domingo, 12 de maio de 2013
DIA DAS MÃES E SILÊNCIO
Hoje segundo domingo de maio, como todos os anos, no Brasil, comemora-se o dia das mães.
É comovente observar filhos ao lado de suas mães. Mãos entrelaçadas como nos tempos de atravessar as ruas.
As churrascarias estão lotadas, nem pensar em chegar a alguma delas sem ter reservado antes.
Os parques coloridos em cenas de filhos de todas as idades abraçados com suas progenitoras nos fazem acreditar que o amor não tem prazo de validade.
Presentes comprados para a vaidade eterna das mulheres em todas as idades e flores, muitas flores. A cidade chega estar perfumada.
O dia das mães reaproxima corações inclusive aqueles que guardam alguma mágoa, como se fosse uma trégua na guerra muda das relações humanas.
É um dia de reencontros, de reafirmações de afeto e de renovação de esperanças.
“Mamãe não morre, é imortal” pensamos quando crianças e depois, adultos costumamos viver com essa secreta esperança escondida na alma.
É a mulher mais poderosa do universo capaz de acabar com nossa dor com um simples sopro.
Ah se mamãe estivesse aqui... isto não doeria tanto.
Permitam-me, porém, lembrar algumas das mães que merecem, e muito serem lembradas nesse dia.
Permitam-me lembrar das mães dos desaparecidos políticos da história recente do país.
Hoje, elas, mais uma vez como nas últimas décadas, não serão beijadas por seus filhos e filhas, não serão paparicadas, nem levadas a qualquer churrascaria.
Elas não terão seus filhos para passear no parque, ou para dar presentes simbólicos de carinho.
Hoje mesmo que tenham mais filhos, será um dia de silêncio para elas, pois não existem estatísticas ou compensações. Um filho é um filho e não pode ser substituído nem mesmo por uma dezena de outros filhos.
Essas mães brasileiras assim como todas as mães da América agredida por ditaduras e tão bem representadas pelas Mães da Praça de Maio, não sabem onde jazem os corpos de seus filhos amados.
Os nomes de seus bebês constam de listas. Mas as listas são frias e nada respondem. Esboçam nomes, e permanecem sisudas, e enigmáticas.
Num relato comovente de uma dessas mães ouvi a seguinte frase: “eu sei que minha filha está morta, claro que sei, mas, enquanto eu não enterrar seus restos e colocar seu nome amado numa lápide, eu sempre esperarei que ela chegue de repente na madrugada, com aquele sorriso de criança arteira, gritando meu nome”.
Com certeza os nomes das mães dos desaparecidos devem ter sido o último a escapar de muitos lábios vítimados pela violência sórdida e assassina.
Com certeza muitas dessas vítimas tiveram a figura de suas mães como última imagem antes da morte.
E é por eles, os desaparecidos políticos, assassinados nos porões imundos da ditadura, mas especialmente por suas mães, que tiveram o direito ao amor despedaçado pela repressão que celebramos esse dia, como um dia da vida, pois ela, a vida, continua insistente e como as ondas do mar ou a esperança de Pandora, e não há nada que impeça seu rumo.
A vida segue, mas as vezes tranca.
Pra elas, o melhor presente seria a simples informação de onde esconderam seus mortos. O que para a maioria não significa nada além de uma pequena noticia de jornal, para elas significa o fim de uma tortura inominável.
Se trazer suas crianças de volta é impossível, que se revele onde estão seus túmulos clandestinos.
O Brasil precisa fechar seus caixões.
Feliz Dia das Mães.
Prof. Péricles
sexta-feira, 10 de maio de 2013
AMÉRICA LATINA: SOMBRAS DA GUERRA
Por Cronicon.net
A presidente argentina Cristina Kirchner vem denunciando perante a comunidade internacional que a Grã-Bretanha - com o decidido apoio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) - estabeleceu uma importante base militar nas Ilhas Malvinas, a partir da qual operam aviões de caça supersônicos, submarinos atômicos, e onde foi instalado um arsenal com o propósito de amedrontar o sul do continente. A Colômbia une-se a esta associação militar europeia, que está sob a autoridade e o controlo dos Estados Unidos, como único país latino-americano seu aliado.
Realmente, o governo colombiano enviou a sua vice-ministra da Defesa, Diana Quintero, à reunião da OTAN realizada na cidade de Monterrey no Estado da Califórnia entre 28 de Fevereiro e 1 de Março.
