento de Contraterrorismo da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Luiz Alberto Sallaberry, diante do aumento de brasileiros seguidores do Estado Islâmico (EI).
Ele atribui o fato ao “mecanismo da internet” e “às facilidades migratórias do Brasil”.
Em meados de abril, em uma Feira Internacional de Segurança Pública ocorrida no Rio de Janeiro, Sallaberry confirmou que a probabilidade do Brasil ser alvo de ataques terroristas.
Muito antes do curta (29 minutos) “Munique 72 e Além” outro documentário já abordava o sequestro e massacre dos atletas israelenses sob uma ótica jornalística mais investigativa. Produzido em 1999, “Um dia em setembro” (On Day in September), do escocês Kevin Macdonald, traz uma entrevista inédita com Jamal Al-Gashey, o único dos oito terroristas que provavelmente ainda continua vivo, escondido em algum lugar da Jordânia.
Com o rosto encoberto, Al-Gashey diz: “Estou orgulhoso do que fiz em Munique porque ajudou bastante a causa palestina. Antes de Munique o mundo não tinha ideia de nossa luta". Os terroristas exigiam a libertação de 234 presos em Israel.
Premiado com o Oscar de melhor documentário de 2000, o filme reúne entrevistas com membros do Mossad, o serviço secreto de Israel, e com os parentes dos atletas mortos.
Na ocasião da premiação, Macdonald justificou de maneira contundente o motivo que o levou a realizar o filme: “De alguma forma o massacre de Munique foi uma transgressão inominável, a destruição de um ideal de paz e fraternidade”.
Seu produtor, John Battsek, foi mais adiante: “A investigação para o documentário revelou uma história de mistério, conspiração, tragédia, inépcia e terror”.
Estima-se que 900 milhões de pessoas em mais de 100 países assistiram pela TV o ataque ao alojamento dos atletas, na Vila Olímpica, na madrugada de 5 de setembro de 1972, e o seu desenrolar trágico que durou 18 horas.
Cinco dos oito integrantes do grupo terrorista Setembro Negro invadiram o quarto onde dormia a equipe israelense e assassinaram dois atletas no confronto inicial, sendo que o halterofilista Yossef Romano foi torturado e castrado.
Por isso, entende-se a manifesta preocupação do diretor do Departamento de Contraterrorismo da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Luiz Alberto Sallaberry, diante do aumento de brasileiros seguidores do Estado Islâmico (EI).
Ele atribui o fato ao “mecanismo da internet” e “às facilidades migratórias do Brasil”.
Em meados de abril, em uma Feira Internacional de Segurança Pública ocorrida no Rio de Janeiro, Sallaberry confirmou que a probabilidade do Brasil ser alvo de ataques terroristas.
Muito antes do curta (29 minutos) “Munique 72 e Além” outro documentário já abordava o sequestro e massacre dos atletas israelenses sob uma ótica jornalística mais investigativa. Produzido em 1999, “Um dia em setembro” (On Day in September), do escocês Kevin Macdonald, traz uma entrevista inédita com Jamal Al-Gashey, o único dos oito terroristas que provavelmente ainda continua vivo, escondido em algum lugar da Jordânia.
Com o rosto encoberto, Al-Gashey diz: “Estou orgulhoso do que fiz em Munique porque ajudou bastante a causa palestina. Antes de Munique o mundo não tinha ideia de nossa luta". Os terroristas exigiam a libertação de 234 presos em Israel.
Premiado com o Oscar de melhor documentário de 2000, o filme reúne entrevistas com membros do Mossad, o serviço secreto de Israel, e com os parentes dos atletas mortos.
Na ocasião da premiação, Macdonald justificou de maneira contundente o motivo que o levou a realizar o filme: “De alguma forma o massacre de Munique foi uma transgressão inominável, a destruição de um ideal de paz e fraternidade”.
Seu produtor, John Battsek, foi mais adiante: “A investigação para o documentário revelou uma história de mistério, conspiração, tragédia, inépcia e terror”.
Estima-se que 900 milhões de pessoas em mais de 100 países assistiram pela TV o ataque ao alojamento dos atletas, na Vila Olímpica, na madrugada de 5 de setembro de 1972, e o seu desenrolar trágico que durou 18 horas.
