sexta-feira, 20 de setembro de 2013

MUITO QUENTE, MUITO QUENTE


Tudo bem, já que o assunto são as armas químicas vamos falar de Kim Phuc.

Kim Phuc, você sabe quem é? É aquela menina que aparece correndo nua, aos prantos por uma estrada, em foto tirada em 8 de junho de 1972, durante a Guerra do Vietnã. Ao seu lado, à esquerda está Phan Thanh Phouc, seu irmão e à direita, de mãos dadas, dois primos, Ho Van Bon e Ho Thi Ting.

Além de Kim todas as crianças da foto estão chorando desesperadamente. Segundo testemunhas Kim gritava “muito quente, muito quente”. Atrás deles, aparece na foto, um pequeno grupo de soldados norte-americanos que parecem marchar tranquilamente com certo ar de comicidade.

Nós não podemos ver, mas, Kim está em chamas, sofrendo os efeitos do chamado “agente laranja” uma impiedosa arma química despejada por bombardeios norte-americanos cujo fogo é invisível aos olhos. É por isso que Kim está nua. Toda sua roupa já havia sido consumida pelas chamas.

Segundo estimativas, o glorioso exército defensor dos direitos humanos e da liberdade despejou 88,1 milhões de litros desse armamento químico durante a Guerra, entre 1962 e 1975.

Se o assunto é armas químicas vamos lembrar que Kim sofreu queimaduras de terceiro grau em 30% de seu corpo, passou 13 meses no hospital sofrendo dores atrozes e enxertos de pele, e que seu irmão Phan perdeu um olho e a sanidade.

Vamos falar sim. Vamos falar que mais de 400 mil pessoas morreram vítimas dos ataques químicos patrocinados pelos Estados Unidos e que cerca de 500 mil crianças nasceram com alguma deficiência física em função de complicações provocadas pelos seus gases tóxicos.

E por falar nisso, lembrando governos que massacram seus povos, como se diz que AL-Assad faz na Síria com seu povo, lembremos da década de 50, dos negros pobres que habitavam St. Louis sendo informados que haveria testes militares envolvendo fumaças de iluminação, fumaças que seriam inofensivas, mas que, na verdade, um número sem precedentes de mortes por câncer numa mesma região. Mas eram negros e pobres...

Estava “Muito quente, muito quente” antes de morrer, em Hiroshima, Nagasaki, Vietnã, Iraque, Palestina, St Louis, onde milhões de pessoas pereceram vítimas de armas químicas e nucleares promovidas pelo “guardiães do bem” – as forças armadas dos Estados Unidos.

E, diante de tudo isso é de se perguntar: Que moral tem o governo da nação americana para se tornar juiz de outras nações?

Então, tudo bem, vamos falar de hipocrisia.


Prof. Péricles

terça-feira, 17 de setembro de 2013

UM HOMEM E A CRUZ DE TODOS


Com certeza o pai de Jean, foi seu primeiro modelo. Sr. Jean Jacques Dunant, comerciante, era membro do Conseil Représentatif, organismo da cidade de Genebra que cuidava de órfãos e ex-reclusos, mas, sua mãe Antoinette Dunant-Colladon, filha do Chefe do Hospital de Genebra e que trabalhava no setor de caridade, especialmente com pobres e doentes, também teve sua colaboração na formação da personalidade do jovem.

Uma das experiências que marcaram Jean ocorreu numa viagem que fez com seu pai para a França, quando foi testemunha involuntária de tortura de prisioneiros de guerra.

Essas imagens violentas e covardes jamais sairiam de sua mente.

Jean começou a vida adulta sendo um homem de negócios como seu pai, embora não tivesse talento nenhum para isso.

