domingo, 7 de julho de 2013

ERA UMA VEZ...


Era uma vez uma floresta imensa, de variados recursos naturais, com grande diversidade de clima, de vida e de água.

A terra, mãe de todos, era macia como um colo protetor, e o vento, quando batia em suas árvores executava uma verdadeira sinfonia de paz.

Entretanto, um pequeno grupo de tigres oportunistas demarcou como seu todo o imenso território. Apropriaram-se das terras e das riquezas.

Eram minoria, mas predadores, que através da força, impuseram seus próprios valores. O preconceito se tornou Lei e a exclusão, uma rotina.

Sua força estava além da floresta. Estava, principalmente numa parceria com os leões que habitavam uma floresta vizinha.

Esses leões já tinham todas as frutas de seus bosques, mas viviam de olho nas florestas alheias, atentos a toda a riqueza que pudessem acumular.

Os tigres sabiam que a floresta poderia crescer ainda mais e ficar mais bela e vistosa, mas como isso implicaria em trabalhar mais e ganhar menos, preferiam dividir com os leões as jovens sementes, impedindo o crescimento maior de suas matas.

Para eles, a riqueza que os leões lhe permitiam acumular era suficiente mesmo que faltasse o mínimo para a maioria dos bichos da floresta.

Astutos, os felinos governavam estabelecendo que outros animais representassem uma igualdade que não existia. Assim, quem assumia o papel de governante, eram seus aliados menores, os macacos da área média, que faziam macaquices o tempo todo, reprimiam animais que consideravam inferiores e, pretensiosos, se achavam iguais aos tigres.

Dessa maneira, os tigres é que mandavam (e eram servis aos leões), mas os macacos representavam o poder, contentes com os restos da tigrada, enquanto os demais animais produziam tudo aquilo que era a riqueza de seu bosque florido, mas que, verdadeiramente, não era seu.

Por muitas eras as coisas funcionaram assim. Todos se achavam iguais, com direitos à mesma floresta, mas, na verdade, os recursos mais valiosos, os frutos mais doces, eram apenas dos tigres... e dos leões.

Um belo dia, depois de uma longa tempestade que durou 20 anos, matou e fez desaparecer muitas espécies, os animais da floresta perceberam que a distribuição dos recursos não era justa.

Que injustiça – dizia a coruja – uma floresta tão rica, tão cheia de vida e de cores, desfrutada apenas pelos tigres, alguns macacos e seus amigos leões...

Organizaram-se e obtiveram, inicialmente, pequenas vitórias, que apesar de pequenas, mostraram que era possível tomar para si o seu próprio destino.

Não foi fácil. Os papagaios, responsáveis por divulgar as notícias pela floresta, eram protegidos e aliados dos tigres, e por isso, disseminavam verdades parciais, silenciavam sobre outras verdades e até mesmo criavam mentiras, atrapalhando profundamente o entendimento das notícias e a organização dos que das notícias precisavam.

Por algum tempo, os tigres conseguiram manter o poder colocando uma fraude, um escaravelho da terra dos marajás no governo do bosque, vendendo a madeira mais nobre, que era de todos, para grupos de castores privados.

Quando o escaravelho, que era roxo, se achou poderoso demais, foi substituído por uma arara multicolorida e vaidosa que continuou vendendo a madeira de todos para grupos de castores privados, alguns, lá da terra dos leões.

Importantíssima foi a atuação dos papagaios que faziam as notícias e as cabeças dos animais mais ingênuos, como as mulas, por exemplo.

Mas, não há mentira que impeça o sol de nascer todos os dias e num desses dias a fauna voltou a perceber sua importância.

Foi quando um dos seus, o elefante, passou a cuidar da floresta.

A bicharada percebeu o quanto era forte e capaz. Pela primeira vez um dos seus tomava conta daquelas matas.

É claro que os tigres se assustaram. “E agora” eles pensaram “perderemos nossos privilégios e teremos que ver crescer a importância dos seres menores”? Foi grande o seu pavor e o pavor dos leões, que por sua vez, enfrentavam muitas dificuldades em seus próprios bosques, mas essa é outra história.

Nosso conto ainda está sendo contado. Falta muito para o “e foram felizes por muitos e muitos anos”.

Esse conto não é feito de fadas ou de duendes, por isso não existe mágicas e encantos.

Para ter um final feliz é preciso trabalho. E muita educação de todos os animais para a vida.

Mas, cada vez mais nossos amigos estão aprendendo que todos podem contribuir por uma floresta melhor e mais justa, de animais mais livres e felizes, extirpando as garras dos predadores e pondo fim ao “complexo de presa”.

Não precisam ser tigres, nem leões. Basta o respeito à própria natureza para que o sol da igualdade ilumine todos os seres, desde os mais orgulhosos do céu, até os que se escondem na terra.

Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência.


Prof. Péricles

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