Cinco dos oito integrantes do grupo terrorista Setembro Negro invadiram o quarto onde dormia a equipe israelense e assassinaram dois atletas no confronto inicial, sendo que o halterofilista Yossef Romano foi torturado e castrado.
Os outros nove desportistas foram levados pelos terroristas como reféns para um aeroporto militar nos arredores de Munique e perderam a vida em uma tentativa fracassada de resgate conduzida pela polícia alemã. Um policial e cinco terroristas também morreram.
Três terroristas foram detidos e em pouco menos de dois meses foram libertados em uma troca que envolveu o sequestro de um avião da Lufthansa.
Para Steven Ungerleider, membro do Comitê Olímpico dos EUA e um dos produtores de “Munique 72 e Além”, o atentado de Munique “foi o primeiro ato de terror moderno e não se justifica que esse trauma horrendo seja relegado a uma simples notinha histórica de rodapé”.
De Munique à Rio-2016, lá se vão mais de 40 anos e dez Jogos nas cidades-sede de Montreal (1976), Moscou (1980), Los Angeles (1984), Seul (1988), Barcelona (1992), Atlanta (1996), Sydney (2000), Atenas (2004), Pequim (2008) e Londres (2012).
Durante esse tempo, pedidos foram feitos por familiares dos atletas israelenses para que o COI promovesse um minuto de silêncio na abertura ou no encerramento de uma das Olimpíadas para lembrar as vítimas. Porém, a alegação de que esse tipo de homenagem poderia abalar os atletas ou provocar constrangimento às delegações dos países árabes pontuou as negativas sucessivas emitidas pelo COI.
Mas, para a Olimpíada do Rio – que vai receber 10.500 atletas de 206 países e será vista por mais de 3 bilhões de espectadores ao redor do mundo – o atual presidente do COI, o alemão e ex-esgrimista olímpico Thomas Bach, parece ter encontrado uma solução diplomática. Ele anunciou que haverá um minuto de silêncio na solenidade de encerramento dos Jogos, “para permitir que todos no estádio, bem como aqueles que estão assistindo em casa, lembrem dos entes queridos que já faleceram.”
Antes, no dia 14, em parceria com o Comitê Rio-2016, o COI finalmente irá homenagear os 11 atletas mortos em uma cerimônia na Vila Olímpica da Barra da Tijuca, sinalizando um considerável diferencial de humanismo, generosidade, tolerância e boa vontade que já distingue a Rio-2016 antes mesmo de seu início, das demais Olimpíadas, e em especial da de Munique com a sua terrível história de fanatismo e barbárie.
Sheila Sacks, jornalista tem artigos publicados nos sites Observatório da Imprensa e Rio Total. Desde 2009 mantém o blog “Viajantes do tempo”.
Três terroristas foram detidos e em pouco menos de dois meses foram libertados em uma troca que envolveu o sequestro de um avião da Lufthansa.
Para Steven Ungerleider, membro do Comitê Olímpico dos EUA e um dos produtores de “Munique 72 e Além”, o atentado de Munique “foi o primeiro ato de terror moderno e não se justifica que esse trauma horrendo seja relegado a uma simples notinha histórica de rodapé”.
De Munique à Rio-2016, lá se vão mais de 40 anos e dez Jogos nas cidades-sede de Montreal (1976), Moscou (1980), Los Angeles (1984), Seul (1988), Barcelona (1992), Atlanta (1996), Sydney (2000), Atenas (2004), Pequim (2008) e Londres (2012).
Durante esse tempo, pedidos foram feitos por familiares dos atletas israelenses para que o COI promovesse um minuto de silêncio na abertura ou no encerramento de uma das Olimpíadas para lembrar as vítimas. Porém, a alegação de que esse tipo de homenagem poderia abalar os atletas ou provocar constrangimento às delegações dos países árabes pontuou as negativas sucessivas emitidas pelo COI.
Mas, para a Olimpíada do Rio – que vai receber 10.500 atletas de 206 países e será vista por mais de 3 bilhões de espectadores ao redor do mundo – o atual presidente do COI, o alemão e ex-esgrimista olímpico Thomas Bach, parece ter encontrado uma solução diplomática. Ele anunciou que haverá um minuto de silêncio na solenidade de encerramento dos Jogos, “para permitir que todos no estádio, bem como aqueles que estão assistindo em casa, lembrem dos entes queridos que já faleceram.”