Corajoso como ninguém em sua cidade, e inconformado com as dificuldades nos negócios devido às guerras intermináveis, viajou para a Itália em junho de 1859, aos 31 anos, para falar pessoalmente com o Imperador francês Napoleão III, que comandava em pessoa suas tropas, aliadas da Itália, no esforço para expulsar os austríacos do solo italiano. Jean queria um encontro nem que fosse numa barraca de campanha para pedir ao imperador que amenizasse as medidas de guerra impostas à região. Essa loucura, facilmente poderia lhe custar a vida.

Desembarcou à tardinha na estação de Solferino e de carro alugado (já que ninguém seria louco suficiente para levá-lo), rumou para o campo de batalha, ante a estupefação das pessoas que viam naquilo um ato suicida.

Pior que isso aguardava Jean que, na noite daquele dia foi testemunha da terrível batalha de Solferino. Naquela única noite de 24 de junho de 1859, 40 mil soldados morreram ou ficaram gravemente feridos.

Ficou chocado com a dor, o silêncio dos mortos e os gritos alucinantes dos feridos. Percorreu a pé todo o campo de batalha e chorou compulsivamente vendo um jovem soldado morrer em seus braços.

Esqueceu completamente os objetivos comerciais de sua viagem e por vários dias peregrinou entre os acampamentos de feridos ajudando em tudo que pudesse. Presenciou amputações e cirurgias feitas sem qualquer anestesia num ciclo de dor interminável.

Desistiu do Imperador e voltou pra casa, em Genebra, e nunca mais seria o mesmo.

Passaria o resto da vida a se dedicar pelos fragilizados e feridos.

Em 1862 escreveu com recursos próprios “A Memory of Solferino” uma leitura candente das tristezas que assistiu.

Enviou cópias do livro para políticos e militares importantes em toda a Europa. Além das dores da guerra o livro também abordou vivamente, a necessidade de se criar uma entidade internacional, composta por voluntários, para colaborar na assistência médica dos feridos de guerra e de outras tragédias.

No terreno comercial, sua dedicação à causa dos desvalidos lhe tomou tanta atenção que acabou falindo. Na área das idéias, no entanto, foi um vencedor.

Ele e seu livro são considerados o marco da fundação da Cruz Vermelha Internacional, em 1863, organismo não governamental, internacional e composto por voluntários, de atuação destacada em todo o mundo.

O comitê que presidiu durante 46 anos, foi o responsável, ainda, pela criação da Convenção de Genebra que prevê a neutralidade do corpo médico durante as guerras e o cuidado e respeito aos feridos e prisioneiros de guerra.

Jean-Henri Dunant recebeu o primeiro prêmio Nobel da Paz em 1901. Quando seu nome foi anunciado, a platéia de pé, aplaudiu a ele e a Cruz Vermelha por muitos minutos, em momento de grande emoção.

Nove anos depois, envelhecido, pobre e sozinho, de forma silenciosa se isolou na cidade de Heiden, na Suíça, vindo a falecer, no hospital dessa vila em 1910, aos 82 anos.

Definitivamente, um péssimo homem de negócios, capaz de gastar todo o recurso financeiro de estadias e viagens no tratamento de doentes que não poderiam lhe restituir o dinheiro. Mas, com certeza, um espírito iluminado que nos deixou como herança uma Instituição reconhecida e respeitada internacionalmente por seus trabalhos humanitários.

Hoje, até mesmo no Oriente não cristão, temos filias da Cruz Vermelha, na versão “Crescente Vermelha”.

E tudo isso começou, numa viagem de um jovem cabeça dura, interrompida pela crueza da guerra.

Prof. Péricles






sábado, 14 de setembro de 2013

FESTA NO OLIMPO


Numa dessas noites em que fantasias e realidades fazem folias no coração, um sonho mítico se apossou da alma.

Subia um monte, de pedras irregulares e de cores variadas, quando fui atraído pela mais bela voz já ouvida por qualquer mortal. Seguindo aquela voz maviosa cheguei até uma moça lindíssima, sentada a uma pedra e de posse do sorriso mais puro.

Ela me disse se chamar Calíope, uma das nove filhas de Zeus denominadas de Musas.

