quinta-feira, 4 de junho de 2015
QUANDO O HORROR ENLOUQUECE
Era 29 de abril de 1945.
Um destacamento da 20º Divisão Blindada do 7º Exército norte-americano marcha em direção a Dachau, um campo de concentração localizado a 20 quilômetros de Munique.
Já próximo do objetivo, encontram um comboio de 39 vagões abandonado. As margens da estrada de ferro jazem cerca de 800 corpos. Eram prisioneiros que haviam sido transferidos do campo de Buchenwald e que não sobreviveram à viagem.
O quadro é terrível. Alguns corpos mantinham os olhos abertos e neles se podia ler o horror dos últimos momentos. Todos, esqueléticos e maltrapilhos.
Percebe-se a indignação e o ódio tomando conta de todos os combatentes.
O destacamento segue em frente, agora com os ânimos predispostos à vingança.
Ao entrarem em Dachau, a primeira imagem é de um homem amarrado a um porte, sendo devorado por três dobermann, famintos. O homem já está morto, com as vísceras expostas, além de órgãos vitais como os pulmões e o coração.
Horrorizados, os soldados matam os cães a tiros.
Numa rápida revista, encontram câmaras de gás e fornos prontos para queimar os cadáveres.
Esses fatos horripilantes foram relatados pelo médico-anestesista comandante Willey, então com 30 anos, através de carta à sua esposa escrita em 08 de maio de 1945 e recentemente descoberta por sua filha Clarice no sótão da casa de seus pais.
A carta foi reproduzida na íntegra pelo Daily Mail e o ABC.
Além de relatar seu mal estar pessoal (teve vômitos ao ver o homem sendo devorado), Willey relata ainda, a histeria que se abateu sobre os militares.
Segundo ele, enquanto o coronel Felix Sparks manteve os nervos no lugar e tentou fazer seus homens agirem com naturalidade e profissionalismo, a maioria, liderada pelo comandante Bill Walsh, perdeu completamente o sangue-frio, provocando um verdadeiro massacre dos homens da SS que estavam no campo e caíram prisioneiros.
"Vamos apanhar aqueles cães nazis! Não façam prisioneiros! Não deixem nenhum SS vivo!" teria dito Walsh.
Segundo o médico, foi um massacre sem sobreviventes.
Num determinado momento, 50 soldados da SS foram alinhados numa parede. O Coronel Sparks ordenou aos seus homens que apontassem as metralhadoras, mas que não abrissem fogo. Mas de repente, um dos americanos disparou, contrariando as ordens do superior. Sparks arrastou-o da zona de fogo e questionou o soldado sobre o porquê de ter desobedecido às suas ordens. "Eles estavam a tentar fugir", mentiu o soldado. Mais tarde, veio a descobrir-se que o soldado havia seguido as ordens de Walsh, o comandante descontrolado.
Tudo foi assistido pelos sobreviventes daquele campo - que tinham sido transferidos de Auschwitz no início de 1945 - que aplaudiram a tudo e até participaram em alguns assassinatos.
O médico afirma que um soldado americano, chorando muito, disparou durante quatro minutos sobre corpos mortos dos soldados alemães.
Enquanto o Coronel Sparks, ia de um lado para outro tentando impedir os assassinatos, o anestesista a tudo assistia como que incapaz de reagir. Segundo ele “Deus me perdoe, mas vi aquilo sem que a emoção me perturbasse depois de saber das ações que as bestas da SS tinham feito".
Em outro trecho ele conta que os soldados americanos obrigaram alguns membros da SS a permanecerem durante horas na posição de saudação nazi antes de dispararem a queima-roupa, matando a todos.
O alto comando das forças norte-americanas reconheceu o massacre de Dachau e muitos oficiais foram expulsos do exército depois da guerra. Não foi o caso do Coronel Sparks que teve seu esforço para impedir o massacre reconhecido.
O comandante Bill Walsh não foi punido, pois, exames posteriores revelaram estar em estado de histeria e descontrole emocional.