Antes, no dia 14, em parceria com o Comitê Rio-2016, o COI finalmente irá homenagear os 11 atletas mortos em uma cerimônia na Vila Olímpica da Barra da Tijuca, sinalizando um considerável diferencial de humanismo, generosidade, tolerância e boa vontade que já distingue a Rio-2016 antes mesmo de seu início, das demais Olimpíadas, e em especial da de Munique com a sua terrível história de fanatismo e barbárie.
Sheila Sacks, jornalista tem artigos publicados nos sites Observatório da Imprensa e Rio Total. Desde 2009 mantém o blog “Viajantes do tempo”.
segunda-feira, 25 de julho de 2016
COMO ASSIM, ESCOLA SEM IDEOLOGIA?
Por Marcelo Rubens Paiva
A escola sem um professor de história de esquerda é como uma escola sem
pátio, sem recreio, sem livros, sem lanchonete, sem ideias. É como um
professor de educação física sem uma quadra de esportes, ou uma quadra
sem redes, ou crianças sem bola.
O professor de história tem que ser de esquerda. Tem que contestar os regimes, o sistema, sugerir o novo, o diferente. Tem que expor injustiças sociais, procurar a indignação dos seus alunos, extrair a bondade humana, o altruísmo.
Como abordar o absolutismo, a escravidão, o colonialismo, a Revolução Industrial, os levantes operários do começo do século passado, Hitler e Mussolini, as Grandes Guerras, a Guerra Fria, o liberalismo econômico, sem a leitura da luta de classes, uma visão da esquerda?
A minha do colegial era a Zilda, inesquecível, que dava textos de Max Webber, do mundo segmentado do trabalho. Ela era sarcástica com a disparidade econômica e a concentração de renda do Brasil. Das quais nossas famílias, da elite paulistana, eram produtoras.
Em seguida veio o professor Beno (Benauro). Foi preso e torturado pelo DOI-Codi, na leva de repressão ao PCB de 1975, que matou Herzog e Manoel Fiel Filho. Benauro era do Partidão, como nosso professor Faro (José Salvador), também preso no colégio. Eu tinha 16 anos quando os vimos pelas janelas da escola, escoltados por agentes.
Outro professor, Luiz Roncari, de português, também fora preso. Não sei se era do PCB. Tinha um tique nos olhos. O chamávamos de Luiz Pisca-Pisca. Diziam que era sequela da tortura. Acho que era apenas um tique nervoso. Dava aulas sentado em cima da mesa. Um ato revolucionário.
Era muito bom ter professores ativistas e revolucionários me educando. Era libertador.
Não tem como fugir. O professor legal é o de esquerda, como o de biologia precisa ser divertido, darwinista e doidão, para manter sua turma ligada e ajudar a traçar um organograma genético da nossa família. A base do seu pensamento tem de ser a teoria da evolução. Ou vai dizer que Adão e Eva nos fizeram?
Como abordar o absolutismo, a escravidão, o colonialismo, a Revolução Industrial, os levantes operários do começo do século passado, Hitler e Mussolini, as Grandes Guerras, a Guerra Fria, o liberalismo econômico, sem a leitura da luta de classes, uma visão da esquerda?
A minha do colegial era a Zilda, inesquecível, que dava textos de Max Webber, do mundo segmentado do trabalho. Ela era sarcástica com a disparidade econômica e a concentração de renda do Brasil. Das quais nossas famílias, da elite paulistana, eram produtoras.
Em seguida veio o professor Beno (Benauro). Foi preso e torturado pelo DOI-Codi, na leva de repressão ao PCB de 1975, que matou Herzog e Manoel Fiel Filho. Benauro era do Partidão, como nosso professor Faro (José Salvador), também preso no colégio. Eu tinha 16 anos quando os vimos pelas janelas da escola, escoltados por agentes.
Outro professor, Luiz Roncari, de português, também fora preso. Não sei se era do PCB. Tinha um tique nos olhos. O chamávamos de Luiz Pisca-Pisca. Diziam que era sequela da tortura. Acho que era apenas um tique nervoso. Dava aulas sentado em cima da mesa. Um ato revolucionário.
Era muito bom ter professores ativistas e revolucionários me educando. Era libertador.
Não tem como fugir. O professor legal é o de esquerda, como o de biologia precisa ser divertido, darwinista e doidão, para manter sua turma ligada e ajudar a traçar um organograma genético da nossa família. A base do seu pensamento tem de ser a teoria da evolução. Ou vai dizer que Adão e Eva nos fizeram?
