sexta-feira, 3 de maio de 2013

CORRUPÇÃO NA DITADURA MILITAR



Por Thiago (Fiago) Viana

Não pretendo falar das atrocidades cometidas durante o regime militar (torturas, assassinatos, desaparecimentos forçados, execuções sumárias, censura), mas apenas demonstrar que as viúvas da ditadura, que ainda hoje choram lágrimas de sangue e pedem o retorno desse regime, alegam, sobretudo, que os militares prezavam pela lei, ordem, moral e bons costumes.


Lembro aqui bastante do Bolsonaro, esse nato defensor da moral e dos bons costumes (aprendidos no Exército, claro), que, recentemente, soltou a pérola de que no regime militar havia liberdade de ir e vir... Concordo: liberdade de ir para o DOPS, com direito a ser torturado, de ter a boca colocada junto ao escapamento de um jipe e ser arrastado por este no pátio de um quartel (caso de Stuart Angel, filho de Zuzu Angel), para a cova, de acordo com a vontade dos militares. Ele tem todo o direito de negar e espernear que houve um regime de exceção, mas a realidade o desmente. Quem dera, por ter sido no 1º de abril o golpe, que fosse tudo mentira...

Lembro aqui uma declaração do general Geisel, uma "pessoa séria", que desmistifica a tão famosa "incorruptibilidade" dos militares na época. Ronaldo Costa e Couto (1999, págs. 150 a 151), no fabuloso "História indiscreta da ditadura e da abertura –Brasil: 1964-1985" (Editora Record) discorre como se dava a corrupção entranhada nas Forças Armadas:

É fundamental levar em conta o apreço e apego de Geisel à ordem e à hierarquia. A verdade é que o sistema militar havia perdido o controle sobre o aparelho de segurança e de informação. Era preciso reprimir a repressão, conter seus excessos, enquadrá-la na hierarquia e disciplina militar. Impor-lhe a cadeia de comando. Para ele, a revolução envelhecera, estava na contramão da história. Mais que isso: desfigurara-se, deteriorara-se. A censura, travando a fiscalização da imprensa, facilitava a corrupção, inclusive de militares e ex-militares. Era essa a avaliação de Geisel, segundo o almirante Faria Lima: "Ele se instalou lá naquele Palácio do antigo Ministério da Agricultura para trabalhar na organização do seu programa de governo. Na verdade, ele já estava se preparando há muito tempo. Ele me disse, naquela ocasião que ia fazer a abertura. E eu disse a ele: 'O senhor acha que é a hora para fazer a abertura?' Ele me respondeu: 'É. Porque a corrupção nas Forças Armadas está tão grande, que a única solução para o Brasil é abertura.'" Por outro lado, a repressão política criara um poder militar paralelo, autônomo, enfraquecendo os comandos, prejudicando a hierarquia e a disciplina, ameaçando a ordem dentro das próprias Forças Armadas. A concentração excessiva de poder no governo, se por um lado significava força, por outro expunha o governante. E a tão temida ameaça comunista mostrava-se cada vez mais improvável, distante, descartada.

Que belo soco no estômago, não?

Chateia, no Brasil de hoje, perceber que, quando se trata dos militares serem insubordinados e desafiarem seu comandante-em-chefe comemorando aniversário da ditadura, a presidente Dilma, a Dama de ferro tupiniquim, se acovarda, seja para puni-los por isso, seja para instalar uma Comissão da Verdade que, de fato, resulte na punição dos responsáveis pelos crimes de Estado cometidos à época.


Sempre que uma viúva chorar, fale dessa declaração cristalina de Geisel para mostrar que de moral e bons costumes o regime militar não teve nada.

Um comentário:

Unknown disse...

Bem amigo, não sou lobinho a ponto de acreditar que a contra-revolução de 64 até 85 foi um período incorruptível do nosso país. Agora não vejo problema na comemoração por parte dos militares do aniversário do golpe, até porque os esquerdistas adoram fazer passeatas, eventos para saudar o que acreditam, inclusive nossa presidente participando de evento de aniversário da Revolução Cubana.
Os militares e simpatizantes, como eu, temos o direito de comemorar tal golpe. Quanto a comissão da verdade, que comissão é essa que não tem ligação com o ministério público nem com órgão competente que visando a construção de uma nova história brasileira apontando APENAS contra os milicos?. Dilma Roussef nunca colaborou com depoimentos de crimes, furtos e terrorismo que participou durante essa época, a começar pelo furto dos milhões de $ na casa do Ademar de Barros. A primeira a ser interrogada deveria ser ela e seus capangas. Se a mesma não tivesse com o rabo entre as pernas, escolheria pelo menos 3 representantes dos militares para compor a comissão, fazendo assim uma averiguação imparcial.