A carta do médico, descoberta e divulgada tantos anos depois dos fatos, serve, para, além de mais uma vez exemplificar as atrocidades cometidas pelos nazistas, demonstrar que massacres ocorreram dos dois lados.
Mas, diante das circunstâncias que envolviam os fatos, quem somos nós para julgar. Não é mesmo?
Prof. Péricles
sábado, 30 de maio de 2015
CONFISSÃO DIGITAL
Por José Ribamar Bessa Freire
Todos nós, agora, podemos ser perdoados, inclusive os senadores do PMDB. Estão absolvidos José Sarney – com um maranhão de pecados mortais, e Eduardo Braga – com um solimões de peso superfaturado na consciência. Até o prefeito de Manaus Amazonino Mendes (PTB), que se confessou pela última vez em 1947, vai ser absolvido da pororoca de pecados cabeludos cometidos de lá pra cá, sem necessidade de encarar no confessionário o mau hálito do vigário de Eirunepé. Basta clicar na tecla enter, pela Internet.
Esse clique mágico, depois de um ato de contrição digital, é suficiente para que qualquer pecado, venial ou mortal, municipal ou federal, seja perdoado, mesmo os da presidente Dilma e do ex-governador José Serra, que na campanha eleitoral demonstraram fervorosa devoção a Nossa Senhora Aparecida e uma fé inabalável nos dogmas da igreja. Basta, para tanto, comprar por dois dólares o novo aplicativo da Apple para iPhone, iPad e iPod Touch.
Já pedi a Maria Luiza da Matta – minha assessora para assuntos digitais – que me oriente no uso do aplicativo Confession. Aproveitei para confessar três pecados cabeludos que estavam engasgados – aqui oh! – e atormentavam minha consciência. O primeiro deles: nunca terminei a leitura sequer do primeiro tomo de O Capital. O segundo: não li Derrida, Lacan e Deleuze. O terceiro: citei-os aqui e ali, dando a entender que conheço suas respectivas obras. Felizmente a descolada Malu descobriu um atalho para diminuir o tamanho da penitência. Que o velho Marx me perdoe!
Como foi possível inventar o perdão digital? Tudo começou em maio de 2010, no Dia Mundial da Comunicação, quando o Papa Bento XVI deu uma de moderninho e recomendou aos fiéis o uso das novas tecnologias, em sua mensagem “O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos media ao serviço da Palavra”.
A Apple, empresa multinacional que atua no ramo da informática, entendeu a mensagem como um sinal verde e investiu na fabricação de um novo aplicativo – o “Confession: a Roman Catholic App” – que torna obsoleto o confessionário. A geringonça, aprovada oficialmente por um bispo nos Estados Unidos, foi criada com a consultoria de dois padres especialistas no
tema e com a legitimidade de quem já produziu o macintosh.
O aplicativo começa com um exame de consciência personalizado para cada usuário e traz uma lista de possíveis pecados. Seu uso no Brasil é problemático, porque o programador não suspeitou que pudessem existir faltas tão cabeludas e inusitadas – das quais até o diabo duvida – como as cometidas por Sarney, Eduardo Braga e Amazonino. Por isso, tais faltas não constam explicitamente na lista, obrigando os pecadores a entrarem na janela com a denominação genérica de “pecados que bradam aos céus e pedem a Deus vingança”.
O aplicativo apresenta todos os passos do processo: exame de consciência, arrependimento, firme propósito de emenda, confissão, absolvição e até a penitência. O pecador internauta também pode contar os seus pecados, digitando-os um a um, usando uma senha protetora para evitar a quebra do segredo inviolável da confissão. Esse é o problema.
Na última quarta-feira, os jornais noticiaram que o aplicativo já está à venda na loja virtual da Apple.A notícia causou um rebucetê no mundo religioso e, no dia seguinte, um porta-voz do Vaticano, o padre Frederico Lombardi, divulgou comunicado esclarecendo que o programa de smartphone não foi criado para substituir confissões presenciais, mas para ajudar católicos no exame de consciência, que o sacramento continua exigindo a presença do padre e que o segredo da confissão é inviolável.
