segunda-feira, 28 de março de 2016
CRISES E CRISES
O que vem primeiro, a crise econômica ou a crise política?
Parece que o mais comum é que crises econômicas gerem crises políticas.
O dinheiro falta em casa, bate o desespero e quando perceber o casal que tanto se ama está mutuamente se acusando e agredindo. Foi a crise econômica que levou a crise política.
Exemplo muito apropriado é a crise econômica do café na década de 20 que levou à crise política e a Revolução de 30.
Ou a crise de mercado que levou à Primeira Guerra Mundial.
No Brasil também ocorrem crises econômicas criadas a partir de crises políticas, ou simultaneamente, esta para justificar aquela.
Por exemplo, a alegada crise inflacionária no governo Jango era perfeitamente contornável sem a necessidade de pirotecnias, mas, foi alimentada para ser uma das justificativas para deposição do presidente no golpe de março de 1964.
E o que assistimos hoje é mais uma crise econômica ou política?
Bem, existe sim uma crise econômica e é internacional desde 2008, mas, parece não restar dúvidas de que a crise econômica no Brasil está sendo utilizada como combustível para a crise política.
O pior é que essa crise política não teve origem na renúncia inesperada de alguém ou na modificação radical do panorama político devido a fatores externos. Essa crise política tem origem no mais democrático dos processos, uma eleição presidencial, em 2014 com a vitória do governo PT e a terceira derrota consecutiva do neoliberalismo representado pelo PSDB.
É comum se ouvir dizer que “se a Dilma não tivesse vencido nada disso estaria acontecendo” e realmente, ao que parece quem assim fala tem razão.
Mas a causa mais exata não é a vitória da Dilma e do modelo PT.
A causa mais profunda está na derrota do neoliberalismo e na sua premência de abocanhar os lucros de vários setores da economia que prosperaram nos últimos anos, e não é apenas o pré-sal.
Todos os indicadores econômicos de 2003 até 2014 melhoraram, mesmo com a crise econômica internacional de 2008 e 2010.
O Brasil liquidou sua dívida com o FMI, cresceu o PIB, empregou mais gente e investiu muito mais em infraestrutura do que em qualquer outro momento.
Então, o que aconteceu em 2014 para tudo andar para trás num violento retrocesso?
A resposta – o resultado daquelas eleições.
Definitivamente essa é uma enorme crise politica, plantada no cenário nacional para impactar a economia e forçar as mudanças à direita, como tão ansiosamente deseja a elite brasileira.
Por isso, não se iluda acreditando que estamos diante de uma cruzada contra a corrupção.
A corrupção está sendo usada como carro chefe de um movimento muito maior, mais amplo e definitivo do que a própria corrupção.
Prof. Péricles
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