O de química precisa encontrar referências nos elementos que temos em
casa, provar que nossa cozinha é a extensão do seu laboratório, sugerir
fazer dos temperos, experiências.
O professor de física precisa explicar Newton e Einstein, o chuveiro elétrico e a teoria da relatividade e gravitacional, calcular nossas viagens de carro, trem e foguete, mostrar a insignificância humana diante do colossal universo, mostrar imagens do Hubble, buracos negros, supernovas, a relação energia e massa, o tempo curvo. Nosso professor de física tem que ser fã de Jornadas nas Estrelas.
Precisa indicar como autores obrigatório Arthur Clarke, Philip Dick, George Orwell. E dar os primeiros axiomas da mecânica quântica.
O professor de filosofia precisa ensinar Platão, Sócrates e Aristóteles, ao estilo socrático, caminhando até o pátio, instalando-se debaixo de uma árvore, sem deixar de passar pela poesia de Heráclito, a teoria de tudo de Parmênides, a dialética de Zenão. Pula para Hegel e Kant, atravessa o niilismo de Nietzsche e chega na vida sem sentido dos
existencialistas. Deixa Marx e Engels para o professor de história barbudo, de sandália, desleixado e apaixonante.
O professor de português precisa ser um poeta delirante, louco, que declama em grego e latim, Rimbaud e Joyce, Shakespeare e Cummings, que procura transmitir a emoção das palavras, o jogo do inconsciente com a leitura, a busca pela razão de ser, os conflitos humanos, que fala de alegria e dor, de morte e prazer, de beleza e sombra, de
invenção-fingimento.
O de geografia precisa falar de rios, penínsulas, lagos, mares, oceanos, polos, degelo, picos, trópicos, aquecimento, Equador, florestas, chuvas, tornados, furacões, terremotos, vulcões, ilhas, continentes, mas também de terras indígenas, garimpo ilegal, posseiros, imigração, geopolítica, fronteiras desenhadas pelos colonialistas, diferenças entre xiitas e
sunitas, mostrar rotas de transação de mercadorias e comerciais, guerra pelo ouro, pelo diamante, pelo petróleo, seca, fome, campos férteis, Civilização.
A missão deles é criar reflexões, comparações, provar contradições. Provocar. Espalhar as cartas de diferentes naipes ideológicos. Buscar pontos de vista.
O paradoxo do movimento Escola sem Partido está na justificativa e seu programa: "Diante dessa realidade - conhecida por experiência direta de todos os que passaram pelo sistema de ensino nos últimos 20 ou 30 anos -, entendemos que é necessário e urgente adotar medidas eficazes para prevenir a prática da doutrinação política e ideológica nas escolas, e a usurpação do direito dos pais a que seus filhos recebam a educação moral que esteja de acordo com suas próprias convicções."
Mas como nasceriam as convicções dos pais que se criariam num mundo de escolas sem ideologia? E que doutrina defenderiam gerações futuras?
A escola não cria o filho, dá instrumentos. O papel dela é mostrar os pensamentos discordantes que existem entre nós. O argumento de escola sem ideologia é uma anomalia de Estado Nação.
Uma escola precisa acompanhar os avanços teóricos mundiais, o futuro, melhorar, o que deve ser reformulado. Um professor conservador proporia manter as coisas como estão. Não sairíamos nunca, então, das cavernas.
Marcelo Rubens Paiva é escritor, dramaturgo e jornalista.
sábado, 23 de julho de 2016
ESCOLA SEM PARTIDO, DIREITA SEM VERGONHA
A primeira vez que frequentei uma sala de aula, era muito jovem, e ainda estava na faculdade. Estava eu no meio de professores mais velhos e experientes, encolhido num canto, nervoso diante dos minutos que antecediam minha primeira aula.
De repente um professor, que vim a me relacionar muito bem mais tarde, se aproxima de mim e me fala quase aos cochichos: vai embora guri, te manda antes que seja tarde.
Lógico que me assustei com aquilo, mas, o colega continuou: se realmente der a primeira aula, vais te apaixonar, vai querer que a segunda seja melhor que a primeira e nunca mais vai deixar de ser professor e mal pago. Te manda, vai fazer outra coisa e ganhar dinheiro.