Idêntica reação teve o Vaticano no século XVI, com as inovações criadas no Brasil pelos jesuítas na confissão dos índios e, no século XX, nos Estados Unidos, com a missa drive-in, celebrada pela primeira vez, em 1953, na praia Daytona, na Flórida. Foi um escândalo. Mas depois as coisas se acomodaram.
Hoje milhares de fiéis assistem missa dominical, instalados dentro de seus carros, sintonizando o rádio do veículo para ouvir o padre. Na hora da comunhão, os celebrantes levam a hóstia consagrada de carro em carro. O produto é – digamos assim – consumido dentro do próprio carro, como se fosse um sanduíche de uma dessas redes de fast-food. Se a missa drive in foi liberada, a confissão no iPhone certamente também será. O problema é como contornar a quebra do segredo inviolável do sacramento.
Malu, minha assessora, adverte que qualquer hacker vagabundo ou ciberpirata pode invadir um computador, se apropriar da senha e revelar os podres do pecador-internauta, como fez meu primo Caio com sua própria mãe, a tia Ernestina, usando para isso o telefone. Ele imitava a forma de falar do vigário da Paróquia de Aparecida, um redentorista americano – o padre
Tomé – que parecia até o Mangabeira Unger falando português. Um dia, o ‘canalha’ telefonou pra sua mãe:
- Óh, dona Arnastina, aqui é padre Thóme, da Piroca de Aprrrecida.
A imitação foi tão perfeita, mas tão perfeita, que a titia sentiu até o bafo de alho que o Thomé tinha no confessionário. Ela caiu como um patinho. Contou ao telefone seus pecados, que felizmente não bradavam aos céus. Titia se livrou, porque anos depois Thomé largou a batina pra se casar, levando com ele para a vida laica todos os pecados do bairro e deixando os paroquianos em pânico. Felizmente, sua esposa, dona Edna, era mulher virtuosa e nunca revelou os podres de ninguém, o que seria um verdadeiro wikileaks manauara.
Violar o segredo da confissão já criou a maior celeuma no século XVI, quando os primeiros jesuítas, que desconheciam a língua dos índios, começaram a usar um intérprete nas confissões realizadas em aldeias do Rio de Janeiro e da Bahia. Os intérpretes eram, em geral, “meninos da terra”, ou seja, filhos de índias com portugueses, que dominavam as línguas tanto do pai quanto da mãe.
- Tive grande consolação – diz o padre Fernão Cardim – em confessar muitos índios e índias por intérprete: são candidíssimos e vivem com muito menos pecados que os portugueses. Dava-lhes uma penitência leve, porque não são capazes de mais, e depois da absolvição lhes dizia, na língua ‘xe rair tupã toçõ de hirumano’, que quer dizer ‘Vai com Deus, meu filho’.
O padre Serafim Leite, em sua obra magistral – História da Companhia de Jesus no Brasil (essa eu juro que li de cabo a rabo, quero ver a Aurelinha mortinha no inferno se estou mentindo) – comenta que usar um intermediário para contar os pecados criava o perigo das inconfidências e até do escândalo. Por isso, o bispo D. Pedro Sardinha proibiu o uso de intérpretes no confessionário, “mui perigoso, pernicioso e prejudicial à majestade deste santo sacramento”.
Os jesuítas recorreram ao Vaticano, que lhes deu razão e derrubou a proibição do bispo Sardinha, que seria depois jantado pelos índios. A prática dos jesuítas foi legalizada e sancionada pela igreja, sendo legitimada pelo Direito Canônico, no Canon 903, tanto para a confissão de mulheres na igreja, como para a confissão dos homens na portaria dos Colégios – que eram os dois lugares onde o intérprete atuava.