As musas (de onde deriva a palavra Museu) eram entidades invisíveis aos olhos dos mortais que inspiravam os homens ao gosto e prática das artes e do conhecimento. Calíope, a musa da Bela voz, inspirava a prática da eloqüência.

Ela me indicou uma estrada e sua firmeza foi tão eloqüente, que só se poderia obedecer e prosseguir.

Próximo ao pico do monte, havia um castelo. Em sua soleira duas irmãs de Calíope, Euterpe inspiradora da música e Clio, a senhora dos historiadores. Ambas se afastaram para que eu pudesse entrar.

Dentro do Castelo, um verdadeiro seminário de seres celestiais: vi uma ninfa, jovem que espalhava a alegria e a felicidade conversando com Hércules, herói eterno e descrente; vi sereias e centauros além da Medusa, nervosa, escovando seus cabelos de serpentes.

Num canto, Atena, a Deusa da Sabedoria, acalmava uma discussão entre Ares, deus da guerra irrequieto e Hefesto, divindade do fogo.

Ouvi Cronos, que nunca gostou de perder tempo, chamando a atenção de Hermes, o mais rápido dos mensageiros que, segundo Cronos, havia se atrasado para a festa.

Maravilhado com toda aquela visão extraordinária, nem percebi a chegada de um senhor barbudo e de olhos grandes que se aproximou de mim com uma taça na mão.

- Linda essa decoração, não acha? Foi feita pelo próprio Apolo, deus das artes, disse apontando para a abóbada mais formosa, amparada por pilares de cores múltiplas e tranqüilas. Linda sim, pensei, mas ainda em construção...

Lendo meus pensamentos ele continuou:

- Aqui no Olimpo não temos pressa de acabar qualquer coisa porque somos eternos, como você bem sabe, e estamos sempre em construção, como todos os homens, disse, enquanto levava a taça à boca.

Mas, isso é uma loucura falei... o Olimpo não existe... vocês não existem.

O barbudo deu uma risada tão saborosa quanto seu vinho.

- Não existimos? Tem certeza?

Claro, vocês são apenas mitos e...

- E o que são mitos? São mentiras?

Não, não são mentiras, mas...

- Mitos não existem?

Sim, existem, mas...

- Mitos, meu pobre rapaz, são as únicas verdades do infinito. São o que de você sobrevive ao tempo e à sua morte.

Abri a boca, mas achei que qualquer coisa que eu dissesse seria ridícula.

O senhor barbudo percebendo minha hesitação bateu gentilmente em meus ombros, sorveu mais um gole da taça que jamais seca, e concluiu...

- Mito é tudo que você cria para suportar a vida e para se convencer que realmente é diferente de todos os outros, é único e melhor.

- Mortais criam mitos todos os dias para se justificarem em suas pequenezas, em suas insanidades e fraquezas. Criam mitos para preencher os vazios de tudo aquilo que não faz sentido e explicar porque seu amor é tão frágil, sua paixão tão curta e sua juventude tão velha...

Enquanto Helena, a mais bela, trazia num pote o néctar dos deuses, a ambrosia, e a oferecia as divindades, Zeus foi se afastando de mim com um sorriso cansado, porém eterno dizendo: E você diz que nós não existimos? Ou será que quem não existe é você? O que seria você sem seus mitos de infância, de adolescência, de crença e de preconceitos? Seria, talvez, muito menos real do que nós, os deuses do Olimpo.

E enquanto despertava amparado por Morfeu, o deus dos sonhos, navegando em águas revoltas do universo de Posseidon, trazia na mente a pergunta que agora me inquieta: afinal, temos uma história real, ou nossa realidade são apenas mitos que criamos?

Despertei ainda ouvindo distante a voz do deus dos deuses: “Nós somos aquilo que acreditamos ser. Somos o mito que escolhemos”.