Não ouvi seu bem-humorado conselho (sim, ele estava brincando) e dei a primeira aula, dei a segunda e estou lecionando até hoje, trinta anos depois.
De certa forma, ele tinha razão. Lecionar sobre a história da humanidade é viver uma paixão de tal forma que ela só cresce e um professor de história será sempre um professor de história.
Por mais conhecimento que tenha o professor, se não tiver paixão, jamais será um bom professor.
Como falar sobre o homem, sua produção, suas escolhas e suas heranças sem paixão?
Como relatar a história de povos que foram ricos em descobertas e conhecimentos, mas que já desapareceram, sem um toque de saudade e mistério?
De que forma podemos falar da arte humana de reproduzir a realidade em que vive sem imaginar os dedos do artista, seus pensamentos e receios diante da obra?
Impossível viajar pela mitologia dos povos sem imaginar sua personalidade, seus sonhos, esperanças e decepções sem sentir um pouco da emoção que sonhos esperanças e decepções emanam.
Seria possível falar da contradição de um animal que progrediu tanto ´tecnologicamente que já faz transplantes, mapeia genomas, viaja no cosmos e cria máquinas maravilhosas como o computador, mas que, jamais conseguiu criar uma sociedade minimamente justa, sem um misto de indignação e deslumbramento?
Somos sim inteligentes e temos consciência de nossa existência. Fazemos milagres com nossa imaginação e trabalho, mas, ainda permitimos que crianças morram de fome, velhos morram abandonados e a violência ainda dite as normas em vários pontos do planeta.
Falamos de coisas antigas, mas que estão tão presentes hoje como ontem como fanatismo religioso, homofobia, fascismo, guerras e outras degradações humanas.
Como falar da história do Brasil sem nos emocionarmos com as mesquinharias das elites que mantiveram a escravidão ao ponto da exaustão num mundo que não mais admitia o trabalho escravo?
Daria para falar do holocausto judeu sem lembrar o maior de todos os holocaustos praticados contra as populações indígenas das Américas?
Ou do egoísmo da República Velha e seus coronéis donos do poder e das Leis?
Poderíamos permitir a crítica ao totalitarismo europeu sem lembrar da comédia dos integralistas brasileiros apaixonados por Hitler e Mussolini?
Não, não peçam a um professor de história que ele dê aula sem partido, pois todo relato histórico já exige em sua essência que se tome um partido.
Um professor não é um narrador, uma leitura mecânica sem alteração no timbre de voz.
O que nos move não é o salário, é o brilho de indignação e curiosidade nos olhos de nossos alunos. É provocar a inquietação e a vontade de saber mais.
Por isso, meu colega tinha razão, os salários são baixos, mas não perdemos a vontade de continuar lecionando já que cada inquietação que provocamos é uma nova esperança em dias melhores.
Não queiram nos tirar a indignação que as vezes nos levam às lágrimas como nos relatos de perseguidos e torturados por ditaduras criminosas.
A neutralidade não foi feita para poetas nem para contadores de história.
Melhor seria uma mídia sem partido, mas a simples menção da ideia provoca clamores de interferência na liberdade de informação. Mas, o que o professor de história faz também não é direito de liberdade de informação?
Melhor seria judiciário sem partido, polícia federal sem partido, ministério público sem partido.
A interpretação e aplicação da Lei sim, exigem imparcialidade, neutralidade e, se possível, ausência de emoção.
O pedido de uma escola sem partido vem da direita, pois, reclamam, os professores são majoritariamente de esquerda.
Então seria de se questionar, se aqueles que estudam história com método e com afinco em sua imensa maioria são de esquerda, não estaria a verdade dos fatos com essa maneira de ver as coisas.
Por que são tão poucos professores de história de direita?
Então, pensam os deputados direitistas, das bancadas do boi, da Bala e da Bíblia, se não é possível mudar a história que se mude o jeito de conta-la.
O que se pretende fazer com a Lei da Escola sem Partido é o mais sórdido fascismo.
Nós, professores de história, somos percentualmente poucos para definir qualquer resultado de consulta popular. Dependemos da vontade e da luta da população brasileira. Dependemos que pais e cidadãos não aceitem que seus filhos recebam aulas de uma história morta e mentirosa.