Às vezes – narra o padre João Daniel, outro jesuíta que viveu na Amazônia – a porrada comia solta e a penitência podia ser dada ANTES mesmo do pecado ser cometido. Foi o caso de um índio no Pará, que transgrediu o primeiro mandamento da Igreja: “ouvir a missa inteira aos domingos e festas de guarda”. Na hora da missa, ele foi pescar, quando voltou foi açoitado publicamente. Pediu, então, ao confessor: “padre, já que estou ferido, pode me açoitar mais, por conta do próximo pecado, porque domingo que vem vou pescar outra vez. Assim, já fico perdoado antecipadamente”.
Para quem era castigado dessa forma, que importância tinha violar o segredo da confissão? Afinal, eram apenas pecados de índios e não sigilo bancário dos Sarney da época.
José Ribamar Bessa Freire é professor da Pós-Graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNI-Rio), onde orienta pesquisas de doutorado e mestrado e da Faculdade de Educação da UERJ, coordena o Programa de Estudos dos Povos Indigenas (UERJ), pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO).
quarta-feira, 27 de maio de 2015
ATUALIDADES - MUDANÇAS NO TABULEIRO
Mudanças políticas estão no ar.
O cheiro é forte, embora alguns façam de conta não perceber.
Estados Unidos e OTAN (leia Europa Ocidental) após alguns êxitos militares questionáveis no Iraque e na Líbia, empacaram na Síria.
China, e principalmente Rússia, ergueram em Damasco um muro intransponível.
Impossível derrubar Bashar al-Assad sem ter que bater em Putim.
Depois, a metade fascista do lado oeste da Ucrânia, derrubou o presidente eleito usando até a suástica como símbolo e o lado leste não gostou da brincadeira.
A Criméia fez plebiscito e mais de 90% aderiram a idéia da separação da pátria-mãe e anexação à Rússia.
Logo em seguida, outras regiões vizinhas da Criméia decidiram a mesma coisa.
A Ucrânia do oeste, transformada em fantoche da OTAN rugiu como podia e foi a guerra. Uma guerra impossível de vencer pois o lado leste recebeu apoio total de Putim.
Então, numa ação que demonstra a prepotência de quem se acha donos do mundo, determinaram uma espécie de “bloqueio” à Rússia, tentando isolar a velha pátria dos Czares do resto do planeta.
Se deram mal.
Em pouco tempo velhas potências descobriram que precisam mais dos investimentos russos do que poderiam admitir.
O isolamento virou piada e o feitiço se voltou contra o feiticeiro.
Os avanços das tropas ucranianas atolaram e seu presidente (que ninguém sabe direito quem é), passou a ameaçar bombardear cidades civis do leste sem que ninguém se preocupe com isso.
Num ato de pirotecnia diplomática, a OTAN voltou atrás e suspendeu o “isolamento”.
Realmente as mudanças geopolíticas são impossíveis de deter.
Isso sem falar no Irã.
O país dos aiatolás deu início a um programa nuclear de enriquecimento de urânio.
Israel, que possui um arsenal de mais de mil artefatos nucleares, ficou histérico.
Exigiu providências da ONU, de Washington, de Javé, para impedir um programa que colocaria em risco a sua segurança.
Ahmedinejah, então presidente do Irã, ironizou: “seria muita burrice nossa atacar Israel com um artefato nuclear quando eles possuem mais de mil”. Mesmo assim, criou-se um clima de guerra contra o pequeno país do Oriente Médio.
A Turquia e o Brasil, do presidente Lula, propuseram uma saída negociada que foi rechaçada por Israel e ridicularizada por elementos médios da classe média, não acostumados a ver o Brasil envolvido e respeitado em questões diplomáticas internacionais.
O Irã, fez eleições, um novo presidente foi empossado, mas as pretensões de um programa nuclear voltado à fabricação de equipamentos médicos não foram abandonadas.
Diante da persistência iraniana, do apoio russo e de outros parceiros de Teerã, a OTAN-EUA fizeram mais uma acrobacia diplomática em Lousane na Suíça e, decidiram que o Irã, tem direito a exercer o seu programa.
Israel, esse país pacifista acostumado a bombardear cidades cheias de mulheres e crianças, criticou a decisão. Acha que o Irã é muito violento para ser creditado.