Segundo as informações à imprensa, a Colômbia é a única nação latino-americana que marcou presença nesta reunião da OTAN. Ao fim e ao cabo este país andino cumpre fielmente as orientações de Washington e segue sem falhas as estratégias do Pentágono e do Departamento de Estado, que lhe atribuíram a função de se consolidar como o Israel da América do Sul.
Merece a pena referir que os relatos oficiais colocam a ênfase na “honra” que constitui para a Colômbia ter sido o único país da América Latina convidado a participar neste encontro, denominado “Construindo Integridade”, que reuniu representantes militares de 138 países.
O convite a Colômbia, segundo o governo de Juan Manuel Santos, surgiu “graças ao reconhecimento dos seus progressos na boa utilização dos recursos do sector “Defesa”.
O objetivo da OTAN, com a acumulação de armamentos e tropas na América do Sul, é converter os mares do sul num enclave militar colonialista sob o absurdo pretexto de se tratar de um “santuário ecológico”. Trata-se, sem dúvida, de uma escalada da política imperialista e colonialista da Grã-Bretanha e dos seus aliados da OTAN que, como se sabe, estabeleceram uma importante base militar nas Ilhas Malvinas, a partir da qual operam aviões de caça supersônicos e submarinos atômicos.
O Ministério de Relações Exteriores da Argentina acusou o Reino Unido de, em cumplicidade com a OTAN, instalar armas nucleares próximo das disputadas Ilhas Malvinas e de militarizar o Atlântico Sul.
Para alguns organismos de direitos humanos é evidente que a inexistência de um poder militar antagónico equivalente no Atlântico Sul faz com que a presença armada de um país membro da OTAN nessa zona apenas possa ter um caráter agressivo. É uma clara ameaça do uso da força para preservar o estatuto colonial dos arquipélagos do Sul, por parte de um país que, é necessário não o esquecer, é uma potência nuclear e conta com o aval e a cumplicidade dos Estados Unidos.
A esta agressão une-se de forma cúmplice o governo colombiano de Juan Manuel Santos.
Contabilizam-se até este momento meia centena (47) de bases militares estrangeiras na América Latina. No arquipélago das Malvinas destaca-se a fortaleza da OTAN em Mount Pleasent, Isla Soledad, cuja pista maior tem um comprimento de 2.600 metros.
São as sombras da guerra na América Latina.
terça-feira, 7 de maio de 2013
O SEGREDO DA ESFINGE
Em primeiro lugar não vamos confundir esfinges: a esfinge dos egípcios era uma criatura mística, confiável, guardiã, ancestral, respeitável, geralmente representada com um corpo de leão e uma cabeça humana. Era adorada pelo povo.
Nosso assunto, entretanto refere-se à esfinge grega.
Acreditava-se que foram os deuses Hera e Ares os responsáveis por trazer a esfinge da Etiópia, sua terra natal, para a cidade de Tebas, na Grécia. Era um ser mitológico que guardava a entrada da cidade. A todo viajante que por ali passasse ela formulava uma charada, um enigma. Somente a quem respondesse corretamente seria permitido a passagem. Todos os que tinham a má sorte de topar com ela, não desvendavam o enigma e acabavam inapelavelmente devorados.
Pernas de leão, asa de um grande pássaro e o rosto de uma mulher, a Esfinge era o terror de todos os viajantes.
Finalmente, depois de fazer muitas vítimas, a Esfinge se deu mal quando se encontrou com Édipo que respondeu corretamente a pergunta. Desesperada, ela se jogou num precipício desaparecendo para sempre. Édipo, portanto, livrou Tebas e o mundo da horrenda ameaça.
E qual era afinal o enigma? Simples. Responda você antes de continuar a leitura:
“Que criatura anda com quatro pernas pela manhã, com duas pernas à tarde e três pernas ao anoitecer?”
Resposta: o homem, ser que engatinha na infância (manhã), caminha como bípede na idade adulta (tarde) e usa uma bengala para caminhar na velhice (anoitecer).
Esse relato, imortalizado na tragédia por Sófocles, está tão cheio de significados, que permite inúmeras livres interpretações.
Por exemplo, a Esfinge, um verdadeiro pesadelo para os tebanos foi um desagradável “presente” dos deuses Hera e Ares. Talvez porque não devamos esperar apenas coisas boas vindas do alto, pois as desgraças também podem brotar de onde esperamos apenas bons milagres.