Uma vez perguntaram a Heródoto, o primeiro historiador com método e por isso conhecido como “o pai da história” por que ele dedicava tanto tempo viajando aos locais de batalhas para apenas registra-las se as batalhas já tinham ocorrido a muito tempo e ele não poderia modifica-las. Heródoto suspirou e respondeu “para fazer justiça”.
A história contada pelos vencedores, nem sempre é a história real e cabe ao historiador, com o fôlego que só o tempo pode dar, fazer justiça também aos derrotados.
Uma escola sem partido terá partido sim, o partido dos vencedores.
Não tirem as estrelas dos poetas, nem a emoção dos historiadores.
Prof. Péricles
quinta-feira, 21 de julho de 2016
AINDA OS SEIOS DE DUÍLIA
Por Clement Rosas
O escritor Aníbal Machado, pai da teatróloga e mestra em ficção infantil Maria Clara Machado, e irmão de Cristiano Machado, candidato dos comunistas à presidência da república em 1950, constitui um caso raro na literatura: ganhou notoriedade com apenas um de seus contos. “Viagem aos Seios de Duília” é o seu título, e marca presença em todas as antologias até hoje editadas no país.
Nele, conta-se a história do seu Zé Maria, funcionário público solitário que, ao aposentar-se, sente a vida vazia, e não se satisfaz com os lazeres dos círculos de aposentados como ele. Em casa, no então bucólico bairro de Santa Tereza, no Rio, imerso em reflexões, evoca, de repente, episódio de sua adolescência, em remota cidade do interior de Minas Gerais.
A jovem Duília, que seguia uma procissão, sentindo-se observada por ele, tem um impulso de irreverência, e, fugindo às vistas dos demais acompanhantes, exibe-lhe, num relance, os seios nus: “Quer ver? Quer ver mais?”. E nada acontece na sequência, além daquele deslumbramento passageiro.
Seu Zé Maria, então, concebe o plano de retornar à sua terra de origem e rever a criatura que lhe havia proporcionado aquele êxtase momentâneo, na esperança de que isso lhe pudesse trazer de volta as emoções da juventude e o gosto pela vida. Parte sem plano de regresso, e, ao cabo de uma viagem que começa de trem e termina penosamente em lombo de burro, chega à cidadezinha e encontra a sua antiga musa.
Não mais a Duília, é claro, mas a Dona Dudu, professora aposentada, viúva e cheia de filhos, que não o reconhece. Ao apresentar-se e tentar rememorar a cena, da qual a Dona Dudu possivelmente não se lembraria, dá-se conta da ilusão em que mergulhara. Sente que o encanto do passado estava perdido, e nada teria a esperar do futuro. Chora, e é consolado pela velha professora, que, vislumbrando enfim a razão do seu desencanto, esconde as próprias lágrimas. E ele se retira, desaparecendo nas sombras da noite que cai sobre a pequena cidade, em cenário adequado ao epílogo.
Refletindo sobre a história do velho funcionário, ocorreu-me pensar se haveria registro, no meu passado, de episódio comparável de arrebatamento.
É certo que não configuro bem o caso do nosso personagem: tenho mulher, filhos e netos, além de irmãos e sobrinhos. Não sou, nesse sentido, um solitário, embora traga comigo aquela solidão radical, inerente à condição humana, de que fala Miguel Torga, o escritor português, e que carregamos desde que deixamos o “materno lago amniótico, onde boiavam nossos corpos, sem alegria e sem dores”. Mas a veleidade de reviver emoções da juventude lateja no peito de qualquer idoso.
Para minha surpresa, o momento de enlevo que me ressurge é bem mais sutil. A minha Duília era uma namoradinha de olhos amendoados, de quem a vida me separou, por outras seduções que já não vale a pena lembrar. Estávamos sentados, de mãos dadas, em um banco da lagoa do Parque Solon de Lucena, aprazível recanto no centro da cidade de João Pessoa, que pode causar inveja a qualquer capital nordestina. Era aquela hora fagueira da tarde, em que as sombras se alongam e o brilho do sol se faz mais dourado. Completando o cenário, uma lua prematura mostrava o rosto ainda na luz declinante do dia, lançando reflexos prateados nas águas da lagoa.
Assim embevecidos, fomos encontrados pelo poeta Vanildo Brito, companheiro de geração e de roda literária, que nos chamou a atenção para a magia do quadro.