Os Estados Unidos convivem hoje com a certeza de que a Rússia assumiu o papel de liderança que lhe compete e ruminam temores da construção do banco dos BRICS que ameaçam a hegemonia mundial do dólar.
Quais serão os próximos lances nesse tabuleiro onde se disputa o poder?
Veremos, mas, uma coisa é certa, os Estados Unidos entenderam que não estão jogando sozinhos, como imaginaram depois da Guerra Fria e que um lance em falso pode significar a queda do rei.
Prof. Péricles
sábado, 23 de maio de 2015
EXIGÊNCIAS DA VIDA MODERNA
Por Luiz Fernando Veríssimo
Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro. E uma banana pelo potássio. E também uma laranja pela vitamina C. Uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes.
Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água. E uriná-los, o que consome o dobro do tempo.
Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é, mas que aos bilhões, ajudam a digestão).
Cada dia uma Aspirina, previne infarto.
Uma taça de vinho tinto também. Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso.
Um copo de cerveja, para… não lembro bem para o que, mas faz bem.
O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.
Todos os dias deve-se comer fibra. Muita, muitíssima fibra. Fibra suficiente para fazer um pulôver.
Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente.
E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada. Só para comer, serão cerca de cinco horas do dia… E não esqueça de escovar os dentes depois de comer.
Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana, da laranja, das seis refeições e enquanto tiver dentes, passar fio dental, massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com Plax.
Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por dia.
Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco comendo são vinte e uma. Sobram três, desde que você não pegue trânsito.
As estatísticas comprovam que assistimos três horas de TV por dia. Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (por experiência própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira uma).
E você deve cuidar das amizades, porque são como uma planta: devem ser regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando eu estiver viajando.
Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as informações.
Ah! E o sexo! Todos os dias, tomando o cuidado de não se cair na rotina. Há que ser criativo, inovador para renovar a sedução. Isso leva tempo – e nem estou falando de sexo tântrico.
Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que você não tenha um bichinho de estimação.
Na minha conta são 29 horas por dia. A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo!
Por exemplo, tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os dentes.
Chame os amigos junto com os seus pais.
Beba o vinho, coma a maçã e a banana junto com a sua mulher… na sua cama.
Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teria um Danoninho e se sobrarem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésio.
Agora tenho que ir.
É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro. E já que vou, levo um jornal… Tchau!
Viva a vida com bom humor!!!
quinta-feira, 21 de maio de 2015
TERRORISMO
O vocábulo terrorismo é usado de forma comum pelos mecanismos de comunicação e pelas pessoas em geral. Entretanto, terrorismo é daquelas expressões que, apesar de parecerem de significado muito simples, carregam consigo uma infinidade de outros valores e é usada largamente para justificar pensamentos e posições.
Deve-se ter cuidado em utilizá-lo.
A definição mais comum é: Terrorismo é o uso de violência, física ou psicológica, através de ataques localizados a elementos ou instalações de um governo ou da população governada, de modo a incutir medo, terror, e assim obter efeitos psicológicos que ultrapassem largamente o círculo das vítimas, incluindo, antes, o resto da população do território.
Certo, então, as guerras, são atos de terrorismo?
Quando tropas mais equipadas tecnologicamente e de superioridade bélica flagrante invade o território do inimigo, é terrorismo?
Ação programada e executada por grupos de inteligência de governos instituídos, é ação terrorista?
Os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki com arma nuclear que mataram milhões de pessoas foram atos de guerra ou de terror?
Um exemplo da "mobilidade conceitual": normalmente, as mesmas pessoas que defendem os exemplos acima como atos legítimos de guerra, condenam a resistência dos grupos urbanos e da guerrilha rural que lutaram contra a Ditadura Militar brasileira, na chamada Guerra Suja (especialmente entre 1968 e 1973), e intitulam suas ações, como ataques terroristas.
