domingo, 17 de julho de 2016
A TURQUIA E SUAS MENTIRAS
Poucos lugares do mundo encarnam tão bem a mentira como a Turquia.
Há décadas um povo é massacrado dentro de suas fronteiras, os Curdos, mas como a Turquia é de importância estratégica vital para conter a Rússia, o ocidente “defensor dos direitos humanos” faz de conta que não sabe disso.
Desde 1952 a Turquia faz parte da aliança militar do ocidente, a OTAN, sendo sua participação considerada vital por especialistas, porém, não é aceita na União Europeia embora tente fazer parte do grupo a 20 anos.
Mas, apesar de não fazer parte da UE, recebeu dela apoio para deter pela força, a massa de imigrantes que tentava entrar na Europa pelo Bósforo.
Faz de conta que é um dos nossos só não entra no nosso clubinho restrito.
Ao mesmo tempo que Europeus bajulam a Turquia que serve de escudo contra Síria e Iraque, que fariam fronteira com a Europa se a Turquia não estivesse no meio, renegam sua maioria muçulmana.
Ângela Merkel por mais de uma vez já deixou claro que teme a islamização da Europa a partir da inserção da Turquia no dia a dia europeu.
As mentiras e os “faz de conta” preponderam em abundancia em qualquer questão que envolva a Turquia.
O governo de Recep Tayip Erdogan, por exemplo.
Há 14 anos ele e seu partido, o AKP (Partido da Justiça e do Desenvolvimento) estão no poder com as bênçãos e sorrisos satisfeitos dos Estados Unidos.
Para os norte-americanos Erdogan representa a união possível entre democracia e Islã.
Isso parece uma maravilha num país que nos últimos 50 anos conheceu quatro golpes de estado. O governo do AKP pareceu estável até mesmo nos piores momentos da Primavera Árabe que abalou as estruturas de estados vizinhos.
Mas tudo começaria a mudar a partir da crise econômica de 2008.
As dificuldades financeiras expuseram um quadro grave de tensões sociais e descortinou uma paz apenas aparente.
Como bom aprendiz de feiticeiro, Erdogan agiu como costumam agir os chefes de estado do ocidente diante de uma bomba relógio prestes a explodir em sua casa... atacou a casa dos outros.
Mas, a participação da Turquia na destruída Síria foi totalmente desfavorável ao governo que apoiou a oposição moderada, esmagada entre o EI e o governo de Bashar al-Assad.
Tentando recuperar protagonismo, a aviação Turca derrubou, em novembro do ano passado, um avião militar russo, perto da fronteira entre Turquia e Síria. Putin se irritou, ameaçou apelar e o governo da Turquia teve que pedir desculpas oficiais.
A emenda saiu pior que o soneto.
Nas eleições do ano passado, um pequeno partido, o Partido Democrático Popular, de tendência de aproximação com os curdos, conquistou, pela primeira vez, uma ampla bancada no congresso.
Talvez seja essa a causa da tentativa de golpe militar iniciada na sexta-feira, o velho e ancestral ódio aos curdos e o medo de perder as mais importantes fontes de petróleo que se localizam, justamente, onde outrora os curdos tinham sua pátria.
O discurso de defender a democracia por parte dos golpistas não só é mentiroso como é calhorda.
Ou talvez seja outra mentira e o golpe seja patrocinado pelo próprio governo em busca de recuperar espaços e encurralar ospró-curdos.
Felizmente, as notícias de reação do povo turco contra o golpe militar, vem trazer esperança de um pouco de verdade diante de tantas mentiras.
Em tempos de golpes e de fascismos não deixa de ser um alento ver jovens, do outro lado do mundo defendendo a liberdade.
Pena que seja do outro lado do mundo.
Prof. Péricles
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