Prof. Péricles


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

ESTADOS UNIDOS INIMIGOS DA HUMANIDADE


Por Messias Pontes


Ontem completou 24 anos que os marines dos Estados Unidos invadiram a pequenina Honduras; hoje (11/setembro) completa exatamente 40 anos que o governo democrático e popular do Chile foi deposto e seu presidente Salvador Alende assassinado dentro do Palácio de la Moneda através de um golpe de Estado patrocinado pelo imperialismo ianque, em que dezenas de milhares de democratas foram presos ilegalmente, torturados e mortos. Tudo em nome da democracia.

As violações do imperio do Norte aos direitos humanos e à soberania das nações acontecem diariamente até mesmo contra países amigos, como é o caso do Brasil, da Alemanha, da França e até mesmo do Reino Unido. E a arapongagem não é só contra presidentes, ministros e seus auxiliares como aconteceu com a presidente Dilma Rousseff e seus assessores. É também contra empresas concorrentes como a Petrobras, fato agora revelado mas que desde o governo Getúlio Vagas, na década de 1950, já se suspeitava.

Cai por terra, definitivamente, a deslavada mentira do presidente Obama de que a espionaram da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) era para proteger os norte-americanos e demais povos contra o terrorismo. Por acaso a Petrobras é uma organização terrorista? O fato mereceu mais uma vez o repúdio da presidente Dilma – que teve violado os seus e-mails e suas conversas telefônicas com seus ministros e auxiliares, que denunciou que na realidade os Estados Unidos estão de olho no nosso pré-sal.

Em nota da Presidência, Dilma Rousseff afirmou que, “se confirmado os fatos veiculados pela imprensa, fica evidenciado que o motivo das tentativas de violação e de espionagem não é a segurança ou o combate ao terrorismo, mas interesses econômicos e estratégicos”. Já foi dito por ex-presidente e ministros norte-americanos, mais de uma vez, que os Estados Unidos não têm amigos, mas sim interesses.

Tão logo o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou em 2007 a descoberta de petróleo e gás na camada pré-sal entre Santa Catarina e o Espírito Santo, uma das maiores reservas petrolíferas do mundo, o governo norte-americano reativou a sua IV Frota naval e passou a navegar em toda a América do Sul, numa ameaça velada de que poderia usá-la quando lhe aprouvesse. A espionagem à Petrobras objetiva obter informações sigilosas da nossa maior empresa, desrespeitando agressivamente a nossa soberania.

Lamentável é que diante de fatos tão graves, como a violação aos direitos humanos e à soberania nacional, ainda tem jornalista amestrado, o que existe de pior na categoria, como o sabujo Adriano Pires, da Globonews, para defender e justificar a espionagem ianque. Pior ainda é tachar de xenófobo os que condenam o “erro” do governo americano. Por acaso espionagem é erro ou crime?

Colonistas e amestrados como Merval Pereira, Arnaldo Jabor, William Waac, todos da Globo, e mais o racista Bóris Casoy, José Nêumanne Pinto e muitos outros perderam completamente o pouco de credibilidade que tinham, pois está claro como a lux do dia que os Estados Unidos são inimigos jurados da humanidade.



Messias Pontes é membro do Conselho de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará e do Comitê Estadual do PCdoB.

domingo, 8 de setembro de 2013

SOMOS PARAFUSOS


Dizem que “o trabalho dignifica o homem”. Partindo dessa premissa o homem só é digno quando trabalha, ou mesmo quem trabalha, depende do tipo de trabalho para ser digno?

A idéia do trabalho como identidade do homem surgiu na Idade Moderna, especialmente após a Revolução Industrial no século XVIII.

Com máquinas cada vez melhores e mais rápidas, a produção não parava de crescer e, ao ser vendida, enriquecer os donos das máquinas. Quanto mais e melhor o homem trabalhasse a máquina, maior a produção e maior o lucro. Simples assim surgiu a necessidade do trabalho cada vez mais rápido, adaptado e eficiente.