Já para os militantes dos grupos que lutaram contra o arbítrio, tudo o que fizeram foi se defender contra o estado fascista, esse sim, terrorista, ao derrubar um presidente legitimamente eleito e rasgar a Constituição vigente.
Esses grupos costumam dizer que, assaltos a banco não eram assaltos, na medida em que o dinheiro não revertia em benefício de seus autores e sim canalizados para a luta contra a ditadura (compra de armas e munição, entre outras). Chamam (os assaltos) de desapropriação, como um Robin Wood se apossando de recursos que favoreceriam os oprimidos.
E as prisões ilegais, torturas, morte sob torturas e assassinatos de elementos sob a tutela do estado, fomentado pelos agentes da repressão da ditadura, eram atos de terrorismo?
Já a guerrilha rural, do tipo “Guerrilha do Araguaia”?
A guerra de guerrilha é frequentemente associada ao terrorismo uma vez que dispõe de um pequeno contingente para atingir grandes fins, fazendo uso cirúrgico da violência para combater forças maiores.
Então, a Insurreição Pernambucana foi terrorismo ou patriotismo? A resistência francesa contra o nazismo, que utilizou em larga escala da estratégia de guerrilha, como sequestros e chantagens, foi terrorismo?
Césare Battisti é acusado pela justiça italiana de terrorista e, em seu país, uma pena de prisão perpétua o aguarda. No entanto, seus advogados e antigos companheiros argumentam que o grupo ao qual liderava sempre participou de ações contra alvos militares, sendo as vítimas desses alvos acidentais, como vítimas inocentes de guerra.
Segundo um especialista da área, Walter Laqueur, autor de “History of Terrorism” a inexistência de um conceito amplamente aceito pela comunidade internacional e pelos estudiosos do tema significa que o terrorismo não é um fenômeno entendido da mesma forma, por todos os indivíduos, independentemente do contexto histórico, geográfico, social e político e nenhuma definição pode abarcar as variedade de terrorismo que existiram ao longo da história.
Por falar nisso, a morte de um preso mantido em cárcere num Presídio de Segurança Máxima, sob a tutela do estado, como aconteceu recentemente no Rio Grande do Sul, é terrorismo?
Prof. Péricles
domingo, 17 de maio de 2015
ALÁ É GRANDE E MISERICORDIOSO
Maomé admirava as religiões cristã e judaica, e delas muito aprendeu com a observação, especialmente em Meca (Arábia Saudita) cidade cosmopolita em que viveu quase toda sua vida.
Quando criou sua religião (islamismo) foi delas que retirou os principais preceitos de fé.
Por exemplo, inicialmente mandou que seus seguidores orassem em direção a Jerusalém, e somente após desentendimentos com os judeus e cristãos ele determinou que as preces fossem feitas voltadas à Meca. Abraão, Arcanjo Gabriel e até Jesus, são personagens que também aparecem em seus relatos.
Os judeus até o acusaram de “plágio” religioso, ou seja, que se aproveitava dos ensinos judaicos como se fossem seus, para construir uma nova religião.
Quando em 622, os mercadores de Meca se enfureceram com o Maomé, acusando-o de prejudicar seus negócios com suas pregações, teve que fugir para Medina, evento que é denominado de Hégira e considerado ano 1 para os muçulmanos.
Nos dez anos seguintes ele articulou sua volta à Meca. É acusado por alguns historiadores de organizar assaltos às caravanas de mercadores e dessa forma fortalecer materialmente seu crescente exército e, finalmente, desencadear a Jihad, uma guerra santa para conquistar a cidade do profeta (Meca).
Em 632, após cerco e vitória militar, ele entrou, vitorioso, na cidade que o expulsara dez anos antes. Logo depois, ele morreu.
Sua religião, entretanto, havia crescido e ultrapassado fronteiras. Seu maior sonho, unir os árabes em torno da fé, havia se realizado integralmente com a unificação da Arábia.
Depois de sua morte surgiu o Corão, livro sagrado que contém seus ensinamentos, ditados em estado alterado de consciência (segundo consta) e intraduzível para o português.