A figura da esfinge é muito singular. Pernas de leão, representando a força estranha e veloz das desgraças que podem nos alcançar, asa de um pássaro grande e desconhecido, como o destino ao qual não temos controle e pode nos levar para o imprevisto e principalmente, rosto de mulher. Será que os gregos se referiam à mulher como o maior de todos os enigmas? Estariam nos dizendo que não há no mundo ser mais misterioso que a mulher? Parece indiscutível que a esfinge era um ser feminino.
Édipo é um ser que vem de longe, como longínqua às vezes nos parece qualquer esperança, mas que pode, com esforço, se tornar a realidade vitoriosa. Édipo tentava fugir de seu destino e a fuga muitas vezes nos leva a incômodos ainda piores. Além disso, o complexo de Édipo definido na modernidade encontra nele o seu exemplo.
E, finalmente, o enigma. Nada de seres da fértil imaginação. Nada de perguntas matemáticas ou astronômicas, o homem, simplesmente o homem como resposta.
O mito de Édipo e a Esfinge contêm em toda sua extensão, uma visão antropocêntrica dos nossos medos e fracassos que habitam em nós mesmos.
Todos os problemas estão em nós assim como todas as soluções.
Quantas esfinges encontramos no longo caminho da vida? Quantos enigmas nos indicam a necessária viagem para o interior de nós mesmos, para o inferno incandescente de nossos remorsos e para os cemitérios das opções corretas que deixamos morrer enquanto escolhíamos as opções erradas?
Somos seres de fases, criança, adulto, velhice, cuja maior riqueza é o conhecimento evolutivo. Aprendemos a andar e andamos aprendendo sempre.
Podemos ser os devorados pelas esfinges de nossos medos, mas podemos ser Édipos, e a escolha será sempre nossa.
Quantas vezes fomos Édipo? Quantas vezes escolhemos o caminho mais longo para evitar a esfinge?
O segredo da Esfinge encerra uma verdade suprema: “homem, conhece-te a ti mesmo para seguir o teu caminho”.
Prof. Péricles
sábado, 4 de maio de 2013
O SEGREDO DE ÉDIPO
O grande contributo dos gregos para a cultura foi sua forma singular de ver o mundo, projetá-lo e defini-lo, dentro de conceitos que denominamos de antropocêntricos.
O homem (antropo) para os gregos é o centro do mundo. Arquiteto de seu destino. A medida de todas as coisas.
Essa valorização extraordinária do ser humano, que se encontra em toda cultura helênica, é primorosamente expostas em obras literárias tanto no estilo tragédia como no estilo comédia.
Um exemplo é a obra imortal de Sófocles, a tragédia “Édipo, o Rei”. Que é mais ou menos assim:
Laios, rei de Tebas foi amaldiçoado e avisado pelo oráculo de Delfos que seria morto pelo filho recém nascido e este desposaria a própria mãe. Apavorado, o rei ordena que o joguem de um penhasco. Fosse cumprida a ordem e a encrenca teria sido evitada. Mas, você sabe como são as mulheres, principalmente, quando mães, e dessa forma, Jocasta (a mãe) interfere na história, não permite a execução e sem que o marido saiba, entrega o filho a um pastor. Este agindo piedosamente entrega o bebê a Políbio, rei de Corinto, quando se encontram num deserto. Polibio resolve criá-lo como filho.
Anos mais tarde, jovem, Édipo descobre sobre a maldição que lhe pesava e, como a maioria dos jovens, de cabeça quente, foge de Corinto para Tebas, achando que assim evitaria o cumprimento da maldição (ele pensava que fosse natural de Corinto), sem saber que lá sim é que seus pais verdadeiros moravam.
No meio do caminho encontra o que parece ser um bando de mercadores, ocorre uma desavença e Édipo, um extraordinário guerreiro, mata todo mundo, inclusive o chefe mor dos mercadores, um tal de Laios (seu pai).
Ao chegar a Tebas, enfrenta e acaba com a esfinge e seus enigmas, personagem que dominava Tebas e fazia sofrer sua população.
Como recompensa, os cidadãos o elegem Rei, tendo em vista a morte recente do Rei Laios e a reboque recebe a mão e todo o resto da Rainha, viúva de Laios, Jocasta, uma mulher madura, lindíssima (na verdade sua mãe).
A vida passa, Édipo reina sobriamente e tem vários filhos com Jocasta.