Enquanto à máquina se conserta, se melhora e se supera, o homem que move a máquina precisa de conceitos e de valores que lhe movam os braços e o destino. A fábrica passou a ser o destino do homem de bem.

Da mesma forma se organizava a sociedade. A cidade deve repetir a eficiência e a praticidade de uma fábrica. Na verdade, as cidades cresceram em torno das fábricas e por elas são determinadas.

As velhas cidades feudais, muito mais pouso de ventura dos homens que trabalhavam no campo, deram lugar às cidades industriais, onde cada um deveria funcionar como um parafuso, necessário, mas, anônimo que teoricamente tem como recompensa uma cidade perfeita de moradia, onde polícia, bombeiro, governo, transeunte, estudante, ambulância, e motorista, tudo e todos ocupam lugares específicos e pré-determinados.

Como uma fábrica.

O bom funcionamento dos serviços tornam-se fundamental para o consumo do que foi produzido e dessa forma a eficiência do comércio, transporte, etc, se valorizam como parte da própria produção.

Hoje, no mundo, a maioria da população vive em cidade e trabalha nos serviços.

Assim nasce a idéia de que o trabalho dignifica o homem assim como o bom comportamento social, carteira assinada e ficha limpa na polícia dignificam o indivíduo.

O trabalho que na verdade serve para o enriquecimento dos donos das máquinas, dos impressos, das finanças, torna-se um elemento essencial para que o cidadão se sinta parte da máquina. Parte de algo, que na verdade, não lhe pertence, pois a fábrica não é sua assim como nenhuma empresa, da mesma forma que a cidade não é sua, mas do “Estado”, um senhor invisível, patrão de todos.

O ócio é defino como algo “perdido” porque, em teoria inútil, e inútil por não produzir nada. Com o poderoso auxílio da Igreja, tornou-se sinônimo de pecado, vagabundagem pelo seu descompromisso social.

No início do século XX o fordismo deu ares de série ao ser humano, que mais que um nome passa a ser um número. Mecânico, condicionado, hipnótico, reproduz gestos e funções se fundindo com a própria máquina. Charles Chaplin em seu “Tempos Modernos” imortalizou com maestria essas mudanças.

Após a Segunda Guerra Mundial e o medo dos capitalistas diante da sociedade socialista soviética (vai que dá certo?) criaram leis para tornar o capitalismo “mais bonzinho”. Foram então criadas e fortalecidas as pensões e as aposentadorias. Fortaleceu-se dentro de certos limites o poder sindical e até caixinhas de som foram instaladas nas repartições para “humanizar” o trabalho.

Então combinamos assim: num dia útil ao lucro, de 24 horas, trabalhamos 9. Outras 8 horas a gente dorme, restando 7 horas para a vida, mas que na verdade funcionam como horas de manutenção para manter o trabalhador apto ao trabalho do dia seguinte.

Ah sim, existe o domingo, tempo em que exercemos o nosso lado ocioso e ao qual se denomina de “repouso remunerado”, ou seja, você deveria estar trabalhando, mas está repousando e o patrão bonzinho não te desconta. E você ainda reclama?

Trabalha-se muito para o sistema, para o capital, para os outros.

Para o sistema somos parafusos, anônimos, nunca lembrados pela individualidade, mas pela praticidade.

E quando tudo isso acabar e o corpo ressecar quando cada nome sair da lista dos produtivos e entrar na lista dos “improdutivos” aposentados e o pagamento de sua desvalia estiver sendo questionada como “dívida pública”, talvez, então se entenda que o trabalho de toda uma vida não dignificou o homem mas o matou com falsa dignidade.

Não é o trabalho aos outros que dignifica o homem, mas a qualidade de sua vida.

O homem que com suas próprias mãos plantou um só pé de alface para o consumo de seus filhos foi mais produtivo do que aquele que passou a vida fazendo partes de um todo que jamais foi seu.

Estamos muito mais perto da vida no ócio do que no trabalho capitalista.

