Existem coisas que nos tornam mais velhos.
A primeira transa, por exemplo. Ou a primeira desilusão amorosa.
Ou a primeira perda de um ente querido.
São coisas inerentes à nossa existência e que nos fazem mais experientes, mais otimistas ou pessimistas, mais esperançosos ou céticos, nos fazem enfim, mais “velhos”.
Há coisas que nos fazem mais felizes e outras, mas sombrios, para o resto de nossas vidas.
Nesse contexto é impossível não concluir que esse golpe mesquinho e perverso de que fomos vítimas e testemunhas, nos tornou, a todos os vertebrados, mais velhos.
Nunca mais poderemos ver certas instituições como já vimos antes.
Nunca mais acreditaremos no sistema como a mesma ingenuidade que já tivemos.
Nunca mais veremos a polícia federal como aliada do bem contra o mal.
Ou o Judiciário como a ordem neutra e apartidária pronta para estabelecer a justiça;
O golpe, esse golpe covarde, além de nos deixar mais velhos nos deixou menos crentes.
Como acreditar que a justiça sempre vence, que o bem supera a vilania e que os bandidos sempre perdem no final, depois de assistir a mais torpe perseguição pública que esse país já promoveu, atingir todos os seus objetivos?
Estamos todos menos crianças.
E mais sofridos pois é impossível perder tudo isso sem muita dor.
De tal forma que, mesmo se amanhã, um milagre de junções improváveis de forças, recolocasse tudo no seu devido lugar, Dilma na presidência e os cães nas casinhas, ainda assim, não seríamos mais os mesmos.
E na verdade, nunca mais seremos os mesmos.
Como depois da primeira transa ou da primeira desilusão amorosa.
Para aqueles que não se deixam alienar o ano de 2016 durou um século.
As futuras gerações entenderão os acontecimentos, pois esse é o papel da história, mas jamais entenderão a nossa velhice precoce, pois isso a gente sente, não se explica.
Sim, estamos todos, mais amargos e muito mais velhos.
Prof. Péricles