Num determinado momento, durante uma crise sistêmica em Tebas, o oráculo de Delfos é consultado e este responde que os deuses estão irados com os tebanos já que o assassino de Laios ainda se encontra entre eles, livre, lépido e faceiro.
Édipo então lança uma maldição sobre o assassino (que é ele e ele não sabe) esperando que seja descoberto e castigado.
“(…) E ainda mais: rogo aos céus, solenemente, que o assassino, seja ele quem for, sozinho em sua culpa ou tenha cúmplices, tenha uma vida amaldiçoada e má, pela sua maldade, até o fim de seus dias”.
A maldição cai sobre seus próprios ombros quando ele, no mesmo dia descobre toda a verdade através do pastor que o encontrara ainda bebê e salvara sua vida.
Jocasta Suécia assim que descobre, e Édipo se cega, perfurando os próprios olhos e exilando-se, passando a viver como um andarilho maltrapilho.
Mais do que fértil imaginação do autor, a estória de Édipo carrega uma forte simbologia. Com Édipo, mais uma vez, os gregos estão falando de nós. Você não acredita? Não se identifica com Édipo?
Pois saiba que no século XIX Sigmund Freud depois de muito estudar o funcionamento da psique humana, constatou que quando a criança dá-se conta da diferença de sexos e de que ele e a mãe não são a mesma pessoa, tende a fixar a sua atenção libidinosa na figura materna, o que faz existir, entre os meninos, um desejo incestuoso pela mãe, e uma rivalidade com o pai.
Em outras palavras, todos nós quando bebês temos, inconscientemente, um desejo pela mãe e uma rivalidade com o pai, totalmente normal nos humanos. Isso posteriormente desaparece especialmente quando a criança percebe que o pai é o delimitador entre ele e a mãe. Quando esse lance inconsciente persiste, temos então um problema, porém, perfeitamente sanável com terapia.
Freud imediatamente lembrou da estória de Sófocles e chamou esse fenômeno de Complexo de Édipo. Mais tarde Carl Jung desenvolveu o conceito de Complexo de Electra (outro mito grego) entre as meninas.
Antropocentrismo. O homem definidor de seu próprio destino. O homem como medida de todas as coisas e causa e a solução de todos os seus problemas.
Édipo é o herói trágico, cuja estória incluía os sofrimentos universais da ignorância humana, a dor que surge de nós mesmos pela ignorância de nossos mecanismos mais íntimos.
O segredo de Édipo é que Édipo somos nós.
Prof. Péricles
sexta-feira, 3 de maio de 2013
CORRUPÇÃO NA DITADURA MILITAR
Por Thiago (Fiago) Viana
Não pretendo falar das atrocidades cometidas durante o regime militar (torturas, assassinatos, desaparecimentos forçados, execuções sumárias, censura), mas apenas demonstrar que as viúvas da ditadura, que ainda hoje choram lágrimas de sangue e pedem o retorno desse regime, alegam, sobretudo, que os militares prezavam pela lei, ordem, moral e bons costumes.
Lembro aqui bastante do Bolsonaro, esse nato defensor da moral e dos bons costumes (aprendidos no Exército, claro), que, recentemente, soltou a pérola de que no regime militar havia liberdade de ir e vir... Concordo: liberdade de ir para o DOPS, com direito a ser torturado, de ter a boca colocada junto ao escapamento de um jipe e ser arrastado por este no pátio de um quartel (caso de Stuart Angel, filho de Zuzu Angel), para a cova, de acordo com a vontade dos militares. Ele tem todo o direito de negar e espernear que houve um regime de exceção, mas a realidade o desmente. Quem dera, por ter sido no 1º de abril o golpe, que fosse tudo mentira...