E vivemos pouco, muito pouco e bem menos do que deveríamos viver.

Prof. Péricles

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

SEGREDO DE SADDAM NA SERRA DO CACHIMBO



O Brasil tem uma longa e misteriosa história envolvendo a produção de energia nucler e a tecnologia de armas, incluíndo a bomba atômica.

Na década de 50 o Brasil já era capaz de produzir urânio metálico e não escondia de ninguém seu desejo de investir nessa área.

Depois de tentativas frustadas de negociações com a França, o Brasil assinou um acordo com a norte-americana Westinghouse Company, em 1965, para a compra de seu primeiro reator.

Na dolorosa década de 70, o governo militar estava agitado devido aos testes de bomba atômica realizados pela Índia, e com um forte receio que a Argentina também desenvolvesse algo parecido.

Essa preocupação tirava o sono de General-presidente Ernesto Geisel, que em 10 de junho de 1974 manifestou sua apreenção perante o alto comando das Forças Armadas. É então, criada uma rede de espionagem encarregada de recolher toda e qualquer informação sobre qualquer investida no setor nuclear, não só dos países vizinhos como de toda a América Latina.

Dois anos depois, em 1976, ainda no governo de Geisel, é assinado um acordo com a Alemanha para a construção de 10 reatores nucleares. Essa informação agitou os gabinetes de Washington e deixou os americanos com a pulga atrás da orelha.

Teoricamente o Programa Nuclear Brasileiro, em parceria com a Alemanha objetivava pesquisa de caráter pacífico, entretanto, documentos secretos recentemente revelados demonstram que, nas entrelinhas o programa previa o desenvolvimento de uma tecnologia para a utilização da explosão nuclear, o que permitiria caminhar em direção da construção da bomba atômica brasileira.

Foi nessa época que se consolida uma aliança secreta com o Iraque de Saddam Hussein que bancou a construção de um poço de 320 m na serra do Cachimbo, no Pará, para testes nucleares. Nesse local se desenvolveriam testes do programa nuclear Iraquiano que, obrigatoriamente, repassaria ao Brasil todos os dados obtidos.

Juntamente com o poço, um série de operações clandestinas objetivando a construção de bombas e mísseis nucleares, foram desenvolvidas no governo de Geisel.

Sabe-se que a parceria com o Iraque permaneceu sólida, mesmo após o fim da Ditadura Militar, pois entre 1979 e 1990 o Brasil exportou toneladas de urânio para Saddam Hussein.

O plano secreto brasileiro resistiria passou a sofrer enorme pressão norte-americana, cada vez mais desconfiada e cada vez mais ciente das segundas intenções dos brasileiros.

Oficialmente, em 1986 entra em operação nossa primeira usina nuclear, Angra I (com aquele reator da Westinghouse e apenas em 2002 a segunda usina, essa com tecnologia alemã (Angra III está prevista apenas para 2016). Essas usinas localizadas na cidade de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, são a parte visível do Programa para produção nuclear no Brasil.

Antes disso, a Constituição de 1988 proibiu a difusão de tecnologia para fins que não sejam pacíficos, no país e dez anos depois, em 1998 o Brasil aderiu ao Tratado de Não-Proliferação de armas nucleares, sepultando definitivamente o sonho da Bomba Atômica Brasileira.

Em 1990, o presidente fernando Collor de Melo jogou uma simbólica pá de cal no misterioso poço da serra do Cachimbo.

Poucos, bem poucos sabiam o real alcance daquele gesto e o quanto o Brasil esteve próximo de ser mais uma peça no quebra-cabeça nuclear mundial.

Segue, entretanto, os esforços do atual governo do Brasil de criar dois submarinos atômicos, que devem ser lançados ao mar até o ano de 2023.


Prof. Péricles

Fontes de Consulta:
- http://portuguese.ruvr.ru
- José Carlos Santana, ex-presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear no governo Collor.
- jornalista Roberto Godoy, especialista em assuntos de defesa.