É cada vez mais evidente que, novamente, o Brasil precisará da força de setores tradicionalmente resistentes ao autoritarismo para sobreviver a mais um golpismo em sua história. Entre esses setores destacam-se estudantes e a mulher.
A mulher indignada, meu amigo, é a maior força da natureza.
Mulheres são meigas e românticas, sim, mas sabem brigar pelos seus direitos e, fique sabendo, são terríveis quando injuriadas.
Como Boudicca.
Você conhece Boudicca não é?
Boudicca ou Boadicea, era esposa do rei Prasutagus da tribo Iceni, povo celta.
Quando Prasutagus morreu, seu Reino ficou para ela, a viúva.
Mas, o terrível Império Romano, em expansão, havia aportado às ilhas britânicas com outros planos para aquelas terras. Só não haviam ainda conquistado a tribo Iceni porque temiam o rei Prasutagus, tido como um grande líder e homem furioso. Com a morte deste eles deixaram pra lá a diplomacia.
Sem aviso invadiram a região e queimaram aldeias.
Boudicca e suas filhas foram feitas prisioneiras, torturadas e estupradas. Depois abandonadas quase mortas e consideradas como problemas superados.
Pobre Roma, não sabia com quem estava lidando.
Logo que recuperou a saúde a Rainha organizou a resistência, pessoalmente.
Em pouco tempo, tornou-se a figura mais temida pelos romanos, e olha que eles conheciam todo tipo de guerreiro.
Em seus relatórios, os apavorados comandantes romanos descreviam Boudicca como “uma mulher muito bela, alta, pálida como a neve, ruiva, com grandes cabelos que vinham até os quadris”. Segundo eles Boudicca nunca era vista sem estar carregando uma lança do seu tamanho, na mão direita, e seu olhar incutia respeito e pavor a todos.
Não escreveram, mas com certeza concluíram que não era o falecido rei Prasutagus que era terrível, mas sua esposa que na certa, ficava dando palpites.
Depois de um cerco brutal, Boudicca destruiu Camulodunum, o posto mais avançado e povoado dos romanos na região, restando poucos sobreviventes. Depois disso, a vingança ruiva não parou mais...
Aniquilou três cidades romanas, queimou Londres e massacrou mais de 80 mil posseiros romanos, gente que o Império colocou ali para criar vínculos com a terra ocupada, mais ou menos como as colônias de Israel na Faixa de gaza.
Os orgulhosos líderes militares de Roma foram um a um sendo derrotados e as forças militares romanas foram expulsos em pelo menos, duas oportunidades. Roma só conseguiu deter a avalanche de terror (deles) depois de enviar três legiões completas de seu invencível exército (algo como os Estados Unidos enviar a quarta frota para derrotar a marinha do Equador.
Boudicca não foi feita prisioneira e consta que morreu livre nas amadas montanhas de sua terra e, dessas montanhas os romanos queriam distância.
Então, meu amigo, muito cuidado ao provocar uma mulher.
A vingança feminina é terrível, principalmente quando justificada, e geralmente o é.
O golpe vil que foi dado no Brasil, patrocinado pela mídia e por outros setores fundamentais do país, bem que estão provocando a irritação popular, e, o mais provável é que essa irritação seja crescente a partir dos efeitos nefastos da economia neoliberal entreguista em curso.
Que as mulheres brasileiras não se inibam. Precisamos delas como os celtas precisavam de Boudicca.
E, no momento que as brasileiras saírem para as ruas, para formar barricadas, saí de baixo... não sobrará Temer sobre Temer.
Prof. Péricles
Obs. Boudicca já foi representada algumas vezes no cinema como no filme “Queen Boudicca”, produção inglesa de 1987, sendo a personagem título representada pela atriz Sybil Danning (foto). Mas, não arrisque, o filme é muito ruim.
Na literatura destaca-se “Boudicca, Dreaming the Bull”, um best seller de Manda Scott.