Mas por que recordo isso agora? Talvez apenas porque a poesia, que nos chegou nas palavras daquele amigo, tem o dom de transfigurar a realidade, perenizar emoções, fixar memórias. Minha Duília, que, hoje casada e mãe, imagino feliz, talvez também não guarde lembrança daquele momento.
Mas por que recordo isso agora? Talvez apenas porque a poesia, que nos chegou nas palavras daquele amigo, tem o dom de transfigurar a realidade, perenizar emoções, fixar memórias. Minha Duília, que, hoje casada e mãe, imagino feliz, talvez também não guarde lembrança daquele momento.
Mas se o acaso a fizer ler estas linhas, espero que lhe sejam amenas, como o são para mim agora, ao escrevê-las.
Clemente Rosas Ribeiro atuou como consultor e executivo de empresas privadas e, a partir de 1979, assumiu cargos de confiança no Governo de Pernambuco, sendo o principal o de Superintendente do Instituto de Desenvolvimento de Pernambuco (CONDEPE). Durante oito anos ocupou o posto de Procurador Geral da SUDENE, aposentando-se em 2001, com a extinção da autarquia.
Clemente Rosas Ribeiro atuou como consultor e executivo de empresas privadas e, a partir de 1979, assumiu cargos de confiança no Governo de Pernambuco, sendo o principal o de Superintendente do Instituto de Desenvolvimento de Pernambuco (CONDEPE). Durante oito anos ocupou o posto de Procurador Geral da SUDENE, aposentando-se em 2001, com a extinção da autarquia.
terça-feira, 19 de julho de 2016
TERRORISMO, RETORNO À IDADE MÉDIA
Por Celso Lungaretti
Tenho ojeriza profunda aos fanáticos religiosos que exumaram e exacerbaram o terrorismo clássico. Vale a pena explicar os motivos.
Ao contrário de considerável parcela dos articulistas ditos de esquerda, li muito Marx, Engels, Lênin e Trotsky nos meus anos de formação política. E aprendi que a abolição do capital e o fim da sociedade de classes seriam o coroamento da marcha civilizatória, o final de uma longa caminhada das trevas para as luzes, do tacão da necessidade para a plenitude da liberdade.
Então, como os autores citados, só posso considerar patética a tentativa de fazer o relógio da História retroceder à Idade Média, quando os pastores de cabras aceitavam que a idiotia religiosa regesse cada esfera da vida social e da moral individual, e acreditavam que dizimar infiéis lhes abriria as portas do paraíso.
Desde o aiatolá Khomeini, sou totalmente contrário ao oportunismo da má parte da esquerda que, trocando o marxismo pela geopolítica, alinha-se com os inimigos da civilização, apenas porque, casualmente, estão na contramão de EUA, Israel, França ou qualquer outro vilão da vez.
Quem justificou a chacina do Charlie Hebdo é cúmplice moral da matança na cidade estadunidense de Orlando. Considero simplesmente aberrante a esquerda, filha do iluminismo, dar as mãos a quem quer anular o iluminismo e todas as suas consequências!
Também me irrita profundamente a forma como os terroristas de Alá ajudam a indústria cultural a incutir no cidadão comum a paranoia face aos diferentes. O que a indústria cultural insidiosamente incute nos seus públicos, martelando sem parar?
A sensação de que tudo vai bem na vidinha de todos até que surge qualquer ameaça externa, como assassinos seriais, zumbis ou… terroristas. Os papalvos devem prezar a normalidade e temer unicamente aquilo que a quebre. É onde se encaixam, como uma luva, as bestiais matanças perpetradas pelo Estado Islâmico.
Desconheço autoproclamados inimigos do sistema mais convenientes para o dito cujo do que os carniceiros de Alá. O ataque pirotécnico da Al Qaeda ao WTC deu pretexto a uma longa e terrível temporada internacional de estupro dos direitos humanos, da qual finalmente estávamos emergindo quando o EI entrou em cena para fornecer novos e valiosos trunfos propagandísticos para os trogloditas da direita.
Se depender dos jihadistas, a guerra ao terror nunca acabará.
Por último, os verdugos de Alá, com seus atentados covardes contra civis e suas repugnantes execuções de prisioneiros, agridem de tal forma a sensibilidade dos cidadãos equilibrados que facilitam a disseminação de preconceitos contra qualquer forma de resistência armada a governos totalitários.
