Desde
a Guerra dos Seis dias, em 1967, Israel ocupa a região da Faixa de Gaza e da
Cisjordânia que, conforme a ONU ao criar o próprio estado de Israel em 1948, é
território da Palestina independente.
Para
solidificar a ocupação, Israel criou os nefastos “assentamentos” que são pequenas,
mas confortáveis vilas habitadas apenas por judeus.
Isso
define claramente a ocupação não como temporária, mas como colonial.
É
claro que tal situação irrita profundamente os palestinos (imagine você se um
estado estrangeiro ocupasse o Rio Grande do Sul e passasse a criar vilarejos lá
pelos pampas).
Os
assentamentos representam a maior dificuldade para qualquer processo de paz. É
o estigma mais cruel do invasor e a humilhação maior para os invadidos.
Com
relação aos assentamentos observam-se diferentes olhares e consequentes ações
por parte dos israelenses.
Há
os que reconhecem que o primeiro passo para a paz deve ser dado por Israel com
o fim dos assentamentos, como Itzak Rabbin primeiro-ministro assassinado por um
jovem judeu ortodoxo na década de 90.
Tem
os que reconhecem a arbitrariedade e não esquecem que uma moção da ONU
determina a imediata desocupação dessas áreas (mas vetada pelos Estados Unidos),
porém, por terem interesses diretos ou indiretos nos assentamentos, ou mesmo
por medo de que isso fortaleça os palestinos recusa a idéia de avançar nesse
sentido.
Há
também israelenses que negam qualquer direito aos palestinos, não reconhecem os
assentamentos como focos de crise e são contra qualquer medida séria que busque
a solução do problema.
Entre
esses últimos um sujeito bem conhecido é Dani Dayan.
Esse
político nem chama a Faixa de gaza e a Cisjordania mas de Judéia e Samaria, os
nomes bíblicos da região.
De
fato, Dayan se declara abertamente contrário à solução de dois Estados,
aprovada na ONU sendo totalmente contrário à existência de um Estado Palestino.
Na
verdade, ele não acredita, nem apóia, qualquer solução pacífica para a questão
e defende a dominação através da força, chegando a ameaçar, num passado
recente, o próprio governo israelense contra qualquer concessão aos palestinos.
Pois
agora, essa flor de criatura foi designada como embaixador de Israel no Brasil.
Detalhe:
o procedimento usual entre todos os países é que o governo que indica um novo embaixador consulte antes o governo que
vai recebe-lo para evitar qualquer tipo de contrariedade com o nome indicado, e
isso, Israel não fez, em mais uma demonstração de falta de ética e respeito às
normas internacionais.
Só
que o Brasil hoje, é governado por gente vertebrada que defende o processo de
paz na região e o respeito aos palestinos, e, dessa forma, o Itamaraty recusou
a imposição de Dani Dayan guela abaixo e já declarou que espera um embaixador
que não represente a colonização da Faixa de Gaza e da Cisjordânia.
Em
resposta com o velho estilo truculento sionista, a vice-ministra das relações
exteriores Tzipi Hotovely, ressaltou que Israel não enviará outro
embaixador e que seu país está “lidando
com o caso de forma discreta, mas que adotará ferramentas alternativas públicas
para repreender o Brasil”.
Incentivado
pela arrogância de seu governo o próprio Dayan fez questão de mostrar sua
soberba em relação ao nosso país declarando que “Netanyahu não pressionou o
governo brasileiro o suficiente para forçar a minha nomeação”, e complementou
em entrevista ao jornal Haaretz: "Não sei se serei o embaixador no Brasil
e, pessoalmente, não me importa muito. Aliás, isso tornaria as coisas muito
mais fáceis para mim [não ir para o Brasil], mas estou lutando pelo próximo
embaixador que venha a ser um colono".
Israel,
mais uma vez, demonstra seu estilo grotesco, belicoso e autoritário de ver o
mundo além do seu umbigo e suas relações políticas.
Que
o povo brasileiro saiba reconhecer a grandeza do gesto de seu governo através
do Ministério das Relações Exteriores que, certamente, deverá ser aplaudida
pelas demais nações latino-americanas além de todas aquelas que respeitam as
resoluções da ONU, a 4ª Convenção de Genebra e as decisões da Corte
Internacional de Justiça, que asseguram a soberania das nações.
Prof.
Péricles