Lembro aqui uma declaração do general Geisel, uma "pessoa séria", que desmistifica a tão famosa "incorruptibilidade" dos militares na época. Ronaldo Costa e Couto (1999, págs. 150 a 151), no fabuloso "História indiscreta da ditadura e da abertura –Brasil: 1964-1985" (Editora Record) discorre como se dava a corrupção entranhada nas Forças Armadas:
É fundamental levar em conta o apreço e apego de Geisel à ordem e à hierarquia. A verdade é que o sistema militar havia perdido o controle sobre o aparelho de segurança e de informação. Era preciso reprimir a repressão, conter seus excessos, enquadrá-la na hierarquia e disciplina militar. Impor-lhe a cadeia de comando. Para ele, a revolução envelhecera, estava na contramão da história. Mais que isso: desfigurara-se, deteriorara-se. A censura, travando a fiscalização da imprensa, facilitava a corrupção, inclusive de militares e ex-militares. Era essa a avaliação de Geisel, segundo o almirante Faria Lima: "Ele se instalou lá naquele Palácio do antigo Ministério da Agricultura para trabalhar na organização do seu programa de governo. Na verdade, ele já estava se preparando há muito tempo. Ele me disse, naquela ocasião que ia fazer a abertura. E eu disse a ele: 'O senhor acha que é a hora para fazer a abertura?' Ele me respondeu: 'É. Porque a corrupção nas Forças Armadas está tão grande, que a única solução para o Brasil é abertura.'" Por outro lado, a repressão política criara um poder militar paralelo, autônomo, enfraquecendo os comandos, prejudicando a hierarquia e a disciplina, ameaçando a ordem dentro das próprias Forças Armadas. A concentração excessiva de poder no governo, se por um lado significava força, por outro expunha o governante. E a tão temida ameaça comunista mostrava-se cada vez mais improvável, distante, descartada.
Que belo soco no estômago, não?
Chateia, no Brasil de hoje, perceber que, quando se trata dos militares serem insubordinados e desafiarem seu comandante-em-chefe comemorando aniversário da ditadura, a presidente Dilma, a Dama de ferro tupiniquim, se acovarda, seja para puni-los por isso, seja para instalar uma Comissão da Verdade que, de fato, resulte na punição dos responsáveis pelos crimes de Estado cometidos à época.
Sempre que uma viúva chorar, fale dessa declaração cristalina de Geisel para mostrar que de moral e bons costumes o regime militar não teve nada.
terça-feira, 30 de abril de 2013
GUERRAS E SUICÍDIOS
A taxa de suicídio entre agentes militares norte-americanos em serviço ativo, disparou em 2012, superando o número de soldados que morrem no campo de batalha e determinando um ritmo que pode bater o recorde anual registrado desde o início das guerras no Iraque e no Afeganistão há mais de uma década, informou o Pentágono.
O número de suicídios aumentou mesmo apesar de os militares americanos terem retirado suas tropas do Iraque e intensificado os esforços para fornecer assistência de saúde para problemas psicológicos, que visa limitar o uso de drogas e álcool, além de providenciar aconselhamento financeiro.
Os militares americanos afirmaram que houve pelo menos 154 suicídios entre soldados na ativa até 7 de junho. O número representa 18% de aumento em relação ao mesmo período em 2011, que registrou 130 suicídios entre militares na ativa. Foram 123 suicídios entre janeiro e junho de 2010 e 133 durante o mesmo período em 2009, informou o Pentágono.
Por outro lado, foram registradas 124 mortes de militares americanos no Afeganistão até o dia 1º de junho deste ano, segundo o Pentágono.
Os índices de suicídio entre militares subiram acentuadamente desde 2005, à medida que as guerras no Iraque e no Afeganistão se intensificaram. Recentemente, o Pentágono criou o Gabinete de Prevenção do Suicídio.
Na sexta-feira, a porta-voz do Departamento de Defesa Cynthia Smith afirmou que o Pentágono tenta lembrar os comandantes que aqueles que procuram aconselhamento não devem ser estigmatizados.
"Esta é uma questão preocupante e estamos empenhados em conseguir a ajuda que nossos membros necessitam", disse ela. "Quero enfatizar que a obtenção de ajuda não é um sinal de fraqueza, é um sinal de força."
Em uma carta a comandantes militares no mês passado, o secretário de Defesa Leon E. Panetta disse que "a prevenção do suicídio é uma responsabilidade da liderança", e acrescentou: "Comandantes e supervisores não podem tolerar qualquer ação que deprecie, humilhe ou ostracize qualquer indivíduo, especialmente aqueles que estão se comportando de maneira responsável ao procurar a ajuda profissional de que necessitam".
Mas grupos de veteranos disseram que o Pentágono não tem feito o suficiente para moderar o imenso stress vivido pelos soldados em combate, incluindo as várias implantações.
"Está claro para os militares que as coisas não estão sendo tratadas de maneira compreensiva", disse Bruce Parry, presidente da Coalizão de Organizações de Veteranos, um grupo com sede em Illinois. "Eles precisam entender de forma mais profunda o trauma que os soldados estão enfrentando."
Por Timothy Williams
The New York Times
Assinar:
Postagens (Atom)