Os adeptos do islamismo se uniram, então, em torno de uma expansão da Jihad (Guerra Santa) que levasse as verdades contidas no Corão do único Deus (Alá) e ditados ao seu profeta Maomé.
O exército islâmico, impulsionado pela fé religiosa criaria fama de imbatível e conquistaria todo o Oriente Médio até o Afeganistão, o norte da África e, ainda no século VIII invadiria a Península Ibérica, sendo expulsos somente setecentos anos depois.
O Islamismo possui fundamentos que se desdobram não apenas na vida de seus religiosos, mas também na política e na justiça das nações muçulmanas. Os cinco pilares do Islamismo são o credo, a oração, a caridade, o jejum e a peregrinação a Meca.
O credo consiste em "Não há outro Deus senão Alá, e Maomé é seu Profeta." Esta frase constitui o credo dos religiosos. Os muçulmanos oram cinco vezes ao dia, sendo convocados pelos alto-falantes, postos em cima dos minaretes das mesquitas.
"Alá é Grande, não há outro Deus, senão Alá e Maomé, seu Profeta. Vinde para a oração, vinde para a salvação, Alá é Grande, não há outro Deus senão Alá."
O Islamismo exige que o religioso se banhe antes de orar, para que assim ele se purifique das coisas que fez no mundo. Apenas os homens entram no salão para orar, as mulheres são levadas para outro lugar da Mesquita. Onde quer que esteja, o muçulmano leva consigo um pequeno tapete e se ajoelha em direção à Meca, para orar ao seu Alá, que segundo o Corão é Compassivo, é Caridoso e pode também ser tomado por ira, escolhendo os eleitos no dia do Juízo.
Para Maomé, o objetivo maior era forçar o nascimento de um senso moral entre os homens, mesmo que este senso fosse baseado na "Psicologia do Medo".
No que diz respeito à caridade e ao jejum, o Islamismo impõe uma espécie de dízimo, em forma de imposto de 2,5% sobre a renda e a propriedade dos religiosos, mas são estimulados a dar sempre mais.
Segundo os críticos, essa questão fiscal é responsável pelo distanciamento das classes sociais dos países muçulmanos, e citam como exemplo o Egito, onde existem apenas duas classes sociais, o pobre que paga impostos para sustentar os ricos religiosos que assumiram o comando do país e ocupam os cargos públicos e governamentais.
Quanto ao jejum a religião declara que nenhum muçulmano pode alimentar-se de porco, nem tomar álcool. Ainda há poucos anos no Egito, era proibido também tomar café. É durante o Ramadan, o mês sagrado em que Maomé teria recebido a sua primeira revelação, que os muçulmanos se impõem a um jejum mais rigoroso, como comer, beber, fazer sexo e fumar, porém, isto só dura até o pôr do sol. À noite, as festas sempre são muito fartas em tudo!
E por fim, a ida à Meca, obrigatória a todo muçulmano que tenha condições financeiras, pelo menos uma vez na vida, para visitar o templo sagrado mais antigo, a Caaba, uma construção quadrada coberta com um pano escuro que teria sido construída por Abraão e seu filho Ismael e que guarda uma pedra negra.
Segundo os muçulmanos ela era uma pedra transparente, mas enegreceu pelo toque dos pecadores. Para muitos, tratasse de um meteorito que atingiu a Terra na época do profeta.
Os peregrinos dão sete voltas em torno da Caaba, repetem orações e fazem sacrifícios de animais, tentando relembrar a obediência de Abraão quando Deus mandou que ele, para dar testemunho de sua obediência, matasse seu filho Ismael. Para os judeus, não foi Ismael quem foi oferecido para o sacrifício, mas o outro filho que tivera com Sara, Isaac.
Prof. Péricles
Fontes:
BANON, Patrick. Para Conhecer Melhor as Religiões. São Paulo: Claro Enigma, 2010.
CHEBEL, Malek. Muhhamad, o Profeta. O Sagrado na História do Islamismo, 2010.
Liszt Rangel: por-dentro-do-islamismo.
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