quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A CORRIDA QUE REALMENTE IMPORTA


Esse texto foi publicado no NY Times de 24/08/2012.
Se por um lado nos mostra que a situação de um país desenvolvido como os Estados Unidos é parecida com a nossa (certas partes já cansamos de ler em análise da nossa situação), por outro nos alerta para fatos urgentes da Corrida que realmente importa, onde, por sinal, estamos perdendo.




Os Estados Unidos da América estão em apuros.

China e Índia, potências econômicas emergentes, estão investindo com força na educação de seus futuros trabalhadores, enquanto nós (EUA) discutimos sobre punir professores e mimar crianças.

Nesta semana, o Center for American Progress e o Center for the Next Generation divulgaram um relatório intitulado "A Corrida que Realmente Importa: Comparando os Investimentos dos EUA, da China e da Índia na Próxima Geração da Mão-de-obra." Os resultados foram de tirar o fôlego:


• Metade das crianças dos EUA não receberam educação infantil, e não temos nenhuma estratégia nacional para aumentar matrículas.

• Mais do que um quarto das crianças norte-americanas têm um problema crônico de saúde, como obesidade ou asma, ameaçando a sua capacidade para estudar.

• Mais de 22% das crianças norte-americanas viviam na pobreza em 2010, contra cerca de 17 por cento em 2007.

• Mais de metade dos estudantes norte-americanos de nível universitário deixaram de freqüentá-lo sem receber o diploma.

Isso deve deixar bem claro para todos os norte-americanos que não temos tempo - ou estudantes - para desperdiçar. Toda criança neste país deve se preparada para o trabalho. A futura estabilidade financeira do país depende disto.

Mas, em vez de levantar dramaticamente nosso investimento na educação de nossas crianças, para que sejam capazes de competir num futuro que terá candidatos estrangeiros a emprego mais capacitados, nós parecemos estar nos movendo na direção oposta.
Não só nosso sistema de ensino está carente de investimento, mas muitas de nossas crianças estão literalmente famintas demais para aprender.

Uma pesquisa de professores do jardim de infância até oitava série divulgado esta semana pela Share Our Strength, uma organização sem fins lucrativos que busca acabar com a fome infantil, constatou que 6 em 10 desses professores dizem: "estudantes vêm para a escola famintas constantemente, porque eles não estão recebendo o suficiente para comer em casa", e "a maioria dos professores que vêem a fome como um problema acreditam que o problema está aumentando."

Nós precisaremos de fazer escolhas à medida que buscamos equilibrar o orçamento do país e reduzir o déficit, mas cortar investimentos em nossas crianças é terrivelmente míope.
E prosseguir as reformas educacionais, atacando os professores - que são mal pagos, estão com excesso de trabalho e são sempre culpados - é uma distração do verdadeiro problema: nós estamos sendo ultrapassados na produção dos futuros trabalhadores.

Nós estamos cortando para trás, enquanto os futuros concorrentes dos nossos filhos estão arando à frente.


Charles Blow M. -
A version of this op-ed appeared in print on August 25, 2012, on page A19 of the New York edition with the headline: Starving the Future.


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