A direita deita e rola nesse clima de rancor cego, que propicia a satanização dos combatentes que, em situação de extrema inferioridade de forças, desafiaram heroicamente o terrorismo de estado nos anos de chumbo; propiciou a satanização de Cesare Battisti, mediante a afixação de um rótulo que nem sequer fora utilizado no momento dos acontecimentos (a Justiça italiana não o acusou nem condenara como terrorista). Serviu para socar-nos goela adentro uma lei que permitirá enquadrar as mais inofensivas formas de protesto como crimes gravíssimos.
Sou veterano de uma organização armada que erigia como inimigos apenas os torturadores, assassinos e dirigentes da ditadura militar, fazendo tudo para evitar que civis e os inconscientes úteis apanhassem as sobras dos confrontos. Preferíamos sacrificarmo-nos do que sacrificar os inocentes. Então, é chocante ao extremo para mim constatar a falta de um mínimo resquício de solidariedade, de compaixão, de empatia com outros seres humanos, nesses autômatos de Alá.
Os atentados são típicos de nazistas, de psicopatas!
“…quando olho para o rosto dos terroristas, o que vejo é a felicidade da matança. Eles não matam apenas por uma religião (que mal estudaram) ou por razões geopolíticas (que nem sequer entendem).
Eles matam porque gostam de matar… A parte bestial do ser humano não pode ser abolida da nossa natureza… Quando provamos a loucura da guerra, emergimos como o primeiro homem, o homem das cavernas.
…embalados pelo conforto da paz, somos incapazes de entender, muito menos aceitar, a felicidade (…) de homens como nós que provaram e gostaram do sangue. E que exatamente por isso querem mais e mais e mais –até que a morte nos separe“.
Celso Lungaretti, jornalista e escritor, foi resistente à ditadura militar ainda secundarista e participou da Vanguarda Popular Revolucionária.
Desconheço autoproclamados inimigos do sistema mais convenientes para o dito cujo do que os carniceiros de Alá. O ataque pirotécnico da Al Qaeda ao WTC deu pretexto a uma longa e terrível temporada internacional de estupro dos direitos humanos, da qual finalmente estávamos emergindo quando o EI entrou em cena para fornecer novos e valiosos trunfos propagandísticos para os trogloditas da direita.
Se depender dos jihadistas, a guerra ao terror nunca acabará.
Por último, os verdugos de Alá, com seus atentados covardes contra civis e suas repugnantes execuções de prisioneiros, agridem de tal forma a sensibilidade dos cidadãos equilibrados que facilitam a disseminação de preconceitos contra qualquer forma de resistência armada a governos totalitários.
A direita deita e rola nesse clima de rancor cego, que propicia a satanização dos combatentes que, em situação de extrema inferioridade de forças, desafiaram heroicamente o terrorismo de estado nos anos de chumbo; propiciou a satanização de Cesare Battisti, mediante a afixação de um rótulo que nem sequer fora utilizado no momento dos acontecimentos (a Justiça italiana não o acusou nem condenara como terrorista). Serviu para socar-nos goela adentro uma lei que permitirá enquadrar as mais inofensivas formas de protesto como crimes gravíssimos.
Sou veterano de uma organização armada que erigia como inimigos apenas os torturadores, assassinos e dirigentes da ditadura militar, fazendo tudo para evitar que civis e os inconscientes úteis apanhassem as sobras dos confrontos. Preferíamos sacrificarmo-nos do que sacrificar os inocentes. Então, é chocante ao extremo para mim constatar a falta de um mínimo resquício de solidariedade, de compaixão, de empatia com outros seres humanos, nesses autômatos de Alá.
Os atentados são típicos de nazistas, de psicopatas!
“…quando olho para o rosto dos terroristas, o que vejo é a felicidade da matança. Eles não matam apenas por uma religião (que mal estudaram) ou por razões geopolíticas (que nem sequer entendem).
Eles matam porque gostam de matar… A parte bestial do ser humano não pode ser abolida da nossa natureza… Quando provamos a loucura da guerra, emergimos como o primeiro homem, o homem das cavernas.
…embalados pelo conforto da paz, somos incapazes de entender, muito menos aceitar, a felicidade (…) de homens como nós que provaram e gostaram do sangue. E que exatamente por isso querem mais e mais e mais –até que a morte nos separe“.
Celso Lungaretti, jornalista e escritor, foi resistente à ditadura militar ainda secundarista e participou da Vanguarda Popular Revolucionária.
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