A
questão de fazer parte é decisiva para entender a oposição quase irracional que
alguns indivíduos fazem ao PT, e em especial, ao ex-presidente Lula.
O país
sempre foi governado por um representante das elites, assim como sempre houve
parcela da classe média que julga fazer parte dos mesmos interesses.
Os
presidentes da república velha, por exemplo, sempre foram grandes produtores de
café ou aliados dos grandes cafeicultores.
Dos 10
presidentes entre 1894 a 1930 seis eram grandes fazendeiros.
Getúlio
Vargas derrubou a linhagem decadente do café especialmente ferida com a crise
internacional de 1929, mas só chegou ao poder aliado de novas elites em
crescimento no país: os industriais.
Mesmo
assim, deixou de ser reconhecido como aliado quando passou se aproximar em
demasia dos movimentos sindicais.
Morto
Getúlio, em 1954, tivemos a crise dos três Jotas.
JK
chegou lá, mas, por ser médico ligado Getúlio e do PSD, não foi identificado
como “da turma”, quase não tomou posse, e no poder teve que enfrentar dois
movimentos militares golpistas.
Jânio,
apesar de polêmico e populista extremado abençoado pelo apoio fascista da UDN,
mas era tão doido que nem a Casa Grande conseguiu manobra-lo e renunciou antes
de começar a governar de fato.
Os
presidentes da Ditadura Militar (1964-1985) não eram elite, mas filhos da
classe média domesticada.
Collor,
cuja famíia é dona de metade do estado das Alagoas, sim, esse fazia parte,
tanto que foi eleito pela mídia.
FHC
também, apesar do rótulo equivocado de intelectual de esquerda que ele mesmo
pediu para apagar.
Mas,
Lula não. Esse definitivamente nunca fez e jamais fará parte da turma da Casa
Grande.
Nordestino,
sem lustro da educação formal, líder sindical, definitivamente, Lula faz parte
da Senzala.
Nem
seu partido, o PT, tido como partido de mulambentos, de pobres e de intelectuais
e teóricos.
É por
isso que Lula não é aceito, mesmo governando de forma que beneficiou
enormemente os interesses dos ricos.
Numa
análise descompromissada de seu governo veremos que poucas vezes as elites
lucraram tanto.
Por
isso, o ódio à Lula não se dá por questões econômicas, mas, sociais.
É por
isso que Dilma não é aceita, mesmo tendo enterrado velhas machadinhas de guerra
da esquerda brasileira, como a reforma agrária, e utilizado até ministros e
acenado com receitas neoliberais como “reforma previdenciária”.
O PT
no poder, nunca foi, de fato, um governo de esquerda.
Mesmo
assim jamais será aceito por nossas elites.
Nem
qualquer outro governo do PT. Isso porque as elites brasileiras acreditam, realmente, que o poder tem dono, é seu, é privado.
Lula, simplesmente não faz parte.
Prof.
Péricles
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